Winger: que fique longe aquele estigma arcaico
Resenha - Winger - Live
Por Diego Vianna
Postado em 31 de dezembro de 2007
Nota: 10
De uma hora pra outra, o cartunista Mike Judge usa o Winger como banda preferida do personagem mais zoado da série Beavis & Butthead, estampando a camiseta do guri mimado Stewart. Em seguida, Lars Ulrich (Metallica) aparece em frente às câmeras jogando dardos num pôster de Kip Winger, tachado como mero pin-up. Assim, e diante da mídia ávida por uma nova tendência comercialmente viável (grunge), o Winger se tornou a banda-símbolo da decadência do hard rock no fim dos anos 80, começo dos anos 90.
Porém, longe do imaginário medíocre do senso comum, trata-se de um grupo de alta qualidade, tanto no que tange às composições quanto à técnica de seus exímios músicos. Kip Winger (baixo, vocais, violão e teclados), Rod Morgenstein (bateria, percussão), Reb Beach (guitarra, gaita) e John Roth (guitarra, baixo, teclados) formam este time espetacular.
Numa mistura de hard rock, prog e AOR, a banda abre este ao vivo que registra a turnê do aclamado IV com "Blind Revolution Mad", canção pra ninguém botar defeito.
O hit "Easy Come Easy Go" reaparece com empolgação, assim como a recente "Your Great Escape", cuja voz rasgada de Kip Winger esbanja potência de dar inveja a muito cantor de heavy metal. "Junkyard Dog", faixa mais pesada de Pull, traz à tona ótimas vocalizações de Kip, Beach e Roth.
O lado progressivo se faz presente em "Rainbow In The Rose", onde Kip Winger assume os teclados. Os arranjos intrincados continuam no solo de bateria de "Rod Morgenstein" e logo mais a banda o acompanha numa salada jazzística. Vale lembrar que Morgenstein, além de ser fundador do Dixie Dregs e do projeto Rudess/Morgenstein (em parceria com o tecladista do Dream Theater), é phD em música, sendo professor da Universidade de Berklee.
Todas as fases do Winger são cobertas aqui, desde "Seventeen" (onde Kip faz a piada: hoje ela tem "trinta e cinco", surpreendendo os saudosistas) a "Right Up Ahead". Os riffs certeiros de Reb Beach (Dokken, Whitesnake, Alice Cooper) e o duelo de guitarras em "You Are The Saint, I Am The Sinner" deixam os fãs boquiabertos com tamanha desenvoltura musical.
Kip Winger iniciou sua carreira como baixista do Alice Cooper e recentemente deu uma canja no Alan Parsons Project, mas nada como ser vocalista desta banda tão injustiçada de hard rock, e que se mantém na ativa graças ao apoio dos fãs e daqueles que apreciam a boa música sem se renderem a comentários de formadores de opinião mal intencionados.
Destaques: todas. E que fique longe aquele estigma arcaico.
Frontiers, 2007
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