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Shows Internacionais de Rock no Brasil: Capítulo 2 - Neil Sedaka em 1959

Por Daniel Queiroz
Postado em 24 de novembro de 2021

Caros amigos, dando sequência a série sobre os shows de rock internacionais realizados no Brasil, vamos contar sobre o Show de Neil Sedaka que fez apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba em 1959 considerado o segundo show de rock internacional realizado no Brasil.

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Neil Sedaka nasceu no Brooklin, Nova York, em 13 de março de 1939. Filho de um casal Judeu que foi para os EUA em 1910 vindos da então Constantinopla, hoje Istambul. Seu pai, Mordechai "Mac" Sedaka era taxista, e sua mãe Eleonor Sedaka trabalhou numa loja de departamentos.

Desde pequeno, Neil Sedaka já demonstrava aptidão musical. Ao frequentar as aulas de coral, no segundo ano do primário, seu professor mandou um bilhete para seus pais sugerindo que ele tivesse aula de piano. Niel Sedaka fez teste para concorrer uma bolsa na Juilliard School of Music, após sua aprovação passou a frequentar às aulas aos sábados. Eleonor Sedaka desejava que seu filho se tornasse um pianista clássico.

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Sedaka começou a descobrir a música pop, essa inclinação para a música pop não agradou sua mãe. Quando Sedaka tinha 13 anos um vizinho o ouviu tocar e apresentou o seu filho, Howard Greenfield. Eles se tornaram parceiros musicais e juntos produziram diversas músicas no início da carreira do jovem compositor.

Depois de se formar na Abraham Lincoln High School, Sedaka e alguns colegas formaram uma banda chamada Linc-Tones. A banda não teve notoriedade nacional, apenas regionalmente com as canções: "While I Dream", "I Love My Baby", "Come Back, Joe" e "Don't Go". Sedaka lança sua carreira solo ao deixar o grupo em 1957.

Já na carreira solo, Sedaka lançou três singles: Laura Lee", "Ring-a-Rockin '" e "Oh, Delilah!" Apesar de não serem grandes sucessos, proporcionaram algumas apresentações no programa de Dick Clark. Os responsáveis pela gravadora RCA Victor gostaram das suas apresentações e fizeram o convite para assinar com a gravadora.

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Seu primeiro single para a RCA Victor, "The Diary ", foi inspirado em Connie Francis, uma das clientes mais importantes de Sedaka e Greenfield. Enquanto os três faziam uma pausa temporária durante a criação de uma nova música. Connie Francis estava escrevendo em seu diário, Sedaka perguntou se podia ler, ela disse que não.

Tendo Little Anthony and the Imperials como banda de apoio, Sedaka a gravou, e seu single de estreia atingiu o Top 15 na Billboard Hot 100, chegando ao 14.º lugar em 1958.

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Os outros singles de Sedaka não foram muito bem nas paradas de sucessos, com a isso, a RCA Victor pensou em romper com o contrato. Sedaka e seu gerente Al Nevins pediram mais uma chance a gravadora. Com medo de um novo fracasso, Sedaka comprou os três maiores singles de sucesso da época e os ouviu repetidamente, estudando a estrutura da música, progressões de acordes, letras e harmonias antes de escrever suas próximas músicas.

"Oh! Carol" deu a Sedaka seu primeiro hit doméstico no Top 10, alcançando a 9ª posição na Billboard Hot 100 em 1959 e indo para a 1ª posição nas paradas pop italianas em 1960, dando a Sedaka sua primeira posição no ranking. No Reino Unido, a canção passou um total de 17 semanas no top 40 chegando 3.º lugar em 4 semanas. 

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O título da canção foi inspirado no nome da sua namorada da época de colégio, a compositora e cantora, Carole King que autorizou o nome da música. O marido de Carol King, na época, aproveitando o sucesso de "Oh! Carol" escreveu a canção resposta "Oh! Neil", mas não obteve o mesmo sucesso.

Em 1958, Neil Sedaka lança o disco que lhe daria maior notoriedade. Nele estava a canção "stupid cupid" música que ele e Howard Greenfield fizeram para Connie Francis que a considerou na época o seu hit. Na voz de Francis a canção alcançou o 14.º lugar na parada de sucesso da Billboard.

Em 1959, Sedaka apesar de iniciante na carreira já começa a ter uma pequena popularidade nos EUA e foi aconselhado a não cometer o mesmo erro de Elvis que não se apresentava fora dos EUA. Seguindo o conselho de editores e agentes, ele deveria fazer apresentações em outros países como forma de consolidar seu nome internacionalmente.

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Neil Sedaka no Brasil

Em março de 1959, a Odeon lança o primeiro single da Cantora Celly Campello no lado "A" a canção "The Secret" de joe Lubin e L. J. Roth e no lado B "Estupido Cupido" versão de "Stupid Cupid" composição de Neil Sedaka e Howard Greenfield. Apesar de colocada no lado B "Estupido Cupido" estourou nas rádios fazendo mais sucesso aqui, que a original gravada por Connie Francis no ano anterior, levando as pessoas a ter curiosidade em relação ao trabalho dos compositores.

Em 28 de abril de 1959 a coluna "Discos J. Pereira" do Jornal paulista "Diário da Noite" anunciava que a RCA Victor lançaria o 78 rotações de Neil Sedaka com a música "The Diary" A coluna já o colocava como futuro substituto de Elvis, destacava também o lado B do disco que vinha com a canção "No Vacaney" e já destacava que "The Diary" já era um hit nos EUA, dessa forma foi que muitos brasileiros ouviram falar pela primeira vez em Neil Sedaka.

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Em junho de 1959, entre os discos mais vendidos, The Diary do Neil Sedaka e a versão de Fred Jorge para estúpido cupido na voz de Celly Campello lideravam as vendas. A música the Diary foi hit no Brasil isso adicionado ao sucesso de Celly Campelo fez com que a TV Tupi contratasse o cantor Neil Sedaka para uma série de apresentações.

No final do mês de outubro, os jornais já noticiavam a vinda do cantor norte-americano para o país, essa notícia agitou a "brotolândia" como falavam os cronistas na época. O Produtor Airton Rodrigues, das Emissoras Associadas da qual fazia parte a TV Tupi, foi um dos que mais trabalhou para contratação do cantor americano.

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No dia 08 de novembro, Neil Sedaka desembarca no aeroporto de Congonhas em meio a muita confusão e uma recepção de aproximadamente 5000 mil pessoas, destaque para: Ângela Maria, Wilson Miranda e Carlos Gonzaga. Esse último, tinha acabado de gravar uma versão para "Oh! Carol".

No aeroporto os fãs soltaram fogos, levaram faixas, sem falar da confusão. Um fato muito curioso que ocorreu foi com o fotógrafo, Valetim Zacks, do jornal Última Hora que ao tentar tirar uma foto foi empurrado pela multidão caindo e ferindo-se levemente. O cinegrafista, Cruz dos Diários, também sofreu agressões. Com essa confusão generalizada e com muito empurra-empurra mais de 60 policiais foram mobilizados para acalmar e conter a multidão que aguardava Neil Sedaka.

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As personalidades que esperavam o artista também foram muito assediadas, Ângela Maria distribuiu autógrafos causando também um alvoroço na parte interna do aeroporto. Às 15h35min, no voo da Varig, Neil Sedaka pousa em solo brasileiro acompanhado pelo seu pai. Com apenas 16 anos, Sedaka, ficou surpreso com a calorosa recepção.

Ao chegar, tirou algumas fotos e acenou para os fãs e seguiu num jipe dos Diários Associados até o Othon Palace Hotel, no percurso foi seguido por centenas de admiradores nos ônibus gratuitos que foram colocados à disposição, como também: em carros, lambretas e motocicletas.

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O cantor que chegou bem resfriado, pediu que fechassem os vidros do jipe que o transportava e ao chegar no hotel, repetiu que ficou muito surpreso com a recepção popular e chegou a achar que aquela multidão esperava alguma personalidade ilustre e confessou que ficou muito emocionado.

Hospedado no apartamento n.º 13 no 13.º andar, Sedaka deu suas primeiras declarações ao repórter do jornal paulista "Diário da Noite" onde contou um pouco da sua história e comentou alguns dos seus sucessos. Para melhor compreensão do que era perguntado, um intérprete deu assistência ao cantor.

Afônico e resfriado Neil Sedaka passou mal na hora do jantar. No dia seguinte, pela manhã, o cantor foi acompanhado pelo repórter dos Diários Associados a uma farmácia, o cantor que nunca tinha tomado uma injeção foi medicado com penicilina intramuscular. logo após, a da injeção, o cantor caiu desmaiado sendo praticamente carregado até o hotel e teve que cancelar seus primeiros compromissos na capital paulista.

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A agenda de Neil Sedaka em São Paulo teve seis apresentações no teatro Regência, localizado na rua Augusta e participações em festas e encontros sociais, algumas de suas apresentações foram transmitidas para rádio e TV.

Na sua estreia, no teatro Regência, não se viu o mesmo entusiasmo que houve na sua chegada, o teatro não estava lotado. Fizeram a apresentação de abertura Agnaldo Rayol, Betinho e seu conjunto, e Mariana Aragão. Sedaka ainda doente, por pouco, não cancelou sua estreia. Sua temporada em São Paulo não foi considerada um sucesso, alguns fatores como: falta de estrutura e organização podem ser considerados como uns dos motivos.

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Ainda em São Paulo, Neil Sedaka foi apresentado a diversas personalidades, dentre elas, estava a Cantora Celly Campello que estava fazendo muito sucesso com sua versão para "Stupid Cupid"

Na foto acima, Celly Campello, Neil Sedaka e no violão Theotonio Pavão (pai de Albert e Meire Pavão) em uma festa na residência de um produtor da TV Tupi.

No dia 16 de novembro de 1969, às 11h10 min, Neil Sedaka desembarca no aeroporto Santos Dumond no Rio de Janeiro. Mais uma vez o que se viu foram pessoas desmaiando e muita confusão, apesar de um público menor do que se viu em São Paulo. Mesmo assim, invadiram a pista de pouso, policiais da aeronáutica foram chamados para tirar o artista das mãos de seus admiradores.

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Sedaka ficou hospedado no Hotel Excelsior Horas. Depois foi a loja de discos "O Rei da Voz" onde deu entrevista e assinou autógrafos. Durante sua estadia no Rio de Janeiro, participou de programas de rádio, a exemplo, o programa "hoje é dia de Rock" apresentado por Jair de Taumaturgo; recebeu troféu "Radiolândia" no programa de Hélio Ricardo e apresentou-se no programa de Paulo Gracindo.

Fez sua estreia na Boite Fred´s com receptividade melhor do que em São Paulo. No Rio fez seis apresentações, algumas transmitidas por Rádio e TV e participou de intensa agenda social. Ainda fez apresentações em Curitiba nos salões do Curitiba Futebol Clube e no teatro Guaira. Em Porto Alegre se apresentou na Rádio Farroupilha e no Clube Náutico União e no instituto de idiomas Yazigi.

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Ainda em Porto alegre em entrevista, declarou que pretendia gravar uma música brasileira e citou o samba "E Daí" de Miguel Gustavo, gravado por Elizeth Cardoso. Entretanto, no seu disco "Circulate" de 1961, gravaria em português, "Felicidade" de Vinicius de Morais e Tom Jobim. Após essas apresentações, Neil Sedaka volta ao Rio de Janeiro onde se apresentou no aniversário da rádio Globo no mesmo dia do saxofonista de jazz Billy Eckstine.

Cumprindo sua agenda no Brasil, Neil Sedaka voltam para sua terra natal se declarando muito agradecido a calorosa recepção dos brasileiros e dizendo que sua família não iria acreditar quando ele contasse como foi recebido no país. Neil Sedaka voltou outras vezes ao Brasil para fazer show e passar férias.

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Nesse período, no Brasil, se destacavam duas empresas de comunicação: TV Tupi (Diários Associados) e TV Record (Rede de Emissoras Unidas) responsáveis em trazer artistas internacionais, ambas se alternavam nesse papel. Quem lembra do nosso primeiro episódio onde abordei a vinda de Bill Haley, pois coube a Rede Emissoras Unidas esse papel. A Diários Associados, coube trazer Niel Sedaka. No nosso próximo episódio sobre Paul Anka, a Rede Unidas iria ser responsável por sua vinda ao Brasil. Até o nosso próximo encontro.

Fontes:
Acervo digital da Revista "Revista do Rádio".
Acervo digital do Jornal "A Tarde (PR)".
Acervo digital do Jornal "Tribuna de Imprensa (RJ)".
Acervo digital do Jornal "A folha de São Paulo".
Acervo digital do Jornal "Diário da Noite (SP)".
Acervo digital do jornal "O estado de São Paulo".
Acervo digital do jornal "O Globo".
Acervo digital do Jornal "O Correio da Manhã".
Acervo digital do Jornal "Diário de Notícias (RS)".
Acervo digital do Jornal "Ultima Hora (RJ)".
Acervo digital da Revista "Radiolândia (RJ)".

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http://brazilian-rock.blogspot.com/2012/05/neil-sedaka-no-brasil-1959-1961-1962.html
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