Roadie Crew: Fogo no palco em lançamento do Viper
Por Thiago Sarkis
Postado em 01 de julho de 2006
Tornar-se referência no meio musical não é tarefa fácil, mas o vocalista, tecladista e compositor paulistano Andre Matos conseguiu chegar ao estrelato e passou a ser reconhecido mundialmente. Aos trinta e cinco anos de idade, o músico - Bacharel em Regência e Composição, graduado em piano erudito e canto lírico - serve como inspiração não somente para a nova geração de instrumentistas de Heavy Metal, mas também aos que ingressam na Música Clássica, estilos que sempre nortearam sua carreira, iniciada com o estudo do piano clássico logo aos dez anos de idade. Na entrevista exclusiva para a Roadie Crew #90, ele conta absolutamente tudo sobre sua carreira.
"Conheço o Andre desde os tempos de Viper e na entrevista nós falamos sobre toda a sua carreira, em capítulos divididos. Quem é fã certamente irá guardar para sempre esta edição da Roadie Crew!", garante o redator-chefe Ricardo Batalha. "Além da entrevista gravada, relembramos muitos fatos do passado e posso citar aqui uma passagem que não estará na matéria, mas que é bem conhecida pelos fãs do VIPER: o show do Colégio Rio Branco..."
FOGO NO PALCO! - Por Ricardo Batalha
O show de lançamento do primeiro álbum do VIPER, "Soldiers Of Sunrise", contou com uma grande promoção para a época e muita expectativa por parte do público, formado por fãs de Metal em geral, amigos e familiares da banda, que lotaram as dependências do teatro do Colégio Rio Branco, em São Paulo. Eu estava lá, com minha câmera VHS para captar o momento, que, inclusive, consta no DVD "Living For The Night - 20 Years Of Viper". "Quase trucidei todo mundo colocando fogo, incluindo você que estava filmando...", relembrou Andre.
Eu tive mesmo que fugir do Andre Matos, pois no momento em que ele entrou com uma tocha pegando fogo na música "Soldiers Of Sunrise", um pedaço se soltou do cabo de vassoura (sim, a improvisação reinava na época!) e aí o fogo foi para cima das peças da bateria de Cassio Audi! O outro pedaço da tocha pegando fogo caiu justamente perto dos cabos. O então roadie, e hoje guitarrista da banda, Valder Santos, chutou tudo para o lado direito, pensando que ajudaria, mas a tocha foi para perto das cortinas do teatro, alastrando ainda mais o fogo.
Andre Matos relembrou a história com bom humor, mas observou que naquele momento todos ficaram apreensivos de que alguma desgraça pudesse ter acontecido: "Sim, o câmera saiu fugido do espetáculo (risos). Está no DVD e hoje não passa de uma piada, só que na hora em que aconteceu eu fiquei realmente apavorado, achando que ia acabar preso como homicida. As 500 pessoas que estavam presentes escaparam não se sabe como! E também não se sabe como conseguiram apagar o incêndio (risos). Eu entrava com uma tocha pegando fogo na hora da 'Soldiers Of Sunrise', mas deu tudo errado e eu acabei pondo fogo no teatro da escola que eu estudava! O diretor do colégio chegou no palco e falou que eu nunca mais faria um show lá. No final, as coisas se contornaram e hoje é só uma lembrança engraçada".
Mais sobre o início com o VIPER, a passagem pelo ANGRA desde os primeiros dias até a separação, o projeto VIRGO, o momento do SHAAMAN, e a participação na Ópera-Rock "Tommy" do THE WHO você pode ler na entrevista completa na Roadie Crew deste mês.
Confira também as outras manchetes da edição.
COLUNAS
A Roadie Crew #90 vem repleta de matérias memoráveis em suas famosas colunas. No Hidden Tracks, atendendo a inúmeros pedidos, passamos a limpo a curta e inesquecível trajetória do lendário WITCHFINDER GENERAL. O Roadie Collection revisita os lançamentos do MANOWAR, enquanto o Background conta detalhadamente a carreira do DEF LEPPARD, e o Live Evil traz coberturas completíssimas de PARADISE LOST, KRISIUN, e do festival ROÇA 'N' ROLL.
Convidados especialíssimos aparecem nas seções Blind Ear e Profile, respectivamente estreladas pelo baixista Markus Grosskopf do HELLOWEEN, e pelo guitarrista Ron Thal do GUNS N' ROSES, falando pela primeira vez ao Brasil desde que assumiu o cargo substituindo Buckethead na banda de Axl Rose.
A disposição dos músicos para falarem de seus trabalhos, e também não pouparem outros artistas e bandas, em entrevistas intimistas e sinceras, também surgem em realce.
DEICIDE
O DEICIDE não isenta os irmãos Brian e Eric Hoffman, os quais, nas palavras de Steve Asheim: "(...) tentaram dizer que nós os tiramos, mas não foi verdade. (...) Que façam uma nova banda, gravem um novo álbum, façam uma nova turnê. Mas não. Eles estão se fudendo pra isso. Entende? Essa é uma prova do que falei. Eles não se lixam pra nada. Aliás, nem os próprios álbuns da banda são perdoados. O líder Glen Benton detonou "Insineratehymn", "In Torment In Hell", os dois últimos trabalhos do DEICIDE pela gravadora Roadrunner, mandando um sonoro Eles fedem! [São] Lixo. Merda. ao repórter Alexandre Oliveira. Respostas cruas, blasfemantes, típicas de Benton & cia.
TOTO
Se de um lado uns saem destruindo tudo, outros reclamam por serem atacados. Enquanto falava do sucesso do novo álbum do TOTO, "Falling In Between", o guitarrista Steve Lukather ria, ao mesmo tempo em que lamentava a perseguição que seu grupo sofreu pela mídia: "Às vezes a imprensa foi muito cruel dizendo, por exemplo, que nossa música era pior que quimioterapia. E isso é foda... Meu pai morreu de câncer!". E ainda garante: "(...) levamos mais porradas que qualquer outra banda na história, não tenha dúvida disso."
CANNIBAL CORPSE
Por mais que soe paradoxal, as coisas parecem andar mais calmas e leves para o lado do CANNIBAL CORPSE. Pelo menos no que concerne a seus integrantes e músicos. Apesar da saída de Jack Owen ainda hoje persistir como uma forte marca para os fãs e os próprios membros do grupo, o carismático baixista Alex Webster preocupou-se com a música que faz, comentou o novo CD, "Kill", e releu clássicos de sua banda: "Para mim e para muitos fãs existem muitas coisas que podem ter saído ruins nos primeiros álbuns, mas por isso mesmo que são músicas consideradas clássicas hoje em dia (...) Por exemplo, o primeiro álbum do Black Sabbath, é um trabalho lendário e é claro que existem coisas nele que não são perfeitas, mas mesmo assim não acho que as pessoas queiram mudar esse álbum". Webster aproveitou para comentar a cena Death Metal, os rumores sobre o retorno de Chris Barnes (SIX FEET UNDER) ao CANNIBAL CORPSE, e ainda elogiou os brasileiros do KRISIUN, categorizando "AssassiNation" como um álbum "Sensacional!", garantindo ainda que "(...) o Krisiun é uma banda que achou uma maneira de compor que é nova e não menos brutal".
RAGE
Divulgando o recém-lançado "Speak Of The Dead", disco no qual o RAGE retoma suas raízes clássicas ao extremo, Peter 'Peavy' Wagner relembrou o Live 'N' Louder Rock Fest 2005, e falou com entusiasmo de Victor Smolski: "Ele é um músico clássico, estudou violoncelo, piano, composição, e tudo o que você possa imaginar. É um expert com vasta experiência nesse estilo de música, e não havia momento melhor para lançarmos um novo álbum com direcionamento clássico.". Para aqueles que esperam um Peavy polido, porém, seus comentários acerca dos trabalhos de YNGWIE J. MALMSTEEN, METALLICA, e SCORPIONS com orquestra, serão certamente surpreendentes.
LACUNA COIL
Cristina Scabbia do LACUNA COIL também deu o ar de sua graça, e com personalidade respondeu firmemente às críticas de parte dos fãs e da imprensa de que a banda estaria soando mais acessível, principalmente ao mercado norte-americano. "Em Karmacode, o ouvinte se depara com influências da música mediterrânea, linhas vocais com melodias árabes e arranjos para cordas; tudo isso não é comumente encontrado na música norte-americana atualmente, até onde eu sei".
SAXON
Biff 'Byford' do SAXON encontrava-se num dia realmente inspirado, e numa variação de humor constante. Geralmente mais calado, tranqüilo, e de poucas palavras, o vocalista, direto do estúdio onde grava o novo álbum da banda, comentou empolgado sobre "The Eagle Has Landed III", ficou alegre ao lembrar a turnê "Night Out With The Boys", durante a qual só tocou material dos quatro primeiros discos do SAXON, e se mostrou indignado com o cancelamento de seu show no Desert Rock 2006 nos Emirados Árabes pelo conteúdo das letras da música "Crusader". "Não dá para acreditar. É uma loucura. Cortar-nos do festival foi uma coisa completamente doente." esbravejou ele, que prosseguiu: "Seria muito mais fácil se eles nos pedissem para não tocarmos a música. Levaríamos isso em conta, como fizemos há alguns anos quando enfrentamos a mesma situação na Turquia."
JANI LANE / STEPHEN PEARCY
Jani Lane (ex-WARRANT) e Stephen Pearcy (ex-RATT) fazem as vezes do Hard Rock. Ambos vozes marcantes de suas antigas bandas, hoje seguem fortes em carreiras solos, e falam com exclusividade à Roadie Crew sobre seus novos trabalhos, as desavenças com seus ex-companheiros, e as possibilidades de reuniões e retornos com os grupos que os deixaram em evidência na cena.
UDO DIRKSCHNEIDER - U.D.O.
Reunião e voz marcante são também assuntos para Udo Dirkschneider, que falou-nos da turnê com o ACCEPT em 2005, das relações com seus ex-companheiros Wolf Hoffmann (guitarra), Peter Baltes (baixo), Herman Frank (guitarras), e Stefan Schwarmann (bateria). Dentre tantas palavras que provavelmente em nada agradarão os fãs do ACCEPT, Udo afirma: "A química, toda aquela coisa mágica que nos envolvia, acabou, inclusive ao vivo. Sinto-me mais confortável com o U.D.O. no palco."
EXPOSE YOUR HATE
O EXPOSE YOUR HATE faz sua estréia nas páginas da Roadie Crew e traz as minúcias que envolvem o CD "Hatecult", masterizado pelo idolatrado Mieszko Talarczyk (NASUM), morto nos Tsunamis em 2004.
EVILWAR
O EVILWAR aparece pela segunda vez na revista, agora promovendo seu terceiro álbum, "Bleeding In The Shades Of Baphomet", e falando da experiência adquirida nos palcos após shows com DARK FUNERAL, ENTHRONED, GORGOROTH, MARDUK, DESASTER e ROTTING CHRIST.
SOILWORK
Bjorn 'Speed' Strid, representando o SOILWORK, soltou o verbo, comentou o trabalho com Devin Townsend (STRAPPING YOUNG LAD, STEVE VAI), a admiração de Bill Ward (BLACK SABBATH) por sua banda, e a saída do guitarrista Peter Wichers. Sem deixar por menos, criticou a super-exposição da cena de Gotemburgo: "Sempre somos comparados a In Flames e Dark Tranquillity, mas o Soilwork é uma banda diferente, vem de outra cidade (N.R.: Helsingborg), e tem um estilo próprio. Quando destaco isso ao vivo, ironizo essa história exagerada e super explorada pela imprensa sobre a cena de Gotemburgo. Estamos de saco cheio disso."
Sem papas na língua chega às bancas a Roadie Crew #90.
Em julho de 1994, os brasileiros foram oficialmente apresentados ao nome Roadie Crew. No início, ainda como fanzine, a periodicidade variava de acordo com as possibilidades de seus idealizadores; a partir de 1998, tornou-se bimestral, já com características profissionais e código de barras com o registro do ISSN; desde o ano 2000, a publicação chega às bancas e às residências de seus assinantes regularmente nos primeiros dias de cada mês. Quem vê o trabalho já diagramado, com matérias prontas, cartas respondidas, fotos, logos, novidades, colunas, enfim, todo o conteúdo que forma o que chamamos de ‘edição mensal’, sequer tem noção da grande movimentação na redação, da participação dos colaboradores, dos contatos feitos mensalmente, da busca por informações fidedignas e, muitas vezes, da correria que toma conta de todos para que a revista chegue corretamente aos leitores com o melhor do Heavy Metal nacional e internacional. Agora, o maior site e a maior revista do Heavy Metal nacional se unem para trazer um pouco dos bastidores de cada nova edição da Roadie Crew.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps