Leon Russell: Casa cheia no Bottom Line. no Greenwich Village
Resenha - Leon Russell (Bottom Line. Greenwich Village, 18/09/2002)
Por Márcio Ribeiro
Postado em 18 de setembro de 2002
Esse show foi originalmente marcado para dia 21 de agosto, porém foi cancelado devido ao falecimento da mãe de Leon, Hester Bridges, aos 90 anos, no dia 20 de agosto. O show então foi remarcado para hoje, 18 de setembro, com duas apresentações, a segunda estando com ingressos esgotados. A casa estava cheia no primeiro show da noite no Bottom Line, apresentando um público predominantemente mais velho, todos ali para assistirem o bruxo branco conhecido por Leon Russell. Ao aparecer, a casa inteira se levanta e o aplaude de pé, a maioria claramente já tendo assistido o renomado pianista em outras ocasiões. Com a idade, Leon já não tem mais condições de fazer suas diabruras no palco, como pular sobre o piano e outras loucuras do passado. Depois de uma operação, tendo os médicos colocado um parafuso na altura de sua cintura, Leon só consegue andar com o auxílio de uma bengala.
Ainda assim, ele continua uma figura que se destaca em qualquer ambiente. De estatura elevada, demonstrando vários quilos a mais, o pianista está bastante forte e com ar saudável. Vestido em uma camisa solta azul marinho com flores brancas estampadas, um chapéu de cowboy, óculos Ray Ban, aquela impressionante cabeleira branca indo da cabeça até quase os cotovelos, barba igualmente longa, descendo até quase o pomo de Adão, Leon Russell lembra à primeira vista, um Papai Noel de férias, uma figura impossível de não se perceber logo, mesmo em meio a uma multidão.
Ao tomar sua posição no palco ao lado do piano, o músico admira rapidamente a casa cheia, abre um sorriso, faz um aceno, depois senta no seu banquinho e, sem dar uma palavra com a plateia, começa o show. A banda que o acompanha tem uma formação bem enxuta. Consiste de uma guitarra, baixo, bateria e ele no piano. Tem ainda um adendo, como que uma cobertura para seu doce favorito, uma linda jovem percussionista, batucando em um chocalho africano, que trata-se de uma enorme cabaça com os chocalhos amarrados em uma rede de nylon em volta. Nada muito diferente do que temos visto na Bahia.
Analisando a banda, podemos destacar logo o guitarrista Johnny Lee Giles, que executou suas partes com eficiência e criatividade. Não me refiro apenas quanto a solos instigantes. Trata-se de um guitarrista com bom domínio sobre o som que tira de seu instrumento. A guitarra soa country quando este é o som desejado, especialmente quando usa slide, quando consegue fazer a guitarra soar como se fosse um verdadeiro pedal steel guitar. Em outros momentos, Johnny Lee também consegue que sua guitarra faça alguns climas sonoros, cortinas, lembrando assim um teclado. No entanto, quando é preciso que a batida passe a ser acelerada, ele também consegue tirar típicos solos roqueiros, oferecendo assim uma paleta variada de cores musicais para Leon poder escolher e usar em todos os climas que as diferentes músicas pedirem.
O baterista de nome Grant Whitman foi bastante preciso e eficiente, o que é o mais necessário para qualquer baterista, porém nesta noite, sem maiores destaques. Completando a cozinha, Jackie Wessel, o baixista, além de eficiente, tem uma voz forte e contribuiu bastante em backing vocals, por vezes assistido por Johnny Lee. Sua voz firme lhe rendeu a oportunidade de cantar um dos números da noite, o clássico "Let The Good Times Roll".
A se destacar da percussionista que nos foi apresentada como Sugaree, além de sua beleza física, é a qualidade do minúsculo microfone que usava, pois em meio àquela massa sonora, realmente se ouvia o que a beldade estava batucando. Talvez o comentário mais interessante a mencionar seja o fato de que trata-se da filha de Leon. Em pé, de frente ao pai, pude notar entre alguns números, Leon e Sugaree se entreolhando com orgulho e carinho.
Quanto à performance de Leon Russell, afirmo que qualquer duvida quanto à sua voz ter se deteriorado pela idade é infundada. Leon continua Leon. Sua voz continua tão rascante e ressonante quanto cheia de molho e nuances. Transmitindo desde paixão à frustração, sempre levando alguma emoção a cada nota. Ao piano, Leon continua com sua técnica intacta, agradando em cheio. Ele toca piano com a mesma facilidade e naturalidade que nós, pessoas comuns, temos ao falar.
O show começou com números menos conhecidos do público geral. Este mesmo público respondeu efusivamente a cada canção antiga que era reconhecida. Em uma hora e dez minutos de show, Leon apresentou vinte e três canções cobrindo diversas épocas de sua carreira. Dentre estes números os mais aplaudidos foram "Hummingbird", "Lady Blue", "Delta Lady", "Dixie Lullaby", "Tight Rope", "Stranger In A Stranger Land" e "Song For You". Leon não dispensou incluir no show alguns covers como "Let The Good Times Roll" (Goodman-Lee), "A Hard Rains Gonna Fall" (Dylan), "Jumpin' Jack Flash" (Jagger-Richard) e "Kansas City", que teve em sua introdução o mesmo inicio de "Paint It Black" dos Rolling Stones. A grande ausência foi a canção "This Masquerade" justamente sua composição de maior sucesso.
Do lado negativo do show, posso citar o som da casa que estava excessivamente alto, o que prejudicou um pouco a melhor apreciação. Alguns arranjos e execuções de Leon ao piano estavam excessivamente mais limpos do que se espera ou queira. Feitos mesmo para agradar as massas, com firulas que alongam o número sem necessariamente dar nenhuma ênfase à técnica ou à interpretação. Um momento especial foi quando a banda deixou o palco e Leon tocou e cantou sozinho dois números, "That Lucky Old Sun" e a adorada "Song For You".
No final da noite, terminando com "Kansas City", Leon se levanta, agradece a presença de todos e se retira, a casa novamente de pé aplaudindo entusiasticamente, quase ignorando por completo a saída dos demais músicos. Se há uma coisa que se possa constar em relação ao Leon Russell, afora a facilidade que ele tem de tocar o piano ou cantar, é o imenso carisma que ele carrega consigo. É realmente muito difícil tirar os olhos dele. Foi bom vê-lo tão bem, principalmente depois de tanto tempo sem ele aparecer pelo norte do país. Se o leitor tiver mais de trinta anos e lembra e conhece as canções de Leon quando no seu auge, ainda na primeira metade dos anos setenta, certamente irá gostar de vê-lo ao vivo. Aparecendo a oportunidade, aproveite. Garanto que vai valer o dinheiro do ingresso.
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Set List:
So Hard to Say Goodbye
Back to the Island
This Love I Have for You
Lost Inside the Blues
Sixteen Tons
Night Life
Message from My Baby
Hummingbird
Sweet Dreams (of You)
Lady Blue
A Hard Rain's Gonna Fall
Let The Good Times Roll
Dixie Lullabye
He Stopped Loving Her Today
Love's Gonna Live Here
Tight Rope
Out in the Woods
Come Rain or Come Shine
That Lucky Old Sun
A Song for You
Jumpin' Jack Flash
Delta Lady
Rollin' in My Sweet Baby's Arms
Prince of Peace
Stranger in a Strange Land
Paint It Black Intro / Kansas City
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A melhor banda de rock de todos os tempos, segundo Bono do U2
Mystic Festival terá cerca de 100 bandas em 4 dias de shows; confira os primeiros nomes
"Melhor que os Beatles"; a banda que Jack Black e Dave Grohl colocam acima de todas
As 50 melhores bandas de rock da história segundo a Billboard
"Come to Brazil" - 2026 promete ser um ano histórico para o rock e o metal no país
Andreas Kisser quer que o último show do Sepultura aconteça no Allianz Parque
Bangers Open Air 2026: cinco apresentações que você não pode perder
Deep Purple continuará "até onde a dignidade humana permitir", declara Ian Gillan
Helena Nagagata reassume guitarra da Crypta
A maneira curiosa como James Hetfield reagia aos fãs que o ofendiam por conta de "Until It Sleeps"
Três Álbuns Seminais Lançados em 1975, nos EUA
Rock in Rio 2026: vendas do Rock in Rio Card começam em dezembro
O surpreendente Top 5 de álbuns do Iron Maiden para Tobias Sammet, do Avantasia
A analogia com Iron Maiden explica decisão do Avantasia, segundo Tobias Sammet
Tobias Forge quer praticar mergulho para tornar uso de máscara no palco menos claustrofóbico
A opinião de Yoko Ono sobre Paulo Ricardo ter regravado "Imagine" de John Lennon
Conheça todos os 11 músicos que já tocaram na Legião Urbana além de Russo, Bonfá e Dado
Produtor do álbum de David Gilmour não sabia quem é Richard Wright
Molchat Doma retorna ao Brasil com seu novo álbum Belaya Polosa
Gloryhammer - primeira apresentação no Brasil em ótimo nível
Planet Hemp é daquelas bandas necessárias e que fará falta
Masterplan - Resenha e fotos do show em Porto Alegre
Poppy - Uma psicodelia de gêneros no primeiro show solo da artista no Brasil
Festival Índigo cumpre a promessa em apostar no Alternativo
Metallica: Quem viu pela TV viu um show completamente diferente
Em 16/01/1993: o Nirvana fazia um show catastrófico no Brasil

