Machine Head: Robb Flynn relembra Jeff Hanneman em blog
Por Fernando Portelada
Fonte: blabbermouth
Postado em 03 de maio de 2013
O guitarrista/vocalista do MACHINE HEAD, Robb Flynn, comentou o falecimento do guitarrista do Slayer, Jeff Hanneman, que morreu na manhã de ontem, 3 de maio, perto de sua casa no Sul da Califórnia. Ele tinha 49 anos. Hanneman estava em um hospital da região quando sofreu uma falência do fígado.
Na última postagem de seu blog, "The General Journals: Diary Of A Frontman... And Other Ramblings – Life Affirming", Flynn escreveu: "Ainda não acredito que Jeff Hanneman do SLAYER está morto. Coisas assim não acontecem. Thrashers não morrem. Que diabos!!??"
"Não vou sentar aqui e dizer como ele e eu éramos melhores amigos ou algo assim; nós definitivamente não éramos e eu mal nos chamaria de conhecidos. Eu fiz 8 turnês e mais de 120 shows com o cara e honestamente, eu nunca cheguei a "conhecê-lo" de verdade. Eu sempre fui próximo de Kerry [King]. Jeff era super quieto, ficava calado, mas ficava meio turbulento quando bebia, mas ainda um pouco indiferente, e parecia incomodado com as pessoas festejando ao seu redor, sem contar o fato que ele próprio sempre se encontrava muito bêbado."
"Eu posso lembrar algumas vezes que conversamos, porém. A primeira foi em Basel, na Suíca, em novembro de 1994, quando o MACHINE HEAD estava dando suporte ao SLAYER na turnê ‘Divine Intervention’. Foi um daqueles shows onde algo aleatório acontece e você jamais esquece. Neste caso, o show foi patrocinado pelos cigarros Chesterfield e todo mundo que entrasse no show ganhava duas cartelas de cigarro. EU nunca vi tanta fumaça em minha vida. Eu lembro de entrar no palco e gritar para nosso roadie/faz-tudo, Mike Scum: ‘Cara, desliga essa maldita máquina de fumaça’. Ele disse: ‘Cara, isso não é máquina de fumaça, bro, são os cigarros!’. Era quase impossível de se respirar no palco."
"Após o show, nós estávamos descansando nos bastidores e Jeff entrou, nós começamos a reclamar deste show de cigarros louco, e ele me convidou para o camarim para pegar uma cerveja. Nós nos sentamos e conversamos um pouco, e então eu entrei em um modo SLAYER-nerd e comecei a perguntá-lo sobre as músicas que escreveu."
Eu: "Quem escreveu ‘Angel Of Death’?"
Jeff: "Eu".
Eu: "As letras também?"
Jeff: "Sim".
Eu: "Raining Blood?"
Jeff: "Sim."
Eu:"Dead Skin Mask"?
Jeff: "É…"
Eu: "South OF Heaven?"
Jeff: "Eu."
Eu: "Black Magic?"
Jeff: "Você sabe…"
Eu: "Hell Awaits"?
Jeff: "Sim."
"E nós continuávamos sem parar. Este cara escreveu tanto a música quanto as letras de uma grande porção das minhas músicas favoritas do SLAYER. Ele foi uma grande influência em minha própria composição, em particular nos arranjos e nas mudanças de tom. [...]"
"Outra boa memória, foi dividir um ônibus de turnê na Austrália/Coreia /Japão em 2001. Nós dividíamos equipe, gerente de turnê e agente, então todos andavam no mesmo ônibus. Do aeroporto para o hotel todos os dias. Algumas vezes estas viagens demoravam uma hora ou duas, então só falávamos merda e sentávamos lá. Uma vez um garoto correu até o ônibus onde estávamos sentados, mortos de bêbados após uma festa. Ele estava desesperado pelos autógrafos e chegou até o ônibus gritando (o que mais?) ‘SLAAAAAAAAAYYYYYYEEEEERRRR!!!!’ Ele então me viu e ficou todo: ‘Oh, merda, Robb Flynn, cara, eu AMO o MACHINE HEAD, mas é o maldito SLAAAAAAAAAYYYYYYEEEEERRRR. Eu olhei para ele bem nos olhos e gritei meio embolado: ‘Porra, com certeza!!’. Hanneman quase morreu. Ele riu por uns 10 minutos direto, rachou o bico, aquela risada boba, alta e feminina que ele sempre teve."
"A última lembrança que vou compartilhar é da perna americana da turnê ‘Divine Intervention’, em março de 1995. Era o SLAYER, BIOHAZARD como suporte e o MACHINE HEAD na abertura. Nós estávamos tocando no International Ballroom em Atlanta. Ele esteve de fora de algumas músicas do ‘Divine’, o que foi estranho para mim. Nós estávamos relaxando no camarim antes do show, só nós dois, e eu consegui juntar a coragem para perguntá-lo qual era o motivo disso tudo. No começo ele brincou, dizendo que não queria aprender as músicas, que não gostou, que Kerry as escreveu. Ele estava rindo e então, de repente, parou. Ele olhou para baixo, ficou sério. Ele disse que tinha muitas dores em seus pulsos. Suas mãos e pulsos estavam dormentes toda hora, e ficavam dormentes durante as músicas, porque elas eram bem rápidas, e então ele começou a chorar. Foi uma confissão assustadora. Eu ofereci alguns estranhos comentários de melhoras, mas ele continuou a chorar, e eu então decidi sentar lá em silêncio com ele por uns minutos. Ele me deu um abraço e disse: ‘Whoa!’, e riu. Virou-se para o palco e disse: ‘Obrigado, cara’."
"Foi um momento intenso, um dos raros que você tem com alguém, imagine alguém de outra banda."
"Isso me fez realmente respeitar esse cara."
"Esse é o Jeff que vou lembrar."
"Para Kerry, Tom, Dave, Paul, Rick Sales Mgmt e a família de Jeff, minhas mais sinceras condolências."
"Descanse em paz, irmão."
Morte de Jeff Hanneman
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