Thiago Schiefer: Combinações simples e diretas sem soar clichê
Resenha - Prototype: Freedom - Thiago Schiefer
Por Pedro Zambarda de Araújo
Postado em 29 de junho de 2013
Nota: 9
O compositor, guitarrista e cantor THIAGO SCHIEFER lança, com previsão para o dia 1º julho, o disco Prototype: Freedom. O material é seu primeiro álbum de estúdio, co-produzido por Ale Souza (REMOVE SILENCE) e Fabio Ribeiro (REMOVE SILENCE e Ex-ANGRA).
O disco tem participação de Daniella Alcarpe, Hugo Mariutti (atual ANDRÉ MATOS, ex-SHAMAN), Rodrigo Calejon, além dos co-produtores. Nós tivemos acesso exclusivo ao álbum antes do lançamento e contamos como é o trabalho nesta resenha.
Prototype: Freedom tem 10 faixas e soa fluído na maior parte do tempo, sem interrupções bruscas entre uma música e outra. A proposta de sua musicalidade parece ser um rock direto e independente, com alguns traços de heavy metal do Metallica e de bandas modernas como Muse.
"Frantic" abre o disco com uma guitarra que salta aos ouvidos, pesada mas sem sujeira. A bateria soa seca, mas combina com a música crua que mostra o rock simples do material, logo de cara.
O baixo de "City Lights" dá um groove elegante com a guitarra e a voz da música. A transição da primeira para a segunda faixa se dá quase sem perceber, o que dá um tom de unidade maduro para um disco de estreia. Um duelo de guitarras entre Hugo Mariutti e Thiago Schiefer mostra a diversidade dos sons elétricos dentro da composição. Mesmo com interrupções em outras faixas, essa sensação não desaparece ao ouvir o material.
A voz decrescente no final de "City Lights" faz a ponte para um faixa diferente. "Rays On the Water", lançada como single, é a faixa mais pop do disco. Recheada com um som limpo e parte da letra em português, a letra fala sobre o encontro com a razão de viver, com o sentido da vida. É a música mais feliz do CD, sem deixar de soar como um autêntico rock'n'roll. O refrão é grudento.
"The Grand Stage" retoma o tom mais pesado de Prototype: Freedom. E é uma música tipicamente para quem aprecia uma boa guitarra elétrica, com uma quebra e um silêncio que favorecem um solo de guitarra bonito.
"Rise", ao contrário, é uma música que começa destacando mais os vocais de Thiago Schiefer, enquanto o instrumental tem um quê de Muse. A distorção usada não é clichê do rock clássico, mas está presente em muitas bandas do cenário indie dos últimos anos. A voz muda para um eco interessante no meio da composição, que faz um contraponto à distorção dos instrumentos. O baixo é macio e guia toda a melodia.
"Götterdämmerung" tem um teclado com melodia parecida com os videogames, que é reproduzido de maneira atraente na guitarra elétrica. A tradução do título da música, do alemão, é "Crepúsculo dos Deuses", que o mesmo nome de um filme dirigido por Billy Wilder. A música é apenas instrumental e é cativante.
O teclado na abertura da sétima faixa, "Trapped", combina com a voz teatral do compositor. A música cresce com a entrada da bateria, acompanhada por guitarras mais sujas se comparadas com o restante das composições.
"Free" tem um fraseado de guitarra de Thiago Schiefer que era utilizado em seus vídeos e vlogs de YouTube, enquanto a letra fala sobre a liberdade de expressão, dos corpos e da tristeza. É outra música feliz, mas sem o tom mais leve de "Rays On the Waters". A composição é um single em potencial. "You’re free to believe / You’re free to exist / You’re free, can’t deny" é uma passagem de destaque na música.
"She Spoke" abre e se mantém com mais som limpo, contrastando com os solos distorcidos do disco e dando a sensação de que "Prototype: Freedom" é mesmo um disco de rock direto, sem firulas ou enrolações sonoras. O vocal da música harmoniza com um instrumental agradável aos ouvidos.
Fechando o material, como que contando uma história sobre a liberdade (mesmo sem o disco ter ares de conceitual), "Tale Of Forecoming Lore" é predominantemente acústica, perfeita para ser um B-side. O solo de violão é tão trabalhado quanto nas faixas de guitarra.
Prototype: Freedom é um CD que acerta, muito, em apostar em combinações simples e diretas sem soar clichê. E sua falha é exatamente essa, por um lado, porque o som não remete 100% a algo que você conhece. Tem leve inspiração em Muse, fraseados tipo thrash a la Metallica, além de solos baseados na musicalidade do Pink Floyd. Mas, mesmo com tantas inspirações, Thiago Schiefer não tenta fazer versões de outros músicos. É uma boa novidade original do mercado brasileiro de música.
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