O Mistério de Johnny Rivers
Por José Osvaldo Martins
Postado em 07 de julho de 2023
Um mistério ronda as rádios. Um artista que muitos já ouviram com certeza mas talvez não conheçam sua história.
Um artista que muitos já ouviram com certeza, mas talvez não conheçam sua história... essa é uma coisa comum não?
Mas em alguns casos, mais do que acaso, chega a ser mesmo um mistério.
Johnny Rivers é com certeza um desses casos. Artista multitalentos, toca, compõe, canta, interpreta. De uma voz marcante e particular que combina com desde canções românticas até dançantes, elas ficavam incríveis na sua interpretação. Algumas inclusive são as duas coisas, dançantes e românticas ao mesmo tempo. Imortalizada na sua voz a versão de "DO YOU WANNA DANCE", foi sucesso absoluto aqui no Brasil nos anos 70 e 80. Mas apesar de esta ser a mais conhecida, muitos outros sucessos ficaram gravados nas mentes e corações de quem viveu aquela época, Johnny faz parte da memória sentimental de muitos brasileiros.

Muito antes da internet, onde jogos de carta, tabuleiro e claro festas eram algumas das principais formas de lazer das pessoas, suas canções embalavam as reuniões familiares. E casais que tinham brigado na semana faziam as pazes dançando coladinho enquanto o som fluía de um "micro-system".
Cresci numa família grande de muitos amigos, então festas eram coisa recorrente aos finais de semana. E todo tipo de música tinha vez em casa, era comum começar tocando discoteca passando por funky soul jovem guarda mpb rock sertanejo e pagode. Ia de Chuck Berry a Roberto, Bee Gees a Tim Maia, Raul a Bezerra, Fundo de quintal a Tonico e Tinoco, Julio Iglesias a Vanusa, Creedance a Clube da Esquina, Ronnie Von Os Incríveis Hildon... eles iam se revezando na vitrola como trilha musical de nossas vidas. Às vezes vinham alguns amigos com seus instrumentos e daí rolava uma moda de viola ou uma rodinha de samba ao vivo. Essa variedade de estilos talvez tenha contribuído na minha formação de ainda menino a entender como a vida é tão diversa.
Acho que Johnny era de lei tocar em nossas festas e mesmo quando se ia a um aniversário ou casamento lá estava ele e suas baladas, o povo dançando entre as mesas, num quintal, laje ou na sala apertada. Mas esse é o mistério... as rádios hoje em dia não tocam mais Johnny. Curioso não? Pensando nisso aventei duas hipóteses: 1 Suas músicas foram tocadas tão a exaustão naqueles tempos que as pessoas cansaram de ouvir. 2 Pode ser uma questão de direitos autorais, a gravadora que detém os direitos não existe mais ou não libera as canções para execução radiofônica. A primeira opção embora faça algum sentido, tem um problema, rádios vivem de tocar repetidamente músicas antigas, por isso é tão estranho. Provavelmente a segunda é mais viável. Eu mesmo enviei esta pergunta a algumas rádios daqui de SP, inclusive falando dessas duas hipóteses, mas a resposta de todas sempre foi aquela padrão "obrigado pela sua sugestão" sem esclarecer nada. Hitmaker máximo esse lendário cantor foi esquecido pelas rádios. Mas é só ver alguns comentários no YouTube e dá pra ter ideia de quanto as pessoas amam seu som.
São tantas que marcaram, só pra citar algumas, "YOU'VE LOST THAT LOVIN' FEELIN' ITS TOO LATE"; "MEMPHIS TENNESSE"; "IN THE MIDNIGHT HOUR"; "SUMMER RAIN", sua versão de "CALIFORNIA DREAM", "SUNNY", "HANG ON SLOPPY" e tantas outras... Músicas pra dançar agarradinho. Para dançar solto, encostado à parede com um copo na mão observando a festa ou ainda batendo o pezinho enquanto pilota a churrasqueira.
Um sonho a mais não faz mal...
É uma pena. Desculpe o clichê, mas Johnny tem sim canções que merecem ser resgatadas para as novas gerações e porque não para nós. Para se ter uma ideia, quando veio aqui em 1998, Rivers arrebatou 70 mil pessoas no Ibirapuera, fez turnês por todo o Brasil lotando estádios, foi ao programa do Jô e ao Faustão num domingo de dia das mães. É citado em Whisky a GO-GO do Roupa Nova. No filme Oblivion, numa das partes reflexivas, Tom Cruise ouve "A Whiter Shade of Pale" enquanto faz uma revisão de sua vida. Até Bob Dylan disse que a versão que Johnny fez de "Positively 4th Street" ficou melhor que a sua. Se esse cara não tem fãs eu não sei quem tem.
Curiosidade que muitos vão gostar de saber: o termo whiskey a gogo foi assumindo diferentes sentidos conforme o contexto, originalmente quer dizer "whiski a vontade", e foi o nome escolhido de uma das primeiras discotecas, ela ainda funciona desde 1964 em Los Angeles e já recebia lá atrás muitos artistas hoje consagrados. Rivers gravou um grande show ao vivo lá; "Tottaly Live at a Whisky à GO GO" que acabou virando disco, daí foi um pulo pra o termo virar apelido de som dançante e inspirar a composição de Massadas/Sullivan que embalou muitos bailes nos 80. É... o tempo voa mais do que a canção.
Você me dá esta dança?
Daí você pode se perguntar, mas por que tocar Johnny nas rádios? Se hoje se pode ouvir em qualquer streaming? É que ouvir uma música no rádio é mágico, você sabe que ao mesmo tempo milhares de pessoas em lugares diversos e fazendo coisas diferentes estão ouvindo o mesmo som e sentindo algo parecido. É uma experiência coletiva, esse é o segredo.
Claro o som dele é um soma de boas escolhas, a banda de acompanhamento, os arranjos na medida, os backing vocals femininos, as gravações ao vivo que tem um clima de baile, tudo isso evoca sensações que nos levam para outro lugar. Ouça essa versão matadora de "La BAMBA/TWIST AND SHOUT".
O som de Johnny é eletrizante... Mas também é nostálgico e levanta brumas, algo como um nevoeiro que nos traz aquela sensação de saudades, de algo que nunca vimos.
De dançar ou tirar lágrimas, para durões ou românticos, esquecido pelas rádios ou lembradas em nossos corações as músicas de Johnny Rivers já são clássicos absolutos. Não tem obsolescência programada. São duráveis como as pirâmides ou as estátuas gregas.
FONTE: Linkedin
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