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III Bestial Fest: como foi o evento próximo à Fortaleza

Resenha - III Bestial Fest (Casa Nova Show, Pentecoste, 26/10/2013)

Por Leonardo M. Brauna
Postado em 01 de novembro de 2013

Distante aproximadamente 89 km da capital cearense, o município de Pentecoste com mais de 35 mil habitantes recebeu a terceira edição do BESTIAL FEST no último dia 26. A pequena cidade de economia agrícola é emergente no cenário underground, mas já vem se destacando há algum tempo pela dedicação de seus headbangers, inclusive em outubro de 2010, um grupo local conseguiu a atenção do vocalista BIFF BYFORD (vocal, SAXON) quando este exibia a bandeira da caravana da cidade num show em Fortaleza.

Da ‘Terra da Luz’ também se destacaram viajantes (inclusive este humilde redator) em "comboio" para conferir o evento que se iniciaria às 20:00h. O Lugar, ‘Casa Nova Show’ oferece um bom espaço e as bebidas, apesar de se tratar de local fechado, estavam com preços acessíveis (fato que jamais acontece na maioria dos eventos privados de Fortaleza). Porém os donos do ambiente deveriam se preocupar melhor com a parte de saneamento, já que os banheiros (pelo menos o masculino) não oferecem estrutura básica para atender as necessidades das pessoas. Outro ponto "preocupante" foi a liberação de recipientes de vidro dentro da casa – felizmente as pessoas estavam dispostas a curtir o festival e não sobrou tempo para desavenças

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Às 22:00h, depois do pronunciamento do locutor Vangleuson, finalmente o KRENAK sobe ao palco para começar a "destruição". O set dos ‘deathbangers’ teria tudo para ser perfeito se não fosse a "inexperiência" do técnico de mesa que de forma alguma acertou as equalizações dos PAs e som de palco. Depois de todas as tentativas (frustradas), finalmente o rapaz cede os botões a alguém que entende de sonoridade extrema, o baixista do BURNING TORMENT, ALEXANDRE (O messias "pagão" do festival). Os fortalezenses da banda saldam os bangers com muita pancadaria fazendo os presentes correrem ao ‘front’. Durante a apresentação já se podia conferir os primeiros ‘moshes’ e rodas. A participação do público, que também era constituído por pessoas de outras cidades como Itapajé, fez um show à parte. A guitarra de DAVID BARROSO com riffs fortes era um prato perfeito para os ensandecidos. No baixo, JÚNIOR, o gigante que substituiu FELIPE FERREIRA (CLAMUS, ex-baixo/vocal) mostrava garra e fúria, atendendo as necessidades do "inquieto" ÍTALO LEITÃO, baterista que fecha a cozinha. Talvez LUIZ PAULO seja a pessoa que mais se superou nessa noite, não pelos seus guturais relativamente acima da média, mas por outro tocante que falarei daqui a pouco. No entanto o dever do grupo foi cumprido mesmo sem a segunda guitarra de HARISON HOFF.

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Primeiro ‘set’ finalizado, Vangleuson retorna com os pedidos de desculpas pelos atrasos, agradecimento aos realizadores e ao policiamento local (esse assunto terá um parágrafo especial no final da resenha) e dá segmento à festa chamando os anfitriões do DARK CRUCIFICATION. A música Black Metal da banda já é bastante conhecida pela platéia. O ‘frontman’ e um dos organizadores do festival, RAMON SHAGRATH solta a sua voz como uma besta enfurecida. Mesmo sem o uso de pedais duplos (técnica arriscada para bandas de Metal Extremo), o baterista CÍCERO KELVYS desce fortemente os braços nos "tambores", o que compensa bastante a falta das pedaladas – ressaltando também, o trabalho presente do baixista ANDERSON. As linhas de guitarras de VENAN e ELVIS (o outro idealizador) somam-se ao poder da agressão. Em certo momento, os bangers na pista, ao comando de SHAGRATH organizaram-se formando "duas muralhas paralelas" e se chocando ao som da banda (parece que a "brincadeirinha" do Waken Open Air ganhou ares inimagináveis). A diversão foi garantida, mas por causa dos atrasos o festival teria que apresentar logo os próximos "satânicos".

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De volta ao palco, DAVID BARROSO (guitarra), ÍTALO LEITÃO (bateria), JÚNIOR (dessa vez como baixo/vocal) e RICARDO BRUNO (guitarra), é chegada a hora de mais uma visitante, EVIL LAND. O Black Metal inspirado no som brutal inflama o público que não mostra sinais de cansaço. As sete músicas de seu repertório em nada pareceu saturadas para aquele povo de gosto extremo. Um destaque merecido para ‘Bloody Desire’ que já conquistou algumas centenas de clicadas no YouTube e, que ao vivo, funciona perfeitamente bem. Esta banda, mesmo sem um trabalho de estúdio é uma das mais prestigiadas de Fortaleza pelo seu peso e sua rapidez. O pessoal do norte cearense também pôde constatar a sede de Metal que rende à EVIL LAND a justificativa de seu sucesso. JÚNIOR não é grande apenas no tamanho, mas na sua técnica vocal também chega a atropelar os padrões, e isso, sem deixar as notas de baixo caírem. Por fim a banda mereceu os aplausos, e com certeza protagonizou (apesar de uns mínimos detalhes técnicos) um dos melhores ‘sets’ da noite.

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Hora de "checar" mais uma vez os PAs, cabos, bateria e principalmente a estrutura do palco (claro, não precisa tanto, mas todo cuidado é pouco), pois uma das bandas mais grotescas de Fortaleza, BURNING TORMENT, subirá para promover o seu "terremoto sonoro". O quinteto formado por EDNARDO (guitarra), RICARDO BRUNO (guitarra, não precisou nem descer do palco), ALEXANDRE (baixo) e MARDÔNIO MALHEIROS (bateria) Mostra para os presentes porque foi escolhido para tocar com o BENEDICTION no próximo dia 12 de dezembro. LUIZ PAULO, o mesmo que castigou as cordas vocais horas antes com o KRENAK, define o meu pensamento de ‘superação’, pois fazer dois shows em uma noite nos moldes que exigem essas duas bandas, requer muita precisão técnica – coisa que certamente não foi de sua preocupação, tendo em vista as inúmeras latas de cerveja que o rapaz tomou durante o "intervalo de repouso". Tendo que cumprir a sua obrigação no baixo, ALEXANDRE teve que sair da mesa de controle para juntar-se aos companheiros, mas devo dizer que o destaque maior foi para os dois guitarristas, RICARDO e EDNARDO que seguraram a maior parte do ‘set’, às vezes um deles tendo que assumir as partes de baixo devido a um problema no cabo do instrumento de ALEXANDRE (é... realmente a "checagem" tinha mesmo que ser feita). Durante a apresentação do grupo me chega a informação de que a polícia interviria na festa após 01:00h (naquele momento já passava da meia noite) – a última banda, FIST BANGER faltava se apresentar.

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Quando os ‘headliners’ do FIST BANGER começaram com o seu ‘Speed Metal’, só faltavam vinte minutos para terminar o prazo estipulado pela ‘PM’ de acabar o evento. O jeito foi encurtar o show, falar pouco (infelizmente, pois VINNY FIST é um ótimo frontman) e mandar "bala" na velocidade. JARDEL REIS (guitarra), YAN SILVA (baixo) e o veterano PAULO ‘DRUNK’ ORÁCULO (bateria) pisaram forte mesmo e não decepcionaram. A galera insana não para de formar rodas, os mais animados fazem até coisas absurdas, como subir nos PAs e dar cambalhotas para trás (cada um com sua aventura). No palco, VINNY se movimenta, encosta na galera, chama pra cantar junto e com isso ia ganhando mais admiradores. JARDEU não perdoa as seis cordas e a dupla do peso, YAN e PAULO imponentes na cozinha, garantia o poder desenfreado do quarteto. Mas a máxima que diz: "O que é bom dura pouco", se concretizava entre os "invasores do Thrash". Na terceira execução o locutor ‘Vangleuson’ correu para frente do palco sinalizando o final da festa, pois um regimento militar já estava no recinto pronto a fazer valer a sua determinação. Apesar da autorização que a produção possuía para a realização do festival, os "homens da lei" não a respeitaram, e graças à educação de cada pessoa dentro da casa, não houve relutância e todos se recolheram. Sem considerar esse ‘sinistro’, a terceira edição do BESTIAL FEST foi satisfatória (mesmo levantando a relevância dos banheiros e recipientes cortantes) e o banger de Pentecoste, assim como demais regiões do Ceará está de parabéns pela hospitalidade.

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O novo comandante da 4ª companhia da PM em Pentecoste, Major Ricardo Moura ficou conhecido por sua atuação ostensiva em combate à criminalidade em Fortaleza. Transferido para aquele município, no dia 8 de outubro último, o comandante se reuniu com a prefeita Ivoneide Moura que lhe fez algumas recomendações para a melhoria da segurança em sua cidade. As recomendações tiveram êxito, pois logo no dia 9 a equipe do Major desmantelou o tráfico dentro do presídio da cidade, e a mando da juíza local, cumpriu 6 mandados de prisão de pessoas que estavam descumprindo o regime semi-aberto. No dia 23 de outubro a equipe mais uma vez entrou em campo e apreendeu ‘algumas motos’ nas ruas para averiguações. No dia 26 foi a vez dos roqueiros de Pentecoste receber a visita desses "heróis", que num evento fechado e liberado (segundo os produtores) por autoridades do município, ordenou o término imediato da festa a partir de determinado horário. Mal sabiam os "excelentíssimos homens da lei" que ali dentro estavam apenas estudantes, trabalhadores, pais e mães de família até com seus filhos, com um gosto em comum pela música. Não era um evento em que se chamava a atenção de gangues ou algo do tipo, mas de alguma forma aquilo estava atrapalhando o dilema do Major que é "perseguir o bandido que persegue o sossego do cidadão". Será que a equipe da 4ª companhia confundiu aqueles cidadãos com ‘bandidos’? Tem-se que incluir roqueiros no perfil de bandido criado por um "especialista em segurança pública"? É muito simples apreender motos nas ruas, objetos e drogas dentro de carceragens e fechar festas de pessoas honestas. Quero ver é responder aos assaltos a carros-fortes, bancos dinamitados e sequestros que verdadeiramente atormentam a população do interior. Dentro do BESTIAL FEST (nome que pode causar susto em pessoas leigas ou ignorantes) não havia ninguém armado, usando drogas ou com ânimo alterado, mas dezenas de pessoas, na maioria conhecidas que estavam se dedicando à harmonia compartilhando de muita diversão. Mas é claro, o que deixa uma multidão feliz é o que alimenta o desconforto de uma minoria com poderes – e a democracia, a nossa velha ditadura disfarçada, descuida-se e faz cair novamente a sua máscara!

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Set list – KRENAK:

01 – Dead Nature;
02 – Possessed;
03 – Annihilate the Almighty;
04 – Coletive Misery;
05 – Decimation;
06 – Surveillance of Emptiness;
07 – Fantasy of Flesh;
08 – Hypocrisy on War.

Set list – DARK CRUCIFICATION:

01 – Between God and the Devil;
02 – Damned Queen;
03 – Hybrid World;
04 – Enemy of Peace;
05 – Dark Crucification;
06 - The Phantom Of Death
07 – Enemy of Peace (repeat).

Set list – EVIL LAND:

01 – Deaphs Empire;
02 – Dark Christmas;
03 – Satanarquia;
04 – Evilcation;
05 – I'm Tired;
06 – Hypacia;
07 – Bloody Desire.

Set List – BURNING TORMENT:

01 – Night of Terror;
02 – Vomiting on the Way to Salvation;
03 – Bleeding to Hell;
04 – The Pain is Coming;
05 – My Demons.

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Set list – FIST BANGER:

01 – Welcome to Hell (Feel the Pain);
02 – Merciless Death;
03 – Invades of the Thrash (interrompida).

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Sobre Leonardo M. Brauna

Leonardo M. Brauna é cearense de Maracanaú e desde adolescente vive a cultura do Rock/Metal. Além do Whiplash, o redator escreve para a revista Roadie Crew e é assessor de imprensa da Roadie Metal. A sua dedicação se define na busca constante por boas novidades e tesouros ainda obscuros.
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