Sigue Sigue Sputnik
Postado em 06 de abril de 2006
Por Charles Pereira
Você conhece o Sigue Sigue Sputnik? Não? Tony James? Piorou? E Billy Idol? Agora acho que melhorou um pouco... Mas o que Billy Idol tem a ver com esta história. Ele, diretamente nada, mas Tony James, sim... Os dois, lá nos idos dos anos 70, tinham uma banda chamada Generation X, que chegou a fazer um certo sucesso no circuito punk inglês da época.
No começo dos anos 80, a banda se desfez. Billy Idol foi colher seus frutos na América, recebendo o rótulo de "punk de boutique", enquanto Tony James pensava em formar uma banda imaginária perfeita. Passou meses vagando por lugares exóticos à procura de sangue novo, rostos diferentes e pessoas que não soubessem nenhuma nota musical e que tivessem apenas vontade de tocar.
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Através de um amigo, conheceu Neal X, guitarrista. Ele foi o primeiro membro do grupo, usava um enorme topete oxigenado e compartilhava dos mesmos gostos musicais de Tony James (Eddie Cochrane, Gene Vincent, Elvis Presley, etc...). Juntos, continuaram a sua peregrinação atrás de outros membros para a banda. Conheceram Martin Degville e Yana Ya-Ya, que eram donos de uma loja de roupas em Kensington Market. Os dois se tornariam o futuro cantor e a futura tecladista do grupo, respectivamente.
Martin Degville era um sujeito extravagante, o que era perfeito para as pretensões de Tony James. Já Yana Ya-Ya fazia o estilo "loura platinada". Para completar a loucura total, entraram dois bateristas (!?); Ray Mayhew e Chris Cavanaugh. O termo exato não é bem loucura e sim autopromoção. Tony James era responsável pelo forte visual e pelo marketing do grupo.
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Após reunir todo o pessoal, agora só estava faltando um nome para a banda. Tony James tinha lido no International Herald Tribune algo sobre uma gangue de rua em Moscou, chamada Sigue Sigue Sputnik ("Queime, Queime, Sputnik", em russo). E também se lembrou do fato de que Little Richards não quis mais cantar após o feito do satélite Sputnik, primeiro a completar a órbita terrestre. Estava definido, então. O nome seria Sigue Sigue Sputnik.
Com Tony James e Neal X tocando guitarras, eles passariam dois anos tocando clássicos dos anos 50 e 60 até que cada um descobrisse o seu potencial. Mesmo sem terem ainda composições próprias, eles se autodenominavam "a quinta geração do rock" e já chamavam a atenção por toda Londres. Foram capas de algumas publicações e receberam até uma proposta da CBS para gravar uma demo tape, recusada pela banda por "ainda não estar nos seus planos".
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Em meados de 85, fizeram seu primeiro show multimídia no Electric Screen de Londres. Com letras evocando sexo e tecnologia, eles tocaram todas as suas musicas que soavam como uma só. Mesmo assim os jovens da platéia se divertiram muito, o que atraiu a atenção dos agentes de gravadoras. Assinaram, então, com a EMI e lançaram o primeiro single, "Love Missile F1-11", produzido por Giogio Moroder (produtor e criador da disco music eletrônica). A música era bastante dançante, com guitarras espaciais e recheada de efeitos especiais e samples. De imediato, foi um sucesso na Europa e Japão.
Para conquistar o mercado americano fizeram um clip utilizando imagens de filmes como o Exterminador do Futuro e Apocalypse Now. Seguiram fazendo shows, muitos com incidentes violentos. Em junho de 86, saía o LP Flaunt It, gravado em apenas quatro dias e todo produzido por Moroder. O disco era interessante, apesar de quase todas as músicas se parecerem com "Love Missile F1-11".
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Lançaram um segundo single intitulado "21st Century Boy" e sofreram duras críticas. Mas as vendas do disco iam bem, especialmente no Brasil, onde venderam 150 mil cópias, mais do que na Inglaterra. Sabendo disto, convidaram, em 88, o produtor brasileiro Liminha (ex-Mutantes) para produzir o single "Dressed For Excess", faixa-título do segundo disco do grupo.
Porém, parecia que algo não ia bem na carreira do grupo. Dress For Excess, que trazia na capa a frase "This time it’s music ("Desta vez é música"), foi ignorado pela crítica e não alcançou sucesso perante ao público. Em 89, a banda iniciou no Brasil a turnê mundial de lançamento do disco.
No ano seguinte, lançaram The First Generation, LP que conta com versões demo de faixas do primeiro disco, três inéditas e mais uma cover ao vivo da música "Rebel Rebel", de David Bowie. Era o último lançamento do grupo, que se separou neste mesmo ano com a saída de Tony James, convidado para tocar no Syster Of Mercy.
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A idéia de juntar música, moda, cultura jovem e estratégia de marketing durou o quanto deveria durar, como disse Tony James "ficamos desiludidos com o fracasso inesperado do segundo disco". Em 2000, a banda retornou com Tony James, Martin Degville e Neal X, fazendo alguns shows. Mas a "piada" contada pela segunda vez já não era a mesma coisa...
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