Shaman: após as indefinições, brigas e incerrtezas
Resenha - Immortal - Shaman
Por Clóvis Eduardo
Postado em 17 de maio de 2008
Nota: 8
Após um tempo de indefinição, brigas e incertezas, o Shaman dissolveu-se, sendo que da primeira formação do grupo que já era um "aglutinado" do Angra, ficou ainda mais reduzido. Depois do lançamento de "Reason", apenas o baterista Ricardo Confessori continua no barco.
A decisão de reformular todo o grupo foi a melhor solução encontrada para Confessori continuar fazendo o que mais gosta e animando os fãs com novos lançamentos. André Matos e os irmãos Luis e Hugo Mariutti deixaram a banda depois de controvérsias e encrencas. Mas o Shaman teria de continuar vivo, já que o sucesso alcançado em um curto espaço de tempo desde o nascimento era justificado pela qualidade dos trabalhos lançados anteriormente.
E para provar que a banda está viva, "Immortal", dá continuidade ao trabalho já desenvolvido e dá a entender que o Shaman está inabalável momentaneamente. Confessori foi muito esperto. Chamou o talentoso vocalista da banda Karma, Thiago Bianchi, para assumir o posto deixado por um dos maiores ídolos do metal nacional. E o cara não decepciona e até faz esquecer um pouco o passado pouco distante da banda. Thiago é muito bom, com um tom de voz agradável, que não deixa a desejar nos refrãos mais agudos. Típico vocalista para bandas melódicas ou de power metal, lembrando em alguns momentos, o alemão Tobias Sammet (Edguy/Avantasia).
Destaques do disco para a faixa de introdução "Renovatti". São dois minutos de uma bela composição clássica, cheia de orquestrações e que a cada segundo te coloca a pensar como deverá começar a nova fase do Shaman. "Inside Chains" é engatada logo em seguida, música calcada no Heavy Metal tradicional, onde Thiago Bianchi já começa a se mostrar um excelente vocalista. A faixa tem muitas passagens de teclado, solos extensos e pesados amarrados a uma cozinha marcante com o baixista Fernando Quesada e a tradicional precisão de Ricardo Confessori. Aliás, o baterista deu um jeito de dar ainda mais destaque ao instrumento, seja na mixagem mais reveladora, ou até mesmo na forma de tocar, abusando dos bumbos duplos.
"Trial By Blood" já trás Bianchi mais virtuosos, com variações na impostação da voz e até com gritos estridentes. A guitarra é bem alimentada, pela técnica de Leo Mancini e pela harmonia de teclado, muito mais utilizada do que nos primeiros discos do Shaman. Para dizer a verdade, "Immortal" é uma outra banda, que pouco lembra o velho grupo: menos pretensioso e seguidor de uma linha tradicional sem ousadia, mas de reconhecido talento.
A faixa título é outra que exige ainda mais de Bianchi, seguro e ágil. Já "In The Dark" é uma semi-balada com um refrão muito bonito, solos rápidos e difíceis, e a melodia lembra inclusive um pouco do velho Angra. A música "Freedom" também lembra muito a tradicional banda brasileira, que até o final dos anos 90, levava ao lado do Sepultura a grande capacidade do Metal brasileiro.
É bom ver o Shaman em ação, principalmente com uma figura muito querida no cenário Heavy Metal no Brasil como Ricardo Confessori. "Immortal" está aí como um divisor de águas na discografia da banda. No entanto, resta apenas saber até quando ele será lembrado como a "cria" que nasceu depois de tanto sangramento e intrigas entre Confessori, Matos e os irmãos Mariutti no passado.
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