Inglorious: Obrigatório na playlist de quem curte rock and roll
Resenha - Inglorious - Inglorious
Por Daniel Junior
Postado em 09 de março de 2016
Nota: 9 ![]()
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Volta e meia os textos jornalísticos recorrem ao velho jargão: "salvação do rock", como se o estilo estivesse precisando ser resgatado de algum perigo na qual se envolveu nos últimos tempos. Quase sempre isso é motivado pela mudança de pele de uma geração acostumada à manutenção de seus ídolos, agindo de maneira preguiçosa para tirar os tampões do ouvido para os que assinam novos álbuns.
Por isso, as reuniões são mais fluentemente hype para quem fala de rock do que propriamente um garimpo bacana do que vem surgindo nas casas de shows do mundo. "A nossa pauta tem que ser sobre a volta do Guns N´Roses/ da reunião do Black Sabbath/do fim do Foo Fighters". Funciona porque trabalha com a especulação e - de maneira bem interessante - fica entre o que pode ser e o que não é, sem que necessariamente seja mentira. A falácia quase vira fato, porque acaba espalhando o que todo mundo na verdade só especula, até que deixe de ser um boato para se transformar em uma notícia.
Nessa rotina que já tomou conta da mídia "especializada" a gente pode deixar passar bandas como o Inglorious, que acaba de fazer sua estreia no mercado, merecendo bastante da nossa atenção.
O grupo formado por Wil Taylor (guitarra), Andreas Eriksson (guitarra solo), Colin Parkinson (baixista), Phil Beaver (baterista) e o vocalista Nathan James, tem uma ótima escola de influência segundo seu próprio release no site oficial: Deep Purple, Led Zeppelin, Whitesnake, Bad Company, Aerosmith e Rolling Stones (todos ingleses, exceção Aerosmith) e ela está clara em cada faixa do debut da banda. Com uma energia impressionante, o Inglorious chega ao seu primeiro disco convidando ao mundo a abandonar as velhas discussões e dar uma chance ao seu som.
A faixa de abertura, "Until I Die", com seu velho som de Hammond, já evoca as melhores fases do hard rock inglês, onde Deep Purple e Uriah Heep, molhavam o som pesado e distorcido da cozinha dos seus gigs. "Until I Die" é um arrasa-quarteirão que traz o vocalista Nathan James em uma espécie de canto homenagem aos grandes cantores de rock que tem vocal rasgado e bastante sentimento nas interpretações. Riff poderoso, "Until I Die" é um ótimo cartão de visitas para quem não conhece a banda. Solo com o espírito rock and roll e uma ponte bem construída entre refrão e instrumental.
"Breakaway" tem aquela pegada de música pra rádio, embora também fique bem claro que a canção é muito bem trabalhada, com ótimas linhas de guitarra e baixo. Se você estava sentindo saudades de uma banda em que o guitarrista solo faz tudo à moda antiga, vai se fartar nas faixas do disco da banda. Mesmo com muita simplicidade, por conta das melodias que se repetem, para darem lugar aos riffs/convenções, "Breakaway" conquista de primeira.
Não, você não está escutando "Kashmir". É "High Flying Gypsy", com sua dinâmica muito parecida com um dos maiores sucessos do Led Zeppelin. Com uma energia vibrante e com peso que mistura um hard rock furioso com o punch do metal, numa associação cujo o resultado é bastante satisfatório. A banda traz um arranjo poderoso e que mais uma vez faz o peito vibrar.
Chegamos a um dos pontos altos do álbum: "Holy Water" é um blues venenoso e que consolida os atributos vocais de James, ele uma grata surpresa e uma das melhores revelações de 2016. Um solo lindo e rimado com a onda da canção. Perto do fim, a música nos surpreende com uma mudança de andamento que a torna mais interessante ainda, além dos grandes agudos do vocalista. Deixa sangrar porque "Holy Water" é uma baita música.
Passamos para "Warning" e sua introdução que lembram mais um blues, traz uma vigorosa canção e que colocam baixo e guitarras, lado a lado, numa avalanche de puro rock. Ótima para encerrar festas (ou começar). Belíssima faixa, mostrando todo o armamento que o Inglorious tem em seu arsenal.
Banda de hard rock que se preze tem que ter a sua balada: "Bleed For You" tem ótima estrutura e outro belíssimo riff. Mais um solo, desta vez melódico e intenso. A canção cresce e se encerra na mesma doçura ao violão que se iniciou. A banda surpreende pela quantidade de faixas com potencial comercial. "Bleed For You" é o dever de casa bem feito.
Aqui temos uma emulação quase perfeita do Whitesnake nos anos 80; em "Girl Got A Gun" o clima não se resume à uma faixa que flerta com o AOR, pelo contrário. Reforçando um ótimo talento para refrões pegajosos e com ótimas construções. Em alguns momentos acho que James exagera para parecer com seus ídolos, em alguns momentos acredito que o moço está colocando seu coração em cada canção.
"You´re Mine" temos mais uma vez uma clara referência ao Led Zeppelin, ao mesmo tempo em que os meninos não deixam que o cheiro de nostalgia tome conta do som. É óbvio que a banda inglesa comandada por Robert Plant está entre as "homenageadas", mas a banda deixa clara dentro da composição que há um universo sendo expandido e ele não está limitado às referências musicais da banda. Mais uma excelente faixa do disco de estreia da banda.
"Inglorious" tem aquela pegada pesada associada a um ótimo esforço em construir uma base com o que há de melhor no rock atual: afinação grave, simplicidade e vigor. Ótimos arranjos vocais e uma belíssima convenção. Impressionante como a banda, apesar de usar suas referências, soa como se fosse uma novidade. Ótimo casamento entre baixo e uma levada indígena. Uma das melhores canções do álbum.
"Wake" é uma balada mais tradicional. Bom ouvir Nathan James cantando em outras regiões menos agudas durante alguns momentos da canção. "Wake" lembra algumas faixas que fizeram sucesso nos anos 90 em bandas como Poison e Extreme. A comparação para no fato da canção ser mais crua e visceral do que os exemplos apresentados. Quando você pensa que não há nada mais a ouvir na faixa, ela vem para uma nova perspectiva e um belíssimo solo. Senti falta de um baixo para emoldurar a canção, mas ela não perde a beleza.
O álbum termina com a faixa "Unaware", que na verdade se inicia na faixa anterior, com uma intro de piano, que esconde o que ouviremos em seguida. Com uma parede de guitarras e bons vocais, "Unaware" é a cereja do bolo de um disco de estreia que está - fácil fácil - na lista de melhores álbuns lançados até aqui.
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Hora de esquecer um pouco das discussões midiáticas que pouco acrescentam e buscar renovar nossa audição com bandas que oferecem um trabalho de qualidade como Inglorious, grupo que deve entrar no playlist de qualquer um que curte muito rock and roll e ótimas canções. Tudo isso sem precisar olhar pra trás.
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