Poisonblack: segundo bate-volta emociona fãs em São Paulo
Resenha - Poisonblack e Silent Cell (Manifesto Rock Bar, São Paulo, 23/11/2013)
Por Durr Campos
Postado em 26 de novembro de 2013
Lembro-me como hoje quando o POISONBLACK tocou no mesmo local em 27 e 28 de agosto de 2011. Na primeira noite, quando cobri pelo programa Heavy Nation, precisei me desdobrar em dois para estar mais cedo no show do Destruction em serviço ao Whiplash.Net e correr para dar conta da segunda missão, àquela feita como fotógrafo. Este material ainda encontra-se disponível, bem como uma entrevista que fiz com Ville Laihiala nos links ao final da resenha. E o que falar de uma banda finlandesa que interrompe mais uma vez uma turnê em seu país, desce ao Brasil em única apresentação e depois retorna para casa? Os caras realmente gostam dos seus fãs daqui e novamente provaram isso em cena. Acompanhe nos próximos parágrafos o resumo dos acontecimentos em minhas palavras e nas imagens de Fernando "Mago" Yokota.
Texto: Durr Campos
Fotos: Fernando Yokota
Lembrança feita, falo sobre a atração de abertura, o SILENT CELL. A banda foi formada em 2010 na cidade de Bragança Paulista, estado de São Paulo, e possui uma sonoridade bastante influenciada pelos trabalhos de Corey Taylor, isto é, o Slipknot e mais ainda o Stone Sour. Cheguei a sentir algo do The Rasmus e Pain aqui e ali, em especial pela pegada animal do baterista e vocalista Marco ´Horror´ De Sordi Filho, que até se parece com o Peter Tägtgren, da derradeira referência mencionada. O quarteto estreava ali seu mais novo cantor, Rafael Ferreira, o qual substitui Michael Matt, responsável por emprestar seu gogó ao debut lançado ano passado, o elogiado "The Absence Of Hope". Inclusive tiveram a bela iniciativa de produzir uma versão com quatro canções da bolachinha e distribuir gratuitamente. Um deles caiu em minhas mãos e, olha, gostei bastante da rapaziada também em estúdio. O time completado por Marcelo Leme nas guitarras e Adonai Teixeira no baixo entregou-se no palco e desfilou as canções "Devoted", que iniciou os trabalhos, "2000 Miles Deep", a faixa-título do CD, "Addicted", "Broken Mir", "This Burden", além dos ótimos covers para "Blind", hino do Korn – outra clara influência deles – e, pasmen! – Information Society. Nunca pensei que ouviria uma banda brasileira tocando "What´s On Your Mind (Pure Energy)". Puta versão!
Ville Laihiala. Goste de sua voz ou não, impossível ficar imune à sua trajetória musical. O talento vindo da cidade finlandesa Oulu sempre foi muito perspicaz. Repare que o moço entrou no SENTENCED após um disco importante como "Amok" (1995), já conhecido pelo trabalho voltado ao death metal e com o público acostumado aos vocais característicos de Taneli Jarva. Daí gravou de cara o "Down", lançado no ano seguinte, transformando radicalmente a arte dos caras e agregando um elemento mais, digamos, acessível ao som. Depois foram mais quatro excelentes registros, a saber: "Frozen" (1998), "Crimson" (2000), "The Cold White Light" (2002) e o sintomático "The Funeral Album" (2005), o qual marcou o fim do influente quinteto. Até hoje é difícil conter a emoção ao assistir ao DVD "Buried Alive", que selou a carreira deles de forma decente e nostálgica. Daí vem algo curioso: Muitas pessoas acham que o POISONBLACK foi iniciado por Ville Laihiala na fase final do Sentenced. Na verdade o grupo existe desde 2000, mas o álbum de estreia só veio quase três anos depois. Quando "Escapexstacy" (2003) saiu o impacto foi tamanho que todas as dúvidas acerca da longevidade da banda caíram por terra. Hoje contabilizam seis álbuns, alguns singles e vídeos bem bacanas. Pois novamente Ville and Cia. interromperam sua tour pela Finlândia e vieram ao "Brasa" para um único concerto no Manifesto Rock Bar, clássico pub da Zona Sul de Sampa. Mesmo que "Lyijy", lançado recentemente pela Warner de seu país local e somente lá, ainda desconheça uma versão nacional foi para promovê-lo que vieram, mas no fim das contas o que vimos foi um baita show de duas horas com um repertório de primeira!
Da série "você sabia?", vale comentar que na Finlândia o Poisonblack tem sua música executada até na franquia McDonald’s. É mole? Foi com uma dessas que tocam lá, "Soul In Flames", que iniciaram. Se já haviam acertado a mão nesta, imagine quando veio "Bear The Cross", do terceiro disco, "A Dead Heavy Day" (2008)? Euforia geral e performance contagiante, para ficarmos por isso. Ao tocar duas seguidas dentre as novas, "The Flavor Of The Month" e "The Halfway Bar", nesta ordem, Laihiala afirmou que está agindo para que o mais recente trabalho chegue por esses lados. Mesmo assim a participação nelas foi notável, até porque a maioria ali provavelmente já ouvira de forma digital mesmo. "Buried Alive", bela como ela só, não só manteve a interação geral como me fez pensar em como aquele pessoal sabe compor belas canções. A que escolheram para vir em seguida não me deixa mentir. Ou há quem não goste de "Scars"? Aliás, o ¨Drive¨ (2011) como um todo é daqueles trabalhos para vencerem a prova do tempo. Felizmente tocaram metade dele! E a dita ali foi mais que providencial pelo sentimento gerado devido os agradecimentos de Ville em razão do carinho com que os brasileiros tratam sua arte e ainda relembrou detalhes de última passagem. Com ¨Drive¨ ainda engatilhado, ¨Piston Head¨ colou perfeitamente com sua antecessora e de fato deixou o excelente clima intacto.
¨A Good Day for the Crows¨ veio após Ville brincar com a plateia tocando alguns riffs conhecidos por ela. Sendo uma das mais legais compostas pela banda, possui letra forte que descreve um enforcamento: ¨I oil the rope to be sure the knot slides/ tie down the other end tight. Stand on a chair and close my eyes/ knowing this time it´s alright. A step... just one and all is done. One for the rope to drown the/ last line of defense. Now i´m ready for hell¨ (nota do redator: A tradução livre do trecho seria algo como ¨Eu lubrifico a corda para ter certeza que ela desliza/ amarro a outra ponta bem apertada. Fico na cadeira e fecho os olhos/ sabendo que desta vez está tudo bem. Um passo... somente o primeiro de todos foi dado. Uma certa corda para afogar/ a última linha de defesa. Agora eu estou pronto para o inferno¨). Na sequência veio um medley espertíssimo envolvendo duas do debut e uma do segundo. Ter ¨The Kiss Of Death / Raivotar / Love Infernal¨ assim, quase como uma só foi de lascar o cano. Parecem até que foram feitas uma para a outra tamanha exatidão das emendas e qualidade das melodias ao intercalarem-se. ¨Vamos ver se conhecem esta¨, provoca Laihiala antes dos primeiros acordes de ¨Invisible¨. Sua melodia única e cativante faz dela um dos destaques de ¨Of Rust and Bones¨ (2010), assim como ¨Maggot Song¨ tem o mesmo papel no disco em que habita. O início apenas com Antti Remes empunhando seu baixo é fenomenal e, sim, esta poderia estar facilmente em um dos dois últimos álbuns do Sentenced. Destaque para o simpaticíssimo e talentoso Tarmo Kanerva, batera da moçada.
Uma grata surpresa, e aí começaram as diferenças mais significativas do set-list tocado no Brasil com relação aos executados na Finlândia, foi ouvir ¨Hollow Be My Name¨, certamente uma das mais conhecidas em ¨Lust Stained Despair¨ (2006), mas a festa só melhorou por conta do duo seguinte. Que presente termos ¨The State¨ e ¨Lay Your Heart to Rest¨ assim, coladinhas, lindas e perfeitas como são. Também pudera, eu e você sabemos, ambas estão ali naquela delícia chamada ¨Escapexstacy¨ e fazia tempo que não as executavam ao vivo assim. Alguns até dizem que esta pequena joia deveria ser regravada com as vozes de Ville, pois estes pensam que o cantor daqueles tempos, Juha-Pekka Leppäluoto (Charon/ Northern Kings/ Harmaja), não combinou tanto assim com a proposta trazida pelo material, algo que eu pessoalmente discordo até por este ainda ser o meu favorito na discografia do Poisonblack. Enfim, acho bem pouco provável que a turma pare seus afazeres e o revisitem em estúdio, mas fica aqui a pergunta ao caro leitor: Regrava ou não? Enquanto isso me deixe continuar, até porque tivemos ¨Left Behind¨, mais uma do ¨A Dead Heavy Day¨ lembrada no rol de itens escolhidos para musicar aquela noite de chuva fina na capital paulista. ¨Rush¨ encerrou o set regular e o fez de forma muito eficiente. Até pensei que a coisa terminaria por ali, mas me lembrei daquele show em 2011 e da mesma forma aconteceu, isto é, bastou uma água na cara e a outra (que passarinho não bebe) na goela para estarem de volta com ¨Pain Becomes Me / The Living Dead¨, dobradinha do segundo disco a qual ficou simplesmente fenomenal ao iniciar apenas com Ville nos vocais e Marco Sneck nos teclados. Interessante mesmo já no finalzinho voltarem ao ¨Lyijy¨ que, aliás, significa chumbo em finlandês. Para fechar mesmo a conta nada melhor que ¨Mercury Falling¨, outra lindeza que facilmente poderia ter sido do Sentenced. Sem enrolas, um dos shows mais bacanas e redondos que vi este ano. Fica a dica para os faltosos: deixa o Poisonblack passar batido por vocês mais não. Sério!
Galeria de fotos completa em:
http://www.flickr.com/photos/fernandoyokota/sets/72157638007...
Line-up Poisonblack:
Ville Laihiala - vocais e guitarra solo
Antti Remes - baixo
Marco Sneck - teclado
Tarmo Kanerva - bateria
Antti Leiviskä - guitarrista de turnê
Set-list Poisonblack:
Soul In Flames
Bear the Cross
The Flavor Of The Month
The Halfway Bar
Buried Alive
Scars
Piston Head
A Good Day for the Crows
The Kiss Of Death / Raivotar / Love Infernal
Invisible
Maggot Song
Hollow Be My Name
The State
Lay Your Heart to Rest
Left Behind
Rush
Encore:
Pain Becomes Me / The Living Dead
Home Is Where The Sty Is
Mercury Falling
Set-list Silent Cell:
Devoted
2000 Miles Deep
In The Absence Of Hope
Addicted
Broken Mir
This Burden
Blind
What´s On Your Mind (Pure Energy)
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