Virgin Black: uma obra inesperada e ambiciosa
Resenha - Requiem: Mezzo Forte - Virgin Black
Por Silvio Somer
Postado em 15 de janeiro de 2008
Após um hiato de quatro anos a banda australiana Virgin Black reaparece com uma obra inesperada e ambiciosa. Trata-se de uma trilogia chamada "Requiem". Os álbuns são intitulados de "Requiem: Pianissimo", "Requiem: Mezzo Forte" e "Requiem: Fortissimo". Os títulos são uma clara alusão às anotações em peças de música erudita que servem para descrever várias características da música, como ritmo, por exemplo.

"Requiem: Pianissimo" utiliza-se somente de instrumentos da música erudita, como violino, violoncelo, piano, além de um coral. O segundo álbum, "Requiem: Mezzo Forte" também usa estes instrumentos mas não para por aí e incorpora guitarra, bateria e baixo. Finalizando a trilogia "Requiem: Fortissimo" deixa de lado os instrumentos de música erudita e concentra-se somente no vocal, guitarra, baixo, bateria e teclado. Em entrevistas ficou claro que este último será o que eles já fizeram de mais pesado até o momento.
Antes de começarem as gravações simultâneas dos álbuns o vocalista Rowan London procurou o cantor Agim Hushim, que teve o mesmo professor de Luciano Pavarotti. Logo na primeira audição o professor de música erudita ficou impressionado com a voz de Rowan e imediatamente aceitou ensinar-lhe técnicas vocais.
O primeiro álbum a chegar às lojas foi "Requiem: Mezzo Forte". Por enquanto os outros álbuns ainda não foram lançados, mas já há bastante comoção e ansiedade com o lançamento do segundo álbum (primeiro da trilogia) chamado "Requiem: Fortissimo", previsto para 2008, mas sem uma data certa. No endereço do MySpace da banda é possível ouvir e baixar uma música chamada Silent, que faz parte do álbum Fortissimo.
Um dos objetivos é que se toquem os três álbuns em sequência, o que possibilitará uma clara compreensão da evolução de intensidade, algo bastante interessante levando-se em conta que são mais de duas horas e meia de uma música que não foi feita apenas para os ouvidos, mas muito, também, para o cérebro.
Para este novo projeto há também uma nova formação em que estão presentes Samantha Escarbe (guitarras, letras, conceito), Rowan London (vocais, teclados, letras, conceito), Grayh (baixo) e Luke Faz (bateria). Rowan London e Samantha Escarbe são os fundadores e o núcleo da banda, tudo começou quando Rowan foi assistir a alguns ensaios da banda em que Samantha tocava death metal, ele a convidou para uma nova banda e assim surgiu Virgin Black. Uma boa prova de que desde o início eles já tinham grandes ambições é a explicação que tanto Rowan quanto Samantha dão ao serem interrogados sobre o significado do nome da banda: "Uma harmonia anômala entre a justaposição da pureza e da escuridão da humanidade".
Indo um pouco mais longe Samantha diz: "O contraste parece ser inerente no que fazemos. Virgin/Black, um contraste de pureza e esperança contra a noite escura da alma e desesperança. A possibilidade anômala dos opostos existindo como um."
Ao contrário do que pode parecer num primeiro momento (e do que tem sido amplamente divulgado) a banda não faz metal cristão (white metal) nem death metal. Os onipresentes elementos oriundos de diversas derivações da religião católica são usados como referências e não devem ser levados ao pé da letra, e sim interpretados em suas várias facetas, bastante complexas por causa de sua simbologia de múltiplos níveis. Em uma de suas entrevistas Rowan afirma que um dos principais elementos por trás da música da banda é o "abuso" da igreja com relação aos seus fiéis.
Acredito que não é concidência o número de músicas do álbum ser 7, um número muito importante para a igreja católica..
Tracklist:
1 - Requiem, Kyrie (7:42)
A música começa com violoncelo e um coral, a seguir aparece uma voz feminina. A pouca bateria presente é bastante contida. Rowan mostra seus dotes vocais melhorados. Em alguns momentos também podem ser ouvidos piano e violino. O andamento é tão lendo quanto os passo de um cortejo fúnebre.
Requiem vem do latim e quer dizer descanso e é muito associado a um tipo musical fúnebre. Já a palavra kyrie dem do grego e que dizer Senhor (Deus).
Ambas as palavras são muito usadas na liturgia católica.
2 - In Death (8:00)
Seguindo os passos de "Requiem, Kyrie", "In Death" introduz alguns elementos mais comuns à banda, como a guitarra e o baixo, com direito a um pouco de vocal gutural. Próximo dos cinco minutos, por alguns momentos, uma voz masculina soa como numa missa. A bateria está um pouco mais solta em alguns momentos.
3 - Midnight's Hymn (4:57)
"Midnight's Hymn" é reconstruída aqui, em vários momentos fica perceptível a ligação com sua primeira versão em "Sombre Romantic" (onde a música se chama "Drink The Midnight Hymn"). A bateria aparece apenas no final e bastante restrita, o mesmo pode ser dito da guitarra. Aos três minutos aparece uma voz masculina sussurando algo incompreensível.
4 - ... And I Am Suffering (10:55)
Diferentemente das música anteriores "... And I Am Suffering" já começa com bateria e guitarra, dessa vez com aquele jeitão arrastado do My Dying Bride na época de "Turn Loose The Swans", mas não demora muito para que apareça um violino e um vocal feminino. Lá pelos cinco minutos vê-se pela primeira vez algo parecido com um solo de guitarra. Por um breve instante próximo dos nove minutos surge um vocal gutural. Após um crescendo de violino o final é feito em conjunto com guitarra e bateria.
5 - Domine (8:06)
Guitarra e bateria são quase onipresentes aqui, e é nesta música, também, que elas têm a maior liberdade. Aos quatro minutos há novamente uma voz masculina sussurando (provavelmente é o mesmo de "Midnight's Hymn"). Há mais vocal gutural aqui do que em todas as outras músicas juntas.
Domine vem do latim e quer dizer Senhor (Deus) e liga-se com a música "Requiem, Kyrie" no mínimo pelo título, cuja origens são da frase "Requiem æternam dona eis, Domine, et lux perpetua luceat eis", e quer dizer "Repouso eterno dá-lhes, Senhor, E luz perpétua os ilumine."
6 - Lacrimosa (I Am Blind With Weeping) (9:59)
De todas esta é a mais "mediana", sem grandes destaques. Talvez seja assim porque quando chega-se aqui, o ar lento e arrastado das composições anteriores faz com que sinta-se o cansaço de carregar-se fardo tão pesado quanto um caixão de madeira e, assim, o que resta e segue é o Descanso Eterno.
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7 - Rest Eternal (2:29)
A última música, e mais curta do álbum, não traz algo necessariamente novo, apesar de ter um título diferente é, na verdade, uma espécie de "extrato" de "Requiem, Kyrie". Aqui fecha-se o segundo ciclo e, no entanto, o cortejo continua.
Principais fontes de informações:
http://www.virginblack.com/interview.html
http://www.theendrecords.com
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