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Queen + Adam Lambert: É como se fosse uma banda cover

Resenha - Queen + Adam Lambert (Kiev, Ucrânia, 30/06/2012)

Por Doctor Robert
Postado em 07 de julho de 2012

Eis que a nova encarnação do "Queen +" resolve fazer seu "debut" durante as cerimônias de encerramento da Eurocopa sediada pela Ucrânia e pela Polônia, com direito a transmissão ao vivo para as TVs locais, o que hoje em dia significa garantia de disseminação por todo o mundo via internet, seja no You Tube (onde pode ser encontrado o show na íntegra) ou em servidores de download, através de uma simples pesquisa no Google.

A marca "Queen +", que teima em surgir de tempos em tempos com alguém diferente nos vocais, já foi tema de calorosas discussões de fãs desde que o saudoso Freddie Mercury partiu para outro plano. A primeira delas, vista com muita simpatia, foi justamente no tributo ao finado vocalista, no estádio de Wembley em 1992, quando vários convidados ilustríssimos se revezavam durante a apresentação (Joe Elliot, Roger Daltrey, David Bowie, James Hetfield, Elton John, Axl Rose, entre outros). Depois disso, algumas apresentações em ocasiões especiais junto a Elton John, executando apenas uma ou outra música, e em outros momentos com Jeff Scott Soto. Não satisfeitos, Brian May e Roger Taylor resolvem tempos depois juntar forças a Paul Rodgers, simplesmente um dos cantores favoritos de Freddie e um dos maiores vocalistas do rock setentista (se você não sabe disso, provavelmente é por que nunca ouviu falar de Free e Bad Company, ok?), projeto que rendeu dois lançamentos ao vivo (um deles, inclusive, gravado na Ucrânia) e um álbum de estúdio (o mediano "Cosmos Rock"). Pois bem. Se as situações acima já foram alvo de críticas e mais críticas por todo o planeta, o que dizer quando Brian e Roger anunciam que irão trabalhar junto a Adam Lambert?

Queen - Mais Novidades

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Quem? Sim, para a maioria de nós um mero desconhecido, mas o cara fez um tremendo sucesso nos EUA no show de calouros "American Idol". Não que isso seja algo considerável no currículo para ter seu nome vinculado a uma das maiores bandas da história, mas pelo menos por lá surgiu grande expectativa, afinal Lambert ganhou fama por ter um bom alcance vocal, além de ser uma figura extravagante e ser assumidamente gay. Isso já foi o suficiente para alguns o apontarem como o substituto de Freddie Mercury. Mas como substituir alguém considerado insubstituível???

Como bom fã de Queen (o original, e não do "Queen +"), munido de muita boa vontade e uma grande dose de curiosidade, este que vos escreve resolve assistir à apresentação e tirar suas próprias conclusões. E o resultado foi um verdadeiro misto de surpresas e decepções.

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Primeiramente: sim, Adam Lambert canta bem, mas JAMAIS deve ser comparado a Freddie, seja por seu timbre, seu alcance, seu talento, seja o que for. Ele é meramente um intérprete que Brian e Roger acharam para cantar os maiores sucessos do Queen. Além disso, Lambert demonstrou uma presença de palco muito fraca – tudo bem que ele deveria estar muito nervoso, afinal estrear assim, para um público gigantesco e "calçando os sapatos" de um dos maiores cantores que o rock já viu, não deve ser nem um pouco confortável, ok? Sem falar na total falta de carisma e da espontaneidade forçada, dignas de um Jorge Vercilo da vida (para quem não conhece, um dos seres mais forçados que a música brasileira já produziu nos últimos tempos, mas isso já são outros quinhentos...).

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O início do show chegou a empolgar quando, após um rápido playback do tema de "Flash Gordon", a banda apresentou um medley que resgatou clássicos como "Seven Seas Of Rhye" e "Keep Yourself Alive". Porém, na versão rápida de "We Will Rock You", ficou nítida a falta de entrosamento dos músicos, com alguns erros bobos. Sim, erros. Erros que ainda se repetiram durante "Fat Bottomed Girls" e "Don’t Stop Me Now", com algumas atravessadas catastróficas. E aí já era possível notar um certo desconforto na fisionomia de Brian May... nem de longe era possível se lembrar daquela banda que tocava medleys extremamente intrincados, com intensas variações de ritmos nos anos 1970. Mas nada que um pouco mais de ensaios não possam melhorar, afinal ninguém discute a qualidade dos instrumentistas ali presentes.

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Segue o show e se "I Want It All" soa melhor, mas ainda um pouco travada e contida, e até que dá para se animar um pouco quando "Under Pressure" é cantada em dueto entre Lambert e Roger Taylor, onde Rufus, filho de Roger, assume as baquetas, e Brian May nos apresenta uma nova versão de sua guitarra Red Special com dois braços. Taylor ainda continua no microfone para entoar sua composição "A Kind Of Magic", soando bem mais sincero e honesto do que o novo vocalista, assim como em "These Are The Days Of Our Lives". Dispensável dizer que a bela "Who Wants To Live Forever" ficou tão saborosa quanto uma jarra de Tang sem gelo com a interpretação do vocalista...

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Na sequência, Brian May pega seu violão de 12 cordas e seu banquinho para chamar a plateia para cantar junto a ele e Freddie Mercury (via telão) a eterna "Love Of My Life", que ainda veio acompanhada de um tecladinho bem breguinha de fundo. Após brincar com o público, perguntando se tinha alguém da Itália ou da Espanha presente (afinal a final da Eurocopa disputada pelas duas seleções seria no dia seguinte), presenciamos mais um dueto, desta vez entre Brian e Roger, em "’39".

Uma grata surpresa foi a inclusão no repertório de "Dragon Attack", do álbum "The Game", que teve direito a solo de baixo (ô saudade do discreto John Deacon), bateria e guitarra e o diabo a quatro. Adam volta ao palco e o que vem a seguir é uma verdadeira coletânea de maiores sucessos: "I Want To Break Free", "Another One Bites The Dust", "Radio GaGa", "Somebody To Love", e "Crazy Little Thing Called Love", todas elas executadas de forma correta. Após "The Show Must Go On", chegamos àquele que sempre foi o ápice dos concertos do Queen, "Bohemian Rhapsody". E foi aí que a coisa degringolou novamente, com Adam Lambert mostrando na parte pesada da música o quão irritante ele e seus agudos podem ser.

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Na volta para o bis, o inconfundível riff de "Tie Your Mother Down" e em seguida, o encerramento que não poderia ser diferente, com a execução da dobradinha "We Will Rock You" e "We Are The Champions", seguindo o à risca como sempre os shows do Queen se encerram. Terminada a experiência, vêm à cabeça uma série de perguntas sobre como será o futuro desta nova investida, se é que ela realmente terá futuro...

E sobre o show em si, fica uma sensação de que estamos vendo uma banda cover, é inegável. Pior ainda: em alguns momentos, temos a nítida impressão de que estamos ouvindo alguma versão para um musical dos teatros da Broadway dos clássicos do Queen – teriam Brian e Roger se empolgado tanto assim com o sucesso do musical "We Will Rock You"? A conclusão final é de que os velhos parceiros de Freddie parecem satisfeitos e coniventes com o fato. Quanto a Adam Lambert, o que vier é lucro, afinal o rapaz está tendo a chance de sua vida de tornar seu nome conhecido pelo mundo... E quem seria doido de recusar tal proposta?

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Setlist:
01. Flash (intro)
02. Seven Seas Of Rhye
03. Keep Yourself Alive
04. We Will Rock You (Fast)
05. Fat Bottomed Girls
06. Don’t Stop Me Now
07. Under Pressure (Roger/Adam duet)
08. I Want It All
09. Who Wants To Live Forever
10. A Kind Of Magic (Roger)
11. These Are Days Of Our Lives (Roger)
12. Love Of My Life (Brian)
13. 39 (Brian)
14. Dragon Attack
15. Drum Battle / Guitar Solo
16. I Want To Break Free
17. Another One Bites The Dust
18. Radio Ga Ga
19. Somebody To Love
20. Crazy Little Thing Called Love
21. The Show Must Go On
22. Bohemian Rhapsody
Encore:
23. Tie Your Mother Down (Brian)
24. We Will Rock You
25. We Are The Champions

Músicos:
Brian May - guitarra, vocais
Roger Taylor - bateria, vocais
Adam Lambert - vocais
Rufus Tiger Taylor - bateria e percussão
Neil Fairclough - baixo
Spike Edney - teclados

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Sobre Doctor Robert

Conheceu o rock and roll ao ouvir pela primeira vez Bohemian Rhapsody, lá pelos idos de 1981/82, quando ainda pegava os discos de suas irmãs para ouvir escondido em uma vitrolinha monofônica azul. Quando o Kiss veio ao Brasil em 1983, queria ser Gene Simmons e, algum depois, ao ver o clipe de Jump na TV, queria ser Eddie Van Halen. Hoje é apenas um bom fã de rock, que ouve qualquer coisa que se encaixe entre Beatles e Sepultura, ama sua esposa e juntos têm um cãozinho chamado Bono.
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