Resenha - I Get Wet - Andrew W.K.
Por Mauro Peixoto Alves
Postado em 15 de abril de 2002
"I Get Wet" é o primeiro álbum de Andrew W.K., após dois EP´s independentes lançados na Grã Bretanha, terra que primeiro acolheu esse americano criado em Detroit e que mora em Nova Iorque. O descolado semanário inglês New Musical Express elegeu este o 9º melhor disco lançado em 2001.
O primeiro single, "Party Hard", que também faz parte do CD, ficou em 14º lugar na parada britânica em 2001. "Let's get the party going, let's get the party going, when it's time to party, we will always party hard". Este é o refrão, que termina com a repetição ad nauseam das últimas palavras que dão nome à música. A música? Bem, seria como se os últimos 25 anos nunca tivessem acontecido, e que nomes como Meat Loaf, Gary Glitter, Slade, Sweet ainda tivessem importância no pop. Como se o furacão punk não tivesse varrido a teatralidade de um Alice Cooper, e a pompa de um Queen.
Mas Andrew WK também tem um pé no punk. Especialmente, claro, Ramones, os mais divertidos e menos carrancudos dos punks. "We want fun", faixa do primeiro EP britânico, é puro Ramones, da época do disco End of the Century. "Music or die", do mesmo EP, tem uma introdução que poderia figurar em qualquer música do ABBA. Pode-se identificar também a influência de bandas pós-punk e new wave como The Cars e as Go Go´s.
Pelas referências pode-se inferir quais as reais intenções do rapaz: cozinhar um caldo com tudo que a música pop fez nos últimos 30 anos que tivesse a etiqueta "diversão" estampada. Não se importando, e aí está seu mérito maior, se na mistura entra alguma coisa considerada brega, trash, kitsch ou qualquer outro rótulo depreciativo que os descolados gostam de usar.
A música de Andrew WK é pra cima, energética, hiper-ventilada. Sem o menor traço de pudor, ele usa e abusa de um tecladinho que fez a fama de caras como Meat Loaf e há muito foi pra baixo do tapete dos estúdios. As guitarras são pesadas e distorcidas, heavy metal, poderia-se dizer, e o andamento da maioria das canções é acelerado. Todas as músicas têm refrões cantados em coro, e não é por menos que quem primeiro adotou as canções de Andrew WK foram os hooligans ingleses.
"I Get Wet" é uma verdadeira celebração da vida, hedonista e irresponsável, como todo garoto de 23 anos tem que ser. Suas letras falam de festas (It´s time to party, Party hard, Party till you puke, Fun night), sexo (Girls own love, I get wet, She is beautiful) entre outros assuntos.
Não há espaço no mundo de Andrew WK para crises existenciais, elucubrações filosóficas ou maiores profundidades, tão ao gosto de alguns torturados ídolos pop atuais como Thom Yorke ou Billy Corgan . O papo ali é diversão, diversão e mais diversão. Se você é um indie-freak que pensa que Radiohead, Travis e Smashing Pumpkins fazem rock independente, reveja seus conceitos. Independência, no sentido que o Aurélio nos legou, são os pouco mais de 30 minutos de "I Get Wet". Com Andrew WK o bom-humor está de volta às paradas e mais uma vez o rock, sem precisar, foi salvo.
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