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Mothers Of Invention: o ápice da primeira fase de Zappa

Resenha - We're Only In It For The Money - Mothers Of Invention

Por Elias Rodigues Emdio.
Postado em 20 de setembro de 2010

A década de 60 começara como um período mágico para a maior parte dos jovens em todo mundo: a eleição do presidente John F. Kennedy nos EUA prometia esperanças de paz; a psicodelia nos trabalhos de Jimmy Hendrix, Janis Joplin e outros artistas contemporâneos embalavam multidões; as drogas eram consumidas a rodo pela juventude Hippie (especialmente a maconha e o LSD), o sexo livre deixava de ser tabu, gritos de liberdade ecoavam de todos os cantos do planeta. Todas as transformações em voga na sociedade daquele período pareciam indicar que a humanidade estava perto de alcançar um mundo perfeito.

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Entretanto, o que começara como uma década de sonho e esperança pouco a pouco se foi se transformando em um enorme pesadelo: a morte de líderes como Kennedy, Martin Luther King e Che Guevara (na Bolívia), a invasão de Cuba, a Guerra do Vietnã, as ditaduras militares em vários países (inclusive Brasil em 1964), entre outras coisas indicavam que o fim sonho estava próximo. Mais do que isso: que toda aquela história de mudar o mundo no começo da década não passava de uma desculpa encontrada pela juventude Hippie levar uma vida sem limites embaladas por muito sexo e doses cavalares de drogas.

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O genial músico e compositor Frank Zappa bem antes do fim da década já havia percebido os sinais que indicavam um trágico desfecho para esse período. O resultado disso é o descomunal álbum "We’re Only In It For The Money" de sua banda The Mothers Of Invention, o grande disco que anteciparia o fim do sonho Hippie.

A genialidade deste disco já começa pelo titulo "Nós só estamos nisto pelo dinheiro". Pois, convenhamos que no auge da era em que a luta contra o sistema capitalista estava em moda entre os mais jovens e quando ainda se acreditava na utopia do ideal "Paz E Amor", um título mais sugestivo do que esse é quase impossível. Além disso, a capa do álbum é uma clara sátira a capa do aclamado "Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band" dos Beatles lançado no ano anterior, inquestionavelmente um dos grandes ícones da cultura Hippie.

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Musicalmente o álbum também é magistral. Pois, de fato não se pode negar que o experimentalismo já esteja presente na obra do grupo desde a estreia "Freak Out!" em 1966 como nas hilariantes "Help, I’m A Rock" e "It Can’t Happen Here" que com seus gritos e gemidos deixou muito Hippie vermelho de raiva. Entretanto, é apenas em "We’re Only In It For The Money" que este alcança níveis desproporcionais concebidos pela mente desvairada e genial de Mr. Zappa. Por essa razão, este álbum é frequentemente apontado como sendo o melhor da vasta discografia deste incrivelmente talentoso músico. E certamente é o trabalho mais indicado para quem quer adentrar no profundo e místico universo musical zappeano.

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A brilhante faixa de abertura "Are You Hung Up?" mostra para o ouvinte a que o Mothers Of Invention veio neste álbum: totalmente experimental (com direito a sessões vocais do lendário guitarrista Eric Clapton) e encerrada com curto fraseado na guitarra, a música traça um retrato cínico da juventude americana deste período apontando a onda Hippie com apenas mais uma tendência passageira.

Emendada com a faixa anterior "Who Need Peace Corps?" é uma paródia dos padrão Rhythm & Blues convencional. Destaque também para a estupenda composição de Zappa, uma ácida critica a crescente procissão de jovens à cidade de californiana de "San Francisco", verdadeiro "calabouço psicodélico" no auge da era Hippie.

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A hilária "Concentration Moon" inova ao repetir um tema que se inicia com um clima Folk bem ameno que ganha um andamento mais rápido com entrada da bateria. É outra estupenda composição de Frank Zappa, onde o tema central é o questionamento do famoso "American Way Of Life" como se evidencia no trecho "American way threatened by us / Drag a few creeps away in a bus / American way prisoner: lock / smash every creep in the face with a rock".

"Mom & Dad" narra à história de um Hippie que deixou a sua casa numa espécie de relato trágico aos seus pais feito pelo próprio personagem tema da música. Esta inspirada composição é brilhantemente interpretada pelos demais Mothers e possui incríveis passagens dramáticas carregadas do típico sarcasmo zappeano.

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As próximas faixas "Telephone Conversation" e "Bow Tie Daddy" funcionam como links entre as partes principais do disco. A primeira na realidade simula uma pequena discussão ao telefone. Enquanto que a segunda parece mais uma vinheta musical que discursa sobre um pai de família totalmente inescrupuloso, típico representante da classe media americana.

"Harry You’re A Beast" uma crítica a típica mulher de classe média ianque, se destaca por sua melodia bem sombria com destaque para o excepcional trabalho ao piano e para os backing vocais no meio da canção que ainda possui uma bem elaborada dramatização em seu final com direito a lamento do personagem tema da música. Outra "loucura" musical elaborada pela mente criativa de Zappa.

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"What Is The Ugliest Part Of Your Body?" é uma ferrenha critica as ideologias vigentes na sociedade nos EUA em plena década de 60 como evidencia o trecho: "What Is The Ugliest Part Of Your Body?/ Some say your noise/ Some say your toes/ But I think is your mind".

A próxima faixa "Absolutely Free" traz uma da mais bem trabalhadas melodias e uma das melhores composições de Frank Zappa no disco, uma bem humorada referência aos gritos de liberdade "non-sense" do então Acid Rock.

"Flower Punk" é o momento áureo do disco. Em uma única faixa Frank Vincent Zappa sintetiza bem o conceito do disco ao fazer questionamentos diretos dos valores dominantes na era Flower Power por meio da irônica personagem tema da canção. A canção se inicia como um rock bem psicodélico encabeçada por um espetacular riff de guitarra, uma clara corruptela da não menos clássica "Hey Joe" de Hendrix (que até aparece na capa do disco). Porém a medida que canção avança ela se metamorfoseia completamente em mais uma loucura experimental no disco com loops, fitas rodas em uma velocidade mais rápida, sobreposição de vocais descompassados e eletronicamente alterados em estúdio. Em poucas palavras: mais um clássico absoluto.

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"Hot Poop" é mais uma esdrúxula vinheta musical que funciona como um link entra as músicas principais do disco.

A próxima faixa "Nasal Retentive Calliope Music" é mais uma heresia sonora de Frank Zappa no disco. Faixa totalmente experimental, em seu fim ela ameaça um ensolarado Surf Rock, mas na realidade serve de introdução a clássica...

"Let's Make The Water Turn Black" é um Rockão simples, brilhantemente introduzido ao piano. Sem dúvidas, se trata da composição mais bizarra de Frank Zappa no disco que faz criticas bem humoradas aos valores familiares vigentes na sociedade ianque da época do lançamento do disco.

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"The Idiot Bastard Son" tem uma estrutura diferente das demais canções passagens musicais com uma levada mais roqueira à momentos mais experimentais como os diálogos no meio da canção (com a notável participação de Eric Clapton), em outra composição com ácidas críticas a juventude americana de seu período sugerindo novamente uma relação entre a decadência dos valores tradicionais familiares ianques e a idiotização da juventude hippie.

"Lonely Little Girl" é outra canção que questiona os valores tradicionais familiares ianques, praticamente uma continuação do tema da faixa anterior.

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"Take Your Clothes Off When Your Dance" é uma faixa dançante com uma letra totalmente debiloide claramente criticando o ideal de mundo ansiado pela juventude Hippie. A faixa ainda possui uma interessante sessão vocal Doo-Wop, influência assumida do The Mothers Of Invention, diga-se de passagem.

Emendado com faixa anterior uma pequena reprise de "What Is The Ugliest Part Of Your Body?" em uma versão mais experimental repleta de efeitos de gravação.

A próxima faixa "Mother People" é uma miniopera progressiva com excelente trabalho ao piano e várias quebras de ritmo durante seus poucos mais de dois minutos: alternando passagens mais lentas com momentos mais rápidos em arranjos magníficos dignos dos maiores gênios da música. Sem dúvidas, uma das melhores músicas do disco.

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E para encerrar de forma épica na sequência vem "The Chrome Plated Megaphone Of Destiny" uma faixa instrumental totalmente experimental com banda explorando ao máximo os recursos de gravação disponíveis no estúdio, faixa que nos remete a também épica canção que encerra o primeiro álbum da banda "The Return Of The Son Of Monster Magnet".

"We’re Only In It For The Money" é um álbum intimamente ligado às transformações que ocorreram na sociedade na época de seu lançamento, carregando em si um forte conceito histórico e ideológico. Entretanto, ao passo que muitas das obras contemporâneas a este trabalho soam meio datadas. Esta obra prima é algo atemporal, pois discursa, questiona e indaga sobre temas bastante controversos vigentes na sociedade moderna até os dias hoje.

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A grandiosidade deste álbum é algo raras vezes alcançada na história do Rock, pois, pouquíssimos álbuns retratam tão fielmente o contexto no quais são produzidos com canções de tamanha qualidade. Cada instrumento e detalhe das músicas se encaixam de forma perfeita, fazendo que uma obra com canções tão distintas entre si soe coesa.

O álbum marca o ápice da primeira fase de Zappa voltado mais para o Rock experimental, empregando todas a potencialidade dos estúdios de gravações, que em minha humilde opinião foi o maior legado deste gênio (em toda a excelência do termo) da música mundial com talento incomparável até os dias de hoje e que rendeu pelo menos mais dois discos essenciais na história do Rock: "Freak Out!" de 1966 e "Absolutely Free" de 1967 mas isto é papo para outras resenha.

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Disco essencial (como quase todos os lançados por ele) em uma coleção bem informada de Rock & Roll.

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