Dio: 11ª parte de discografia comentada no Minuto HM
Por Flavio Remote e Alexandre BSide
Postado em 25 de agosto de 2012
Dando sequência a série de homenagens ao eterno Ronnie James Dio (link abaixo), é hora de analisarmos a obra-prima Dehumanizer.
http://minutohm.com/2011/05/16/ronnie-james-dio-serie-de-pesquisas-para-escolha-da-melhor-musica/
Antes de iniciarmos a resenha de Dehumanizer, precisamos traçar um resumo do momento no início dos anos 90 da carreira de DIO e do Black Sabbath.
Como já exposto no review anterior, após a saída de Vivian Campbell em 1986, Dio havia trocado duas vezes de guitarrista na banda, na tentativa de obter o sucesso do início dos anos 80, sem porém alcançá-lo. Embora o clima na atual banda fosse o melhor possível, o duro fato é que não havia um horizonte comercialmente promissor para a banda DIO no início dos anos 90. Em paralelo, após a saída de Dio depois da turnê de Mob Rules, o Black Sabbath alternou vocalistas, alguns renomados (Ian Gillan e Glenn Hughes) na tentativa de resgatar o sucesso dos anos 70, também sem êxito. Uma coisa porém ficara clara desde a saída do baixinho em 1982: o motivo do rompimento na época não havia sido musical e sim, por desavenças pessoais, muitas delas frutos de mal-entendidos.
Naquele momento, o Sabbath novamente contava Geezer Butler, que voltara após a finalização da tournê com Ozzy (No Rest For The Wicked Tour) e completando a cozinha - Cozy Powell, que já estava com a banda desde o início da gravação do álbum Headless Cross (1988).
Com a oportuna aproximação de Geezer nos shows da banda DIO durante a turnê de Lock Up The Wolves, esses mal-entendidos são desfeitos e novamente abre-se o caminho para o retorno de Dio ao Black Sabbath. Haveria inicialmente uma formação do Black Sabbath inédita, um pouco mais misturada como Rainbow, já que Cozy já havia tocado com Dio na clássica formação do consagrado álbum Rising do Rainbow.
Ronnie resolve retornar para a Inglaterra, morando temporariamente em Birmingham, enquanto a banda inicia o processo de criação das músicas para o novo álbum, que inicialmente é chamado de Heaven and Hell II, mas apenas como um título provisório de trabalho. Neste momento, em entrevistas, a banda aponta que esta formação com Dio duraria apenas um álbum e turnê, e que Ronnie iria voltar para sua banda em seguida. Esta formação trabalha nas sessões "demo" no estúdio Rich Bitch em Birmingham, contando também com Geoff Nicholls nos teclados.
Destas sessões com Powell há a criação da base de Dehumanizer, incluindo canções que também não seriam incluídas no disco, como The Night Life (ou Next Time), cujo riff seria utilizado em Psychophobia do álbum Cross Purposes e Bad Blood. Essas canções foram registradas em um bootleg "The Complete Dehumanizer Sessions". Computer God e Master Of Insanity são trazidas por Geezer Butler e fazem parte deste CD pirata, que vale apenas para o fã mais ardoroso do álbum.
Computer God - Versão Demo
Master Of Insanity - Versão Demo
Em Outubro/Novembro de 1991, Cozy Powell sofre um acidente e quebra a bacia ao cair de um passeio a cavalo, que o impossibilita de continuar o álbum. Para continuar a gravação de Dehumanizer, Dio sugere a participação de Simon Wright, mas o restante da banda rejeita, justificando que o estilo de Simon era muito "reto" para o que se propunha para o disco. Enfim, Vinny Appice retorna para a banda, trazendo a clássica formação de Mob Rules de volta. A banda gravaria inicialmente a faixa Time Machine para o filme Wayne's World, no Ridge Farm Studios, em Surrey, com a produção de Max Norman para a seguir gravar o álbum, incluindo uma nova versão de Time Machine, no Rockfield Studios, com o produtor Rheingold Mack, conhecido pelos trabalhos com o Eletric Light Orchestra e Queen (como exemplo, o álbum clássico A Night At The Opera foi produzido por Mack e gravado neste mesmo estúdio).
O álbum é lançado em 22 de junho de 1992, e já havia indícios que esta formação poderia se prolongar e não se limitar apenas a um novo álbum. Dependendo do resultado alcançado pelo álbum e na turnê, Dio poderia permanecer na banda. Nada oficial, porém é confirmado.
No encarte do cd, a 2a formação do Black Sabbath reunida
A turnê se inicia no Brasil em 23 de junho de 1992, sem o lançamento do álbum, nas terras brasileiras. Haveria quatro shows em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e um em Porto Alegre, entre 23/06 e 01/07/1992, e o setlist incluía as novas músicas do álbum como Computer God, Master Of Insanity, I, TV Crimes, Time Machine, uma mistura entre os álbuns da era Dio no Sabbath, como Heaven and Hell, Mob Rules, Neon Knights e Children Of The Sea e as clássicas da fase Ozzy, como Black Sabbath, War Pigs e Paranoid.
A tour se estende pela Argentina, antes de fazer a primeira "perna" nos EUA/Canadá entre 24/07 e 09/08/1992. Após participação no SuperRock 1992 na Alemanha em 15/08, a turnê européia se inicia realmente em 01/09, indo até 25/09, abrangendo entre outros os países Reino Unido, Itália, França, Holanda, Suíça, Bélgica.
Em outubro/novembro se daria a finalização da tour canadense/americana, a partir de 12/10 até 13/11/1992, onde em Oakland, há a participação de Carmine Appice tocando Paranoid.
Apesar do relativo sucesso, logo após o início da turnê, os velhos problemas de relacionamento da banda aparecem. Ronnie e Vinny não se juntavam a Tony e Geezer no ônibus após os shows, ficando cada dupla em um canto. Além disso, Ronnie sempre gostou de confraternizar com os fãs após os shows, enquanto Tony e Geezer rapidamente desapareciam.
A gota d'água se dá com o convite de Ozzy para o Black Sabbath participar nos seus supostos últimos dois shows da carreira em Costa Mesa. A ideia proposta era o Black Sabbath abrir para o Ozzy e também haveria uma participação de Ozzy junto com a banda, sem Dio. Por coincidência ou não, esses shows são agendados para os dias 14 e 15/11/1992, e o contrato de Dio com a banda era válido apenas até 13/11/1992. Dio se recusa a participar do show e novamente sai do grupo e declara que o Black Sabbath pode fazer o que bem entender em relação a estes shows. Rob Halford - um amigo de Dio - é chamado para participar do show, porém somente o faz com o consentimento de Dio, em conversa telefônica. Da mesma forma, Vinny Appice também participa com igual aprovação de Dio.
Dehumanizer seria relançado numa versão deluxe em 07/02/2011 que inclui um disco bônus com versões alternativas de algumas músicas como Master of Insanity, Letters from Earth e Time Machine (Wayne's World) e algumas versões ao vivo do show gravado em 25/07/1992, na Flórida.
Acesse a matéria original no Minuto HM para ver uma caprichada nota dos redatores e fotos relacionadas ao álbum / época.
http://minutohm.com/2012/08/23/discografia-homenagem-dio-parte-11-album-dehumanizer/
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