Resenha - Chronophagia - Patrulha do Espaço
Por Marcos A. M. Cruz
Postado em 25 de junho de 2000
Nota: 8
"Chronophagia: ato de comer ou se alimentar do tempo."
Uma das coisas que mais me entristece é quando ouço um novo trabalho de alguma banda "das antigas" e constato que devido à ânsia de "faturar" um pouco, acabam embarcando em algum tipo de modismo, descaracterizando totalmente sua sonoridade; às vezes isso também ocorre quando os caras "erram na mão" e acabam fazendo um trabalho muito experimentalista, resultando em algo não muito agradável aos ouvidos. E por mais paradoxal que possa parecer também fico triste quando constato que a banda continua fazendo o mesmo "arroz com feijão" de anos atrás sem nenhum "punch", apenas reciclando de forma burocrática sonoridades perdidas em outras eras, de modo a conservar seus velhos fãs...(chato eu, não?)
Por isso foi uma grande surpresa quando ouvi este novo trabalho do Patrulha, que mesmo sem trazer absolutamente nada de novo conseguiu fazer um disco que sem sombra de dúvida agradará a todos que gostem de um bom Rockão "das antigas", ora soando bem Rock'n Roll, ora como as típicas bandas de Hardão Setentista, ora beirando o Progressivo clássico tipo Yes. Aliás, a própria banda já deixa clara suas influências no encarte, onde dedicam os temas à bandas/artistas como Humble Pie, Blind Faith, Grand Funk Railroad, Yes, Paul McCartney e alguns brazucas ilustres como Mutantes, Arnaldo Dias Baptista, Som Nosso de Cada Dia, entre outros.
Há deficiências? Sim, claro que há, mas nada que afete de forma profunda o trabalho. Talvez a maior de todas seja o fato dos vocalistas às vezes aparentarem estar no limite de seu alcance vocal. Mas esta deficiência é totalmente encoberta pela competência com que cuidam dos arranjos. Marcello Schevano, além de tocar flauta se reveza com Rodrigo Hid nas guitarras, vocais e teclados, Luiz "Tigueis" Domingues (ex-Chave Do Sol e Língua De Trapo) cuida do baixo e a bateria continua a cargo de um dos membros fundadores do Patrulha, o legendário Rollando Castelo Júnior, que tocou no Made In Brazil, além de ter participado do lendário "Aeroblus" juntamente com Pappo, um famoso guitarrista Argentino.
Além de 15 temas próprios, uma releitura extremamente sensível de "Sunshine" do mestre Arnaldo Dias Baptista, com a participação especial de Manito no sax.
Dificilmente este trabalho atingirá "disco de platina", dificilmente será tocado nas rádios (com exceção de alguns poucos programas segmentados), dificilmente alguma faixa se tornará "trilha sonora de novela Global"... mas creio que o objetivo de Mr.Júnior & Cia não é este, e sim de sobreviver fazendo o que gostam - que é tocar ROCK com muito prazer e competência. Portanto se o leitor tiver dificuldade em encontrar este CD (afinal trata-se de uma lançamento independente) ou quiser entrar em contato com a banda para shows etc, escreva para Caixa Postal 45367 - São Paulo - CEP:04009-970 ou mande um e-mail para [email protected]
Vamos prestigiar estes que são um dos últimos representantes de uma raça em extinção - a dos Roqueiros com "R" maiúsculo!
Long Live Patrulha!!!
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