Dark Avenger: Uma obra prima do Metal Nacional
Resenha - Beloved Bones - Dark Avenger
Por Celso Alves de Freitas
Postado em 10 de junho de 2017
"Em um clima beligerante e desesperado, RACIONAL e EMOCIONAL se confrontam tentando manter suas posições na batalha pelo EU. O EMOCIONAL encara o RACIONAL como um obscuro inimigo interno. Por outro lado, o RACIONAL enxerga o EMOCIONAL como a parte frágil da personalidade que está conduzindo o EU para sua própria destruição..."
Todos que me conhecem sabem o quanto eu amo música, eu não ouço apenas por ouvir, eu sinto a música, eu me envolvo fisicamente, psicologicamente e espiritualmente.
Quando comecei a ouvir Heavy Metal há quase 20 anos atrás, houve um motivo especial para tal. E não foi com o intuito de me tornar um adolescente rebelde, ou para ter um visual obscuro, nem para me enturmar ou buscar um novo ciclo de amigos, e muito menos para aparentar ser mais diferente do que eu já era de todos os meus colegas, amigos e familiares à minha volta (como todos à minha volta pensaram). Quando lemos determinado livro, criamos todo um roteiro da história em nossa mente, moldamos os personagens, os cenários, as situações e criamos um "filme particular" no nosso consciente, como se entrássemos dentro do livro e passássemos de meros leitores à expectadores de perto de tudo que acontece ali, assim, criando o nosso ponto de vista.
Ao ouvir Heavy Metal pela primeira vez, foi como se eu tivesse sido arrebatado do mundo, e o principal motivo que me fez me encantar com este estilo é que as músicas nos levam pra outra atmosfera... nos fazem desligar do mundo e viajar para outra dimensão... nos fazem criar um "filme particular", assim como nos livros... É algo que somente quem aprecia o estilo tanto quanto eu consegue compreender e explicar, é algo muito particular. Mas um detalhe importante é que não são todas as músicas que provocam essa sensação em mim, na verdade são poucas músicas e poucos discos, como Operation: Mindcrime do Queensryche, Temple of Shadows do Angra, The Black Halo do Kamelot, Symphony of the Enchanted Lands Part II do Rhapsody, Scenes from a Memory do Dream Theater, o homônimo do Masterplan, Abigail do King Diamond, Symbolic do Death... dentre outros. Mas um disco à partir de agora passa a fazer parte desta lista: "THE BELOVED BONES" do experiente e competente Dark Avenger, liderado por Mario Linhares e Glauber Oliveira.
The Beloved Bones é um trabalho conceitual consistente, com um instrumental extremamente pesado, harmonioso, melódico e técnico no ponto certo, linhas vocais fortes com uma interpretação majestosa de um dos melhores vocalistas da história do Metal Nacional. Com pleno domínio da voz, Mario Linhares, um guerreiro que escreveu essa obra enquanto lutava contra um Câncer na coluna, dá um show de interpretação, técnica e feeling, mesclando técnicas de canto lírico, drives com power creaky voice, screams, guturais e backings muito bem elaborados e empregados. Letras muito bem escritas, que nos causam uma reflexão sobre o nosso próprio EU, um solilóquio abordando a eterna batalha entre a RAZÃO e a EMOÇÃO. E um dos pontos altos do disco: uma produção CINEMATOGRÁFICA.
O disco já começa nos "teleportando" para outra dimensão com a faixa título, um Heavy Metal primoroso com uma introdução maravilhosa com um violino e muitos elementos de música erudita, um clima obscuro bem no estilo do "Savatage", e um refrão sensacional, todos os ingredientes necessários para que o disco nos convide à escutarmos toda a obra por inteiro, e ao longo da audição deste trabalho, pude ouvir e sentir tudo o que espero ao "dar o play" em um album de Heavy Metal.
Enfim, sem mais delongas, o disco em si é uma Obra Prima por completo, vou optar por não expor as canções que considero como pontos altos na obra, na verdade o disco em si já é o ponto alto da carreira do Dark Avenger, e tem tudo para trazer novamente o reconhecimento que o Metal Nacional merece tanto fora como dentro do país. É um disco que une várias vertentes, como Death, Thrash, Power e Prog, e os autores merecem respeito e prestígio por terem conseguido fazer isso sem soar como um amontoado de sons e técnicas que juntas costumam não fazer sentido algum, e na maioria dos casos, acabam se tornando "informações demais" para o ouvinte processar, o que não ocorre neste caso.
THE BELOVED BONES é, na minha opinião, a melhor produção do estilo no metal nacional desde Temple of Shadows do Angra (2004).
Vale o play, vale ter esse trabalho na sua coleção!
Dark Avenger - The Beloved Bones (2017)
[Independente]
01 - The Beloved Bones
02 - Smile Back To Me
03 - King For A Moment
04 - This Loathsome Carcass
05 - Parasite
06 - Breaking Up Again
07 - Empowerment
08 - Nihil Mind
09 - Purple Letter
10 - Sola Mors Liberat
11 - When Shadow Falls
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A música lançada há 25 anos que previu nossa relação doentia com a tecnologia
Jon busca inspiração no Metallica para shows de reunião do Bon Jovi
O melhor disco do Anthrax, segundo a Metal Hammer; "Um marco cultural"
Tuomas Holopainen explica o real (e sombrio) significado de "Nemo", clássico do Nightwish
A banda com quem Ronnie James Dio jamais tocaria de novo; "não fazia mais sentido pra mim"
A melhor música que Bruce Dickinson já escreveu, segundo o próprio
Ingressos do AC/DC em São Paulo variam de R$675 a R$1.590; confira os preços
O melhor baterista de todos os tempos, segundo o lendário Jeff Beck
Os álbuns esquecidos dos anos 90 que soam melhores agora
Gus G explica por que Ozzy ignorava fase com Jake E. Lee na guitarra
A única música do Pink Floyd com os cinco integrantes da formação clássica
Quando Lemmy destruiu uma mesa de som de 2 milhões de dólares com um cheeseburguer
O guitarrista que Steve Vai diz que nem Jimi Hendrix conseguiria superar
Paisagem com neve teria feito MTV recusar clipe de "Nemo", afirma Tarja Turunen
Pede música no Fantástico! Morrissey cancela show no Brasil pela terceira vez


Svnth - Uma viagem diametral por extremos musicais e seus intermédios
Em "Chosen", Glenn Hughes anota outro bom disco no currículo e dá aula de hard rock
Ànv (Eluveitie) - Entre a tradição celta e o metal moderno
Scorpions - A humanidade em contagem regressiva
Soulfly: a chama ainda queima
Quando o Megadeth deixou o thrash metal de lado e assumiu um risco muito alto


