O Produtor: o integrante esquecido de uma banda
Por Fábio Cavalcanti
Fonte: Rock em Análise
Postado em 30 de novembro de 2010
Ao ler o título "O integrante esquecido", você pensa em qual membro de uma banda? Baterista? Baixista? Tecladista? Bem, tais integrantes podem até possuir um menor destaque - se comparados com os vocalistas e guitarristas -, mas estou falando aqui daquele integrante realmente menosprezado: o produtor!
"Espera um pouco, onde está o nome desse cara entre os músicos da banda?", você pergunta. Claro que o produtor não é um músico efetivo do grupo - além de ser um verdadeiro "nômade", que costuma trabalhar com estilos musicais diversos -, mas esse é um profissional que realmente deixa a sua marca em um álbum! Falo do ato de "puxar as cordinhas" dos integrantes, seja através de incentivos ou cobranças, sempre em busca de um resultado que una sinceridade, honestidade e qualidade.
E falando em "deixar a marca", arrisco dizer que, na maioria dos casos, o produtor é tão influente quanto o próprio líder de uma banda, senão mais... Ou você acha que o grande George Martin (foto) não foi um dos responsáveis por toda a revolução musical iniciada pelos Beatles em seus álbuns mais marcantes? E o que falar sobre as técnicas do influente Phil Spector? Sem contar Martin Birch, o "sexto membro" do Iron Maiden em seus álbuns mais clássicos. E isso é apenas o começo...
Avançando um pouco mais, destaco o mago Rick Rubin (foto), que ainda "pincela" obras primas! Entre seus destaques, cito o brutal "Reign in Blood" (Slayer), a ousada viagem funk rock de "Blood Sugar Sex Magik" (Red Hot Chili Peppers), e o já inigualável "novo metal" de "Toxicity" (System of a Down). E quanto aos seus novos trabalhos? Apenas escute o "Death Magnetic" do Metallica, e veja como um produtor pode realmente trazer uma banda de volta para o alto escalão do Heavy Metal.
Outro nome bem interessante é Brendan O'Brien, responsável pela bela sonoridade dos álbuns de dois ícones do grunge: Pearl Jam e Stone Temple Pilots. Mostrando que também sabe utilizar muito bem a "aspereza" de um bom rock "pesado", O'Brien transformou as gravações do Rage Against The Machine em obras que agradam até mesmo aqueles que não suportam o vocal berrado de Zack de la Rocha. Hoje, digo apenas que O'Brien é um dos nomes mais requisitados no mundo do rock, simples assim!
Entre os produtores mais curiosos do rock, podemos citar duas 'figuras': Bob Ezrin e Brian Eno (foto). O primeiro preza por produções limpas, perfeccionistas, e cheias de pompa (o que, sinceramente, não é do agrado deste que vos escreve). O segundo é responsável pelo "A" maiúsculo do Rock Alternativo, um cara que vêm conseguindo encorajar bandas como U2 e Coldplay a retomarem seus instintos de ousadia musical.
Cito ainda os casos em que a própria banda resolve produzir seu álbum. Ironicamente, a maioria destes álbuns não traz o brilho, o "timing" e a lucidez que apenas um produtor "de fora" pode imprimir em um disco. Percebe agora a importância desta figura no portifólio de um artista? Não é a toa que muitos músicos lançam vários álbuns com o mesmo homem "por trás" (com o perdão do trocadilho) de suas obras. Outros fazem o contrário, em busca de "novos sabores musicais"...
E pra não esquecer da boa música brasileira, destaco nomes marcantes do rock tupiniquim, como: Ezequiel Neves (Barão Vermelho, Cazuza), Liminha (Titãs, Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Chico Science & Nação Zumbi), Tom Capone (Raimundos, Skank, O Rappa) e o ainda aspirante Alexandre Kassin (Los Hermanos).
Caso eu tenha esquecido algum nome importante aqui - e eu sei que existem vários -, peço desculpas! E se você nunca ouviu falar em boa parte dos nomes citados, está na hora de aprender a escutar música com ouvidos mais atentos àquilo que é concebido pelo tal "integrante esquecido".
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