Napalm Death: não alimente a máquina, que te consome!
Resenha - Utilitarian - Napalm Death
Por Ricardo Cunha
Postado em 02 de agosto de 2018
O que torna o NAPALM DEATH tão especial? Bem, vamos pensar em 30 anos: você pensaria que uma banda grindcore de Birmingham chegaria às paradas oficiais com um dos tipos de músicas mais infernais já feitos? Já imaginou que a banda constaria no livro Guinness como autora da música mais curta já gravada ou que os veria numa série de TV britânica [Skins] num episódio de Never Mind the Buzzcocks (BBC), as voltas com um par de sósias do vocalista da banda? Você poderia imaginar que um jovem com visões pessimistas de mundo chamado Mark "Barney" Greenway fosse um fã de futebol (Aston Villa FC), vegetariano, maníaco por prog metal e um dos mais renomados representantes do estilo "cookie monster" da história da música? Mas não é só isso, Ele se tornou uma das poucas personalidades no universo da música extrema que ficou famoso NÃO por bebedeiras homéricas ou por uma atitude "From Hell", mas por seu discurso crítico e radical.
Pois bem, partindo dos ensaios em locais decadentes e dos minúsculos clubes e pubs, o NAPALM DEATH conquistou todos os festivais de música que você pode imaginar e fez turnê pelos quatro cantos do mundo. Muitas bandas nem ousariam fazer turnê e se tornariam famosas por combinar música brutal com engajamento político e valores éticos além do habitual clichê de sexo, drogas e rock n roll. E, como a maioria dos fãs ficarão encantados em ouvir que esta trajetória notável está longe de acabar.
Catorze álbuns (sem contar os "de cover" Leaders… Part 2) em três décadas e a banda continua liderando o reino do grindcore / death metal, mostrando de que a realidade é feita. Não contente com o uso do termo "lendário" por parte da imprensa, a banda, mais uma vez se manteve acima da média com Utilitarian. Enquanto que suas formações passadas contam com membros da realeza do metal extremo, incluindo Lee Dorrian (Catedral), Bill Steer (Carcaça), Justin Broadrick (Godflesh) e o falecido Jesse Pintado (Terrorizer), para citar alguns. Atualmente a banda é formada por Mark "Barney" Greenway (vocal), Shane Embury (baixo), Mitch Harris (guitarra / vocal) e Danny Herrera (bateria).
O NAPALM DEATH começou a escrever para "Utilitarian" no início de 2011 e foi gravando ao longo do ano no Parlor Studios em Northamptonshire, Reino Unido, com o produtor Russ Russell que concluiu os trabalhos no mês de novembro. Pode-se dizer que o resultado final é, "pra variar", caótico. No entanto, Greenway observa que "o lado sempre mais sombrio e mais ambiental do Napalm também ficou mais rápido - ou pelo menos o ritmo varia de modo que não é somente lento e lúgubre. Isso dá uma dimensão obtusa da obra que só é possível enxergar pela audição do disco. "E esperamos que as pessoas ouçam!", afirma Greenway.
O utilitarismo, conceito de que trata Utilitarian, vai da violência ao caos puro e simples do NAPALM DEATH, que fornece uma válvula de escape para muitas das emoções reprimidas nas relações do homem em sociedade e com as coisas as quais pensa dominar. A música aqui contida, definitivamente não é para mentes fracas e parece querer confrontar o ouvinte com momentos em que se utiliza de artifícios como notas dissonantes de sax (tocados por John Zorn) em 'Everyday Pox' ou, ainda, em sonoridades limpas como ocorre em 'Fall On Their Swords' ou 'Blank Look About Face'. A última é uma ponte perfeita para o conteúdo lírico do álbum, que ataca violentamente a conversa oportunista dos políticos que, segundo a Greenway, só conhece um objetivo: "Diga qualquer coisa para domar uma multidão - seja elogio bajulador, falsa moralidade ou poder violento. - fale - contanto que dê a eles (o povo) um lugar na hierarquia. "
Fiel à tradição de cuspir litros de veneno verbal, "Utilitarian" é um dos mais severos no trato das desigualdades sociais, diferenças culturais e políticas em geral. Longe de ser uma banda de "causa", o quarteto exprime visões pessoais de mundo sobre a degeneração da sociedade ('Everyday Pox'), o comércio de armas ('Fall On Their Swords'), liberdade sexual, desigualdade de gênero ('Gag Reflex '), destruição do meio-ambiente ('Order Of Magnitude') e aspectos da vida cotidiana do homem comum ('Collision Course','Think Tank Trials') revelando a compreensão de Barney sobre o que cada um deve fazer com sua vida: "Temos um período finito da existência que é muito fácil de desperdiçar, e no final todos nós merecemos felicidade e contentamento". O ponto principal é: pense por si mesmo, liberte-se e não acabe alimentando a máquina que, de bom grado, te consome.
Por fim, o NAPALM DEATH é especial para muitos porque, ao que tudo indica, eles nunca sacrificaram seus ideais por qualquer coisa materialista e, ao que parece, continuarão satisfazendo seus fãs com sua música devastadora, com provocações carregadas de ódio bruto dirigidas aos líderes do mundo e principalmente porque continuarão com suas turnês mundiais, que inclusive, passará por 9 cidades brasileiras no mês de setembro próximo. O punho fechado da música extrema está de volta ao Brasil!
TRACK LIST:
01-Circumspect (2:09)
02-Errors in the Signals (3:00)
03-Everyday Pox (9:10)
04-Protection Racket (3:53)
05-The Wolf I Feed (2:51)
06-Quarantined (2:46)
07-Fall on Their Swords (3:56)
08-Collision Course (3:13)
09-Orders of Magnitude (3:20)
10-Think Tank Trials (2:26)
11-Blank Look About Face (3:10)
12-Leper Colony (3:21)
13-Nom de Guerre (1:06)
14-Analysis Paralysis (3:21)
15-Opposites Repellent (1:22)
16-A Gag Reflex (3:27)
NOTA: 10.
Referências: Napalm Death Official
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