Finch
Por Bruno Sergio González
Postado em 06 de abril de 2006
Punk. O estilo seminal nascido no final dos anos 70 trouxe de volta à música a simplicidade e a energia direta do rock – Ramones e Sex Pistols respondendo a Pink Floyd e Rush, às cusparadas. Mas se o punk rock tinha testosterona sobrando, o mesmo lhe faltou de criatividade. O estilo encerrou-se em si mesmo, limitando-se à dez, quinze anos de variações sobre o mesmo tema, como num jazz genial – mas que nunca pára de recriar-se sobre os mesmos três acordes, e acaba cansando o ouvinte.
Dessa limitação surgiram variantes e derivados: o hardcore, mais voltado para o metal; o poppy punk, feito à mão para adolescentes gastarem sua mesada em cds anunciados na MTV; e o emo (também cretinamente chamado, no Brasil, de "hardcore melódico" (!)), onde a harmonia recebe importância maior. Nomes, rótulos – e mudanças pouco significativas. A maldição do punk perseguiu seus filhotes, e a aparente originalidade destes estilos acabou tão rápido quanto começou. Quantas bandas de poppy punk podem ser distinguidas de Green Day?
Aí chega o Finch. Ao invés de fazer simplesmente hardcore, emo ou poppy, eles misturam os três batidíssimos gêneros e criam um diferente. Um rock moderno, com pegada e ganchos pop grudentos, em constante alta voltagem, carregado de melodias bem compostas e linhas vocais que sobrepõem o melódico ao throat/gutural do death metal. As guitarras trazem os riffs de praxe, porém com mais corpo, fazendo um som bastante cheio e de cuidadosa composição/produção. Na cozinha (baixo/bateria), pouca improvisação, mas precisão e segurança de sobra.
Diferente da música que produzem, a história da banda não tem nada de original. Cinco guris do interior da Califórnia que odeiam sua cidade, Temecula, conhecem-se na high school e resolvem montar uma banda. Aprendem a tocar fazendo covers de Deftones. Lá pelas tantas começam a compor material próprio; um dos integrantes conhece o dono de uma gravadora e pronto, EP lançado, disco no forno, popularidade. O chiclete de ouvido "Letters to You" virou hit nas rádios americanas, graças a seu refrão impossível de evitar: é ouvir e sair cantando junto. "Perfection Through Silence", juntando harmonias típicas do emo e a agressividade padrão do hardcore, logo tornou-se a mais pedida nos shows. Uma band nascia, já com pretensões de banda grande.
A gravadora que os lançou é a Drive-Thru Records, meca do pop/punk/hardcore alternativo norte-americano. Sediada em Los Angeles, catapultou bandas como o incensado New Found Glory e é responsável pela maior parte das novidades do segmento (em seu catálogo, estão promessas como Allister, The Starting Line, Rx Bandits e Midtown). O primeiro EP do Finch, Falling Into Pieces, foi lançado em outubro de 2001 e vendeu 6 mil cópias – para uma banda quase independente, é um número astronômico. Em março deste ano, saiu What It Is To Burn, o primeiro álbum – e o que chama a atenção é que percebe-se um esforço gigantesco para dar o melhor de si em cada faixa. O resultado é um disco que, na técnica, parece ter sido gravado por veteranos, e na vitalidade, por adolescentes.
O Finch faz um tipo de música que não serve para fazer fundo. A grande intensidade das canções exige atenção do ouvinte. Doses exageradas de angústia, raiva e ... amor – o vocalista e líder da banda, Nate, adora desfiar reflexões e brigas apaixonadas em suas letras. Um toque de melancolia e ansiedade, mas nada de choradeira – afinal, o Finch é fiel à sua raiz punk.
O apelo forte também passa pela postura da banda. Eles são os caras que tocam na garagem ao lado, a banda da sua rua: garotada gente boa, de aspirações simples e diretas. Todos recém saídos dos 20 anos, contando histórias que jovens de 20 anos vivem, com a emocionalidade e a agressividade tão características dessa idade. E essa música revigorante e imprevisível torna-os seriíssimos candidatos a grande banda de 2003, ano em que o sucessor de What It Is To Burn deve ser lançado. É mais uma aposta na renovação do saturado mercado do rock americano, que há tempos vem perdendo espaço para europeus e brasileiros...
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
Slash quebra silêncio sobre surto de Axl Rose em Buenos Aires e defende baterista
Organização confirma data do Monsters of Rock Brasil 2026
A melhor música dos Beatles, segundo o Ultimate Classic Rock
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
A banda desconhecida que influenciou o metal moderno e só lançou dois discos
A capa de álbum do Iron Maiden que Bruce Dickinson acha constrangedora
A música solo que Ozzy Osbourne não curtia, mas que os fãs viviam pedindo ao vivo
Helloween retorna ao Brasil em setembro de 2026
A pior música do pior disco do Kiss, segundo o Heavy Consequence
"Um cantor muito bom"; o vocalista grunge que James Hetfield queria emular
Megadeth tem show confirmado em São Paulo para 2026
Guns N' Roses homenageia seleção brasileira de 1970 em cartaz do show de São Paulo
Bryan Adams retorna ao Brasil em março de 2026
O clássico do Queen que Elton John achou título péssimo: "Vocês vão lançar isso?"

Eles abriram caminho para bandas como o Guns N' Roses, mas muita gente nunca ouviu falar deles
Pattie Boyd: o infernal triângulo com George Harrison e Eric Clapton
Black Sabbath: os vocalistas misteriosos da banda


