Noturnall: Valeu cada hora de trabalho e centavo pago no ingresso
Resenha - Noturnall (Carcarás, Mossoró/RN, 23/11/2014)
Por Victor Freire
Postado em 25 de novembro de 2014
Fiquei pensando alguns minutos em uma maneira legal de começar essa resenha, mas não veio nenhuma ideia. Gostaria apenas de dizer: Obrigado. Obrigado por difundirem o metal pelo Brasil -- a todo mundo, não só à banda -- e manter viva a cena. Bandas locais, bandas nacionais, bandas gringas, quem quer que vá a qualquer lugar fazer um show, que faça da melhor maneira possível e com amor. Não importa o dia, a quantidade de público presente, a energia do ambiente deve ser a força motriz, assim a música sobrevive e supera as dificuldades.
Foi com esse espírito que acordei no domingo, um dia um pouco atípico para um show, e fui ainda de manhã lá para a sede do motoclube Carcarás do Asfalto, em Mossoró/RN. Como tinha me comprometido, passaria o dia inteiro à disposição da produção do show -- a Detonação Produções. A Detonação está inclusive completando 13 anos de batalha. Como dizem na Formula 1: "keep pushing!!".
Chegando ao local do show, a estrutura de som estava sendo montada. Não demorou muito para o motorhome personalizado do Noturnall aportar por lá. Depois de conversa rápida com Thiago Bianchi -- diga-se de passagem, o pessoal da banda é extremamente simples. Pessoas excelentes -- os roadies (incluo-me nessa também) começaram a montar o palco. A primeira coisa que pensei foi que apenas os "roadies" trabalhariam (o que na verdade só existia um de fato, que era o do Aquiles), mas não, a própria banda estava fixando o pano de fundo, montando o projetor (para o telão), os amplificadores, tudo.
Depois de levar a banda para almoçar (ainda nas minhas tarefas de auxiliar de produção) e conversar muito sobre o Shaman e rumos do Noturnall, eis que é chegada a hora do show. Com um pouco de atraso, às 20:30, a Jack the Joker, de Fortaleza/CE, sobe no palco. P%¨$!#
O show é daquele que dá vontade de xingar mesmo. Que banda massa!! Eu confesso que fiquei com vontade de ir embora depois do show deles, porque o ingresso já tinha sido pago. Habilidade indiscutível dos músicos. Dinâmica perfeita. A banda existe há 2 anos, mas para mim é como se existisse há 10, dado o grau de entrosamento de todos. É um show para ser visto em outra oportunidade, com certeza.
Após uma hora de show, aproximadamente, eis que o telão começa a transmitir a introdução do show do Noturnall. Aquiles Priester assume seu lugar na bateria, Leo Mancini, Fernando Quesada e Juninho Carelli entram no palco e começam a executar 'Fake Healers', após entrada de Thiago Bianchi. Não era segredo que as músicas executadas no show seriam todas do debut Noturnall (2014), um excelente álbum, trazendo um som bem maduro e pesado. Durante todo o show o telão ficou exibindo os clipes e algumas animações com o nome do Noturnall, e foi assim que o show continuou com 'Zombies' e a faixa de abertura do álbum, 'No Turn At All'. Destaque para a empolgação de Fernando Quesada, o baixista tem uma presença de palco tremenda e está toda hora animando o show. Outro detalhe é o profissionalismo da banda. Fernando estava falando no almoço da falta de público, o que comentei ser fruto da banda ser nova, o que ele concordou. O show no dia anterior em Fortaleza/CE, não tinha sido dos maiores, e em Mossoró/RN, um público aquém do esperado compareceu. As pessoas não sabem o que perderam -- ou o que estavam perdendo --, infelizmente. Mesmo com um público pequeno -- para esses caras que são acostumados a tocar para grandes públicos -- eles animaram o show, interagiram, foi diferente. Tem muita banda -- teoricamente "menor" -- que fica com raiva e não faz um bom show, por causa da falta de público. Não vejo por esse lado, você tem que tocar com a mesma força e vontade seja para 1 pessoa ou para 10.000.
Além das músicas do álbum, o show ainda abriu espaços para covers. Foram executadas 'Inferno Veil' (do último álbum -- teórico -- do Shaman, Origins (2010), ex-banda de boa parte do Noturnall), 'Cowboys from Hell' (dispensa apresentações) e 'Symphony of Destruction' (idem). O show abriu espaço para o 'Psychoctopus Solo', solo de bateria do Aquiles.
Dando continuidade ao show, o Noturnall executou 'Hate!', uma das melhores do álbum e uma das melhores do show -- a sonoridade ficou muito melhor ao vivo -- e encerrou o show com o "quase-clássico" (será clássico pela idade daqui a alguns anos) 'Nocturnall Human Side'. Impressionante a sonoridade dela ao vivo, ganhou uma força a mais, um charme a mais, não sei explicar isso. Foi um encerramento à altura para o show, só faltou o Russel Allen para completar a música.
Concluindo, o show foi muito bom, valeu a pena cada hora de trabalho e centavo pago no ingresso. Foi uma pena o público não ter prestigiado o show. A banda e, principalmente, a produção do show (dadas as dificuldades de produzir show de rock) mereciam essa parcela de confiança e reconhecimento.
O que fica de desejo é que o Noturnall continue o seu trabalho -- o Fernando inclusive me disse que eles vão gravar próximo ano já outro álbum -- e cresçam ainda mais. O nível da banda é fantástico, os músicos são excelentes, e a qualidade das músicas (pelo menos até agora) não está deixando a desejar. E para a produção, mesmo com o público pequeno, não vamos desanimar e continuar trazendo shows desse porte para Mossoró/RN, a cena local merece, e todos crescem com isso, não só a produção, mas as próprias bandas locais são afetadas positivamente por shows desse tipo.
Set-list NOTURNALL
1.FAKE HEALERS
2.ZOMBIES
3.NO TURN AT ALL
4.INFERNO VEIL (Shaman cover)
5.MASTER OF DECEPTION
6.SUGAR PILL
7.COWBOYS FROM HELL (Pantera cover)
8.ST. TRIGGER
9.PSYCHOCTOPUS SOLO
10.HATE!
11.SYMPHONY OF DESTRUCTION (Megadeth cover)
12.LAST WISH
13.NOCTURNALL HUMAN SIDE
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