Doors recauchutado emociona platéia
Fonte: Dynamite
Postado em 31 de outubro de 2004
Texto: Marcos Bragatto
Quem chegasse ontem atrasado, de sopetão, na apresentação do "The Doors Of 21st Century", no Claro Hall, no Rio, pensaria que o show já estava no bis. É que a banda começou com "Roadhouse Blues", e com o público cantando e se divertindo num astral tão alto que parecia aquele número ser, já, o final. Mas era apenas o começo de um show que tinha tudo para ser memorável. E foi mesmo.
A banda tem, da formação clássica do Doors, o tecladista Ray Manzarek e o guitarrista Robby Krieger, e conta com Ian Astbury (na foto, no show de São Paulo), o lendário vocalista do The Cult, como enxerto de luxo, no papel de Jim Morrison. E Ian se saiu muito bem, justamente porque se recusou a ser o próprio Morrison, na maior parte do show. Recuperado fisicamente e com a boa voz de volta, se lembrarmos da pífia última turnê do Cult, há mais de três anos, Astbury não deu muito trabalho aos seguranças que tomam conta do túmulo de Jim, no charmoso Pere Lachese, em Paris. Os demais integrantes são reles coadjuvantes.
Clássicos? Praticamente foi só o que teve, nas duas horas e quinze, um tempo e tanto, para uma banda reformulada com coroas e que teve o auge no final da década de sessenta. Estavam lá "Love Two Times", "Spanish Caravan", que veio depois de um solo "flamenco", tirado do violão de Krieger, e muitas outras. Teve "LA Woman", a espetacular "When The Music Is Over", com rara perfomance de Astbury, distribuidor oficial de pandeirolas, e também "Alabama Song (Whiskey Bar)". Manzarek era o mais animado, falando num português tosco, tocando com o pé sobre o teclado, tal qual Little Richards, e fazendo vários (mas não chatos) discursos, entre eles um contra Bush e suas guerras. O público, surpreendentemente composto por jovens, em sua maioria, era um deleite só. Nunca se viu, em toda a história dos shows, um "jogo ganho" maior.
Mas nem tudo foram flores. Para "Break On Through", entrou no palco um set de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, que acompanhou a música em ritmo de Olodum, numa típica "batucada pra turista" desnecessária. Foi aí que Jim se remexeu pela primeira vez em sua morada eterna. E ainda, no final, uma invasão de groupies, vencedoras de alguma promoção de rádio, quase estragou a festa.
Para o bis, a mais que climática "Riders On The Storm", com mais um show da dupla Manzarek/Astbury. A banda ainda voltou mais duas vezes, para mandar "Light My Fire" (aquela do RPM), com direito a duelo de guitarra com tamborim, que fez Jim se remexer de novo, e até a cascuda "Soul Kitchen", já coverizada por grandes nomes da música pop. No final, a platéia, que até nem encheu tanto o saco pedindo essa ou aquela música, cobrou em coro a sensacional "The End". Antes de partir, Manzarek explicou que essa é exclusiva de Jim Morrison, mas não se furtou em citar os versos clássicos da música: "father, I wanna kill you / mother, I wanna fuck you". Só assim para Jim se acalmar dentro do tumulo do Pere Lachaise mesmo.
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