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Scarsick: Algumas pessoas não conseguem abraçar o ócio

Resenha - How Cold is The Sun - Scarsick

Por John Wins
Postado em 04 de setembro de 2017

Algumas pessoas não conseguem abraçar o ócio. Precisam estar sempre criando, moldando ou reinventando algo, e é o caso do Diretor de arte e músico, Bruno Leo Ribeiro. Bruno ficou conhecido mundialmente com seus emojis sobre o mundo da música (Music Emojis), entre eles um pacote especial sobre a Finlândia, que é onde reside o multi-instrumentista que lidera e conduz sozinho a Scarsick band.

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E baseado na terra dos mil lagos e bandas com sonoridade dark /alternative rock conhecidas por misturar melancolia e ambientações sonoras (como o Katatonia e Anathema), que Bruno criou a sua própria one-man band, a Scarsick.

Antes de falar sobre o disco, é importante contextualizar o processo da Scarsick, que realmente teve apenas no Bruno a sua figura de criação completa. Desde a gravação de todos os instrumentos, passando pelo website e artes de divulgação para todas as redes sociais, até finalmente chegar aos videoclipes intimistas em que consegue mostrar um pouco do seu olhar para algo que apenas seu interior um dia visualizou.

"How Cold Is The Sun" é o primeiro disco (para alguns pode ser considerado um EP, pois possui apenas 8 faixas), e definitivamente é algo bem introspectivo e pessoal, visto que narra importantes fatos da vida do autor e compositor.

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O disco começa nos levando para um clássico dia de chuva. A ambientação sonora é uma característica que nos fará passar por todas as canções presentes, dentre elas algumas instrumentais, não sendo o caso dessa primeira faixa, chamada de "Till We Die".

ASSISTA O VIDEOCLIPE PARA "Till We Die":

Assistir vídeo no YouTube

A melodia é rodeada por uma letra que fala daquilo que um dia procuramos ou ainda iremos procurar: o amor para uma vida inteira. A parte vocal tem alguns pontos que poderiam ter sido mais trabalhados e com algumas frases melhores distribuídas, mas a guitarra é quem realmente brilha durante a canção, com um belo destaque para o backing vocal de Caroline Ribeiro, mulher e musa inspiradora da faixa em questão.

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Já no segundo ato do disco somos recebidos com um som instrumental, intitulado "Breaking Spring". A faixa lembra muito trilhas sonoras de RPGs do SNES e PSOne. Aquele tipo de música que nos remete a uma época de escolhas e dúvidas, realmente o que uma meia estação sempre nos traz em cada novo ano. Em alguns momentos parece flertar com Pink Floyd enquanto o piano segue liderando sutilmente.

Engraçado como a letra faz toda a diferença, não? "I Knew You Before", terceira faixa até então, tem uma melodia extremamente sensível e parece que em uma primeira vista nos remete ao fim de algo, quando na verdade é uma homenagem para o filho do compositor, Arthur, mostrando o amor que somente um pai/mãe pode ter pelo seu pequeno pedaço de gente. Há uma evolução vocal, mostrando que sua voz possui nuances agressivas e sutis ao mesmo tempo.

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Voltando para mais uma estação, e é bom você separar uma roupa mais confortável. "Summer Light", traz uma harmonia gostosa e calma, lembrando muito os finais de faixa que Robert Smith costumava compor nos tempos áureos do The Cure. O violão nos leva para um banco de uma praça e o sol realmente parece nos beijar por um instante, ou nesse caso, exatos 02m37s de um carinho solar.

Uma canção para a esposa, uma para o filho e "The Best Version Of Me" é dedicada para a pequena Angela, dona de um belo par de olhos e outros lindos detalhes que permeiam a letra. O começo nos remete um pouco ao que o U2 fez durante vários e produtivos anos, mas com a adição de realmente martelar uma sequência de teclas e notas, mostrando sentimento e ênfase no decorrer da faixa. Seria interessante ver alguns backing vocals no refrão, principalmente no refrão final, mas novamente a guitarra está lá, cantando e segurando a emoção.

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Cada nota parece uma folha caindo ao chão, enquanto nossos olhos procuram uma direção, um caminho ou apenas uma resposta. "The Fall" é a terceira passagem instrumental do disco, e durante alguns minutos temos a chance de refletir rapidamente sobre a vida e esse emaranhado de indagações que as árvores nuas insistem em nos mostrar.

ASSISTA O VIDEOCLIPE PARA "I Knew You Before":

Assistir vídeo no YouTube

Flertando entre o sintetizador e a levada da bateria eletrônica, é de longe uma das melhores faixas até aqui, lembrando bastante Anathema.

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Chegamos em um momento onde as nuances ficam evidentes e a tristeza aparece junto com o groove da bateria. Mesmo com a falta de grave na voz e alguns problemas na consistência dos tons, temos uma linha vocal que realmente parece mostrar a dor de quem perdeu algo que por pouco tempo foi tão precioso e único (a canção fala sobre o filho perdido na primavera de 2012). Tem dias em que tudo parece um pesadelo, e isso está explícito em "Hold My Pain".

O disco chega ao fim com "Winter Sun". Caso faça uma tradução literal, o sol de inverno é uma expressão conhecida na Finlândia, quando enxergamos a bola de fogo sobre nossos olhos, mas em momento algum conseguimos que ela aqueça o corpo, e essa faixa instrumental realmente transmite essa sensação. O modo como a guitarra soa parece muito com uma sequência de calor, mas o baixo e bateria não deixam nos aquecer, pois formam uma barreira bem sincronizada e coesa. Um belo final para um álbum tão pessoal e real.

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Seria complicado resenhar algo tão intimista sem saber o conceito por trás, e perceber que cada canção tem um motivo é o plot twist do disco. Há muito do autor em cada nota e verso. Suas dores e medos estão lá, assim como suas paixões e desejos também. O disco é inteiro dedicado para sua família, que no final do disco a pergunta que fica é: É nosso amor que nos move, ou o que nos move é o amor de alguém? No caso da Scarsick é evidente, pois poucas pessoas se dariam ao trabalho de gravar, produzir e divulgar algo totalmente sem remuneração apenas por amor próprio, e sim por ser movido por um amor maior e verdadeiramente recíproco.

"How Cold Is The Sun" tem um instrumental honesto, letras simples e melodias cativantes, mas acima de tudo, tem sentimentos em cada acorde. Indicado para quem gostaria de ter uma experiência sentimental e sonora ao mesmo tempo. Espero que a banda faça novos sons o mais rápido possível, pois as estações passaram rápido demais durante essa audição.

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Scarsick – How Cold Is The Sun
Gravadora: Independente
Disponível em Spotify, Apple Music, iTunes, Amazon, Deezer e

Facebook, Twitter e Instagram: @ScarsickBand

Site Oficial:
https://www.scarsick.band

Contato: [email protected]

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Sobre John Wins

John Wins é aspirante a jornalista, além de ser designer e escritor. Trabalha como roteirista/apresentador no Heavy Talk e como administrador/editor no HIM Brasil. Grande pesquisador do metal nacional e principalmente do metal finlandês.
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