Ronnie James Dio: Tributo faz jus às suas músicas
Resenha - This Is Your Life - Ronnie James Dio
Por Luiz Felipe Lima
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E é com muita honra que faço essa resenha, acrescentando um pouco mais ao conteúdo delfiano sobre o vocalista, que inclui a maior biografia em português de Ronnie James Dio e cujos links para todas as partes você pode conferir no fim da resenha.
Matéria originalmente publicada no site DELFOS
http://www.delfos.jor.br
This is Your Life conta com 13 covers de Dio, perpassando a carreira do vocalista desde os idos do Rainbow até a sua fase solo, incluindo ainda algumas músicas da época do Black Sabbath. Eu sinceramente senti falta de pelo menos uma música do Heaven & Hell, mas ainda assim a tracklist está sensacional. A capa também é extremamente bela e relembra os tempos em que elas eram pintadas à mão e não feitas digitalmente - ainda que aparente ter seguido o costume atual e dê a impressão de ter sido feita no computador.
IF WE'RE EVIL OR DIVINE...
O disco é aberto com a versão do Anthrax para Neon Knights, que mantém a energia da gravação original. Joey Belladona tem uma performance vocal competente, sem comprometer mas também sem acrescentar, mas o destaque fica para as guitarras, que dão um up no que para mim sempre foi o ponto mais baixo das músicas do disco Heaven and Hell. A seguir vem o Tenacious D tocando The Last in Line, fazendo um dos melhores covers do disco. Jack Black não exagera no vocal e tem uma ótima performance dentro das suas limitações técnicas, fazendo exatamente o que se espera dele - Jack Black sendo Jack Black. A música ainda conta com um solo de flauta, uma grata surpresa.
A terceira música é The Mob Rules, regravada pelo Adrenaline Mob para o EP de covers anterior ao segundo disco da banda. Russell Allen é sem dúvida um dos vocalistas que melhor consegue se adaptar ao estilo de Dio, e entrega uma versão com muita energia, onde a banda inteira soa espetacular e traz a força presente no seu disco de estreia. Depois vem o cover de Rainbow in the Dark, cantado por Corey Taylor, vocalista do Slipknot e do Stone Sour. Eu já não sou lá o maior fã da música original, e os teclados, que na versão original eram o grande diferencial, aqui foram substituídos pela guitarra. Com isso, essa versão não fica ruim mas também não se mostra diferenciada, passando despercebida perto de outras bem mais poderosas.
A seguir vem a versão do Halestorm para Straight Through the Heart, que se tornou a minha grande decepção do disco. Explico: tive a chance de assistir ao Halestorm junto com o Adrenaline Mob no show que as bandas fizeram juntas em São Paulo, e pude ver esse cover ao vivo. Ao vivo essa música foi simplesmente espetacular, entrando inclusive no rol de melhores covers que eu já tinha visto, e essa lembrança só elevou as minhas expectativas quando vi que teria a oportunidade de vê-la de novo no álbum-tributo. Porém, aqui o Halestorm apenas entrega uma performance mais ou menos, que não transmite nem 1% da energia que eu senti no show em questão - o que foi realmente uma pena, porque a banda tinha capacidade de ser uma das melhores do álbum.
AND HERE IT COMES AGAIN...
Logo depois vem a versão do Motörhead para Starstruck, contando com os vocais de Biff Byford, do Saxon. Ela ficou muito boa na voz de Biff e o backing vocal de Lemmy nos refrãos só dá um gosto a mais, tornando a música uma grata surpresa. Em seguida temos a versão do Scorpions para The Temple Of The King, que ficou ótima. Está para surgir uma banda que consiga se encaixar tão bem em baladas quanto o Scorpions.
A versão de Doro para Egypt (The Chains are On) tem como principal ponto fraco a performance da vocalista. Ainda que todo o instrumental seja impecável, a voz da rainha do Metal simplesmente não se encaixa com a proposta da música, que pede uma performance vocal mais potente. Essa é provavelmente a música de Ronnie mais difícil para ser cantada por outra pessoa, por ter variadas texturas e ir da força vocal do vocalista até a maneira suave de cantar que ele eventualmente utilizava - e que é o único momento onde a voz de Doro se encaixa com perfeição. Provavelmente se ela tivesse gravado uma música mais calma - como Catch the Rainbow - a sua performance teria sido melhor. Além disso, esta versão já era conhecida daquele tributo ao Dio lançado nos anos 90 que tem, entre outras bandas legais, Gamma Ray, Primal Fear e Stratovarius.
Depois vem a já conhecida versão do Killswitch Engage para Holy Diver. É incrível como mesmo depois de tanto tempo sem ouvi-la ela ainda consegue soar horrível. A banda foge completamente ao estilo inicial da música, entregando uma performance que, se agrada aos fãs da banda, com certeza faz o oposto em relação aos fãs de Dio. E, ainda que não tenha sido Doro quem a gravou, temos aqui uma versão de Catch the Rainbow. Essa música começa com um solo de guitarra que, assim como a maioria dos solos de guitarra em início de música, é completamente desnecessário. Glenn Hughes tem uma performance bastante irregular, misturando momentos ok com outros de total vergonha alheia. Escutar essa versão de uma das melhores músicas de toda a carreira de Ronnie só me fez pensar no quanto ela foi subaproveitada e como ela provavelmente ficaria cem vezes melhor na voz da Doro.
WE BELIEVED...
Em seguida temos I, na voz de Oni Logan. Essa é uma das versões mais fiéis à original, apesar de ter algumas poucas diferenças. Com isso, apesar de não se destacar, também não compromete o produto final. Temos então a versão de Man on the Silver Mountain, contando com os vocais de Rob Halford. Eu sinceramente esperava uma performance mais presente de Halford, que ao longo da música dá a impressão de estar só cumprindo tabela, se juntando ao Halestorm e figurando como uma das decepções do disco.
E agora um parágrafo especial para a melhor parte do disco: o medley feito pelo Metallica, intitulado Ronnie Rising. Este medley conta com partes de A Light In The Black, Tarot Woman, Stargazer e Kill the King, e é a melhor definição de tributo de todo o disco. Aqui temos o Metallica soando como Metallica, mas ao mesmo tempo trazendo todas as influências do Rainbow e do próprio Dio, em o que pode ser visto como uma fusão de duas das maiores bandas da música pesada. Se você, assim como eu, é fã de Rainbow e Metallica, pode ter certeza que esse medley vai entrar na sua playlist e não vai sair mais.
E encerrando o disco temos a música que dá nome ao álbum. This Is Your Life, do álbum Angry Machines, vem na voz do próprio Ronnie James Dio, e sendo assim é nada mais, nada menos do que grandiosa - afinal de contas, é Dio.
LET IT BE MAGICAL
This Is Your Life é um ótimo tributo, fazendo jus às músicas de Ronnie e trazendo performances dignas da grandeza do criador delas. Onde quer que Ronnie James Dio esteja, ele provavelmente deve estar ouvindo essas músicas e vendo o quanto foi importante na carreira dos que participaram desse tributo. Sim, Ronnie, você ainda está vivo em suas músicas - esta é a sua obra e a sua vida.
CURIOSIDADES:
- A renda conseguida com a venda do CD será repassada para a instituição "The Ronnie James Dio Stand Up and Shout Cancer Fund", administrada pela viúva do cantor, Wendy Dio.
- Como não poderia deixar de ser, este tributo possui algumas faixas-bônus. Na versão digital há o cover de Buried Alive, interpretado por Jamey Jasta, e na versão japonesa há a versão de Heaven and Hell feita pelo Stryper e uma versão ao vivo de Stand Up and Shout pelo Dio Disciples.
- Reparou como este álbum, apesar de ter gigantes do Metal, não conta com a participação de nenhum dos integrantes do Black Sabbath?
Confira mais de Dio:
Heaven And Hell – Live From Radio City Music Hall 2007
Dio - Holy Diver Live
Dio - Evil or Divine
Dio em São Paulo (15/7/2006)
Confira como foi o show de Dio em 2004
A maior biografia em português de Ronnie James Dio:
Ronnie James Dio – A Voz do Metal: Early Years
Ronnie James Dio – A Voz do Metal: Fase Rainbow
Ronnie James Dio – A Voz do Metal: Do Céu ao Inferno
Ronnie James Dio – A Voz do Metal: Entre Magos e Egos!
Ronnie James Dio – A Voz do Metal: Início da Carreira Solo
Ronnie James Dio – A Voz do Metal: O Último da Fila
Ronnie James Dio – A Voz do Metal: Os Anos Sem Magia
Ronnie James Dio – A Voz do Metal: A Batalha Final
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Tributo ao mestre acerta brilhantemente
Dio
Apesar de desproporcional, tributo é excelente