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Dio: Quem fez mágica ou pisou na bola no novo tributo

Resenha - This Is Your Life - Ronnie James Dio Tribute

Por Victor Kataóka
Postado em 12 de abril de 2014

Tenho um lema de que tributos nunca são demais. Quanto mais músicas um artista de valor gravar ao longo de sua carreira, e quanto mais versões dessas músicas forem gravadas por outros artistas, melhor.

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Não sou daqueles com "calos na alma" que vão além da indiferença e soltam frases como "lá vem mais um caça-níqueis" a respeito do lançamento de novos discos tributo.

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Pois bem, a seguir irei resenhar o mais novo tributo ao verdadeiro Deus do Rock & Roll, o único ser humano que começou a gravar o mais inocente rock na segunda metade dos anos 50, e seguiu gravando o mais potente Heavy Metal 5 décadas depois, sempre apresentando trabalhos com um padrão de qualidade inigualável... É claro que estou falando de Ronnie James Dio!

Oficialmente, a lenda já tinha recebido 2 tributos, um quando vivo, o excelente "Holy Dio – A tribute to the voice of metal", e outro após a sua morte, produzido pela gravadora/empresa vinculada ao Manowar: "Magic: a Tribute to Ronnie James Dio", com músicos de menor expressão, mas ainda com ótimos momentos.

Pois bem, chegou o momento de artistas "de peso" prestarem sua homenagem, e o resultado pode ser conferido em "This is Your Life, que terá seus lucros destinados à Stand Up And Shout, fundação criada por Wendy Dio, focada na prevenção e combate ao câncer, o único Dragão que Dio não conseguiu vencer.

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A edição normal contém 14 músicas, sendo que existe mais uma na versão digital e outras duas na japonesa. E como o H2R sempre entrega o trabalho completo, é essa versão de 17 músicas que será resenhada a seguir.

Acertadamente, a versão do Anthrax para "Neon Knights" foi escolhida para abrir o álbum. A banda não inventou e reproduziu o clássico do Black Sabbath de forma extremamente fiel. O destaque fica por conta da excelente atuação do vocalista Joey Belladonna, que para muitos é o melhor vocalista do Big 4.

O primeiro momento curioso vem com a versão do Tenacious D para "The Last in Line". Achei justíssimo a sua inclusão, e quem foi contra, é porque não entendeu todo o "simbolismo" por trás do convite ao projeto musical do ator Jack Black, amigo pessoal de Ronnie e que colaborou positivamente com a carreira da lenda nos seus últimos anos de atividade.

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Em relação aos vocais, o começo acústico me decepcionou bastante, evidenciando bem as limitações vocais de Jack, mas após a entrada das guitarras, também ficou evidente como além de grande ator, Jack também tem uma ótima noção de música, driblando as suas limitações ao cantar em um tom mais rouco que ficou bem decente e me agradou bastante. Todavia, o destaque ficou para o instrumental, e aqui tivemos uma grata surpresa: O solo foi executado por uma flauta (!). Acho sensacional quando a versão cover sai da sua zona de conforto sem descaracterizar ou cagar a versão original, e foi isso que tivemos aqui.

Já conhecida do público, a devastadora versão de "The Mob Rules" do Adrenaline Mob apresenta ferozes instrumentais e vocais .

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Fiquei extasiado pelo jeito como eles conseguiram captar toda a "alma" do clássico proveniente do segundo disco do Sabbath com Dio.

A próxima versão foi uma das "polêmicas" do álbum. Não curto nem um pouco Slipknot, mas tenho que tirar o chapéu para a interpretação cheia de vida de Corey Taylor em "Rainbow in the Dark". O instrumental ficou a cargo de Roy Mayorga, Satchel (Steel Panther e Fight), Christian Martucci e Jason Christopher , que não deixaram a peteca cair, apesar de que eu acho que eles poderiam ter pisado um pouco no freio e dado mais ênfase aos teclados. Ótima versão. A César o que é de César...

A seguir, temos a primeira voz feminina (e como eu gosto de escutar as músicas da lenda sendo cantadas por mulheres!), com o Halestorm executando "Straight Through the Heart". Acredito que Lzzy Hale fez um trabalho bem decente (apesar deu não achar ela uma vocalista fora de s, visto que essa é uma das melhores atuações na extensa carreira de Dio, então tem que ter "bolas" para encarar o desafio de cantar essa música...

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Após anunciarem o álbum, a primeira música (das que foram gravadas para o mesmo) divulgada me deixou em estado de êxtase e já valeu pelo disco inteiro. "Starstruck", com o Motörhead e Biff Byford, vocalista do Saxon.

Muito simbólica essa participação, visto que o Motörhead deu uma força tremenda no começo da carreira do Saxon, que 1 ano após abrir os shows de Lemmy e Cia decolou para o topo das paradas inglesas e seguiu durante os anos 80 vendendo até mais do que a banda que o ajudou a chegar ao topo do Heavy Metal.

O instrumental é bem competente e fiel ao original, e sem dúvidas alguma o destaque ficou pelo histórico dueto de Lemmy e Biff.

Lemmy deixou sua inconfundível marca nos refrões e Biff Byford mostrou porque é um dos vocalistas mais subestimados da história do rock pesado, nos brindando com uma versão de tirar lágrimas do mais frígido headbanger com um mínimo de noção das coisas...

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A seguir, uma faixa muito esperada, a versão de "Temple Of The King" executada pelo Scorpions. A banda não inventou, e como os alemães são mestres em baladas, o resultado final foi acima da média, até porque, Klaus Meine canta de maneira muito confortável as linhas de Ronnie.

As vezes escutamos um cover e pensamos "essa música parece que foi feita para e/ou pelo artista que a gravou". Pois bem, esse é o sentimento ao escutar a monumental versão de Doro em "Egypt (The Chains are On)", incluída originalmente no tributo "Holy Dio".

Tive o prazer de presenciar essa versão in loco, e senti todo o sentimento emanado pela musa Doro Pesch, que sempre se emociona ao cantar essa música, visto que ela tinha uma grande conexão com Ronnie.

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A próxima é outra já conhecida pela maioria do público, a versão do Killswitch Engage para "Holy Diver". Devo confessar que não consegui processar de primeira (na época do lançamento), e que depois de algumas audições, acabei gostando muito do agressivo instrumental.

A única coisa que ainda não me desceu, foi às linhas vocais "gritadas", no melhor estilo "metal danoninho pré-adolescente", que sempre me passa um sentimento de "vergonha alheia", comprometendo uma versão que tinha tudo para ser grandiosa. A meu ver, o grande destaque para esse cover foi o excelente clipe lançado pela banda.

Com músicos que já tocaram com Dio (Simon Wright, Craig Goldy, Rudy Sarzo e Scott Warren) acompanhados de Glenn Hughes, temos mais uma balada, a delicada "Catch the Rainbow".

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O instrumental não inventou, e o comentário a ser feito é em cima dos versáteis vocais de Glenn Hughes. Ele deu uma "inventada", saiu da zona de conforto e fez linhas de vocais bem heterogêneas, com altos e baixos diga-se de passagem, mas no final das contas, interessantíssima.

Uma das músicas que menos fizeram barulho foi a competente versão de Oni Logan, vocalista do Dio Disciples acompanhado de companheiros de Ronnie em diferentes épocas: o baixista Jimmy Bain e o guitarrista Rowan Robertson (Que era um menino quando gravou Lock Up The Wolves), juntos do baterista Brian Tichy para "I". Uma das versões mais fiéis encontradas nesse tributo, tanto dos vocais quanto do instrumental, e podemos passar para uma das mais aguardadas do álbum.

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O deus do metal coverizando o (verdadeiro) deus do Rock & Roll foi algo que eu sempre desejei escutar. Apesar de ter levado um susto com a estranha (para não dizer tímida) atuação de Rob Halford no começo de "Man on the Silver Mountain", ao longo da música eu gostei bastante dos vocais imprimidos pelo Metal God.

Me passou a impressão de que ele deveria ter escolhido outra música, e fica o gostinho de "quero mais" no ar, com a expectativa de que o Metal God grave mais uma faixa, e de preferência uma pesada.

Finalizando, o instrumental ficou ao cargo dos conhecidos Vinny Appice, Doug Aldrich, Jeff Pilson e Scott Warren, mas eu acho que Doug inventou além da conta, deixando um pouco a desejar.

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Outra das mais esperadas, a épica "Ronnie Rising Medley", contendo trechos das músicas A Light in the Black", "Stargazer", "Tarot Woman" e "Kill the King", executado pelo Metallica, foi mais uma música que já paga o álbum.

Em pouco mais de 9 minutos o Metallica conseguiu deixar a sua marca como poucos na obra da lenda. Curti tudo nessa versão, desde os vocais de James ao agressivo instrumental.

Para fechar a versão "pobre" do disco, nada mais justo que uma música de Dio, e a escolhida foi aquela que nomeou o disco. "This is Your Life" foi sem sombra de dúvidas a pérola do controverso Angry Machines, de 1996. Essa música preenche uma "lacuna" na carreira da lenda: A de músicas destacando o vocal de Ronnie acompanhado de um piano.

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Após a sua morte, a música e sua letra ganharam um significado ainda mais especial.

Lágrimas enxugadas, podemos passar para outro grande destaque no tributo, a devastadora versão do Stryper para Heaven & Hell, já de conhecimento da maioria do público e que saiu como bônus Japonês (malditos orientais de sorte!).

O instrumental não inventou, e o ponto alto são os sensacionais vocais de Michael Sweet, cheios de paixão e intensidade. Da próxima vez que você ler em algum lugar que "100 bandas de Black metal não dão um Stryper", lembre-se dessa música.

Mais um bônus japonês, a competente versão para "Stand Up And Shout" executada pelo Dio Disciples ao vivo no Bloodstock em 2012 chama atenção pela introdução narrada por Dio... Arrepiante! Não tem muito o que comentar pois essa é mais uma fiel versão, apenas o fato de Tim Ripper Owens ser talvez o vocalista mais adequado para cantar esse clássico da carreira solo da lenda.

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Fechando o disco, a edição digital traz ainda a versão do vocalista do Hatebreed, Jamey Jasta, para "Buried Alive". Essa foi mais uma faixa que permaneceu na sua "zona de conforto", sem invenções. Bons vocais e instrumentais, sem necessidade de se prolongar nos comentários.

Depois de várias audições, o resultado final é mais do que satisfatório, e mesmo que algumas músicas já tenham sido coverizadas por outros artistas, enquanto outras já não eram mais novidades, eu achei muito válido esse lançamento, e já fico na expectativa de outro lançamento do tipo!

"This Is Your Life" – Lista de músicas com notas:

01. "Neon Knights" - ANTHRAX 9,5
02. "The Last In Line" - TENACIOUS D 8,0
03. "The Mob Rules" - ADRENALINE MOB 9,5
04. "Rainbow In The Dark" - Corey Taylor, Roy Mayorga, Satchel, Christian Martucci, Jason Christopher 9,0
05. "Straight Through The Heart" - HALESTORM 8,5
06. "Starstruck" - MOTÖRHEAD e Biff Byford 10
07. "Temple Of The King" - SCORPIONS 9,0
08. "Egypt (The Chains Are On)" - DORO 10
09. "Holy Diver" - KILLSWITCH ENGAGE 7,5
10. "Catch The Rainbow" - Glenn Hughes, Simon Wright, Craig Goldy, Rudy Sarzo, Scott Warren 9,0
11. "I" - Oni Logan, Jimmy Bain, Rowan Robertson, Brian Tichy 9,0
12. "Man On The Silver Mountain" - Rob Halford, Vinny Appice, Doug Aldrich, Jeff Pilson, Scott Warren 9,0
13. "Ronnie Rising Medley" (featuring "A Light In The Black", "Tarot Woman", "Stargazer", "Kill The King") - METALLICA 9,5
14. "This Is Your Life" - DIO 10
15. "Heaven And Hell" - STRYPER (Japanese bonus track) 10
16. "Stand Up And Shout" - DIO DISCIPLES (Japanese bonus track) 9,0
17. "Buried Alive"- JASTA 8,5

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Nota Final: 9,0

Destaques:

Starstruck - MOTÖRHEAD e Biff Byford
Egypt (The Chains Are On) - DORO
Heaven And Hell - STRYPER
Ronnie Rising Medley (featuring "A Light In The Black", "Tarot Woman", "Stargazer", "Kill The King") – METALLICA

Pisadas na bola:

"Holy Diver" - KILLSWITCH ENGAGE

Por: Victor Kataóka.
H2R – Hard & Heavy Reviews.

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Sobre Victor Kataóka

Kataóka representa aqueles que prezam por nomes como Saxon, Accept, Manowar, Judas, Virgin Steele, Alice Cooper, Queensryche, Warlock, Savatage, Budgie, Dio e etc. Trajando o manto do Fortaleza EC, conseguiu ver com muito sacrifício quase todas as suas bandas favoritas ao vivo, e acredita que acima do AC/DC, somente os Beatles. Com o H2R, resenha Heavy Tradicional, Hard Rock, e o seu vício: N.W.O.B.H.M, o que não o impede de prezar demais por rock progressivo e psicodélico. Apesar de ser de 88, dentre 500GB de mp3 em um HD de valor inestimável, 95% do conteúdo vem dos anos 60,70 e 80. Não resenha Melodic, industrial, extremo, sinfônico, Power, New, Grunge e vários outros etc...
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