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Anos 80: cinco nomes do metal que se entregaram ao glam metal

Por Igor Miranda
Postado em 02 de fevereiro de 2017

A diferenciação entre hard rock e metal existe de forma mais rigorosa no Brasil e em outras regiões isoladas. Nos locais onde essa sonoridade é produzida - Estados Unidos e Reino Unido, em maioria -, tudo fica, mais ou menos, no mesmo balaio.

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Não é de se espantar que em diversas partes do mundo, bandas separadas por tais sub-rótulos excursionem juntas e toquem nos mesmos festivais. A não ser pelo visual e por alguns momentos específicos, não há tanta diferença assim.

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Cientes disso - e, talvez, de olho em uma projeção comercial maior -, algumas bandas consagradas no metal fizeram trabalhos orientados ao hard rock oitentista. Ou glam metal. Talvez hair metal. Use a nomenclatura que preferir.

Fato é que tais momentos, que podem ser descritos até como "experimentais", geraram controvérsia. Separo, abaixo, cinco discos de bandas de metal que agregam influências do hard rock oitentista.

Ozzy Osbourne: "The Ultimate Sin" (1986)

A carreira solo de Ozzy Osbourne, especialmente em registros da década de 1980, nunca esteve 100% direcionada ao metal. Cada disco contém pinceladas do hard rock, seja em um estado mais "puro", com influências da década de 1970, ou em uma pegada mais oitentista.

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"The Ultimate Sin" é o disco mais orientado ao hard rock oitentista que Ozzy Osbourne poderia fazer. O cantor passava por problemas pessoais - causados, especialmente, pelo abuso de tóxicos - e pouco esteve presente no processo de concepção autoral do disco.

O trabalho ficou, basicamente, a cargo do guitarrista Jake E. Lee e do baixista Bob Daisley. Como resultado, fugiu um pouco das características sonoras do Madman. E, apesar dos bons momentos no álbum - que chegou a ter grande êxito comercial -, Ozzy não gosta do reslutado final. "É justo dizer que você possivelmente encontrará minha pior música no 'Ultimate Sin'", disse, em entrevista ao Guitar Center.

https://vimeo.com/132630023

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Judas Priest: "Turbo" (1986)

O Judas Priest resolveu experimentar até demais em "Turbo". Há muita tecnologia neste disco, que foi o primeiro da história do metal a ser gravado e mixado inteiramente em equipamento digital. Os sintetizadores e timbres quase eletrônicos são a principal característica de um álbum que tentou flertar com o hard rock oitentista.

O mau gosto na produção é amenizado pela qualidade do repertório. "Turbo" seria ainda mais valorizado pelos fãs se contasse com maior cuidado nas gravações. Ainda assim, foi o suficiente para ter bom desempenho comercial, com direito a uma 17ª posição nas paradas americanas - algo que não seria superado até "Angel Of Retribution" (2005).

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Rob Halford reconheceu, em recente entrevista ao podcast The Rock Brigade, os excessos de "Turbo". "Vivíamos a vibração de todos aqueles bons tempos cheios de festas e isto influenciou o disco. Grande parte dele foi feito nos Estados Unidos. Íamos ao Whisky, à Sunset Strip, Miami... cara, era um delírio total. E apenas estávamos curtindo aqueles tempos, a banda estava se divertindo muito", disse.

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Celtic Frost: "Cold Lake" (1988)

A inserção mais curiosa dessa lista. Uma banda de metal extremo se rendeu ao hard rock oitentista?

Não é bem assim. "Cold Lake", lançado em 1988, foi uma mistura confusa de influências - entre elas, o glam metal. Há passagens que remetem, também, ao heavy tradicional e, com algum esforço para se notar, o sleaze rock.

O problema é que soa deslocado. É um álbum ruim não pelo estilo seguido, mas pela produção confusa e pela falta de boas composições. E Tom G. Warrior concorda. "A produção, as fotografias, as letras, as músicas, a capa são uma porcaria, tudo o que o Celtic Frost significava não foi alcançado nesse álbum", disse, em entrevista ao Metal Temple.

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Saxon: "Destiny" (1988)

O Saxon já flertava com o hard rock em gravações anteriores, especialmente no antecessor direto de "Destiny", "Rock The Nations" (1986). A pegada mais melódica das composições já aparecia ali.

Em "Destiny", essa influência se expôs de vez. Há pitadas não só do hard rock oitentista, mas, também, do AOR. Soa como o Def Leppard de "Pyromania" (1983) ou o Dokken em geral - o que, para mim, é um elogio.

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Curiosamente, o disco mais "comercial" do Saxon foi um fiasco em vendas. "Destiny" não teve boa performance e o grupo acabou demitido da gravadora EMI, taxada como a principal responsável pela mudança de sonoridade do grupo à época.

Accept: "Eat The Heat" (1989)

Já no fim da década de 1980, o Accept resolveu apostar em uma sonoridade mais orientada ao hard rock. "Eat The Heat" aliou o útil ao agradável: o grupo precisava de uma nova faceta, já que o vocalista Udo Dirkschneider havia deixado a formação.

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O americano David Reece ocupou o posto de Udo e a banda guinou para um hard rock de pegada oitentista. A pegada melódica chega a assustar: não dava para saber que os músicos do Accept, por melhores que fossem, conseguiriam fazer canções tão grudentas como as presentes nesse disco.

A tentativa de conquistar um novo mercado fracassou e o Accept se dissolveu. Anos depois, Udo Dirkschneider retornou ao seu posto e a banda alemã nunca mais experimentou como em "Eat The Heat".

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Sobre Igor Miranda

Jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital pela Universidade Estácio de Sá. Começou a escrever sobre música em 2007 e, algum tempo depois, foi cofundador do site Van do Halen. Colabora com o Whiplash.Net desde 2010. Atualmente, é editor-chefe da Petaxxon Comunicação, que gerencia o portal Cifras, Ei Nerd e outros. Mantém um site próprio 100% dedicado à música. Nas redes: @igormirandasite no Twitter, Instagram e Facebook.
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