Asia: Gravitas quase dá azia
Resenha - Gravitas - Asia
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 20 de outubro de 2015
Nota: 3
Em 1981, sobreviventes de bandas de rock progressivo aparentemente desintegradas formaram supergrupo. John Wetton, baixista e vocalista do King Crimson; Steve Howe, guitarrista do Yes; Geoff Downes, tecladista que passara pelo Yes e tocara no Buggles, cujo clipe pra Video Killed the Radio Star iniciou as transmissões da MTV e Carl Palmer, baterista do Emerson, Lake & Palmer formaram o ASIA.
Em 82, saiu o álbum Asia, decepção para os fãs de prog sinfônico. A banda tocava rock de arena, formato popular nos anos 1980: produção polida nos detalhes de uma fórmula rígida, que rendeu um monte de canções como sonoridade pasteurizadamente igual, com vocalistas sem voz marcante, mas que vendiam milhões e lotavam estádios. Vez ou outra alguma canção se sobressaía e, dentro do contexto da época, até era excitante e continua até hoje (será que apenas por evocar memórias?). Do álbum de estreia do ASIA, Only Time Will Tell e Heat of the Moment estouraram.
Os demais álbuns não repetiram o sucesso e, típico de egos prog, o ASIA mudou mais de formação do que David Bowie a cor do cabelo. Em 2006, reagruparam-se com a formação original, que durou até 2013, quando Steve Howe anunciou sua aposentadoria do grupo, para tocar outros projetos. Ele foi substituído por Sam Coulson, que tem idade para ser neto de Carl Palmer. Com a formação original, menos Howe, o ASIA lançou Gravitas em março de 2014.
Gravitas tem tanta personalidade quanto os milhares de despercebidos álbuns de fracassadas bandas aspirantes a prog, hard rock ou AOR enterrados na areia dos tempos. Imperdoável, considerando-se o pedigree das ex-bandas dos Asiáticos.
A impressão é de que voltamos para o mais asséptico dos anos 80, quando ex-prog falidos ou semi-esquecidos tentavam sucesso comercial. As canções parecem a mesma: Valkyrie, Gravitas e Heaven Help Me Now têm a mesma base, depois das introduções. Valkyrie inicia auspiciosa com seu violoncelo e vocalização; Gravitas tem introdução estendida de orquestra de sintetizador e Heaven.... evoca Queen na vocalização inicial, pra depois lembrar a possibilidade de um rockão sinfônico a la Angra, anos 90. Depois do descrito, as 3 caem na mesmice faceless. Iguais entre si e idênticas a centenas de outras.
Se lançadas em 85, I Would Die for You e a balada Joe Dimaggio’s Glove talvez alcançassem alguma posição entre as sexagésimas no Top 100 da Billboard. Alguém que decida perder tempo como eu, pode me dizer qual a diferença entre a versão não acústica e a acústica, presente na Deluxe Edition?
Em The Closer – balada excessivamente longa que arremeda um trecho de Woman in Love, da Barbra Streisand e depois Drive, do Cars; ouça e tente cantarolar junto! – o cantor reclama que quanto mais se aproxima, mais alguém o repele e ele não sabe o que fazer. Com um álbum impessoal como Gravitas não admira a rejeição. O que fazer? Produzir um disco relevante.
Tracklist
1. "Valkyrie" 5:25
2. "Gravitas" 7:59
3. "The Closer I Get To You" 6:38
4. "Nyctophobia" 5:11
5. "Russian Dolls" 5:05
6. "Heaven Help Me Now" 5:38
7. "I Would Die For You" 3:11
8. "Joe Di Maggio's Glove" 4:30
9. "Till We Meet Again" 4:03
10. "The Closer I Get To You (Acoustic)" (Deluxe Edition bonus track)
11. "Joe Di Maggio's Glove (Acoustic)" (Deluxe Edition issue bonus track)
12. "Russian Dolls (Acoustic)" (Japanese CD issue bonus track)
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