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Morbid Angel: Levando a música extrema a outro nível?

Resenha - Illud Divinum Insanus - Morbid Angel

Por Thiago Pimentel
Fonte: Hangover Music
Postado em 18 de junho de 2011

Nota: 6 starstarstarstarstarstar

Não é novidade, para quem conhece a discografia dos americanos do "Morbid Angel", que o grupo jamais repetiu uma mesma fórmula musical em seus trabalhos, buscando sempre a inclusão de novos elementos. O "marco zero" da banda - "Altars of Madness" (1989) - apresenta death metal clássico em seu estado bruto numa época em que Trey Azagthoth (guitarras) e seus asseclas eram pioneiros na música extrema. Contudo, em lançamentos posteriores - sobretudo em álbuns como "Covenant" (1993) e "Domination" (1995) - experimentalismos e fusões com outros subgêneros do heavy metal, em especial o doom, marcaram a obra do grupo que tornou-se conhecido por nunca "estacionar" em sua zona de conforto.

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"Illud Divinum Insanus", além de marcar a volta de David Vincent (baixo e vocais), também é resultado da espera de oito anos sem um álbum de inéditas. Tais fatores, incluindo o período "experimental" passado, fizeram os fãs acreditarem que teríamos aqui uma volta as raízes, ou um típico álbum "mais-do-mesmo" na hora certa. Uma faixa tocada ao vivo há mais de dois anos ("Nevermore") apontava, para o então futuro álbum, um caminho clássico, direto. Mas não, não foi isso que Trey planejou para o oitavo álbum da sua banda - ao menos não em sua totalidade...

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"Omni Potens" é a faixa responsável pela abertura do álbum. Trata-se de uma introdução bem sinistra e doom, com os vocais graves de Vincent - a lá canto gregoriano - complementando o som dos teclados fúnebres de Trey, ao estilo "filme de terror". Até então tudo nos padrões da banda, certo? A primeira surpresa ocorre logo na próxima música ("Too Extreme!") que, em seu início, apresenta elementos industriais e eletrônicos. Destoando, consequentemente, do clima da introdução e claro... assustando os desavisados. A conclusão é que "Too Extreme!" uma música pouco inspirada, totalmente experimental e forçada, com alguns momentos interessantes e... é apenas isso. Não entendi o motivo de sua inclusão após "Omin Potens", visto que ela além de não "fundir-se" bem com a intro, "assustará" boa parte dos ouvintes - ouvintes tradicionais da banda, obviamente - logo no início da audição do disco, pois além de tudo a faixa evoca influências de grupos não muito bem quistos, ao menos entre a maioria dos apreciadores do metal extremo, como "Rammstein" e "Marilyn Manson".

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A terceira canção ("Existo Vulgoré") é uma das melhores: possui ótimos riffs e um refrão grudento - para os padrões de uma banda extrema, claro. Ótima faixa e uma excelente reciclagem do estilo clássico do "Morbid Angel". A produção do álbum mostra-se decente, o que acaba favorecendo a compreensão das partes mais extremas, em especial nessa música. Tim Yung, substituto de Pente Sandoval - baterista da formação clássica, afastado por problemas de saúde -, realiza um grande trabalho, demonstrando técnica e chamando atenção, mesmo estando no lugar de um baterista conceituado no estilo.

"Blades for Baal", uma das contribuições do segundo guitarrista da banda (Destructhor), diminui o pé no acelerador - em relação a "Existo Vulgoré" - e apresenta momentos mais cadenciados. Seu refrão não é lá muito inspirado, em oposição ao grande solo de guitarra, mas cumpre o papel. Apesar de não soar tão tradicional quanto a faixa anterior, não apresente elementos experimentais em oposição a próxima música ("I Am Morbid") que logo em sua introdução fará radicais desistirem de ouvir o álbum. Tal composição, em minha opinião, é um caso de experimento que deu certo nesse álbum. Diferente das outras faixas experimentais, aqui a influência tende mais pra um "death n' roll" com influências modernas - inclusive com vocais em coro simulando um público. "Morbid Angel" bebendo da fonte do hard rock? Talvez. Mas "I Am Morbid" é bem interessante no geral, além de contar com um ótimo refrão e solo de guitarra - um dos melhores do álbum, inclusive.

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Continuando "a veia mais tradicional", o álbum conta com: "10 More Dead", "Nevermore" e "Beuty Meets Beast". A primeira possui riffs memoráveis, apesar de soar cansativa. "Nevermore", já citada, retoma a velocidade, sendo uma das faixas que mais chamará atenção de quem procura algo oldschool neste álbum. Todavia, os "ôÔôÔ" de Vincent aqui são, no mínimo, estranhos. Já "Beuty Meets Beast" remete a álbuns como "Domination" e, apesar dos bons momentos, soa cansativa.

As outras três faixas restantes - "Destructos Vs The Earth", "Radikult" e "Profundis - Mea Culpa" - são altamente experimentais, sendo a primeira um "techno death metal", praticamente. Bizarra. "Radikult" não foge muito da definição anterior, e "Profundis...", apesar de soar estranha, possui bons - e extremos - momentos. Se sai como uma faixa regular, em sua totalidade. Com certeza "Destructos...", "Radikult" e "Too Extreme!" representam os momentos mais "baixos" do disco.

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No geral trata-se de um álbum bem ousado, quem imaginaria que o "Morbid Angel" faria uso de elementos eletrônicos, por exemplo? Obviamente a banda será acusada de vendida por diversos - e mais radicais - fãs. O álbum é ruim? Não. Perfeito? Não. Mas "crucificar" toda a obra apenas por conta das "experimentações serem experimentações" seria, no mínimo, idiotice. Sim, isso irá acontecer - na verdade já está.

A banda merece respeito por tentar inovar ainda dentro de sua proposta extrema. Contudo, algumas composições são, independente do experimentalismo, fracas e a distribuição das faixas, como comentado no início da resenha, é estranha. A sensação é que parte desse álbum parece um "EP" isolado e experimental, em oposição ao restante das composições. Em contrapartida a performance dos músicos é excelente, principalmente de Trey - que toca grande solos e riffs - e Vincent - que apesar dos anos segue com um dos melhores vocalistas do estilo. Vale a pena também mencionar a trabalhada arte da capa, realizada pelo designer brasileiro Gustavo Sazes.

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Durante uma entrevista recente, David Vincent revelou que a banda pretendia, em "Illud Divinum Insanus", ampliar o conceito da música extrema. Terá o "Morbid Angel" conseguido tal pretensão? Farei uso de um clichê: - só o tempo dirá.

Formação:

David Vincent - Vocais, baixo
Destructhor - Guitarras
Trey Azagthoth - Guitarras
Tim Yeung - Bateria

Tracklist:

1. Omni Potens 02:28
2. Too Extreme! 06:13
3. Existo Vulgoré 03:59
4. Blades for Baal 04:52
5. I Am Morbid 05:17
6. 10 More Dead 04:51
7. Destructos Vs. the Earth / Attack 07:15
8. Nevermore 05:08
9. Beauty Meets Beast 04:57
10. Radikult 07:37
11. Profundis - Mea Culpa 04:06

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Sobre Thiago Pimentel

Tenta, desde meados de 2010, escrever textos que abordem as vertentes da mais peculiar - em seu ponto de vista - manifestação artística do ser humano, a música. Para tal, criou o blog Hangover-Music e contribui no Whiplash.Net. Além disso, é estudante de jornalismo, guitarrista e acredita que se algum dia o Deus metal existira, ele morreu em 13/12/2001.
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