Jimmy & Rats - sangue nos olhos, liberdade e irmandade em show histórico no Hangar 110
Resenha - Jimmy & Rats (Hangar 110, São Paulo, 14/07/2023)
Por Daniel Agapito
Postado em 23 de julho de 2023
Na noite fria de 14 de julho em São Paulo, no histórico Hangar 110, (local onde foi gravado, dentre muitos outros, o histórico DVD do Matanza, "MTV Apresenta: Matanza Ao Vivo No Hangar 110") os titãs do rock pirata do Jimmy & Rats encheram o Hangar e fizeram uma apresentação de respeito. Com direito à músicas de seu último disco, "Só Há um caminho a Seguir", clássicos do Matanza e até Black Sabbath, este show com toda certeza irá entrar para a história.
Para iniciar as atividades da noite, houve uma apresentação da banda Malvada, banda feminina em rápida ascensão. Este show foi um dos primeiros da banda após a saída de sua vocalista original, Angel Sberse, e uma das primeiras apresentações com a nova vocalista, Indira Castillo. O seu setlist contou com músicas de seu LP de estreia, o "A Noite Vai Ferver", de 2021, seus singles lançados recentemente, e um cover, notavelmente, um cover de "Admirável Chip Novo", da Pitty. Mesmo com a casa não estando cheia, houve um grande clima de diversão, e foi um ótimo show. Isto foi fortemente evidenciado durante a música "O Que Te Faz Bem?", quando um dos espectadores do show gritou "show da Malvada!" A Malvada com certeza é uma banda com um trabalho de qualidade, e surpreenderia a poucos se elas fossem um dos grandes nomes do rock em alguns anos.
Confira "A Noite Via Ferver" no Spotify.
Setlist Malvada:
1. Intro
2. A Noite Vai Ferver
3. Prioridades
4. Pecado Capital
5. Disso que eu Gosto
5. Cada Escolha uma Renuncia
6. Admirável Chip Novo
7. Perfeito Imperfeito
8. O Que Te Faz Bem?
9. Mais Um Gole
Após a apresentação da banda Malvada, quem subiu ao palco foi uma outra banda majoritariamente feminina, a The Mönic. Contando com Alessandra Labelle e Dani Buarque nos vocais e guitarra, Joan Bedin no baixo, e Thiago Coiote se responsabilizando pelas baquetas, o The Mönic certamente mostrou que tem potencial para ser um grande nome no rock. Seu setlist continha sons tanto de seu álbum de estreia, o "Deus Picio", quanto de músicas de seu álbum futuro, que será lançado no dia 15 de setembro, pela Deckdisc. Notavelmente, o show contou com a presença da vocalista e compositora Iara Almeida, para cantar "High". Quando tocaram a música TDA, chamaram ao palco Juliana Salgado, baterista da banda Malvada, para tocar guitarra e a vocalista/guitarrista Dani Buarque desceu para o público, e se juntou à roda que se formou. Sua música nova, a "Atear", serviu para agitar a casa à medida em que ela enchia antes da atração principal, Jimmy & Rats.
Confira a single "Atear" no Spotify.
Setlist The Mönic:
1. Sabotagem
2. Mexico
3. Refém
4. Aquela Mina
5. Antes Tarde
6. Maldizer
7. Atear
8. High
9. TDA
10. Bateu
11. Just Mad
Um pouco depois das 22:00, os cariocas do Rats subiram ao palco, e depois de uma breve música introdutória instrumental, se juntou ao palco o "gigante irlandês", o Jimmy London. Botando tudo para quebrar logo de começo com "Do Meu Jeito", rapidamente estabelecendo o tom frenético do resto do show. Pouco tempo depois, um de seus maiores hits de seu novo LP, "Anne Bonny", em que uma parcela considerável do público cantou junto. Com esta abertura absolutamente espetacular, logo foi formada uma roda quando a "Escárnio" começou. Esta foi uma das muitas rodas que marcaram esta noite incrível em uma casa histórica.
Com o Jimmy repetindo algumas frases, definitivamente icônicas, cunhadas no DVD da MTV, a banda demonstrou seu repertório extenso com "Escárnio", "Lobo do Mar" e "Legião dos Renegados", tendo tocado até "Tempo Ruim", do próprio Matanza, que certamente não pode faltar em qualquer show do Jimmy, para o delírio do público. Também não faltaram músicas em que Jimmy demonstrou suas habilidades com o violão, como a música com maior número de streamings no Spotify da banda, "Sol Menor". Antes de começar a "Mesmo Sem Crime Algum", London disse que: "Pra próxima canção eu não consigo nem falar nada bem humorado. A gente andou vivendo nos últimos tempos um pesadelo, e de repente parece que [em] algum momento as pessoas podiam até falar o que que a gente podia ou não podia fazer com nosso corpo. Na época dos meus pais chamavam isso de, como é que é, inspetor de c*! O cara queria saber o que você vai fazer com você mesmo. O inspetor de c* na verdade, ele não consegue parar de pensar no problema que ele não consegue, porque no íntimo dele ele não consegue ser feliz, tem que estragar a felicidade dos outros. A próxima música chama Mesmo Sem Crime Algum, porque todo e absolutamente todo amor, é amor, e o ódio tem mais é que se f***r.". Isto fez com que o público começasse a mandar nazistas tomar, você sabe onde.
Com mais algumas músicas com Jimmy no violão, tocaram "Quem Faz", uma música que remete bastante para os tempos do Matanza. Tal música também provocou uma das maiores rodas da noite. Terminando esta, tocaram "sobre a sensação do momento", a sua mais nova canção, a um tanto frenética, "Polca Paciência". Depois da supracitada "Polca Paciência", veio "Baltazar" que, em combinação com a "Polca Paciência", fez o ânimo da casa subir de patamar. Para fechar, Jimmy e os Rats tocaram um trio de músicas "de peso", pode-se dizer, a incrível "Pra Nunca Se Entregar", música de seu novo LP que, pode-se dizer que fez mais sucesso, o hit clássico do Matanza, "Ela Roubou Meu Caminhão", e um cover inusitado porém incrivelmente bem executado de uma das músicas mais importantes da história do metal, "War Pigs" do Black Sabbath.
Confira "Só Há um Caminho a Seguir" no Spotify.
Setlist Jimmy & Rats:
1. 8475 (Intro)
2. Do Meu Jeito
3. Anne Bonny
4. Escárnio
5. O Velho e o Cão
6. Naufrágio
7. Lobo do Mar
8. Legião dos Renegados
9. Tempo Ruim
10. Redemption Song
11. Sol Menor
12. Posso, Devo e Quero
13. Mesmo Sem Crime Algum
14. Último Passo
15. Polca Paciência
16. Baltazar
17. Quem Faz
18. Pra Nunca Se Entregar
19. Ela Roubou Meu Caminhão
20. War Pigs
Com este fechamento inigualável, o segundo show do Jimmy & Rats no Hangar 110 mostrou que mesmo sendo "confortável ser mais um", Jimmy & Rats com certeza não são só "mais um". Este show conseguiu fazer com que o público paulista esquecesse o frio absurdo (por volta de 12°C) e se divertisse bastante. A felicidade do próprio Jimmy era algo palpável, perceptível, que fez com que o show tivesse um ar leve. Com o clima lá no alto desde a abertura da casa às 19:00, ao show da Malvada uma hora depois, ao show da The Mönic, à incredibilíssima performance do Jimmy & Rats, este show em um lugar tão importante como o Hangar 110, com certeza entrará nos livros de história.
Confira alguns vídeos do show do Jimmy & Rats abaixo.
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