Compact Disc: formato ainda evolui; Brasil ignora
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 18 de março de 2013
Muitos colecionadores estão tanto cansados quanto escaldados com upscaling contínuo de formatos de áudio que os fabricantes de hardware audiovisual estão dispostos a jogar pra cima de um público compreensivelmente desconfiado a cada par de anos. Logo depois determos nos livrado de nossas fitas analógicas de vídeo [que na verdade ofereciam qualidade de áudio superior sob as condições certas] para migrar para o Digital Versatile Disc [DVD], testemunhamos a guerra da High Definition [hi-def] entre o HD-DVD e o Blu-ray, com o último saindo vencedor depois de um milhão de nós termos comprado aparelhos de HD-DVD. Obrigado. Além disso, o DVD-Audio bateu de frente com o Super Audio CD [SACD] quando fora lançado em 1999, apesar de nenhum ter convencido o público europeu de compradores de discos a abdicar de seus CDs [ou vinis], apesar de, previsivelmente, no Japão – a terra dos formatos ascendentes, onde CDs folheados a ouro com qualidade superior são a regra – o SACD recebeu considerável aceitação, e discos em High Resolution Audio – ou Blu-ray Audio [BDA] foram lançados em Novembro de 2012, junto com a TV Ultra-HD4k [4000 pixels] e áudio 11.1 DTS, que chegou ao Reino Unido em Dezembro passado. No horizonte, a Dolby tem o áudio 13.1 HDS Surround na manga, e a TV Super Hi-Vision [ou Super HD] 8K está sendo desenvolvida pelo canal japonês NHK, com lançamento previsto para 2020, associado ao SHD Blu-ray e som Surround 22.2. Comenta-se que será o formato visual derradeiro, já que o olho e o ouvido humanos não conseguem absorver mais informação além desses parâmetros, apesar de nãose duvidar que implantes cerebrais demorem muito!
O atual campo de batalha pelos ienes joga o Super High Material [SHM], o Hi-Quality [HQCD] e o Blu-spec [BSCD] um contra o outro, sendo que todos podem ser tocados em um CD player comum, e teoricamente, oferecem experiências audiofônicas superiores. A razão pra isso é que todos os CD players são propensos a cometer erros na leitura de discos, devido a fatores como vibração e marcas no disco, então se tais determinantes puderem ser reduzidos ou eliminados, uma qualidade melhor de som resultaria. Após o lançamento do SACD, os califas da engenharia eletrônica japonesa se dedicaram à produção de CDs de alta definição, e em 2008, vieram, previsivelmente, com uma tríade de soluções. Afinal, quando foi que essa indústria do Hi-fi adotou um formato universal quando há três maneiras prontas de fazer você meter a mão no bolso para gastar seu suado dinheiro?
Com ecos da guerra entre os formatos de vídeo dos anos 80 – Betamax, VHS e Phillips 2000 [sem mencionar os Laser Discs], o CD de Alta Definição foi apresentado sob as formas SHMCD, HQCD e BSCD.
A JVC/Victor [pioneira da masterização com resolução estendida – XRCD – em 1995] e a Universal Japan produziram discos SHM através da inovação de uma camada de 1.2 mm de resina plástica de policarbonato que for a desenhada para melhorar a transparência do lado dos dados no CD, e desse modo, prover uma leitura mais precisa dos ‘sulcos’ do CD, nos quais a informação digital é impressa e armazenada, o que por sua vez indica que há menos ‘jitter’ ou distorção sônica, resolução sônica mais ampla e melhor trilhagem e equilíbrio, com tudo isso levando a um som mais claro.
A oferta da Denon/Nippon Columbia, o HQCD, fez uso do mesmo expediente, com um policarbonato de alta qualidade no lado de dados do CD, e uma liga de prata que havia sido usada nos HD-DVDs, oferecendo maior transparência na camada refletora do CD, permitindo assim que mais luz seja coletada pelo leitor, significando leitura mais precisa, e logo, som mais claro.
Finalmente, o Blu-spec CD foi divulgado pela Sony Japan, com sua principal característica sendo o master do CD, que utiliza raios azuis de laser ao invés do raio vermelho padrão, tal como os usados para os discos Blu-ray. Eles criam sulcos mais definidos de dados, e portanto,também resultam em leitura e resolução sônica melhores.
Em setembro de 2012, a Sony Japan lançou Blu-Spec CDs com masterização ainda mais precisa, graças a um novo silicone e outras melhorias no material.
Mas como os SHMCDs, HQCDs e BSCDs se comparam um com o outro?
Sendo que nenhum desses formatos foi lançado oficialmente fora do Japão, a revista inglesa Record Collector decidiu consultar um homem que entende do assunto – Andrew Everard, editor consultor das publicações bretãs What Hi-Fi?, Sound & Vision [whathifi.com] e editor de áudio da Gramophone.
Ele adquiriu CDs samplers de demonstração em todos os três formatos, com "tudo desde Dylan até 10cc, de Bach a Wagner, e jazz clássico". Comparados com suas cópias em CD comum das mesmas faixas, ele concluiu que "as versões com o novo spec tem ’um pouco mais de tudo’". No geral, elas tem "um impacto maior que chama minha atenção", música clássica de Wagner, e rock da Allman Brothers Band "batem mais forte, com mais detalhe em tudo desde as guitarras até a bateria, enquanto as vozes tem mais presença e corpo". O mesmo se aplicou ao Kinks, e ao soul de James Brown, apesar de no departamento dos clássicos e do jazz a diferença ter sido menos discrepante do que nos outros gêneros. Ainda assim, quando os CDs hi-def são tocados em players de CD, DVD e BD, o efeito foi ‘acachapante’, e só houve um problema, que seria como classificar um contra o outro. As conclusões de Andrew?
Todos os três são ‘fortes’, apesar de nem um pouco impressionantes como o SACD, que é, sob condições otimizadas de audição, o auge da reprodução em áudio, sem concorrentes. Então, se você já investiu em SACDs estadunidenses ou japoneses, eles são provavelmente o caminho a se seguir. Michael Fremer, do site Analog Planet, afirma que "como fanático por vinil acima de qualquer coisa, minha experiência com discos japoneses de qualquer tipo é confusa, apesar de eu não ter experimentado nenhum SHMCD ou SACD ainda", e sua opção digital preferida serem os CDs de ouro. Mas se você quiser testar as águas da alta definição e gastar mais com um ou mais dos formatos que chegam da terra do sol nascente, dai você pode se surpreender. Assim como deparar-se com o dilema recorrente de substituir sua coleção – mais uma vez.
Aprovo -
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