Um obrigado à música, minha eterna amiga e companheira
Por Mateus Ribeiro
Postado em 20 de outubro de 2025
Dias atrás, após passar por um período turbulento, fiz algumas reflexões e percebi que minha vida estava estagnada em muitos aspectos. Decidi que era hora de mudar alguns hábitos e respirar novos ares.
A busca por novas experiências incluiu, entre outras atitudes, trocar a academia onde eu me exercitava - um lugar em que fui muito feliz, é bom que se diga. No caminho até meu novo local de treinos, passei em frente à casa onde morei quando criança.


Naquela residência, muito humilde, vivi uma infância complicada. Minha família trabalhava muito para garantir o básico, que para mim significava o mundo. Apesar de todas as dificuldades - e foram muitas, sobretudo financeiras -, tive dias felizes por ali. Boa parte dessas lembranças está atrelada a uma amiga que sempre esteve presente na minha vida: a música.
Passar por aquela casa me fez lembrar de como meus dias eram difíceis - muito mais complicados que os atuais, que, mesmo assim, não têm sido fáceis. Por outro lado, recordei que, mesmo em meio ao caos que presenciei nos estágios iniciais da minha existência, a música sempre arrancava um sorriso do meu rosto.
As primeiras lembranças que a música me proporcionou surgiram no início dos anos 1990. Das modas de viola que meus pais apreciavam aos discos dos Ramones - minha banda preferida - que meu irmão ouvia, passando pelo assobio que inicia "Wind of Change", o universo musical sempre me fascinou. Alguns eventos marcantes moldaram minha trajetória, que, felizmente, continua sendo escrita até hoje.

Inevitavelmente, acabei me interessando por rock e heavy metal, estilos que dominavam o aparelho de som do meu irmão mais velho. Mas também ouvia outros gêneros, até que um belo dia, pelos idos de 1996, meu pai comprou a trilha sonora do filme "Mortal Kombat" e me presenteou. Aquela "fitinha" mudou para sempre minha vida, por intermédio de uma música extremamente pesada: "Zero Signal", do Fear Factory. A partir daquele momento, percebi que a violência musical era a minha praia.

A chave realmente virou em 1999, quando ouvi "The Unforgiven", do Metallica, em uma rádio de Campinas. Claro que eu conhecia a banda de nome, mas nunca havia me aprofundado. Depois que escutei essa canção inesquecível, me tornei um aficionado pelo que James Hetfield e seus parceiros criaram.
O Metallica foi minha primeira paixão no mundo do heavy metal. Suas músicas me causaram muito impacto, sobretudo duas das mais famosas. A balada "Fade to Black", que retrata um tema pesado, foi minha companheira no dia em que meu avô Jorge faleceu. Meses depois, quando minha avó Julieta me deixou, o clipe de "One" rodou o dia todo no velho vídeo-cassete da família.

Ao longo da minha adolescência, passei a me interessar por outras bandas. Megadeth, Anthrax, Slayer, In Flames, Soilwork, Dream Theater e tantos outros nomes entraram na minha vida e nunca mais saíram.
O jovem Mateus se tornou adulto, começou a trabalhar - muito, por sinal - e passou por muitas alegrias e decepções. Em todas as situações, a música desempenhou um papel fundamental.
"Down in a Hole", do Alice in Chains, me acompanhou nos momentos de tristeza - e a elevou, em muitos casos. "I Wanna Be Sedated", dos Ramones, embalou dezenas (ou talvez centenas) de celebrações. Quando queria colocar a cabeça no lugar, invariavelmente recorria ao Dream Theater.

Quis o destino que justamente o Dream Theater me ajudasse a passar pelo pior momento da minha vida: a morte do meu pai. Foram muitas as noites em claro, ouvindo "The Best of Times", enquanto tentava superar essa perda irreparável.
De lá para cá, muita coisa aconteceu. Sorri muito, chorei demais, vivi intensamente. Sempre com alguma canção em meus fones de ouvido.
Até que, há algumas semanas, tomado por uma tristeza inesperada, resolvi me levantar e tentar mudar minha vida - para melhor, claro. Nesse processo, enquanto passava perto da minha antiga moradia, recebi uma mensagem importante, presente, como sempre, em uma canção. A obra em questão é "I Beg to Differ (This Will Get Better)", da banda Billy Talent.

Melódica, a faixa transita entre a melancolia e o sentimento de conforto. Versos como: "Conforme o tempo passa, isso vai melhorar"; "Você luta todos os dias, mas ninguém vê / E os problemas levam embora sua autoestima"; "Tente enfrentar a dor e deixe-a ir / Não importa o que todos digam / Você pode encontrar outro caminho / Nunca terá que lutar sozinho" dialogaram comigo de forma instantânea e aliviaram um pouco da dor que estava tomando conta do meu ser.

No fim das contas, a alteração dos planos, pouco a pouco, tem me ajudado. Em meio às lágrimas e à busca por renovação, descobri algo que nunca deveria ter esquecido: a música foi, é e sempre será minha melhor amiga e eterna companheira.
Para finalizar, deixo um recado à música e a todos os artistas responsáveis pelas obras que embalam minha vida: muito obrigado, de coração!
E se você estiver passando por momentos difíceis, não hesite em buscar ajuda profissional.

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