Delfos: as tribos e as generalizações
Por Carlos Eduardo Corrales
Fonte: Delfos
Postado em 30 de setembro de 2013
Quando se critica um grupo, as pessoas que fazem parte daquele grupo imediatamente se armam e criticam pessoalmente o autor. A coisa mais comum nesse aspecto é dizer "ele generalizou e portanto se perdeu em seus argumentos", obviamente de forma muito menos polida. Porém, será isso mesmo?
Matéria originalmente publicada no site DELFOS
http://www.delfos.jor.br
A meu ver, a divisão da humanidade em grupos é positiva. Quando você diz para alguém que é nerd ou headbanger, você está falando muito mais do que simplesmente uma palavra. Você está se identificando com um grupo de pessoas, grupo este que tem uma série de características, e está passando todas essas características em apenas uma palavra. O mesmo também é passado quando você decide deixar seu cabelo crescer, usar roupas pretas, ou qualquer outra coisa que o identifique como parte de algo maior do que sua pessoa.
Algumas vezes, essa classificação vem de fora (a turminha da escola chamando o carinha estudioso pejorativamente de nerd, por exemplo), mas em grande parte das vezes, o indivíduo é que opta por elas. Ninguém obriga alguém a deixar o cabelo crescer, por exemplo. Se tanto, a sociedade obriga é a cortarmos os cabelos.
Fazer parte de um grupo, ou de uma tribo, não significa que você abre mão da sua individualidade. Significa apenas que sua personalidade, em grande parte, se assemelha à daqueles indivíduos, mas de forma alguma torna você igual a eles. Por mais que façamos parte da mesma tribo, somos diferentes. Nossos gostos, opiniões e personalidades se diferenciam em muitos aspectos.
Porém, quando se junta uma grande quantidade de pessoas da mesma tribo, surge um novo organismo – o grupo. E este se comporta de um jeito característico. Ou seria certo dizer que o comportamento do público de um show de metal é exatamente igual ao de um concerto de música clássica? Não, não é, ainda que seja possível que exista uma intersecção considerável de pessoas entre eles.
Entrando num ponto mais específico, é possível criticarmos a atitude do público de um show sem criticar cada indivíduo que estava lá. É óbvio que nem todos os presentes fizeram parte do tumulto supralinkado, mas também é fato que algo assim seria consideravelmente mais difícil de acontecer – para não dizer impossível – em um concerto feito no Theatro Municipal.
Um sujeito fanático por Iron Maiden não é APENAS um fã de Iron Maiden. Ele também é filho, pai, marido, enfim... E, no show de sua banda preferida, ele não vai se comportar da mesma forma do que no casamento de sua filha. E isso é natural, não o torna menos trüe. É importante para qualquer indivíduo que viva em sociedade saber diferenciar a hora de bater cabeça ou a hora de prestar atenção em silêncio. E, obviamente, saber que nunca se deve colocar a vida de outras pessoas em risco em nome da sua diversão – ou de qualquer outro motivo.
É possível que você se identifique mais com uma tribo do que com as outras, mas se reduzir a apenas um headbanger é reduzir a si mesmo como pessoa. Seja um headbanger, mas seja também outras coisas. Seja um estudante, um escritor, um músico ou um engenheiro. Seja um amigo, um marido, um pai, enfim... Seja você. Abrace as classificações com as quais se identifique, seja em gostos, visual ou personalidade, mas não se limite. Não seja APENAS elas. Se encarar dessa forma, logo vai perceber como vai incomodar cada vez menos quando alguém falar mal dos "metaleiros" – ou seja lá de qual tribo você faça parte.
Quando falamos sobre grupos (seja em matérias críticas ou humorísticas), não estamos falando especificamente de você, o indivíduo que faz parte dessas tribos, mas dos comportamentos que observamos deste organismo coletivo, que se forma quando se juntam muitas pessoas da mesma tribo em um mesmo lugar.
Assim, é estúpido ficar criticando as generalizações. O que seria da antropologia e da história se fôssemos falar apenas de indivíduos? Graças às atitudes coletivas de grupos – e ao estudo delas – podemos ter uma ideia de como as pessoas viviam no Egito, na Grécia, na época do Renascimento, entre os Maias ou até sobre os povos indígenas que existem até hoje. Absolutamente todos que faziam parte dessas sociedades agiam exatamente da mesma forma? É claro que não – e nem por causa disso nossos historiadores devem perder o respeito por terem, supostamente, generalizado.
Da mesma forma, se queremos estudar, criticar e entender a sociedade contemporânea, precisamos dividi-la em grupos e analisar as atitudes destes grupos, como um coletivo, não de cada membro individual. Seja para fins históricos, humorísticos ou mercadológicos, isso não é negativo nem feito por inimigos do Deus Metal. Muito pelo contrário – é analisando nossos erros e os erros de nossa civilização que podemos evoluir. Como sociedade e como pessoas.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
O álbum que David Gilmour vê como uma continuação de "The Dark Side of the Moon"
A melhor música de rock lançada em 2025, segundo o Loudwire
É oficial! Iron Maiden vem ao Brasil em outubro de 2026; confira as informações
Cinco grandes bandas de heavy metal que passarão pelo Brasil em 2026
Alter Bridge abrirá para o Iron Maiden apenas no Brasil
O rockstar que não tocava nada mas amava o Aerosmith; "eles sabiam de cor todas as músicas"
Max Cavalera diz ser o brasileiro mais reconhecido do rock mundial
Clemente (Inocentes, Plebe Rude) sofre infarto e passa por cirurgia
O que James Hetfield realmente pensa sobre o Megadeth; "uma bagunça triangulada"
Steve Harris e Bruce Dickinson comentam tour do Iron Maiden pela América Latina
A categórica opinião de Regis Tadeu sobre quem é o maior cantor de todos os tempos
Dream Theater abre venda de ingressos para turnê no Brasil; confira os preços
Por que Paralamas do Sucesso se recusaram a tocar nos Rock in Rio 2 e 3, segundo produtor
Guns N' Roses confirma novo local para show em Porto Alegre
A banda de rock brasileira com nome inspirado diretamente no Led Zeppelin
Led Zeppelin é unanimidade? Cinco grandes lendas do rock que não gostam da banda
A opinião de Vinicius de Moraes sobre megahit do Secos & Molhados que usa seu poema


A nostalgia está à venda… mas quem está comprando? Muita gente, ao menos no Brasil
Afinal o rock morreu?
Será mesmo que Max Cavalera está "patinando no Roots"?
Por que a presença dos irmãos Cavalera no último show do Sepultura não faz sentido
Angra traz "Rebirth" de volta e deixa no ar se a formação atual ainda existe
A música com mensagem positiva que chegou do nada e disse o que eu precisava ouvir
Heavy Metal: Bem vinda, Nova Geração da Velha Escola
Down: Palavras de Phil Anselmo mostram que o metal (ainda) é racista



