Resenha - Merchants Of Cool - Bad Company
Por Ricardo Seelig
Postado em 26 de agosto de 2006
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Com o retorno do Queen, Paul Rodgers voltou à ordem do dia. Não que tenha saído, na verdade, uma vez que todo cara que conhece um pouquinho de música tem o Free e o Bad Company, suas bandas mais conhecidas, entre seus grupos favoritos.
Mas o Queen, por ter sido, e ainda ser, muito maior e mais visível do que os nomes anteriores em seus respectivos ápices, tem entre seus admiradores uma parcela considerável do que podemos chamar de "ouvintes ocasionais", muito diferentes daquelas pessoas como eu e você, que vão fundo na biografia de nossos ídolos, temos todos os discos, piramos quando encontramos um bootleg e quase caímos para trás quando conseguimos ter em nossas mãos um single de quem veneramos. Estas pessoas conheceram o Queen através de músicas como "Radio Ga Ga", "I Want To Break Free" e outras coisas pop que a banda lançou principalmente durante os anos oitenta, e que tocaram até dizer chega nas rádios mundo afora. Depois disso, se sentiram "tocadas" pelo drama de Freddie Mercury, compraram seus álbuns solo e aquilo que ele gravou ao lado de Montserrat Caballé e pronto, deixaram os caras esquecidos na prateleira quando Freddie se foi, em 1991.
Com absoluta certeza, o retorno do Queen à ativa com Paul Rodgers nos vocais não atraiu, nem por um segundo sequer, a atenção destes "ouvintes ocasionais", afinal não era um George Michael nem um Rob Thomas (ou até mesmo um John Bon Jovi) quem estava substituindo o "ídolo" Freddie Mercury, mas sim um cara de cavanhaque e cabelo curto que eles nunca tinham ouvido falar.
Na outra ponta desta história estamos eu e você, pessoas que já estão nesta vida de fã de rock and roll há uns bons anos, possuímos algumas centenas de discos, já nos desiludimos com tudo isso umas duas ou três vezes, mas que não conseguimos viver sem a nossa maior e mais constante companheira: a MÚSICA.
Eu e você sabemos que Paul Rodgers merecia sorte melhor ao longo de sua carreira. O Free tinha tudo para ser uma das maiores bandas dos anos setenta, mas o precoce e genial guitarrista Paul Kossoff se perdeu no caminho e morreu de overdose dentro de um avião. Ainda durante o Free, Rodgers e seu companheiro de banda Simon Kirke montaram o Bad Company, que foi o primeiro lançamento do selo Swan Song, do Led Zeppelin. Os caras gravaram ótimos discos durante a década de setenta, incluindo uma estupenda estréia que até hoje soa surpreendente, mas mesmo assim não conseguiram chegar tão alto quanto grupos como, por exemplo, o Queen. Depois disso, Paul Rodgers tentou alguma coisa com Jimmy Page e montou o Firm, que não vingou, lançou alguns discos solos, fez algumas participações especiais, estas coisas.
Tudo isso para dizer que, se você comprou o duplo "Return Of The Champions" lançado pelo grupo de Brian May e Roger Taylor recentemente, registrando a tour com Rodgers no vocal, eu tenho outro disquinho ao vivo bem legal que gostaria de indicar para o amigo. E mais: tenho certeza de que você vai gostar. Este álbum se chama "The Merchants Of Cool" e foi lançado em 2002 pelo Bad Company, gravando para a posteoridade a tour realizada pelos caras no ano anterior.
Muito mais do que um disco ao vivo, "The Merchants Of Cool" soa como o documento definitivo de um dos melhores vocalistas que o rock já viu nascer. Ainda que alguns fãs mais heterodoxos possam discordar dizendo que o clássico "Free Live", lançado em 1971, é muito melhor, eu não concordo. Tudo bem que o valor histórico do álbum do Free é inquestionável, mas basta meio minuto de conversa com qualquer fã da banda para saber que, infelizmente, ele acabou prejudicado pela onde de turbulências que o grupo passava, com brigas internas, desavenças e um Paul Kossoff cada vez mais fora de si pelo uso excessivo de drogas.
É por isso que "The Merchants Of Cool" soa muito mais convincente, e melhor, aos meus ouvidos, que o "Free Live". A banda, que além de Rodgers conta com os velhos chapas Simon Kirke na bateria e David Colwell na guitarra e o experiente Jaz Lochrie no baixo, esbanja classe e competência em um repertório sólido, calcado não apenas nos clássicos do Bad Company, mas também na obrigatória "All Right Now".
Um clima de celebração e alto astral toma conta quando você dá play no disquinho. É inspirador ouvir estes quatro senhores, todos com mais de cinquenta anos, se entregando à cada canção, tocando com paixão e com feeling. Você sabe que aquilo é a vida deles, e eles fazem questão de lembrar isso a cada segundo, faixa a faixa.
Em um set list repleto de hinos como "Burnin´ Sky", "Can´t Get Enough", "Fell Like Makin´ Love", "Rock Steady" e "Ready For Love", o destaque principal recai sobre a qualidade das composições. Maravilhas como "Rock´N´Roll Fantasy" ganham ainda mais brilho com a inserção de um pequeno medley em homenagem aos Beatles, com "Ticket To Ride" e "I Feel Fine". A transcedental "Bad Company" eleva qualquer um às alturas, e comprova pela milionésima vez todo o talento e a classe de Paul Rodgers. "All Right Now", ainda que sem o vibrato mágico de Kossoff, continua sendo um dos grandes riffs do rock, e mostra que uma música de qualidade não tem data de validade.
Além do show, o CD ainda traz duas boas músicas de estúdio inéditas, "Joe Fabulous" e uma parceria de Rodgers com Neal Schon chamada "Saving Grace".
"The Merchants Of Cool" faz juz ao título, e mostra que certos "dinossauros" soam cada vez melhores ano após ano. Paul Rodgers é como um bom vinho: seu talento mantém-se intacto e imune ao tempo.
Altamente recomendável.
Faixas:
1. Burnin´ Sky
2. Can´t Get Enough
3. Fell Like Makin´ Love
4. Rock Steady
5. Movin´ On
6. Deal With The Preacher
7. Ready For Love
8. Rock´N´Roll Fantasy
9. All Right Now
10. Bad Company
11. Silver, Blue & Gold
12. Shooting Star
13. Joe Fabulous
14. Saving Grace
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
Desmistificando algumas "verdades absolutas" sobre o Dream Theater - que não são tão verdadeiras
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
Fabio Lione anuncia turnê pelo Brasil com 25 shows
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
Graham Bonnet lembra de quando Cozy Powell deu uma surra em Michael Schenker
A primeira e a última grande banda de rock da história, segundo Bob Dylan
O álbum dos Rolling Stones que é melhor do que o "Sgt. Peppers", segundo Frank Zappa
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
Rob Halford diz que Black Sabbath e Judas Priest inventaram o heavy metal
Os 50 melhores álbuns de 2025 segundo a Metal Hammer
O clássico absoluto do Black Sabbath que o jovem Steve Harris tinha dificuldade para tocar
O músico que Ritchie Blackmore considera "entediante e muito difícil de tocar"
A banda fenômeno do rock americano que fez história e depois todos passaram a se odiar
O dia que Roger Waters acusou um ícone do progressivo de "fingir" ser um compositor
Bono explica o real significado da canção mais mal compreendida da história do U2
Os dois vocalistas que Chris Cornell achava que nunca alcançaria; "Eu nunca conseguiria"


O primeiro supergrupo de rock da história, segundo jornalista Sérgio Martins
Priorizando a saúde, Paul Rodgers não irá ao Rock and Roll Hall of Fame 2025
As 10 maiores estreias do rock na década de 70, de acordo com a Classic Rock



