Bruce Dickinson e Orquestra: uma noite incrível de música em Porto Alegre
Resenha - Bruce Dickinson (Auditório Araújo Vianna, Porto Alegre, 25/04/2023)
Por Luciano Schneider
Postado em 28 de abril de 2023
Na história do rock'n'roll existem várias personalidades que são essenciais para o seu desenvolvimento. Pessoas que, através de seu talento, moldaram a história da música e influenciaram várias gerações de artistas. Uma personalidade de destaque nesse panteão foi o tecladista Jon Lord.
Fotos por Liny Oliveira
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Em seu trabalho com o Deep Purple, Lord levou esse instrumento a outro patamar dentro do rock. Pode-se dizer que ele fez pelo teclado o que Jimi Hendrix fez pela guitarra. Foi um músico completo, que trouxe ao rock novas influências, como jazz e música clássica.
Em 1969, compôs e gravou, junto com a Royal Philarmonic Orchestra e seus companheiros do Deep Purple, o álbum Concerto For Group and Orchestra, que foi pioneiro em fazer a junção do rock com a música erudita. Não era apenas um álbum de uma banda de rock acompanhado de uma orquestra, era um álbum composto para tirar o melhor de ambos. A genialidade de Jon Lord o tornou uma das grandes influências dentro do rock.
Um dos grandes influenciados foi outro ícone da música, o vocalista britânico Bruce Dickinson. Ele sempre afirmou que o Deep Purple era uma de suas bandas favoritas, tendo servido como uma grande inspiração dentro de seu trabalho no Iron Maiden e em sua carreira solo. Um de seus novos projetos, então, veio como uma forma de homenagear seu ídolo: a execução na íntegra do Concerto For Group and Orchestra.
Esse foi o espetáculo que Porto Alegre teve o privilégio de receber nessa agradável noite de outono em abril de 2023. O lugar escolhido para sediar essa apresentação foi o auditório Araújo Viana. Uma ótima escolha, pois é um lugar confortável com uma excelente acústica, o que é necessário para se captar todas as nuances dessa obra.
O vocalista vem acompanhado de uma banda de peso, com nomes como o tecladista John'O'Hara, do Jethro Tull e a baixista Tanya O'Callagan, atualmente no Whitesnake. Completam o time o baterista Bernard Welz e o guitarrista Kaitner Z Doka, que já tocaram com o próprio Jon Lord. Em cada parada dessa turnê, a parte sinfônica é executada por orquestras locais, e em Porto Alegre quem teve essa honra foi a orquestra da Ulbra.
Chega o horário do show e a orquestra começa a assumir suas posições no palco, que ficou pequeno dado ao número de músicos. Contei cerca de 50 pessoas, com todos os instrumentos esperados de uma orquestra completa.
A seguir, entra a banda, seguida pelo próprio Bruce, aplaudido de pé.
Com seu conhecido carisma, ele tira alguns minutos pra explicar como será o show e apresentar a banda. Após isso, se retira do palco, deixando a orquestra e banda contar sua história em formato de música. Bruce retorna ao palco depois de uns 20 minutos.
Mesmo assim, os vocais dessa peça são um tanto esparsos,dando a ele bastante espaço pra entreter o público com suas expressões faciais e corporais.
O espaço exíguo não deu a ele a oportunidade de correr pelo palco, mas isso nem foi necessário pra um entertainer desse calibre.
Após a parte erudita, ele anuncia uma pausa de 20 minutos, prometendo uma mudança de clima na volta.
Passado esse tempo, com o retorno de todos os músicos, Bruce Dickinson aproveita pra conversar um pouco com o público, e depois surpreende tocando "Tears of The Dragon", o maior sucesso de sua carreira solo.
Mas a maior surpresa veio logo após, com a belíssima "Jerusalem", uma música que já é fantástica e foi ainda melhorada com a orquestra. Para esse que escreve, o ponto alto do show.
E aí, finalmente entramos no que era o mais esperado por muitos ali, as músicas do Deep Purple. Teve "Pictures of Home" com solo de baixo e violinos acompanhando o caraterístico riff de guitarra, seguido da emocionante "When a Blind Man Cries", onde Dickinson entregou uma interpretação para rivalizar o próprio Ian Gillan. Depois,uma volta ao passado distante, com Hush, seguida de um sucesso mais recente, "Perfect Strangers".
Nesse ponto muitas pessoas já haviam abandonado suas cadeiras para ver de perto esse espetáculo.
A banda se despede, mas obviamente é chamada de volta ao palco para um bis com "Burn" e "Smoke on the Water".
E assim se encerrou uma noite incrível de música. A única ressalva que poderia apontar é que, para algumas pessoas, poderiam ter tocado mais músicas do Deep Purple. Já eu, não reclamo. Afinal, sei o quão raro é poder ver de perto um dos grandes nomes do rock, e poder apreciar o nível extraordinário de musicalidade que se apresentou no palco naquela noite. Certamente um show inesquecível.
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