Kino: Pouco divulgado no Brasil, mas merece atenção
Resenha - Picture - Kino
Por André Luiz Paiz
Postado em 09 de maio de 2018
Nota: 8
Há exatos treze anos atrás, o workaholic e guitarrista John Mitchell, participante de diversos projetos como: Arena, It Bites, Lonely Robot, Frost*, The Urbane, etc., se uniu com Pete Trewavas, o grande baixista do Marillion e Transatlantic, para a criação de um novo projeto. John ficou também com os vocais e, para completar a obra, foram chamados John Beck (tecladista do It Bites) e Chris Maitland (baterista do Porcupine Tree). O grupo foi nomeado Kino e lançaram o seu debut "Picture" em 2005.
Segundo Pete Trewavas, ele e John combinaram de compôr algumas canções juntos, em uma proposta de explorar as influências de ambos. Assim, passaram um tempo se conhecendo e criando material. O resultado, aqui está: um álbum fora do convencional, que se encaixou perfeitamente dentro do que propuseram. Tudo o que estes músicos já exploraram em suas bandas principais e projetos paralelos é possível encontrar aqui, em um material de muito bom gosto.
O álbum é iniciado com "Losers' Day Parade". Assim que a faixa começa, surge uma sensação estranha. Algumas pessoas podem inclusive achar que se trata de um álbum de rock alternativo. Relaxe... essa é a faceta de John muito explorada no It Bites e principalmente no The Urbane. Logo a faixa vai se transformando em uma grande canção, acessível e com passagens bem pesadas.
"Letting go" mostra principalmente que haverá diversidade entre as faixas. O destaque aqui é o baixo fantástico de Pete. Uma faixa que lembra o Pink Floyd da fase pós-Waters e também o Lonely Robot, projeto atual de Mitchell. Leve e melódica.
"Leaving A Light On" é ótima. Ela consegue misturar uma atmosfera densa com um ótimo refrão pop. Tem um pouco de The Police aqui também. Gosto bastante. Tem uma passagem progressiva no meio que transforma totalmente a canção e causa arrepios.
"Swimming in Women" é a única cantada por John Beck. É uma balada densa que poderia figurar em qualquer álbum do Arena. Se você é fã da banda, confira e confirme.
"People" também é um dos destaques. Há peso, linhas excelentes de teclado e um refrão excelente. Não tenho certeza se é uma faixa de Pete, mas, como teria sido bom se tivesse figurado no álbum "Somewhere Else" do Marillion, lançado em 2007. Aquele lançamento carece de músicas assim.
"All You See" é uma baladinha interessante. Não se destaca e acaba ficando abaixo das demais. O que vale aqui é a guitarra de John, que se sobressai com estilo.
De volta ao pop progressivo com requintes de The Police e Peter Gabriel, "Perfect Tense" é uma das minhas favoritas. É bom demais encontrar faixas assim, que despertam aquela vontade de ouví-las novamente logo em seguida. Ótimas melodias, solos e vocalizações.
Voltando ao início de "Losers Day Parade", "Room for two" é puramente um rock de rádio. Ruim? De forma alguma. Acaba se desconectando um pouco, mas, a proposta é essa, então, vale.
"Holding on" é mais uma faixa estilosa, que lembra os momentos mais inspirados do Arena, em que a banda explora as suas influências de Pink Floyd. A faixa cresce e vai ficando pesada, porém segue melódica. É mais um grande momento.
A faixa-título é uma baladinha piano e voz com pouco mais de dois minutos. Não compromete, mas poderia ter ficado de fora e não sentiríamos falta.
Escrevi esta resenha como aquecimento para ouvir "Radio Voltaire", novo álbum do Kino lançado este ano, após treze de espera. John Mitchell tinha até sinalizado que a banda não voltaria e que o Lonely Robot poderia ser considerado como uma continuação dela. Para nossa surpresa e alegria, as coisas mudam.
Tracklist:
"Losers Day Parade" – 9:04
"Letting Go" – 5:26
"Leave A Light On" – 6:17
"Swimming In Women" – 5:23
"People" – 6:08
"All You See" – 5:08
"Perfect Tense" – 4:16
"Room For Two" – 3:44
"Holding On" – 7:09
"Picture" – 2:23
Line-up:
John Mitchell: lead vocals, guitars
Pete Trewavas: bass, bass pedals, backing vocals
John Beck: synthesizers, backing vocals
Chris Maitland: drums and percussion, backing vocals
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