Resenha - Soundtrack to Your Escape - In Flames
Por Clóvis Eduardo
Postado em 25 de outubro de 2004
Soundtrack to Your Escape é, no mínimo, um disco polêmico. Típico para os puristas reclamarem, os americanos levantarem as orelhas e a mídia baixar o sarrafo. E como baixou! O novo disco do In Flames virou tema de debate de cabeludos com artigos de couro e também de boys de calças largas. Vergonha. Mesmo assim, é um trabalho de fato pouco digerível na primeira audição. Na segunda já está melhor, na terceira umas três músicas se salvam e na 20ª é o melhor trabalho de 2004. Querendo ou não, é o que o acontece.
O quinteto sueco formado por Anders Fridén (vocal), Björn Gellote e Jesper Stömblad (guitarras), Daniel Svensson (bateria) e Peter Iwens (baixo) se dobra e desdobra para tentar superar Reroute to Remain (2002), álbum anterior. Não conseguiu, mas ainda assim apresentou inovações que podem pegar no gênero musical que o In Flames se encaixa. No último disco as músicas tinham um acompanhamento de teclado mais forte do que neste novo CD. Algumas músicas ficaram interessantes e boas. Há de se considerar a forte mudança ocorrida de Clayman (2001) até Soundtrack to Your Escape. Na escalada musical da banda, as mudanças são claras. E a qualidade, de média para alta.
Culpar produtor é uma prática condenável. Se você ouve o CD e ele não é bom, a culpa é dos compositores. Se você leva letra e música montada ao estúdio, o produtor não irá virá-las de cabeça para baixo (a não ser que os caras sejam muito desleixados com seu próprio trabalho). Dizer que o new metal entrou nos cérebros dos suecos é uma ofensa aos criadores de Jotun, Artifacts of the Black Rain e Jester Script Transfigured, para citar apenas três exemplos antigos.
Separando o joio do trigo, The Quiet Place, Dead Alone, Like You Better Dead e Superhero of the Computer Age são minhas preferidas. As partes em que Fridén ataca com vocais limpos não são grosseiras como o anunciado há meses, muito menos podem matar alguém do coração. Até sou obrigado a concordar que o teor de "nervosismo" durante as músicas aumentou e muito.
As bases são pesadas, mas não estão lá em baixo. E se estivessem? Pergunto o que um fã de carteirinha do In Flames (além de mim, é claro) pensou quando botou o negócio para tocar.
O barulho vindo da bateria tem uma sonoridade diferente e a captação do caixa está muito leve, o que dá mais destaque aos riffs e melodias. O trabalho no geral está plenamente aceitável. Tirando o refrão de F(r)iend e o som de "radinho fora de estação" (na atual turnê, usado como introdução por longos quatro minutos).
Gosto do In Flames e gostei muito de Soundtrack to Your Escape. Está na hora de a banda aparecer no Brasil, soltando alguns clássicos e músicas novas. Àqueles que acham que a banda passou a integrar o cast de bandas de new metal, pergunte a um amigo que curte o famigerado gênero (todo mundo conhece um) se ele já ouviu In Flames. Uma das respostas que obtive foi "nunca ouvi". Outro sujeito disse "não é new metal, não. Nem tem DJ!". Palavra de quem "entende".
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