Alice Cooper: "Hey Stoopid" é uma de suas obras mais inspiradas
Resenha - Hey Stoopid - Alice Cooper
Por Neimar Secco
Postado em 31 de julho de 2014
O retorno de Alice Cooper ao sucesso comercial parecia consolidado com TRASH, o álbum anterior (já resenhado por mim aqui no whiplash.net). Mas se TRASH encontrou estrada livre para sua viagem ao sucesso, HEY STOOPID encarou um certo "congestionamento".
HEY STOOPID foi lançado em junho, e no auge da era grunge (1991). Foi um álbum de "férias escolares", assim como SCHOOL’S OUT tinha sido em 1972.
Quanto à qualidade do álbum, praticamente tudo em HEY STOOPID é melhor do que em seu antecessor imediato, TRASH: produção, arranjos, execução, até mesmo os convidados especiais.
O álbum abre com a faixa título. Se no já citado SCHOOL’S OUT, a mensagem era "rebele-se", "Hey Stoopid" trazia um Alice "amigo mais velho" que advertia quanto à ‘estupidez’ ou ‘burrice’ de se deixar dominar pelas drogas.
(...)
Hey, hey, hey, hey, hey stoopid
What ya tryin' to do
Hey, hey, hey, hey, hey stoopid
They win you lose
Hey, hey, hey, hey, hey stoopid
C'mon girl, it's a better day
Get your foot out of that grave
Don't let that one love tear your world apart
C'mon babe, kick that stuff
Show the street it ain't so tough
Quit lyin' around with a crippled, broken heart
Now I know you've been seeing red
Don't put a pistol to your head
Sometimes your answer's heaven sent
Your way is so damn permanent
(...)
Contando com as participações especiais de Slash no solo ‘intermediário’ da música e de Ozzy no verso "you know, I know", além de Joe Satriani, que, aliás, toca em quase metade do álbum (5 faixas), ‘Hey Stoopid’ foi o primeiro single desse trabalho.
Muitos fãs vêem HEY STOOPID como uma espécie de continuação de TRASH, e Alice, com certeza, manteve em boa parte do álbum a mesma temática de seu antecessor. Mas HEY STOOPID é mais diversificado, tanto sonoramente como nos temas.
A impressão que se tem com o álbum é que Alice Cooper estava mais focado em fazer um hard rock mais próximo de suas características artísticas e pessoais do que simplesmente repetir a fórmula ‘acessível’ de TRASH.
A segunda faixa, 'Love's A Loaded Gun', é um dos ‘tesouros escondidos’ da obra de Alice Cooper. A letra trata de um amante ciumento ao extremo, que persegue sua amada por onde quer que ela vá. O arranjo ‘hard rock acústico’ somado à interpretação convincente de Alice nessa música merecem a atenção detalhada do ouvinte/fã. Grande faixa!
Em seguida temos ‘Snakebite’. Olha o Alice Cooper autorreferente, já que jibóias são um dos símbolos tanto visuais como teatrais de Alice Cooper. Ótimo refrão, letra envolvente e o instrumental que fez falta em TRASH. ‘Burnin’ Our Bed’ é a balada que faltou em TRASH, digamos assim. Seu arranjo semi-acústico e a letra passional teriam cabido como uma luva naquele álbum. Mas as verdadeiras gemas ainda estavam por vir e ‘Dangerous Tonight’ é simplesmente sensacional. Se tematicamente tem pouco ou nada a ver com ‘Ballad Of Dwight Fry’ do álbum LOVE IT TO DEATH de 1971, certamente, essa é a música que "ressuscita" o Alice Cooper "performer", "ator que canta" suas "histórias". O lado 1 fecha de forma magistral com mais uma balada: ‘Might As Well Be On Marts’, parceria com o antigo e ótimo colaborador, o guitarrista canadense Dick Wagner. Essa é a faixa em que o produtor Peter Collins (Queensryche) imprime de forma mais incisiva sua marca. O arranjo grandiloquente permite que Alice interprete de forma magistral a emoção do amante que não consegue atingir ou conquistar o coração de sua amada, um amor impossível ou, pelo menos, difícil de se atingir.
In Concert ’91 – Especial para a TV canadense
Ok, seu espírito hard rocker não é muito afeito às baladas românticas. Então, para você e para o deleite de todos nós, Alice abre o lado 2 com sua parceria com o então emergente Zodiac Mindwarp. Zodiac presenteou Alice com essa letra que tem tudo a ver com o rei do "shock rock" e Alice, para incrementá-la, convidou Steve Vai para dividir as guitarradas com Satriani. Discípulo e mestre juntos pela primeira vez em uma música, ainda por cima, gravada pelo ícone Alice Cooper. Histórica. Não bastasse esse trio, "Feed My Frankenstein" ainda conta com a atriz Elvira no minúsculo verso "He’s such a psycho". Alice, aliás, é o convidado especial de Wayne’s World (Quanto Mais Idiota Melhor) da dupla de comediantes Mike Myers e Dana Carvey, no qual aparece executando essa música ao vivo, bem como, contando a história da cidade de Milwaukee. Essa participação especial certamente ajudou a chamar a atenção para o álbum, já que o foco da mídia nesse início de anos 90 parecia totalmente voltado para as bandas emergentes de Seattle com o movimento grunge.
‘Hurricane Years’, contém citações claras ao ‘poeta do rock’, Bob Dylan, no título da música, referência ao clássico de Dylan, Hurricane, sobre a história do pugilista Rubin "Hurricane" Carter, e no verso "blowing in the wind", título de um dos maiores, se não o maior clássico de Dylan. Pode não ser um destaque individual do álbum, mas certamente mantém o pique hard rock.
‘Little By Little’, ‘Die For You’ e ‘Dirty Dreams’ formam uma trilogia de faixas "à lá" TRASH, em que Alice volta a dar vazão ao tema mais pop das relações amorosas (sexuais). Destaque para os excelentes refrões e arranjos de ‘Little By Little’ e ‘Die For You’ e o arranjo "garage rock", quase "cru" de ‘Dirty Dreams’.
Mas a cereja da bolo ainda estava por vir. Não foi apenas com The Last Temptation, (também já resenhado por mim, aqui no whiplash) que Alice "ressuscitou" seu personagem central de WELCOME TO MY NIGHTMARE, Steven. Steven, na verdade, ressurge aqui em "Wind-Up Toy, uma música inspiradíssima. Ela é praticamente um resumo do que Alice tinha feito até então: a mistura de um rock ao mesmo tempo teatral, temático e acessível. O personagem sem nome dessa música tanto remete a Steven como a Former Lee Warmer, o garoto (autista?) de DADA (1983).
Alice realiza nessa música combinações um tanto improváveis, ou pelo menos, nada simples de se conseguir sem um esforço extra: sarcasmo e desespero (presentes em pontos altos do álbum FROM THE INSIDE, ironia e refrão pegajoso, típicos de "No More Mr. Nice Guy", e a óbvia referência e revisitação do personagem Steven do já citado clássico de 1975, WELCOME TO MY NIGHTMARE.
A transição da animação do verso "daddy won't discuss me, what a pain I must be" à paranoia de "I'm just a wind-up toy! A wind-up toy! A wind-up, wind-up, wind-up toooooy!" é um dos momentos mais representativos e clássicos do personagem de Alice Cooper nesse trabalho.
HEY STOOPID é certamente uma das obras mais inspiradas de Alice Cooper. Merece um lugar lá no topo, junto a LOVE IT TO DEATH, KILLER, SCHOOL’S OUT, BILLION DOLLAR BABIES, WELCOME TO MY NIGHTMARE, FROM THE INSIDE, DADA, BRUTAL PLANET e DRAGONTOWN.
Quanto a HEY STOOPID em particular, como diria o poeta, "tinha uma pedra no meio do caminho". Essa pedra se chamava "movimento grunge". Mas nada tira os méritos de HEY STOOPID, álbum essencial para quem se interessa por Alice Cooper.
NOTAS:
Musicians
Slash - Guitars (1)
Joe Satriani - Guitars (1,4,7,9,12), Backing Vocals (1)
Stef Burns - Guitars (except track 11)
Steve Vai - Guitars (7)
Vinnie Moore - Guitar (8,11)
Mick Mars - Guitar (10)
Hugh McDonald - Bass (Except track 7)
Nikki Sixx - Bass (7)
Mickey Curry - Drums (all)
John Webster - Keyboards (1,2,3,4,7,9,10,12), B3 Organ (5)
Steve Croes - Synclavier (1,10)
Robert Bailey - Keyboards (2,5,6,7,8,10,12)
Jai Winding - Keyboards (6)
Chris Boardman - String Arrangements (6)
Backing Vocals - Ozzy Osbourne (1), Zachary Nevel (1)
FICHA TÉCNICA:
Produced by Peter Collins
Recorded at Bearville Studios New York, The Complex Los Angeles
Mixed at A&M Studios Hollywood
Cover: Lethal Art by Mike McNeilly
Photography by Randee St. Nicholas
Executive Producer: Bob Pfeifer
The Show - 1991 - Operation Rock And Roll
Musicians:
Stef Burns – guitar
Vinnie Moore – guitar
Pete Friesen - guitar (substituiu Moore após a Operation Rock)
Greg Smith – bass
Eric Singer – drums
Derek Sherinian – keyboards
SETLIST (mais frequente)
01 Under My Wheels
02 Trash
03 No More Mr. Nice Guy
04 Billion Dollar Babies
05 Love's a Loaded Gun
06 Bed Of Nails
07 I'm Eighteen
08 I Love the Dead /Devil's Food / Steven / Black Widow (Instrumental)
09 Sick Things
10 Feed My Frankenstein
11Cold Ethyl
12 Only Women Bleed
13 Wind Up Toy - Ballad Of Dwight Fry (Europe Only)
14 Poison
15 Snakebite (Europe Only)
16 Go To Hell
17 School's Out
18 Hey Stoopid
19 Elected
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A única banda de rock progressivo que The Edge, do U2, diz que curtia
Não é "Stairway" o hino que define o "Led Zeppelin IV", segundo Robert Plant
10 guitarristas impossíveis de serem copiados, conforme o Metal Injection
O guitarrista do rock nacional que é vidrado no Steve Howe: "Ele é medalha de ouro"
Divulgados os valores dos ingressos para o Monsters of Rock 2026
Quem são os músicos que estão na formação do AC/DC que vem ao Brasil
Esposa e filho homenageiam David Coverdale após anúncio de aposentadoria
A "guerra musical" dentro do Guns N' Roses que fez a banda se desmanchar
Músicos originais do Black Sabbath passariam o Natal juntos, revela Geezer Butler
As duas músicas que Bruce Dickinson usa para explicar o que é rock and roll
Kerry King coloca uma pá de cal no assunto e define quem é melhor, Metallica ou Megadeth
A melhor gravação de bateria de todos os tempos, segundo Phil Collins
O álbum que metade do Black Sabbath concordava ser o pior da banda
A reação dos membros do Paradise Lost quando foram chamados de "o novo Metallica"
O guitarrista americano que fez a cabeça de Jéssica Falchi: "Eu adorava!"

Aos 77 anos, Alice Cooper explica como nunca perdeu a voz
O filme de terror preferido de 11 rockstars para você assistir no Halloween
Alice Cooper confessa que Johnny Depp tremeu no Rock in Rio
A música que Jimi Hendrix estava de saco cheio de tocar ao vivo
É de tirar o pó da vitrola: 5 relançamentos imperdíveis para fãs de rock clássico
Os 50 anos de "Journey To The Centre of The Earth", de Rick Wakeman


