Heavy metal nacional: tesouro injustamente recôndito
Por Marcelo R.
Postado em 20 de janeiro de 2023
Participo, como colaborador, de um espaço virtual construído entre amigos, denominado Rock Show, abrigado no site Medium e no Instagram. Os assuntos de cada matéria são livremente escolhidos por parte de cada autor, respeitado, obviamente, o conceito do espaço (produção textos envolvendo a temática do rock).
A matéria a seguir foi por mim redigida e originalmente publicada no referido espaço virtual neste link.
Venho, há muito, amadurecendo a ideia de contribuir na divulgação, com maior ênfase, da safra de bandas de metal nacional. Para essa finalidade e esse objetivo, decidi, então, criar, periodicamente, colunas para discorrer a respeito de alguns conjuntos que merecem menção e, sobretudo, atenção.
Eis o resultado do meu primeiro texto.
Boa leitura.
I. Oportuno e necessário introito:
Aqueles que convivem comigo já ouviram, com maior ou menor frequência, a frase que, com pródiga constância, repito: o heavy metal nacional é o melhor do mundo.
Não domino, em âmbito técnico, qualquer expertise musical. Ouço canções com coração e alma abertos. Minhas impressões são, apenas, as de um entusiasta apaixonado. Meu critério – leigo, por certo – baseia-se, assim, exclusivamente no impacto que a canção me provoca. Nos sentimentos que ela me aguça. Nas sensações que ela movimenta e impulsiona. É, para mim, o que basta. Não seria esse, afinal, o intuito primordial da música? Tocar a alma em seu recôndito? Despertar os sentimentos, servindo como linguagem espiritual? Se a música produzir esses efeitos, ela é sublime. E, se assim o é, ela é, por certo, boa, independentemente de conceituações técnicas e de fórmulas que, aprioristicamente, classifiquem a qualidade composicional.
Registrei esse introito – dotado de elevada abstração –, para, logo de partida, salientar que os critérios para as indicações que consignarei neste texto – ou em quaisquer outros que abordem o mesmo conceito – não se baseiam em aspectos técnicos (que, repito, não domino). Fundamentam-se, exclusivamente, em impressões pessoais. São, portanto, dotadas de altíssima carga subjetiva. De todo modo, se as incursões e digressões – ou, ao menos, algumas delas – alcançarem o leitor e lhe instigarem a vontade e a curiosidade, considerarei satisfeito o objetivo que tracei ao decidir pela elaboração deste texto – e dos vindouros –, que faço, sempre, com regozijo genuíno.
Mas, afinal, aonde entra, em meio a toda essa verborragia, a questão do heavy metal nacional? Ainda: em qual contexto se insere a advertência, escancarada logo no título: "tesouro injustamente recôndito"?
Vamos por partes.
À primeira indagação, uma resposta simples: o heavy metal nacional, inclusive em seus inumeráveis subgêneros, tem algo de peculiarmente especial. Titula, por alguma qualidade ou propriedade mística desconhecida, o dom de aguçar todas as virtudes que a boa música consegue movimentar e instigar no imo dos sentimentos do ouvinte. Há, nas bandas nacionais, um quê de único, de incomparável, que transcende os aspectos técnicos e que fazem da nossa música pesada campo fecundo. Fértil em quantidade, mas, sobretudo, em qualidade, posicionando o Brasil, assim, a meu ver, na categoria número um entre os países com a melhor safra de heavy metal do mundo.
Sou brasileiro. Não impregno, porém, ao meu discurso, qualquer veia patriótica. Aliás, não sou simpático à ideia de defesa excessiva do nacionalismo (essa palavra – nacionalismo –, por si só, ao menos para mim, carrega alta carga negativa). Sou, na verdade, um tanto avesso a isso: ao excesso de patriotismo. Historicamente, conhecemos os efeitos terríveis do excesso de orgulho à própria origem. Por escapar aos objetivos desse texto, não pretendo avançar nessa digressão. Consigno-a, porém, apenas para enfatizar que sei separar as coisas. Tento, assim, sempre na medida do possível, agir com isenção. Gosto do metal nacional pela sua qualidade. Não pela sua bandeira.
Sei, ou creio saber, a respeito do que escrevo. Conheço o metal nacional. Conheço, também, o metal dos demais países, inclusive – e, sobretudo – aquele que habita as profundezas do underground (onde o meu coração encontra lar). E, nesse contexto, considero que o Brasil titula posição indisputável. Falo-o, como já adiantei, com alto grau de subjetividade. A impressão é pessoal. Sem rigor técnico na análise. Ressalto, porém: não lanço opiniões APENAS com a paixão "de torcedor". Repito: conheço as bandas nacionais, embora não saiba avaliá-las tecnicamente. E o espaço desse texto – e de outros que pretendo elaborar sobre o assunto – servirá, sobretudo, para falar um pouco sobre elas, especialmente – embora não exclusivamente – daquelas que vêm lançando, recentemente, materiais novos. Esse conteúdo precisa ser conhecido e ouvido.
Pende, então, resposta à segunda indagação: a razão do título "tesouro injustamente recôndito".
Tesouro, pela fecundidade qualitativa que o repertório de bandas nacionais entrega. Não vou chover no molhado. Já adiantei os motivos, todos puramente pessoais – mas com algum conhecimento e base –, que justificam a minha especial paixão pelo metal nacional.
Recôndito, porque, lamentavelmente, e apesar de todo o empenho, esforço e investimento envidados pelas bandas – que vêm alcançando resultados artísticos notáveis e incomparáveis –, a projeção por elas obtida é, no geral, inversamente proporcional à qualidade da música entregue ao mirrado – e, às vezes, desinteressado – público. O resultado desse cálculo é injusto. Qualidade e projeção não estão equacionadas. E a admoestação contida no título – tesouro INJUSTAMENTE recôndito – é, nesse contexto, portanto, autoexplicativa.
Conversando, recentemente, com um integrante da banda nacional Rage in my Eyes, antigo Scelerata, afirmei: "se a projeção das bandas fosse medida pelo nível de qualidade, algumas fechariam estádios nos shows. Pode ter certeza de que o Rage in my Eyes seria uma dessas bandas, se a equação "qualidade" versus "popularidade" fosse justa".
Não apenas reafirmo isso, como acrescento: não só ela, Rage in my eyes, é credora desse atributo. Outras tantas, igualmente. O rol é numeroso.
Ciente, então, da riqueza da música nacional pesada, idealizei objetivo singelo, mas arrojado e, talvez, levemente presunçoso. Pretendo escrever, periodicamente, textos que contenham remissões a bandas nacionais, especialmente (embora não exclusivamente) daquelas que tenham, recentemente, lançado materiais.
Questionei-me se, para os objetivos autopropostos, eu deveria abordar um álbum específico da banda analisada – preferencialmente, o mais recente – e, aproveitando a alusão, falar um pouco da banda em si. Ou, talvez, o inverso: citar bandas nacionais, discorrendo um pouco sobre sua proposta musical e, aproveitando a remissão, falar um pouco de algum álbum específico (o mais recente ou, talvez, o meu preferido).
A que conclusão cheguei? A nenhuma. Não consigo antecipar, em juízo de prognose, qual modelo ou formato de texto/abordagem alcançará resultado mais adequado ou satisfatório. A inércia, porém, não é opção ou alternativa.
Assim, apenas começarei a escrever. Deixarei o texto ganhar vida própria. Autonomia. Independência. Textura. Corpo. O tempo permitirá os necessários aperfeiçoamentos. O objetivo já é um tanto arrojado. Talvez, até um pouco presunçoso. De todo modo, entregar-me à omissão é acovardar-me.
Posso não alcançar qualquer projeção, sequer mínima. Ainda assim, não considerarei frustrado o objetivo. Não pretendo parar nem nessa hipótese, aliás. Faço o que o coração manda. Vou por onde ele me direciona e, dentro de minha pequenez, contribuo, ou penso contribuir, para algo em que acredito. Mais: ainda que alcance repercussão zero, nula, ao menos escrevi. E, como afirma o escritor Fabrício Carpinejar, "escrever cura". Essa frase, que habitualmente tomo de empréstimo, repito frequentemente.
Escrever me é terapêutico. É-me, ao espírito, anestésico. É-me, em defesa contra as agruras e as infensas da vida – que todos nós, em alguma escala e em algum momento, enfrentamos –, extático (com "x" mesmo). Por isso, escrevo.
Convido, assim, às minhas digressões. Às viagens que monto a partir de um cenário de palavras, através da tinta que escorro pela caneta.
Ao texto.
II. Primeira relação de bandas. Considerações iniciais:
Refleti, ao embrião da ideia sobrevinda, sobre o formato que deveria adotar na elaboração do texto (respeitando, obviamente, o conceito idealizado).
Cogitei enumerar compilação ampla, com o máximo de bandas que me ocorresse. Ponderei, porém, após alguma reflexão, que um texto nesses moldes seria demasiadamente longo e, assim, cansativo. Ofuscaria, por consequência, a atenção do leitor a partir de determinado ponto, quando o cansaço se abatesse pela pedante prolixidade (prejudicando, especialmente, as bandas citadas mais ao final).
Concluí, assim, que essa meta – um "quase projeto pessoal" –, não precisa se esgotar num único ato (é dizer: num único texto). Talvez, sequer necessite acabar.
Ponderei, então, após equacionar as alternativas, que esse projeto – singelo, mas arrojado e, sobretudo, feito com o coração – será contínuo, até onde a inventividade e as ideias me permitirem avançar. Será contínuo, sobretudo, na esperançosa expectativa de que o tempo se responsabilizará por trazer à vida, à luz do dia, em nosso nascedouro tupiniquim, inúmeras bandas e materiais de ótimas qualidades, permitindo que as listas e enumerações se renovem, somando-se e engrandecendo-se constantemente. Esse é um excesso desejável.
Para as bandas e álbuns que citarei, enfatizo, não criarei, jamais, escala de predileção. A sequência não representa, assim, qualquer ordem de preferência. Se elas compõem o espaço do texto, considero-as especialmente valorosas.
Não pretendo escrever, ao menos em regra, uma resenha para cada álbum. Registrarei, apenas, breves comentários, com uma síntese do estilo da banda e das qualidades que me chamaram especial atenção naquele conjunto ou naquele material (a depender do foco emprestado à análise).
Ao leitor, o meu convite para submersão nessas viagens sonoras, agradecendo, desde já, pelo tempo reservado e pela atenção ao(s) texto(s).
À leitura. Às bandas.
III. Heavy metal nacional: tesouro injustamente recôndito, parte 1.
1. Banda: Twilight Aura
Álbum indicado: For a better world
Esse é o meu lançamento favorito deste ano. Numa relação de dez álbuns preferidos de 2022 – em matéria que elaborei para o espaço virtual Rock Show, abrigado no site Medium –, classifiquei-o em primeiro lugar. Reproduzo, aqui, as ponderações que, na ocasião, registrei sobre esse primoroso material.
Indo direto ao ponto: o melhor lançamento de 2022 foi, para mim, o álbum For a better world, do Twilight Aura.
Aos primórdios de sua existência (no início dos anos 90), a banda, nascida na cidade de São Paulo, atendia apenas pelo nome de Twilight. Lançou, em 1995, o álbum de estreia Watching the Sky e, após considerável hiato, o conjunto deu vida, em 2022, ao full-length intitulado For a Better World, agora já sob o nome completo, Twilight Aura.
Àqueles que não estão familiarizados com o conjunto, o Twilight Aura é a banda de André Bastos, músico que figurou brevemente na formação do Angra, em seus primórdios, entre os anos de 1991 e 1992, ocupando a função de guitarrista e, ainda, assumindo os backing vocals.
Também para situar: atualmente, o Twilight Aura conta, na posição de vocalista, da exímia Daísa Munhoz, que canta no Vandroya (e que também já participou do projeto de metal opera brasileiro Soulspell).
For a Better World, do Twilight Aura, impressiona logo na primeira audição. A música entregue ao ouvinte é estruturada na linha do power metal, mas desfila por diversos outros subgêneros, sendo notáveis as influências de progressive metal e, em doses mais discretas, de hard rock e, até mesmo, de thrash metal.
A produção é limpa e nítida, permitindo ao ouvinte a experiência de degustar, com clareza, de cada instrumento e dos vocais.
As canções são contagiantes, daquelas que cativam logo às primeiras notas e permanecem ecoando aos ouvidos espectador-ouvinte, uma vez findas as faixas. Aqui, o termo pegajoso alcança a sua acepção mais positiva, estimulando o ouvinte a repetir a audição por tantas outras vezes.
Caracterizar For a Better World como homogêneo representa elogio valoroso, no melhor dos sentidos. É dizer, com induvidoso acerto, que o material preserva qualidade de alto nível ao longo de toda a audição, do início ao fim.
Há faixas mais rápidas e agressivas, com alguns potentes vocais masculinos, a exemplo de Living Is More than Surviving e de Prayer (essa última, não tão rápida, mas bastante pesada).
De todo modo, o comando das vozes é predominantemente capitaneado por Daísa Munhoz, que, com surpreendente versatilidade, alterna, hábil e tecnicamente, estilos mais suaves de canto com impostações mais agressivas e intensas, a depender do que a canção exige.
Em resumo, o ouvinte encontrará, em For a Better World, momentos de leveza e delicadeza e, noutros, explosões sonoras com maior potência e agressividade, preservando-se sempre, porém, o caráter melodioso e técnico das composições.
For a Better World foi maturado num caldeirão de diversas influências, predominantemente estruturadas nas raízes do power metal, mas o álbum flerta por outros subgêneros, já citados, conferindo consistência e identidade ao resultado alcançado.
Audição altamente prazerosa. Vale a pena conhecer todo o material. De todo modo, apenas para citar uma faixa que, por certo, cativará o ouvinte logo na primeira audição, convidando-o a conhecer integralmente o material, menciono a canção Sunlight, cuja audição convido, desde logo.
Por fim, uma menção honrosa a Shouting in the Dark, especialmente pelo conceito de sua letra. Ao fundo da canção – aproximadamente em sua metade, precisamente na sua passagem instrumental – há ecos, ao estilo de reportagens, citando claramente o nome de George Floyd, afro-americano morto por estrangulamento numa abordagem policial em 2020, nos Estados Unidos da América. Esse fato alcançou projeção midiática em escala mundial e impulsionou o movimento antirracista Black Lives Matter, existente desde 2013 (fonte).
O conteúdo dos ecos inseridos ao fundo da canção não foi reproduzido no encarte, mas as menções a George Floyd são perfeitamente perceptíveis. Com base nessa informação, a completa compreensão da letra de Shouting in the Dark é facilmente captada e representa uma contundente declaração da banda em prol de iniciativas e movimentos antirracistas. Transcrevo a letra, cujo conteúdo, uma vez ciente o seu contexto, merece ser conhecido, divulgado e louvado:
"You’re not alone, we’re here right now
United against the challenges ahead
No longer can we allow to
Ignore all these issues as they spread
How did we lose sight of it?
We must change this systems for us to progress
You heard them: "I can't breathe"
Their unheard cries are still not addressed
What do I see today?
The start of the change but still so far away, so far away
We’re raising our voices
We’ll continue to be this loud
It’s time to make our choices
Either we’re all in or we’re out
We’re trying to repair
Those mistakes that stain our past
Still, it’s so unfair
Look around you can see all the contrast
But it seems that I still have to explain
Opportunities are never the same, it’s a shame, a rigged game
We’re shouting in the dark
Justice will be our end game
We’re crying in the night
It’s time to put an end to this shame
We’re shouting in the dark
We’ll be sure that change is here to stay
We’re crying in the night
The world will never be the same
The treatment is different that's for real, that's for sure
By most of those who should make us feel secure, so we are
Shouting in the dark
Justice will be our end game
We’re crying in the night
It’s time to put an end to this shame
We’re shouting in the dark
We’ll be sure that change is here to stay
We’re crying in the night
The world will never be the same"
Parabéns à banda pela adoção de postura clara e incisiva em tema tão sensível, com letra que contém declaração firme na defesa de grupos inseridos na órbita da vulnerabilidade social.
Eis, em síntese, os meus apontamentos sobre For a Better World.
2. Banda: Aquaria.
Álbum indicado: Alethea
Se Alethea compusesse o rol de lançamentos de 2022, o páreo seria duro. Representaria, por certo, tarefa árdua escolher o melhor álbum numa disputa entre ele – Alethea – e o For a better world, do Twilight Aura, acima mencionado. Felizmente, "o confronto foi evitado", já que Alethea viu a luz do dia poucos anos antes, em 2020.
Aquaria é uma banda de power metal sinfônico, com toques de prog metal, que titula o raro dom de congregar técnica cirúrgica com musicalidade e melodia deleitosas. A audição de Alethea é um regozijo autoexplicativo para aqueles que reservarem 72min (setenta e dois minutos) para sua atenta audição. A viagem sonora é tão prazerosa, que o tempo do álbum é praticamente imperceptível. O gosto de quero mais deixado é notório. Aliás, assim que eu termino a audição de Alethea, eu comumente volto para escutá-lo (degustá-lo, talvez?), novamente.
A música é tão orquestral e cinematográfica, que soa como trilha sonora de filme, na melhor essência que se pode emprestar a esse tão imponente e majestoso estilo.
Para quem não sabe: no comando do baixo, ninguém menos que o consagrado e respeitadíssimo Fernando Giovannetti.
Após um hiato superior a uma década, a banda está, felizmente, de volta aos palcos.
Vida longa ao Aquaria. Sucesso na divulgação de Alethea.
3. Banda: Caravellus.
Álbum indicado: Inter Mundus
O Caravellus executa, em essência, um prog/power metal pesado, um tanto obscuro, calcado em técnica apurada, mas com doses de feeling que dão um tom melodioso a um trabalho musicalmente complexo, profundo e heterogêneo.
Inter Mundus, lançado em 2022, reúne todas as características que compõem a identidade musical da banda. O álbum é multifacetário, pois, além da sua estrutura predominantemente prog/power metal – marca da banda –, Inter Mundus desfila por diversas outras influências, entregando ao ouvinte uma miríade sonora que visita brasilidades (confira, a propósito, a faixa-título), alguns toques de hard rock (especialmente nas canções mais serenas) e passagens altamente atmosféricas.
O vocal é comandado pelo exímio cantor Leandro Caçoilo, dono de uma das vozes mais versáteis, potentes, poderosas e afinadas atualmente em atividade na cena nacional.
Fatos, aliás, dizem mais que palavras: ele entregou seus vocais, de forma absolutamente admirável – e, diria eu, IMUNE a críticas – em trabalhos de estilos díspares entre si. Cantou, por exemplo, em bandas como Hardshine (que toca um melodioso hard rock, avizinhado ao AOR) ao mesmo tempo que emprestou sua voz a bandas como Seventh Seal (com seu estilo mais direto e agressivo de heavy metal, na linha do Nevermore) e Viper (com uma abordagem mais voltada ao power metal melódico).
É pouco? Em bandas com propostas musicais tão diferentes, Leandro Caçoilo apresentou, sempre e indistintamente, desempenhos absolutamente memoráveis, encaixando seu timbre e sua técnica com justa precisão nas exigências da música. Com Caravellus não foi diferente.
Inter Mundus entrou para a minha lista particular de melhores lançamentos de 2022. Enfatizo: vale a pena conferir.
4. Banda: Rage in my Eyes
Álbuns indicados: Ice Cell e Spiral - EP
O Rage in my Eyes atendia, anteriormente, pelo nome de Scelerata. Eles foram banda de apoio do Paul Di’anno por alguns anos no Brasil e, há não muito tempo, o conjunto abriu um dos shows do Iron Maiden em nossas terras.
Escrevi, há alguns anos, uma resenha sobre o álbum Ice Cell e, outra, sobre o EP Spiral, do Rage in my eyes, ambas publicadas no site whiplash.net.
Convido à leitura, acessível por meio dos seguintes links:
Rage in my Eyes é, atualmente, ao lado do Wizards, a minha banda nacional favorita.
5. Banda: XFears
Álbuns indicados: The First e Don’t Wait – single
O Xfears, banda radicada em Campinas/SP, pode ser considerada, de certa forma, veterana na cena, tendo surgido no já distante ano de 2002. Contudo, apenas a partir de 2020 – décadas depois do seu surgimento –, o conjunto começou a lançar materiais. E fê-lo com impressionante qualidade.
O álbum de estreia, The First, lançado em 2021, entrega um som pesado e denso, envolto numa aura com camadas obscuras, potencializados, inclusive, pelo vocal limpo e grave de Gabriel Carvalho.
A estrutura musical é construída e desenvolvida em meio a uma sonoridade progressiva que, em avaliação pessoal, invocou, diretamente, nomes como Evergrey, Communic, Beyond Twilight e, em certa medida, Pain of Salvation.
Em Don’t Wait, single recém-lançado, a banda explorou musicalidade mais animosa, com altas cargas de energia e passagens centradas mais enfaticamente nos teclados, numa linha baseada, predominantemente, no hard rock AOR.
Gabriel Carvalho mostrou, aqui, enorme versatilidade, ao comandar seus vocais num ritmo diferente daquele essencialmente executado no álbum de estreia. Ao longo da canção, a voz apresenta uma tonalidade um pouco mais "rouca" – bastante marcante, por sinal! –, mas, alternando-se, também desfila por notas mais agudas, elevando-se e emprestando à canção, como resultado, uma multilateralidade que torna a audição altamente aprazível.
O single é composto exclusivamente por essa canção, um deleite inaugural que deixa ao ouvinte grande expectativa pelo porvir (que, espera-se, seja breve). O típico gosto de "quero mais".
É isso!
Eis o texto inaugural. Minhas dicas, portanto, foram essas: Twilight Aura, Aquaria, Caravellus, Rage in my Eyes e Xfears.
Em breve, mais.
Boa audição.
Até a próxima!
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