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Foo Fighters: Trilhando por estradas sônicas em seu novo álbum

Resenha - Sonic Highways - Foo Fighters

Por Fila Benário
Fonte: Fila Benário Music
Postado em 13 de novembro de 2014

Hoje – 10 de novembro de 2014 - é finalmente lançado o cd mais esperado do ano, Sonic Highways, o 8º álbum dos Foo Fighters que está prestes a celebrar 20 anos de carreira.

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O lançamento era aguardado com tamanha expectativa, primeiro por se tratar de Foo Fighters, a banda mais aclamada e adorada da atualidade, e segundo pela grandiosidade do projeto. Sonic Highways foi gravado em oito estúdios de oito cidades americanas diferentes, lugares que segundo o vocalista e guitarrista Dave Grohl são chamados de templos da música.

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A banda percorreu e gravou nas principais capitais: Chicago, Washington, Nashville, Austin, Los Angeles, New Orleans, Seattle e New York, e todas as gravações foram registradas e documentadas na série Sonic Highways, que vai ao ar todas as sextas-feiras no canal a Cabo HBO nos Estados Unidos e que em breve estreara no Brasil no Canal Bis.

Enfim, na teoria trata-se de um lançamento esplendido que faz jus a grandeza da banda, mas e na pratica? Será que Sonic Highways realmente convence?

Analisaremos abaixo o álbum faixa a faixa:

1 - Something From Nothing
Gravada: Electrical Audio Studio – Chicago
Participação Especial: Rick Nielsen (Cheap Trick) – Guitarra

Something From Nothing foi a primeira música de Sonic Highways a ser apresentada para o mundo todo. E logo na primeira audição ela já causa certo (porém bom) estranhamento, ao mostrar um Foo Fighters mais rebuscado, mais trabalhado e evidentemente mais longo.

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A canção começa dedilhada e com Dave Grohl sussurrando o primeiro verso, até dar a entrada de toda banda ainda de forma sutil. Na casa dos um minuto e trinta segundo de música, ela ganha uma interessante melodia grooveada/funkeada, até finalmente ganhar peso e nos presentear com o animalesco berro de Grohl em meio ao Punk Rock furioso. Em meio há tantas guitarras na banda (três no total), a guitarra de Rick Nielsen acaba não fazendo diferença, assim a sua participação acaba sendo mais histórica e afetiva, do que realmente necessária. A letra da canção é o principal destaque, um ode de amor a cidade Chicago, histórias do Bluesman Buddy Guy, citações ao grandioso Muddy Waters. Something From Nothing é um dos grandes destaques de Sonic Highways, mas dificilmente será a canção que abrirá a nova turnê do conjunto, justamente por ser longa e crescente.

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2 - The Feast And The Famine
Gravada: Inner Ear Studio – Washington

Já a segunda canção, que foi gravada em Washington, emula muito bem a sonoridade do local. Capital do Hardcore furioso de Minor Therat, Bad Brains e outros grandes nomes da Dischord Records (tradicional selo do gênero), a canção é um Punk Rock nervoso, que ganha mais peso e atenção no seu refrão genial e berrado. Mas mesmo diante de uma sonoridade simplista, a banda segue o padrão de grandeza de Sonic Highways e incorpora alguns elementos que se não existisse não faria falta. A batida da bateria na segunda estrofe deveria manter-se reta e seca como no refrão e como em toda boa canção de Punk Rock, mas a banda acabou usando uma dinâmica semelhante a da estrofe de All My Life. Sem contar a presença de coro um tanto quanto estranho no trecho "Is there anybody there?". Mas nada que venha comprometer a genial canção que carrega em sua letra todo o saudosismo do Dave Grohl em relação à pulsante Washington de sua adolescência.

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3 – Congregation
Gravada: Southern Ground Studio – Nashville
Participação Especial: Zac Brown (Zac Brown Band) – Guitarra e Backing Vocals

Considerada por muitos a melhor canção do álbum, talvez seja Congregation a canção mais Foo Fighters de todo o disco, ela poderia ser facilmente encontrada no tracklist do There Is Nothing Left To Lose (1999) ou no lado elétrico de In Your Honor (2005). Congregation carrega toda aquela sensibilidade da banda, mas sem perder o punch, os fortes riffs de guitarra e agressiva voz de Dave Grohl. Por ser gravada em Nashville, a matriz do Country americano, ela carrega uma pequena porção do gênero na sua melodia, ainda mais com a participação mais do que especial de Zac Brown nos Backing Vocals, porém ela é essencialmente Foo Fighters na mais plena forma, e isso é muito bom.

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4 - What Did I Do?/God as My Witness
Gravada: Austin City Limits Studio – Austin
Participação Especial: Gary Clark Jr. – Guitarra

Se Congregation é totalmente Foo Fighters, essa canção por sua vez em nada lembra o conjunto devido à tamanha musicalidade envolvida. O começo apenas cantado e dedilhado como um velho blues americano, a sua melodia swingada e funkeada, apresenta aos nossos ouvidos um Foo Fighters até então desconhecido, mas que aprovamos com louvor. Gravada em Austin, capital do Texas, terra de gente como o genioso e saudoso bluesman Johnny Winter e do pai do rock Buddy Holy, o Foo Fighters garimpou todas essas referências sonoras e nos presenteou com uma canção diferente de todo seu catalogo, mas igualmente genial, com a participação mais do que especial do bluesman Gary Clark Jr detonando a guitarra simplesmente. Surpreendente e genial, mas quem é acostumado com a pegada simplista e de fáceis refrões da banda, talvez não dê a mínima pra canção.

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5 - Outside
Gravada: Rancho De La Luna Studio – Los Angeles
Participação Especial: Joe Walsh (The Eagles) – Guitarra

No entanto Outside é ressurgimento do Rock n’ Roll em Sonic Highways. Gravada na capital do Hard Rock, Los Angeles, ela emula bem essa sonoridade, e poderia estar presente no tracklist de One By One, o amado e incompreendido álbum do Foo Fighters de 2002. Não há berros, e o refrão é até estranhamente cantado em baixo tom, mas há um marcante baixo logo na introdução, ótimos licks de guitarras – ainda mais com a participação de Joe Walsh – e um contratempo desconcertante após o segundo refrão.

6 - In The Clear
Gravada: New Orleans Preservation Hall – New Orleans
Participação Especial: Preservation Hall Jazz Band

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Gravada no berço do Jazz, a cidade de New Orleans, acompanhada da Preservation Hall Jazz Band com instrumentos de sopro, piano e bateria, eis que surge a melhor música de Sonic Highways.
In The Clear é nada mais que uma simples balada no melhor estilo Foo Fighters, tocante, pulsante e minimalista. A pequena orquestra da Preservation Hall Jazz Band só acrescentou ainda a canção, principalmente no trabalhado trecho final da canção onde o refrão é cantado de forma soletrada. Se a intenção de Sonic Highways era ser um álbum ambicioso de forma trabalhada, em In The Clear foi à prova que a principal virtude está na simplicidade. Genial!

7 – Subterranean
Gravada: Robert Lang Studio – Seattle
Participação Especial: Ben Gibbard (Death Cab For Cutie) – Guitarra e Backing Vocals

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E é em Subterranean que infelizmente começa o declínio musical em Sonic Highways. A canção mais esperada por todas, Subterranean foi gravada em Seattle (no estúdio onde Dave Grohl gravou sozinho o primeiro álbum do Foo Fighters) e contaria a experiência de Dave Grohl após a morte de Kurt Cobain e fim do Nirvana, trata-se de um tema triste e profundo, mas não por isso que a música deveria beirar a depressão. Uma melodia angustiante, sufocante e arrastada, somadas a uma interpretação vocal não inspiradora de Dave Grohl, em parceria com Ben Gibbard do Death Cab For Cutie, faz de Subterranean a pior canção do álbum e uma das maiores bolas foras da carreira do Foo Fighters ao lado de Tired For You.

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8 - I Am a River
Gravada: The Magic Shop New York Studio – New York
Participação Especial: Joan Jett - Guitarra

A canção que declama o amor por New York, a terra do Rap grooveado do Public Enemy, do Punk Rock dos Ramones, do Hard Rock do Kiss, das meninas furiosas e verdadeiras rainhas do Rock: as Runaways, e até mesmo do super-herói Homem Aranha, infelizmente não saiu como deveria, e tudo culpa de um egocentrismo exacerbado. Por ser a última música do álbum, e posteriormente a canção que encerrará o último capítulo da série Sonic Highways, Dave Grohl quis fazer algo épico, grandioso e glorioso, que infelizmente se tornou em algo extremamente desastroso.
Já começa com o fato da canção ter cerca de sete minutos de duração, desnecessário se tratando de Foo Fighters. A música em si demora pra começar, a voz de Dave Grohl entra já com um minuto e meio de música, que na verdade foi uma seqüência de guitarras dedilhadas e solando notas desconexas. A canção vai tomando forma vai crescendo, até chegar a uma melodia que se fosse de autoria do Chris Martin, ou se estivesse na edição especial do novo álbum do U2 eu não me assustaria. A bela simplicidade orgânica de In The Clear, foi dizimada na prepotência dessa faixa. Há relatos que Joan Jett participa de I Am a River tocando guitarra, mas nem dá pra perceber.

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Resultado final

Pra quem estava esperando uma continuação do seminal Wasting Light – o último grande álbum do Foo Fighters – caiu do cavalo. Sonic Highways trás o Foo Fighters se arriscando em novas nuances, e nem é por conta das sonoridades das cidades onde o álbum foi gravado, mas sim um revival do que foi a banda quando ela tenta flertar com coisas grandiosas e que não lhe cai bem, vide os álbuns One By One (2002) e Echoes, Silence, Patience and Grace (2007).

Mas Sonic Highways está longe de ser um péssimo álbum do conjunto, há canções primorosas e que terão destaque no repertório do grupo, além de Dave, Chris Shiflett e Pat Smear (esse último nem tanto) dar uma aula pra esses novos grupelhos de rock de como se faz Rock de verdade com guitarras de verdade.

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As participações especiais têm todo o seu valor histórico e sentimental, mas de todas as citadas, apenas a de Zac Brown, Gary Clark Jr e principalmente da Preservation Hall Jazz Band que se faz notar, o resto atuam como coadjuvantes de luxo.

Resumindo, por todo o seu contexto histórico, as circunstancias que o acerca e a grandiosa série que registrou passo a passo não só da gravação do álbum, mas fornecendo ao espectador uma verdadeira aula de história da música americana, Sonic Highways é um grande disco e terá um espaço reservado na história discográfica da banda.

Mas ainda prefiro o básico e rude Foo Fighters de Wasting Light.
Porém, ainda é o lançamento do ano.

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