Scarceus: mais uma para engrossar o caldo sonoro de MG
Resenha - A Mesma Moeda - Scarcéus
Por Giorgio Moraes
Postado em 13 de maio de 2009
Alguém ai já notou que Minas Gerais tem a curiosa capacidade de produzir bandas tão díspares quanto marcantes em sua sonoridade? Sepultura e Skank; Pato Fu e Milton Nascimento; Jota Quest e Thuatha De Danann; Sarcófago e 14 Bis. Cada um desses marcou (e forjou) a música produzida no Brasil - cada qual a seu modo.
E eis que hoje eu apresento mais uma banda para engrossar esse 'caldo' sonoro. Com 10 anos de estrada, a Scarcéus lança o duplo "A Mesma Moeda": um 'lado' elétrico, contendo 12 faixas inéditas; o outro 'lado' acústico, onde a banda revisita canções que marcaram sua história. O som? Misture um copo de música regional com 2 colheres de sopa de Beatles. Acrescente uma pitada de sons produzidos nesse meu Brasil varonil ao longo das décadas de 80 e 90. Ferva tudo isso em vários litros de personalidade própria e você terá um gostinho da receita criada pela Scarcéus. Garanto que vai muito além do pão de queijo.
A 'moeda' elétrica abre com a bela "Seu", que canta o amor de forma realista e surreal: "Não mudei. Tenho meus defeitos, artifícios, mas serei sempre seu". "Não Era Pra Ser" vem na sequência, bebendo na fonte da psicodelia que marcou os anos 60. "Por Aí", por sua vez, é referência direta ao som nacional oitentista, enquanto "Insanidade" vem montada na louca realidade nossa de todo dia: "Vidas perdidas por nada, violência me invade. O caos parece não ter fim, o medo me invade". "Minha Sina", 8ª faixa do 'lado' elétrico, se exibe ao som de violas, violões, gaitas e uma letra no melhor estilo 'mind trip': "E se uma espaçonave louca quiser me levar, meu amor, eu vou viajar". No meio desse mundo de sons, sobra espaço para uma boa dança com "Sei Lá", e para batidas eletrônicas em "Tudo Pode Ser".
Ao passar para a parte desplugada, encontro Henrique Papatella (voz), João Márcio (baixo), Augusto Nogueira (guitarra) e Alexandre Marques (bateria) pisando macio. Afinal é preciso estar em paz consigo mesmo para dar nova roupagem a músicas que já contam 10 primaveras, como é o caso de "Memórias Do Mundo" - originalmente gravada no CD "A Verdade", de 1999. Outro caso de antiguidade resgatada com novos arranjos é "Bela", lançada em 2003. "Me Dê A Mão", também de 2003, encerra a maratona musical da Scarcéus: 87 minutos de som!
Seria injusto terminar esse review sem destacar a maravilhosa capa de "A Mesma Moeda": uma lata de alumínio que simula uma moeda antiga. O encarte, recheado de fotos e demais informações sobre a banda, é outro espetáculo. A produção do CD, resultado da parceria de Papatella com Augusto Nogueira, é uma jóia esculpida com esmero.
O Ministério da Saúde Musical adverte: ouça acompanhado de um bom copo de vinho tinto.
Para conhecer mais:
http://www.scarceus.com.br/
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