Paradoxo do Doom: por que gostamos de músicas tristes?
Por Leonardo Mendes
Postado em 17 de outubro de 2012
De acordo com a teoria do hedonismo, nós sempre buscamos o prazer e evitamos a dor. Se isto for verdade, então como se explica a preferência de algumas pessoas por músicas tristes, como o Doom Metal? Nos deparamos então com um paradoxo pensado por Aristóteles; o Paradoxo da Tragédia. Originalmente se referia a apreciação das tragédias gregas, mas pode ser adaptado para a ficção em geral e também para músicas expressivas, arte ou qualquer situação relacionada a busca de emoções ou experiências negativas. Para ficar tr00, chamemos aqui de Paradoxo do Doom. Melhor ainda, The Doom’s Paradox. Uau, hein?
Resume-se a isto:
1. Algumas emoções despertadas em nós por certas músicas (tristeza, angústia, etc.) são negativas, desagradáveis;
2. Os ouvintes de Doom Metal apreciam músicas que despertam emoções negativas;
3. O que é desagradável não pode ser apreciado;
4. Wtf?
Uma possível resposta a este paradoxo é que nós não curtimos toda aquela miséria em si, mas sim outros elementos; como por exemplo a beleza das melodias ou dos vocais; as emoções negativas é o preço que temos que pagar para que possamos apreciar os outros elementos. Porém, existe a possibilidade de buscar músicas que possuem essas características positivas, sem que também possuam todas as emoções negativas do Doom Metal; e ainda assim, as pessoas preferem o doom.
Outra sugestão é que nós não podemos entender a obra sem entender sua expressividade. Então, para que possamos entender e dar significado ao que ouvimos, precisamos sentir a obra por completo, inclusive as emoções negativas que ela trás consigo. Isso é a apreciação estética da obra, que é visto como algo positivo, mesmo contendo emoções negativas.
De acordo com a teoria da catarse de Aristóteles, nossas respostas emocionais negativas à músicas tristes resulta em um efeito sedativo, uma certa purgação psicológica das emoções negativas e um alívio acompanhado pelo prazer. É a "purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama".
Alguns teóricos não vêem estas emoções negativas como sendo realmente negativas. Hume argumenta que o prazer que recebemos de certas obras não só servem para contrabalancear as emoções negativas, como transformam elas em algo bom; e Kendall diz que a tristeza não é algo necessariamente negativo por si só. O que é negativo é a situação que gera a tristeza.
Teorias das emoções controladas sugerem que em algumas circunstancias, nós conseguimos ter controle sobre nossas emoções e isso nos possibilita tirar proveito de emoções negativas. Emoções negativas só seriam desagradáveis quando fogem do nosso controle. Ver um filme, ler um livro ou ouvir uma música são situações controladas, pois nós podemos começar, parar e direcionar nossa atenção e pensamento.
Essas são algumas das possiveis formas de tentar explicar por quê gostamos de músicas depressivas. Vocês, fãs de Doom Metal ou de outros gêneros de músicas tristes, já pararam pra refletir sobre isto? Por que gostam desse tipo de música?
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
Site de ingressos usa imagem do Lamb of God para divulgar show cristão
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
O músico que Ritchie Blackmore considera "entediante e muito difícil de tocar"
A primeira e a última grande banda de rock da história, segundo Bob Dylan
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
Desmistificando algumas "verdades absolutas" sobre o Dream Theater - que não são tão verdadeiras
Dorsal Atlântica termina gravações do seu novo disco "Misere Nobilis" e posta vídeo reflexivo
A banda fenômeno do rock americano que fez história e depois todos passaram a se odiar
Graham Bonnet lembra de quando Cozy Powell deu uma surra em Michael Schenker
Os 50 melhores álbuns de 2025 segundo a Metal Hammer
Fabio Lione anuncia turnê pelo Brasil com 25 shows
Metal Hammer aponta "Satanized", do Ghost, como a melhor música de heavy metal de 2025
A triste constatação de Erasmo Carlos sobre o rock brasileiro
A música da Legião Urbana que mistura hino da União Soviética e conto bíblico
Steve Harris revela o sonho que ele tem que Bruce Dickinson já conseguiu realizar

A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
A nostalgia está à venda… mas quem está comprando? Muita gente, ao menos no Brasil
Afinal o rock morreu?
Será mesmo que Max Cavalera está "patinando no Roots"?
Bandas novas: a maldição dos covers
Lobão: afundando vertiginosamente ao trocar música por desrespeito



