Resenha - Green Day (Rock In Rio, Rio de Janeiro, 10/09/2022)
Por Rudson Xaulin
Postado em 16 de setembro de 2022
Sem dúvidas, uma das melhores bandas ao vivo, desde sempre, é o GREEN DAY. E isso ficou ainda mais claro, para um Rock In Rio entregue ao "power trio + geral". Para quem sabe da banda ao vivo, é mais do mesmo, sem surpresa. E para quem não sabe, um espanto, ver os já tiozões, esbanjarem energia, carisma e sim, senhores punks imortais dos subúrbios do esgoto fétido capitalista: Talento! Eles beberam na mesma fonte que vocês todos, a diferença é que eles deram certo e conseguiram, e vocês não. "Malditos do pop punk, vendidos!", eles bradam, a toa, claro... Por isso, tanto ódio por uma banda, que pode ainda, ter feito o melhor show do festival? Acalme-se, jovem, é só a minha opinião, escreva a sua. Ou, claro, faça aquela música melhor, mais suja e podre, e viva de migalhas. Boa sorte, se você é feliz assim :)



A abertura do show foi feita de uma medley com alguns clássicos do rock n’ roll nos alto-falantes abelhudos. Com a ajuda daquele manjado coelho rosa, doido, agitando a massa e o pé na porta veio com AMERICAN IDIOT. Ali, o Rock In Rio era dos moleques, não mais moleques, e seu hino, vindo de um dos melhores álbuns dos anos 2000. HOLIDAY, outro hit, na sequência, só para não deixar dúvidas: Eles sabem muito bem o que estão fazendo.

A banda em si é um show à parte, todos os músicos, todos, mas BILLIE JOE ARMSTRONG, o excêntrico vocalista, não para por um segundo. Nem parece que tem a idade que tem, o baixinho não é "ligado no 220V", ele é uma subestação inteira! O set seguiu com KNOW YOUR ENEMY, com o microfone de JOE um pouco baixo, mas logo ajustado. Nessa faixa, a primeira fã subiu ao palco com a banda, outra coisa que o grupo sempre faz (e faria outras vezes na noite) e ainda assim, parece ser, e é, tão diferente de ver, ainda mais em um Rock In Rio. Dar a chance, na loteria da sorte da escolha de JOE, de alguém brilhar e ter uma história para contar, para sempre, é uma atitude rock n’ roll sim. Mas beira mais a generosidade, então, aplausos para os caras!

Depois foi a vez da radiofônica e ótima BOULEVARD OF BROKEN DREAMS, uma das melhores músicas da banda, de longe. Mas parece sempre soar jovem ao vivo e sempre trazendo surpresas: Um pedido de casamento ao vivo, ali, em cima do palco, por outro casal que conseguiu seus segundos com a banda. JOE se mostrou feliz com a cena, além de trazer logo em seguida sua clássica Stratocaster verde para LONGVIEW. E assim, o GREEN DAY vai se tornando outro clássico do rock n’ roll e sim, uma banda lendária, você torcendo o nariz ou não. WELCOME TO PARADISE mostra que a banda é coesa, onde o destaque fica sempre dividido. Mas se você prestar mais a atenção, no engraçado TRÉ COOL (bateria) e no animado MIKE DIRNT (baixo), eles são alicerces precisos para o vocalista e guitarrista BIILLIE JOE. É uma banda boa de se ver e de se ouvir ao vivo, é isso. Tudo ali se encaixa e se completa, como a receita básica da música pede.


Um cover do KISS aqui, talvez até desnecessário, com o acervo que a banda possui, mas não é nada novo para quem acompanha o grupo. E lá estava GENE SIMMONS da deep web, atrás das caixas, você viu?. Tivemos ainda BRAIN STEW e St. JIMMY, rapaz, essa ao vivo, meu amigo! Apenas saúdem uma banda de estádio, que tem o jogo ganho, mas que ainda queima muita lenha sem dó, como se sempre estivessem em seu último show. Uns gritos de amor para o presidente da república aqui, mais de uma vez, e WHEN I COME AROUND veio. Outro clássico absoluto do GREEN DAY, e ao vivo, exatamente como você espera: Pedrada e nostálgica.

Espaço no set para WAITING e 21 GUNS, que até parece soar ao vivo, melhor do que em estúdio, com sua "cascata de fogo", vindo do palco e embelezando ainda mais o show. E devemos dizer também, que o telão, muito bem usado e fazendo parte do show, quase que irretocável, assim como a apresentação da banda e seu vocalista "dosadamente" maluco. Outro hit com MINORITY e mais uma vez destaque para COOL e MIKE. Tivemos ainda KNOWLEDGE e logo na sequência tudo vem abaixo com o maior hino do GREEN DAY: BASKET CASE. Com os trejeitos do vocalista, as caretas, a guitarra, COOL sensacional de novo! Ou seja, o GREEN DAY é um canhão ao vivo e o público explodiu como se viu pouco no festival todo.

Depois foi a vez de KING FOR A DAY e tudo se acalmou, com a belíssima WAKE ME UP WHEN SEPTEMBER ENDS, aquela do mesmo meme e piada sem graça, ano após ano (e que tem um dos melhores clipes da sua década!). JESUS OF SUBURBIA, que parece ser uma pintura do grupo, ao vivo, é melhor ainda, a banda cresce e chuta o rótulo de "moleques do pop punk". Eles são apenas uma puta banda de rock n’ roll. Se você puder ver o GREEN DAY, vá, e vá logo! E para finalizar, sem nenhuma surpresa: TIME OF YOU LIFE ("GR"), que traz JOE sozinho ao palco, para executar uma das mais belas canções do grupo. E assim, o GREEN DAY deixou o Rock In Rio de calça curta. Pegou muita gente desavisada de surpresa, mostrou que é uma bomba ao vivo e que não tem medo de levar nas mãos, um público de cem mil pessoas. Uma das melhores bandas da sua geração, que ainda está na ativa e caminha para ser um dinossauro até o fim do bom e velho rock n’ roll...

Rudson Xaulin é escritor, autor e produtor
- Mais de 130 livros escritos
- Publicados em Portugal, Brasil, Inglaterra e Argentina
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