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A História do Black Sabbath - Parte 5 - Reis da América

Por Denio Alves
Postado em 14 de novembro de 2000

O álbum Paranoid marca o início de uma série de acontecimentos que acabariam por definir de forma decisiva os rumos do Black Sabbath. Foi a partir daquela aparentemente despretensiosa bolacha de vinil, com um soldado paranóico pulando na capa, que a banda mor do nascente heavy metal, tal qual ele, saltou da mera condição de novidade underground dos subúrbios ingleses para o posto de hitmakers n.1 na América, prontos a desbancar muita estrela dos escalões pop de uma Billboard, por exemplo. A seguir, a consagração na estrada os levaria a experimentarem toda a sorte de excessos e loucuras-esses mesmos que você está imaginando...

Black Sabbath - Mais Novidades

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"Nunca vou me esquecer do adiantamento que recebemos pelo primeiro disco. Foram 105 pounds, e eu nunca havia ganhado tanto dinheiro em toda minha vida. Fui direto comprar uma camisa nova e a maior garrafa de Brut que encontrei. E o resto do dinheiro dei para meus pais."

Assim um bem-humorado Ozzy Osbourne descreveria a sensação que o primeiro álbum do grupo desencadeara, a um semanário inglês em 1972 - não só nele, mas em todos os outros membros da banda. Black Sabbath, o disco, era um monstro que havia criado vida própria nas paradas de sucesso inglesas e européias, e relegado dinheiro e alguma fama - não muito ilustre, a bem da verdade - àqueles quatro garotos miseráveis de Birmingham, em uma escala bem maior do que eles jamais poderiam imaginar.

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"De repente, recebíamos da Vertigo um adiantamento que era mais libras em nossos bolsos do que jamais poderíamos juntar em seis meses de apresentações - seis meses das piores e mais duras turnês que fazíamos no começo!" - diz Tony - "Aquilo tudo era como um sonho, que estava se realizando ali, na nossa frente."

Exatamente por isso, por causa da realização desse sonho, e para que se desse a sua perpetuação, é que a banda não podia parar - e tinha que continuar com gás total. Foi no clima de sucesso e alta polêmica que o primeiro LP estava gerando que foram marcadas e executadas as históricas sessões de gravação do disco seguinte.

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Programado para se chamar War Pigs, o segundo LP do Black Sabbath se concentrava ao redor de uma enorme peça do mesmo nome, quase uma suíte metálica com diversas mudanças de andamento, formada por uma sólida marcação de ritmo marcial (lembrando as marchas militares tocadas nos quartéis), que a certa altura descambava para uma elucubração de inspiração jazzística tocada com uma garra e peso sem precedentes, enquanto Ozzy lançava seus lamentos berrados em cima de tudo. Em certo momento, todo o caos sonoro dava lugar a um feixe repleto dos solos mais hipnóticos que Tony Iommi já produziu - psicodélicos e sorumbáticos como tudo de melhor que a banda fazia naqueles dias, e que determinava o clima de pesadelo em que se desenvolvia essa música, prevista para ser, portanto, a faixa central do álbum. Vinha sendo testada já nos últimos cinco shows ao vivo do Sabbath, embora a letra ainda fosse um enigma a ser desvendado em estúdio mesmo, horas antes da gravação, pois ainda não havia sido definida e Ozzy cantava algo diferente em cima da música a cada momento - algo que, mesmo após todo o sucesso da canção, não mudaria muito em diversos shows realizados durante o período 1970-1975, dada a mente do madman estar sempre torpedeada pelas mais diversas substâncias imagináveis, tornando impossível a memorização de tudo aquilo que se eternizaria em vinil.

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De qualquer forma, e com qualquer letra que fosse, "War Pigs" (Porcos de guerra) era uma crítica aos senhores da guerra, aos homens que comandam milhares em pelotões lançados à morte nas linhas de frente enquanto eles mesmos, protegidos pela hierarquia do exércitos, se mantêm resguardados nas elites militares e em seus quartéis. Em determinado ponto da música, a letra pega pesado, e não só nos oferece visões de generais se arrastando pelos campos de batalha ("On their knees war pigs crawling...") e implorando perdão enquanto são subjugados pelo demônio ("Satan, laughing, spreads his wings..."), como também critica as tropas, consideradas reles peões de xadrez na mão dos poderosos ("Treating people just like pawns in chess"... ).

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Lembremo-nos de toda a situação política da época, com o conflito envolvendo Estados Unidos e Vietnã, e notaremos que um Black Sabbath bem politizado estava vindo à tona nesta canção, criticando duramente as engrenagens do poder e da guerra, e fazendo uma clara alusão a todo o sentimento coletivo e contracultural de milhares de jovens que estavam já indo às ruas, fosse no Tio Sam ou em qualquer outro lugar, com cartazes de protesto nas mãos e palavras de ordem nas bocas, clamando pela paz e pelo fim da guerra. Neste sentido, podemos dizer que, mesmo indo na contramão da História, e de todos da fauna e flora bicho-grilo que protestava de uma forma mais cândida e serena no meio de todo aquele clima de confusão do início dos anos 70, o Black Sabbath estava protestando do seu jeito, disparando sobre tudo uma visão bastante ácida e crítica dos acontecimentos da época. Tony Iommi mesmo confessaria, anos depois:

"Muitas pessoas vivem me perguntando o que significa a figura na capa do disco. O que aconteceu foi que o ábum era para ser chamado de War Pigs, então tínhamos feito esta capa com um cara munido de escudo, capacete e espada, um verdadeiro soldado partindo para o ataque com uma expressão alucinada no rosto, representando tudo que está lá, na música. No entanto, depois, o título foi proibido, e tivemos que manter a capa original. Todos sabem, todos se lembram... na época, o negócio do Vietnã era um assunto tabu, um lance meio que proibido de se falar... todo mundo queria estar presente no mercado americano, e ele ainda nem havia abrido suas portas direito para nós. Mas nós realmente QUERÍAMOS muito que o álbum tivesse sido batizado em sua concepção original, queríamos meter o dedo na ferida e fazer aquela crítica. Era o que todos queriam na época: dar sua posição sobre o que estava acontecendo, oferecer o seu ponto de vista."

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É isso aí. Ainda que "War Pigs" pertencesse à famosa vertente de músicas do Black Sabbath que tocam no nome do "chifrudo" e possuem referências à influência maligna das forças das trevas sobre o nosso mundo, esse não era, nem de longe, o verdadeiro motivo para que fosse censurada pelo pessoal da gravadora.

A Vertigo Records, inicialmente, tentou fazer a cabeça dos rapazes para que "War Pigs" não fosse nem lançada. Entretanto, isso era demais: era consenso entre todos que aquela era uma das melhores e mais fortes composições que eles já haviam feito, e só pensar em propôr tal coisa a Ozzy iria certamente resultar no fim prematuro do Sabbath na Vertigo (que, com todo o sucesso deles, definitivamente não desejava isso). O próprio produtor da banda, Roger Bain, se rebelou, tachando tal atitude de "crime artístico". Bem, então como não dava pra tirar a música, que o seu destaque fosse ao menos minimizado. Além de retirar o seu nome da capa do LP, que ela fosse jogada para uma posição de terceira ou quarta faixa no lado B do vinil, com um outro nome, talvez - algo diferente, um pouco mais "ameno". "Nem pensar - o lugar dela é abrindo o disco, no lado A", foi o posicionamento de Jim Simpson, representando Tony e Ozzy, em uma reunião com alguns executivos da Vertigo, duas semanas antes do lançamento do álbum. E, depois de muita discussão, afinal, foi decidido que tudo bem, mas com uma ressalva: se nas primeiras três semanas de vendagem nos EUA, o álbum não fosse além de um certo número "X" de cópias previsto numa cláusula pela Vertigo, então todas as tiragens seguintes do disco seriam prensadas do modo deles, fazendo as alterações (censuras) necessárias.

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Durante as gravações do LP, no entanto, ficou bem claro que o disco não seria só "War Pigs", no entanto. Muito pelo contrário: é o disco, até hoje, que concentra o mais brilhante conjunto de composições do catálogo da banda. Estão lá clássico após clássico: "Iron Man", "Fairies Wear Boots", "Planet Caravan", "Electric Funeral", "Hands of Doom"... além, é claro, de "Paranoid".

A estória por trás desta bombástica pequena obra-prima - com os seus 2:45, foge totalmente aos padrões das grandes viagens do heavy metal! - é folclórica. Iommi gosta de brincar, até hoje, que se o primeiro álbum do Black Sabbath não gastou mais de dois dias para ser gravado, o segundo demorou "bem mais": quatro dias. O que acontece é que o esquema de trabalho da banda, naqueles tempos, era o mesmo sempre que se reuniam para gravar: Tony e Geezer chegavam com alguma coisa que tinham em mente e passavam a Bill e Ozzy, para eles irem pensando em percussão e letra, respectivamente. Poucas horas (ou mesmo minutos) depois, as idéias eram discutidas, as peças iam se encaixando, e começavam longas jam sessions em que as contribuições dos quatro iam tomando forma e lugar, até que todos gostassem do que estavam ouvindo. "Paranoid" foi o resultado de uma dessas jams, justamente a última que realizaram para o disco, originada de uma parte rápida em que Tony e Geezer vinham trabalhando e na qual foi acrescentada uma levada acelerada e estonteante de Bill. Ozzy começou a improvisar em cima, com uma letra que era a reminiscência do que ele havia sentido ao romper com uma garota com quem tivera um pequeno caso ainda em Birmingham, um pouco antes da segunda turnê do Earth a Hamburgo - um fim de namoro que deixara o vocalista abalado, e o fizera tomar um porre sensacional quando da chegada a Hamburgo, deixando todos que o viam com a impressão de que estava "paranóico", e realmente transtornado. Suzy, a moça em questão, vivia reclamando que Ozzy "não se acertava" nunca, e com um comportamento animalesco daqueles, nunca chegaria a ser um pop star, deixando o vocalista profundamente magoado. "Finished with my woman / 'Cause she couldn't help me with my mind..." (Terminei com minha mulher / Pois ela não podia me ajudar com minha mente...) começava a letra, que era uma transposição, feita para o relacionamento marido / esposa, deste antigo relacionamento de Ozzy.

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A tal "parte rápida" da jam, já apelidada de "Paranoid" por todos assim que Ozzy terminou de cantar, foi composta em não mais que cinco minutos apenas, e o engenheiro de som que pilotava a mesa naquela noite, Tony Allom, propôs que a tocassem novamente para que ele pudesse gravá-la de modo adequado, mas só a tal parte rápida, fazendo dela uma "canção inteira", separada do resto da jam e das improvisações. Assim deveria ser pois já tinham muito material para o álbum, e talvez aquilo pudesse ser usado só para preencher um espaço - "sabe como é, uma brincadeirinha só pra encher lingüiça em um dos lados, A ou B", disse Allom. Tony e Geezer, então, bolaram rapidamente aquela esperta introdução, fizeram sinal para a entrada da batera de Bill, e... PAU!

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Saiu como saiu. Em menos de três minutos, a "brincadeirinha" estava gravada e pronta para ser, para toda a posteridade, um dos mais célebres clássicos eternos do rock pesado.

"Paranoid", a música, exerceria uma influência tão grande sobre a música pop, em geral, que até bandas punk, como toda aquela geração revoltada e "básica" do final dos anos 70, reverenciaria o Black Sabbath (pelo menos o daqueles primeiros discos) como uma banda "legal", e acima de qualquer suspeita, sem qualquer estrelismo... gente como The Damned e outros chegavam mesmo a tocá-la como aquecimento, nas passagens de som de suas apresentações e em shows, tal a energia que a música passa.

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No final das contas, terminado antes da metade de setembro de 1970, o disco foi ouvido pelos cabeças da Vertigo e, diante de toda a briga por causa da faixa-título, a maioria deles se apaixonou por "Paranoid", e a elegeu o carro-chefe do LP e a música a dar título para o mesmo. Num primeiro momento, Geezer, ao ser informado da decisão, levou tudo em tom de galhofa, falando para Ozzy: "O quê?!? Estão brincando? Agora, se fizermos "hip-hip-hurrah" no estúdio, eles vão querer lançar como single também???".

A verdade foi essa. Apesar de ser uma espécie de "hino oficial" do Black Sabbath, meio que a contragosto deles - como Bill que, por exemplo, considera "Black Sabbath" a música oficial da banda - "Paranoid", na época, foi considerada meio "simples" demais e até ridícula para ser lançada como faixa-título do segundo trabalho da banda. Houve até quem achasse que era uma canção "comercialóide" demais para os padrões do Black Sabbath - como Tony Iommi, fumando mais erva do que tudo e então imerso nos climas alucinógenos e sombrios de coisas como "Planet Caravan" e "Electric Funeral". "Penso que estão querendo nos fazer de banda do Top of the Pops", disse Tony, num comentário irônico, a um dos donos da Vertigo antes do lançamento do disco, numa referência ao programa da TV inglesa que lembrava o antigo Globo de Ouro da televisão brasileira, em que os astros populares consagrados dublavam os seus sucessos numa apresentação bem cafona... Mal imaginava Tony que o compacto de "Paranoid" os levaria, justamente, para a sua primeira apresentação diante do grande público inglês na TV, em novembro daquele ano, justamente no... Top of the Pops!!!

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Chega outubro de 1970, e Paranoid, o segundo álbum do grupo, é lançado. E que lançamento: o disco praticamente escoa das prateleiras de todas as lojas do mundo para os toca-discos de milhares de fãs no mundo inteiro. Nos EUA, a reação não é diferente, e já sinalizando o interesse que os americanos teriam pela banda, da qual já vinham ouvindo falar através dos rumorosos buchichos da imprensa britânica, consomem Paranoid como se fosse Coke: chega a disco duplo de platina na América, pouco após atingir a mesma posição na Inglaterra, conquistando o nunca antes imaginado primeiro lugar da Billboard. Pronto, o mercado americano estava conquistado. Até o final daquele ano, o primeiro álbum da banda seria lançado também em sua versão americana, e até dezembro, receberia também a primeira posição, e o disco duplo de platina, confirmando a inevitável ascensão do Black Sabbath na terra de Tio Sam - e, por conseguinte, no mundo inteiro. De repente, não havia mais Led Zeppelin, não havia mais Blind Faith, ou Deep Purple. O lance do momento era o Black Sabbath - só se falava neles. Todo mundo comentava era sobre eles. Ozzy, Tony, Bill e Geezer foram à loucura. Aquilo era demais - eles estavam, por assim dizer, realmente no topo do mundo. Datas marcadas em todos os lugares: de Boston a Los Angeles; de Estocolmo a Paris; de Londres a Nova Iorque. Nos palcos, a banda prossegue imbatível, com performances avassaladoras. O dia 20 de dezembro está marcado no Olympia de Paris, com um contrato com a rede de TV inglesa Granada para que o show fosse filmado, focalizando a clássica apresentação da banda, enérgica e visceral, naqueles tempos áureos - o que originaria o filme Black Sabbath - Live in Paris, o primeiro documento visual do quarteto.

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Como eles, igualmente estupefatas e orgulhosas estavam as suas famílias. Afinal, aqueles quatro garotos maltrapilhos, imundos, fadados ao fracasso e à pobreza, estavam agora em uma posição de inigualável prestígio que gente como eles, da cinzenta Birmingham, nunca sonharia ter um dia.

Ozzy, cada vez mais em Londres com os outros integrantes, e portanto cada vez mais distante de sua querida família, ao saber do êxito de Paranoid nos charts americanos, sai com dois amigos, enche a cara com três doses duplas de White Horse, e liga para seus pais: "Somos reis na América agora!!!". Em seguida, liga para uma atônita secretária dos escritórios da Vertigo, em Londres mesmo: "E aí, amorzinho, que tal sair com o rei do mundo agora? Ah, aproveite e diga aos bundões aí que eles PODEM COMER AQUELE CONTRATO COM A CLÁUSULA DA PRENSAGEM...". Era a bastante peculiar vingança de Ozzy da tal cláusula que previa a reestruturação estratégica do álbum Paranoid caso fracassasse em solo americano...

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A tal capa do soldado de espada ainda estava lá, no entanto. Ozzy não deixa por menos e, em uma entrevista concedida após a cerimônia de entrega do disco duplo de platina pelas vendas de Paranoid ele comenta sarcasticamente: "O que diabos um cara vestido de soldado tem a ver com estar paranóico (Paranoid), eu não sei. Acontece que a banda não teve muita interferência no processo de criação da capa do disco, apenas reprovando ou aprovando a arte final. Só que não houve tempo de mudar." A mensagem, entretanto, estava bem clara - bastava ao ouvinte abrir o invólucro de plástico do LP e pôr a bolacha preta para rodar, já ali, em sua primeira faixa. "War Pigs" se tornaria uma das preferidas do público em todos os shows seguintes da banda, e outra presença constante e obrigatória em todas as suas apresentações, fazendo com que até nos esqueçamos que o disco não se chama War Pigs. Black Sabbath, 1 X gravadora, 0.

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As tais zicas com seitas satânicas continuavam. Entretanto, em proporção menor. E agora, pelo menos, a atitude da banda já era outra, sem aquela inocência de antes, quando haviam sido pegos de surpresa pelo impacto da fama. Era uma atitude mais madura - para não dizer maliciosa e extremamente sacana, galhofeira. Após um dos shows de lançamento de Paranoid, em Bath, na Inglaterra, por exemplo, Ozzy se retira para as coxias e é interceptado por duas groupies de look devasso, que têm cruzes invertidas inscritas em suas têmporas. Ambas o fitam assustadoramente, com olhares vidrados. Ozzy pensa na hora: "esse maldito speed ainda mata essas meninas uma hora. Pobres coitadinhas, vítimas do ácido...". Uma das garotas lhe dirige a palavra: "Somos duas enviadas da seita de Azrath, de posse do poderoso e glorioso Lúcifer, e estamos aqui, em nome do Senhor das Trevas, para lhe reverenciar, ó astro maravilhoso!". Ozzy dá uma boa olhada para a moçoila, de cima para baixo: belos cabelos, que olhos, que peitinhos... e que ancas, essas pernas maravilhosas... Ele olha para a outra, uma loira apetitosa. O mesmo esquema. Não lhe restam dúvidas. "Pois bem, garotas. Venham comigo para a reverência, então...".

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A partir dessa época, não são poucos os relatos de orgias mil na estrada: o Black Sabbath adentra o mundo libidinoso do rock setentista, a ponto de competir com o Led Zeppelin e outras sumidades nesta categoria durante os anos seguintes. Várias "bruxinhas" como aquelas de Bath - invariavelmente tietes loucas de erva ou que topavam tudo para passar algum tempo com seus ídolos - passariam a ser vistas fazendo alguns belos "trabalhos de sopro" em Ozzy antes e após os concertos da banda, nos bastidores. Isso quando o vocalista não resolvia levar duas, três, ou mais delas, para verdadeiros bacanais alucinados em quartos de hotéis. Esse acabou sendo, na esmagadora maioria das vezes, o destino que as tão conclamadas "adoradoras de Satã" que seguiam o Black Sabbath acabaram tendo, ao longo da década de 70.

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Noutra feita, uma garota histérica ligou para o escritório da banda em Londres. Bill atendeu. Ela se dizia uma maga que gostaria de fazer parte da "doutrina sombria" do grupo. "Pois não. Tens amigas que também queiram fazer parte?", perguntou Bill. Positivo. "Venha cá então. O endereço é tal, tal... Ah, e não se esqueça de trazer as velas!". Meia hora depois, dois táxis estacionam na frente do QG montado pela Vertigo para a banda, um após o outro. Deles saltam sete beldades dispostas a tudo. Roupas todas de couro, escuras - "bruxinhas" com pinta de ninfomaníacas. São recebidas por Bill, Ozzy, Geezer, e um assistente de publicidade do grupo, que andava com eles na época. Bill encara uma das garotas e lhe pergunta: "E aí, se lembraram de trazer velas?". As luzes do local são apagadas e apenas luzes de velas iluminam o ambiente, enquanto os quatro vão bolinando as garotas, uma a uma, já quase totalmente despidas, dando início a um verdadeiro "ritual". Bill pega uma vela, uma das mais grossas, e põe na mão de uma das meninas. "Agora mostra aí pra gente... como se enfia direito uma vela no...". Ozzy e os outros ficam alucinados vendo a cena ali, à meia-luz, a garota se masturbando com aquela vela grossa, enquanto as outras boqueteiam todo mundo. Após a "introdução" do culto ali feita, Geezer pega a garota que fez a performance da vela e se retira para um dos recintos, se propondo a desempenhar o papel que fora da vela. Todos riem, dando belas gargalhadas e volumosos goles de Martini. Anos 70, sem dúvida...

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

A banda desembarca nos EUA e, durante a investida em solo ianque, percorrem Nova Iorque, San Francisco, Los Angeles, Long Island, Cincinatti e Boston, entre outras. Ficam impressionados, especialmente Ozzy e Bill (irmanados na beberragem e na porra-louquice), com o despojamento das groupies americanas, que já vão transando sem qualquer cerimônia. Uma dessas animadas garotas, após fazer sexo com Ozzy em pé, detrás de um amplificador enquanto a banda passava o som para o show da noite, tira da bolsa um baseado grosso como um charuto cubano e o oferece a Ozzy, alegando que é a melhor erva que ele jamais fumou em sua vida. "Uaaaaau!" - o vocalista quase enlouquece com o tamanho e a pureza daquele joint descomunal.

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Se por um lado, as coisas iam bem no sentido fama-mulheres, o mesmo não podia ser dito do quesito dinheiro. Bem, não exatamente no tocante à parte lucrativa, pois os membros do Black Sabbath estavam a um passo, ou menos do que isso, de se tornarem os novos milionários ingleses do rock. O problema era o empresariamento - uma pedra no sapato da banda durante toda a sua carreira.

Um pouco após o lançamento de Paranoid, Tony é aconselhado por um amigo a pedir de Jim Simpson uma prestação de contas formal de tudo o que já havia sido ganho e gasto pela banda até ali. Ao se deparar com toda a papelada, ele se surpreende ao notar que uma grande parte dos gastos ali descritos com roadies e equipamentos não condizem com a realidade, e mostra as notas a Geezer, que também fica atônito. Então, uma noite, após um concerto em Bristol, os quatro resolvem ter uma reuniãozinha com Simpson para discutir os negócios. A desculpa é a de que querem traçar planos para os próximos discos e turnês - entretanto, Tony, Ozzy, Bill e Geezer já sabem, ao adentrarem com Simpson o pequeno salão do hotel onde estão hospedados, que estão decididos a dispensar os seus serviços, conforme a desculpa que ele dê para o sumiço de uma grande soma de dinheiro dos cofres da banda. O esquema amador - e nebuloso - de agenciamento de Jim Simpson estava agora difícil de ser suportado.

O empresário tenta sair pela tangente várias vezes, e com a sua típica diplomacia ferina e conversa calma, tenta enrolar os rapazes da banda com explicações sobre os custos de se agenciar uma banda como o Black Sabbath - sobre ter que viajar daqui para ali, arcar com despesas de pessoal, manter uma assessoria de imprensa etc. Em suma: além de justificar todo a alta grana que vinha consumindo do income do Sabbath, Simpson ainda aproveita para alertar os rapazes sobre o aumento de sua fatia no bolo, que julgava ser inevitável com o crescente sucesso do grupo! Aquilo revoltou Ozzy, que no final das contas, já não estava mais com a cabeça para tanto papo furado e começou a agredir Simpson verbalmente, iniciando uma pequena confusão. Pelo menos Bill e Geezer ainda mantiveram a cabeça no lugar, e seguraram o cantor, impedindo que ele avançasse em Simpson. Este, irritado, berra com eles: "Vocês nunca vão arranjar alguém como eu!", ao que Tony responde: "Encerrado, Jim. Fim de conversa: você está fora." Até o final de novembro, eles chegariam a um acordo financeiro sobre a saída de Jim Simpson de cena, com a ajuda de advogados. O empresário, no entanto, ainda acabaria levando a banda à corte no ano seguinte, alegando ter sido prejudicado nas negociações. Era só o começo das longas dores de cabeça que o Black Sabbath ainda teria por causa não do heavy metal, mas do vil metal.

São contratados, então, para cuidar dos negócios da banda, Patrick Meehan e Wilf Pine, dois profissionais que já haviam trabalhado com diversas bandas pop e rock inglesas, e que eram conhecidos do pessoal do Savoy Brown, uma banda de blues pesado de quem Ozzy e cia. haviam ficado amigos desde uma digressão conjunta, ainda no início de 1970, em Edmonton. O audacioso Meehan seria um dos responsáveis por tornar conhecido, no mundo do rock, o esquema "Black Sabbath" de se trabalhar: turnês incessantes e intermináveis, o direcionamento total de interesse nos álbuns, relegando singles a um plano inferior (assim como o Le zeppelin fazia), e a promoção baseada na imagem satânica da banda, mas não de um modo explícito, escancarado - mas sim, simplesmente sugerido, o que se pode notar a partir dos trabalhos gráficos do logo da banda e da capa de Sabbath Bloody Sabbath, de 1973.

Uma das primeiras atitudes de Meehan ao assumir o cargo é providenciar alguns promos para o Black Sabbath, os chamados "vídeos promocionais", que seriam os avós dos videoclips como hoje os conhecemos - pequenos filmes com imagens da banda tocando alguns de seus sucessos, para serem veiculados pelos grandes canais de TV de todo o mundo. Uma idéia arrojada para a época, bancada apenas pelos astros de música que tinham mais dinheiro, mas já bastante eficiente para um artista se fazer presente em terras bem além de suas fronteiras, onde dificilmente teria chances de ser chamado para tocar. Como sustentava Meehan, a divulgação da imagem de um grupo é algo importante - o que ficaria claro com a gravação do show em Paris no mês seguinte, ainda que em esquema amador, com câmeras Super-8. Logo após a apresentação do Sabbath tocando "Paranoid" no Top of the Pops do canal da BBC, que teve uma excelente audiência no Reino Unido, Meehan escolheu duas canções do álbum para produzir os clipes: a própria "Paranoid" e a fantástica "Iron Man" - uma canção inspirada em contos de ficção científica que, com seu riff cortante, falava sobre a incrível saga de um homem que prevê o apocalipse e, após ser desprezado por todos à sua volta, domina o mundo e se revela o próprio causador da destruição. Poucos sabem, mas a idéia original de Tony ao compor "Iron Man" era a de se produzir, em cima da canção, uma verdadeira ópera rock, aos moldes de Tommy, do The Who, ou a suíte Atom Heart Mother, do Pink Floyd. A idéia, no entanto, diante do gritante desinteresse de Ozzy, bem como da gravadora, não vingou.

No final de novembro, então, são exibidos em rede nacional, na Inglaterra, Alemanha e nos Estados Unidos, os vídeos promocionais de "Paranoid" e "Iron Man", em diversos programas de variedades e musicais. Ao assistirem ao resultado, os integrantes da banda se surpreendem: exibidos até os dias atuais na MTV e conhecidos como "os clipes psicodélicos do Black Sabbath", os vídeos haviam sido gravados com a então novíssima tecnologia do vídeo-tape, e mostram a banda tocando sobre um fundo repleto de imagens lisérgicas em movimento, como banhos de cores e uma modelo de feições andróginas, bem ao estilão da época. Ozzy veste roupas de couro, enquanto Bill esmurra um kit-miniatura de bateria que causa risos e espanto nos que hoje assistem a estas "jóias". Apesar da reação inicial de estranhamento ao acabamento dos clipes, que nada têm a ver com o que as letras das músicas falam (bem, "Penny Lane" e "Strawberry Fields Forever", dos Beatles, também não tinham!), Ozzy dá o seu aval e comenta com Geezer: "Legal. Imagina só a bela trip que os pirralhos por aí podem ter assistindo a isso após umas belas tragadas...".

Em dezembro, se dá o histórico show em Paris eternizado no filme Black Sabbath - Live in Paris (até hoje, distribuído como um pirata), em que um alucinado Ozzy celebriza, para o mundo inteiro, o headbangin' como expressão corporal típica do rock pauleira e eles tocam, em uma sequência tonitruante e perfeita, todos os seus clássicos, levando o público francês ao êxtase absoluto, e após isso, passam todo o início do ano seguinte, 1971, dando mais uma rodada pelos EUA, numa tour fenomenal e de bilhetes esgotados, apenas posteriormente voltando à Inglaterra para iniciar os trabalhos do próximo álbum. Como se percebe, a máquina não pode parar - e com Patrick Meehan no comando, ela girará ainda mais depressa, levando os rapazes da banda ao quase esgotamento físico-emocional.

Abril de 1971: de volta aos estúdios da Regent Sounds em Londres, os quatro integrantes da banda começam a ensaiar as canções para o que seria o próximo álbum, que dura ainda mais tempo que os outros para ser produzido: aproximadamente uma semana! Apesar de ainda estarem sob a produção de Roger Bain, chama a atenção o fato de Tony e seus asseclas estarem bastante conscientes acerca de todos os processos de gravação e já haverem acumulado algum bom conhecimento sobre o que está sendo feito, sabendo absolutamente o que querem, e a ordem estava dada: aquele era para ser o mais pesado álbum da banda já gravado até então! Tal direcionamento se devia não somente à overdose de shows e êxtase em público pelos quais o grupo estava passando, fazendo com que quisessem retratar fielmente em vinil todo o peso e loucura do som deles, como também se devia ao ritmo intenso e inesgotável da vida deles, assim restando aos rapazes optarem por um som, no disco, extremamente simples e despojado, direto. Sem dúvida, é essa a sensação que temos ainda ao ouvir o 3º disco do Black Sabbath, até hoje.

Algumas novas composições são notáveis - sobretudo uma nascida de uma idéia bastante crítica de Geezer e Ozzy, de como a "tia marijuana" andava tomando conta das mentes de todos por ali... "Sweet Leaf" nascera de um riffzinho bacana que Geezer havia urdido em seu baixo, e que Tony logo tratou de refazer em sua guitarra. E como um dia Ozzy, baratinado com o alto consumo de maconha entre todos, vira Bill Ward adentrar os estúdios da Regent Sounds com uma nuvem rodopiando ao redor de sua cabeça - resultado da erva que Bill ou que o próprio Ozzy estavam fumando! -, ele resolveu escrever algo a respeito, mas em tom bastante irônico, como se fosse uma love song que, só no último momento, o ouvinte desavisado consegue relacionar à tal folhinha.

O interessante é que, durante as gravações, enquanto o grupo ainda estava tocando versões experimentais da música para treinar, o tape foi deixado rodando, e por acidente, foi gravada uma brutal tosse de Tony Iommi próxima ao microfone de Ozzy - resultado não do consumo da própria "erva doce", como muitos fãs insistem em relatar atualmente, mas, simplesmente, de uma forte gripe que o guitarrista estava enfrentando, naqueles frios dias do início de 1971 em Londres. Depois do término das sessões daquele dia, ouvindo o resultado do que havia sido gravado, o engenheiro de som Brian Humphries chamou a atenção de Ozzy para a tosse de Tony no meio da jam e achou a sonoridade legal, sugerindo separá-la, colocá-la mais alto e como se fosse uma espécie de efeito para "Sweet Leaf". "Tem tudo a ver com a música", dizia Ozzy, rindo. No dia seguinte, quando Ozzy e Tony chegaram ao estúdio, eles se depararam com o resultado: um rápido loop de dois segundos da tal tosse que o engenheiro de som havia produzido, e que poderia ser usado no início ou no fim da gravação. Tony gostou da idéia, e após algumas gargalhadas, optaram por colocar o "coff coff" como uma introdução da canção, preparando o espírito do ouvinte para o que viria depois.

Outras canções interessantes figurarão no novo LP. "Children of the Grave" é outra importante declaração política da banda, sobre o destino das crianças do mundo após uma hipotética guerra nuclear (fruto, obviamente, do fantasma da Guerra Fria, que ainda rondava o mundo). "After Forever", composição de Tony, é uma crítica direta a todos que relacionam a banda diretamente ao satanismo, tentando mostrar que o Black Sabbath não se resume a isso (ainda que seja o que Patrick Meehan queira...). A letra, de teor bastante religioso, faz inclusive uma ácida observação acerca de todos aqueles falsos cristãos que se escondem atrás da hipocrisia ("Is Christ just a name that you read in a book when you were at school?" / Cristo é apenas um nome que você viu em um livro quando você estava na escola?; ou "They should realize before they criticise that God is the only way to love" / Eles deviam imaginar antes de criticar que Deus é o único caminho para o amor). A faixa, inclusive, irá despertar bastante polêmica novamente na relação do Black Sabbath com grupos religiosos, como ainda veremos adiante.

Outro excelente momento do álbum será a faixa "Into the Void", que deu um trabalho imenso para ser gravada, tendo consumido um dia inteiro de trabalho dos seis dias que o Black Sabbath gastou para gravar o disco. Tudo por causa de Bill, que primeiro não conseguia de modo algum acertar o tempo da canção, e depois, se atrapalhou todo nas viradas antes do solo de Tony. O baterista, traumatizado a partir de então, dificilmente se arriscaria a tocar esta canção ao vivo e, surpreendentemente, abriu uma exceção recentemente, em 1999, quando do retorno do Black Sabbath, tocando-a novamente nos shows da turnê Reunion, em Birmingham, e não decepcionando...

Na verdade, grande parte da dificuldade de Bill em estúdio, nesta época, acontecia devido ao problema do baterista de se envolver demais com os seus vícios. Desligadão na maior parte do tempo e tendo dificuldades para se concentrar em certas sessões, Bill começou a ser encorajado pelos outros membros da banda a parar um pouco com a loucura e se sintonizar mais... pelo menos até a próxima noitada com Ozzy! O próprio vocalista, inebriado com o clima de loucura constante e excessos pelo qual a banda atravessava naqueles dias psicodélicos, deu a "Solitude", uma balada em tom depressivo composta por Geezer, uma performance totalmente incomum aos seus típicos vocais insanos e desesperados, límpida e bastante sensível, emoldurando o clima triste e desolador da música, o que levou centenas de fãs do grupo a pensarem, ao longo de vários anos, que na verdade tratava-se da interpretação de outro integrante da banda, de tão diferente que a voz de Ozzy estava. Gravada em uma noite totalmente zen - após meia dúzia de joints mágicos, tragados até o fim! -, terminou por estabelecer uma "ponte direta" entre a trip de seu intérprete e a de seus ouvintes, se tornando uma das músicas do Sabbath mais ouvidas por fãs "doidões" de erva ao longo dos anos 70.

Enquanto isso, o LP Paranoid já estava atingindo a marca dos 4 milhões de cópias vendidas só nos EUA! Além da súbita unanimidade, o Sabbath ainda se depararia com outra surpresa: o coração de seu fanfarrão vocalista, quem diria, havia sido flechado...

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Sobre Denio Alves

Denio Alves, natural de Valença-RJ, é crítico, escritor, ensaísta, diletante de poesia, ouvinte e praticante, nas horas vagas, de rock e todas as demais formas de música popular ou de vanguarda que do gênero advenham. Além de técnico em computação, professor de inglês e estudante de Direito, é também pesquisador cultural e artístico das demais mídias de expressão e comunicação, já havendo atuado como colaborador de diversos fanzines na década de 90 do século passado e fundador do célebre veículo alternativo Eram os Deuses Zineastas?. Participou ativamente, em Ituiutaba-MG, onde reside, do processo de formação e criação das bandas de garagem Bloody Garden e Essence, ao lado de Edgar Franco, Gazy Andraus e demais personalidades do underground do Triângulo Mineiro, como guitarrista, vocalista e compositor. Atualmente, participa da concepção de um novo projeto de expressão do RPB - Rock Popular Brasileiro, o Mondo Cane, além de colaborar periodicamente com artigos no site WHIPLASH.
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