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Bob Rock: Rei Midas do Metal faz 60 anos; conheça melhor sua obra

Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 20 de abril de 2014

A data de ontem, 19 de Abril, marcou os sessenta anos do über-produtor e engenheiro de som [além de músico profissional] Robert Jeans Rock, conhecido pelo populacho como BOB ROCK, o homem que remodelou a sonoridade do hard rock e do heavy metal mundiais ao longo dos anos 80 e 90, e que está na ativa desde os anos 70.

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Sob a batuta do já finado e igualmente canadense produtor BRUCE FAIRBARN, Rock viu sua carreira como engenheiro e produtor deslanchar a partir da segunda metade dos anos oitenta, quando sua inspiração para arranjos e timbres de guitarra começou a se destacar em meio a suas parcerias com Fairbarn [que por sua vez, era mais familiarizado e sedimentado na seção de metais], e seu primeiro trabalho a redefinir tanto a sonoridade de uma banda [o que ele já conseguira com o THE CULT em ‘Sonic Temple’] como sua personalidade artística e conceitual em geral foi o álbum ‘Dr. Feelgood’, com o MÖTLEY CRÜE, em 1989.

Foi ao ouvir o som da caixa da bateria no disco do grupo angeleno de hard rock [e que se tornou o mais vendido da carreira da banda, além do primeiro a chegar ao topo das paradas dos EUA] que o baterista do METALLICA, LARS ULRICH, começou a sondá-lo para comandar a confecção do sucessor de "… And Justice For All". Começava ali a parceria banda & produtor mais bem-sucedida dos últimos trinta anos, e que catapultou o Metallica ao megaestrelato e Bob à fortuna.

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Junto a James Hetfield ET AL, o produtor criaria um catálogo à parte dentro da discografia da besta-fera thrash, onde, em conjunto com a habilidade sobrenatural de seu engenheiro de confiança, RANDY STAUB, teceria timbres e nuances que muitos tentaram imitar sem sucesso. As frequências obtidas pela dupla Rock & Staub em LPs como ‘Metallica’ [1991], ‘Load’ [1996], ‘ReLoad’ [1997] e ‘Mötley Crüe’ [1994] – todas obtidas a partir de uma alquimia elaborada e sofisticada de captação e gravação via parafernália analógica e digital – são usadas como samples e referência de afinação por vários engenheiros e músicos mundo afora.

Rock refez sua vida a partir dos royalties que discos comercialmente sísmicos lhe proporcionaram, e uma vez devidamente abastado, transferiu-se de Vancouver para Maui, no Havaí, onde tem uma propriedade à beira-mar onde possui um estúdio e vive com sua esposa e filhos.

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Abaixo, uma lista – bastante curta, dada a abrangência demais de 100 trabalhos em sua carreira – de dez álbuns essenciais para conhecer melhor a obra do Rei Midas do rock pesado.

10. ‘The Blitz’ [1984] Krokus

Antes de embarcar na carreira de produtor, Bob passou por um longo período de aprendizado como engenheiro de estúdio para Bruce Fairbarn. Dentre as várias empreitadas bem-sucedidas da dupla, iniciamos a lista com os suíços do Krokus, que conseguiram fazer sucesso no mercado estadunidense com ‘The Blitz’.

9. ‘Sinner’ [2006] Joan Jett & the Blackhearts

Mais recentemente, Rock emprestou sua vasta experiência à veterana Joan Jett, cujo último lançamento no mercado fonográfico dos EUA havia sido lançado mais de uma década antes. Com a ajuda de Rock, ela compilou uma seleção de músicas antes só disponíveis no Japão e as misturou com alguns covers no aclamado álbum ‘Sinner’.

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8. ‘A Little Ain’t Enough’ [1991] David Lee Roth

Quando Dave já lutava para manter sua carreira solo prosperando, ele contratou Bob para produzir seu terceiro álbum ‘full length’ [e primeiro sem STEVE VAI], ‘A Little Ain’t Enough’. Mas, a despeito de ter recebido disco de Ouro com poucos meses de sua chegada às lojas, o interesse pelo disco logo se dissipou – assim como a carreira solo de Dave; mas não por culpa do canadense.

7. ‘Get Lucky’ [1981] Loverboy

Se qualquer disco que contenha o trabalho de engenharia de Rock dá amostras que ele já merecia o crachá de produtor, foi o arrasa-quarteirão ‘Get Lucky’, do Loverboy, um dos discos mais vendidos da primeira metade da década de 80 e que produziu uma das faixas mais executadas da história, "Working For The Weekend".

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6. ’Blue Murder’ [1988] Blue Murder

Para muitos fãs de classic rock, o malfadado supergrupo oitentista Blue Murder, com o guitarrista John Sykes, o baixista Tony Franklin e o baterista Carmine Appice, parecia um sonho. Mas como todo grupo dessa estirpe, ele não duraria muito, e o petardo de estreia, produzido por Rock, não seria honrado pelos lançamentos posteriores da banda.

5. ‘Load’ [1996] Metallica

Os fãs do Metallica que odeiam a ‘Load’ simplesmente porque ele não foi o ‘Black Album 2.0’ são ainda mais otários do que os fãs que sentam o pau em ‘… And Justice For All’ porque não foi um ‘Master of Puppets 2.0’. A real é que a produção de Bob para o Metallica porta, sem exagero algum, os melhores desvios do dito ‘metal puro’ na carreira da banda. Você pode até culpar o grupo por algumas de suas decisões e manobras nas últimas duas décadas, mas não a Bob.

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4. ‘Sonic Temple’ [1989] The Cult

1989 pode ser considerado como o ano que assistiu a transição do status de Bob da posição de profissional disputado para guru inatingível, já que foi o ano em que ele produziu dois discos que tiveram grande impacto nas paradas e na MTV. O primeiro foi ‘Sonic Temple’, do The Cult. Foi Rock quem transformou a outrora gótica banda em hard rock visceral para casas grandes e estádios.

3. ‘Mötley Crüe’ [1994] Mötley Crüe

Ajudado pela presença catalisadora de bom gosto e musicalidade apurada do novo vocalista John Corabi, Bob e Randy Staub conseguiram extrair leite de pedra nas sessões que dariam origem aos dois únicos álbuns da banda sem o vocalista Vince Neil: ‘Mötley Crüe’ e ‘Quaternary’. O resultado é um capítulo à parte na história da banda, além do único som de bateria a poder competir com os obtidos pelo Led Zeppelin nos celeiros de pedra da Inglaterra.

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2. ‘Dr. Feelgood’ [1989] Mötley Crüe

Claro que o segundo tento de Bob em 1989 foi o quinto e último antes de a merda cair no ventilador disco do Mötley Crüe, ‘Dr. Feelgood’, que vendeu seis milhões apenas nos EUA e levou o grupo a seu único disco #1 das paradas. Bastariam ‘Sonic Temple’ e ‘Dr. Feelgood’ para que Bob assegurasse seu nome no panteão dos cunhadores de sucessos, mas aí veio…

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1. ‘Metallica’ [a.k.a. ‘The Black Album’] [1991] Metallica

… o chamado dos pesos-pesados do metal, que esperavam que Rock pudesse ajudá-los a fazer com que seu som convergisse com o universo em uma conspiração a favor deles, e deixar para trás o fechado circuito do Jeans e do couro. E foi exatamente o que se conseguiu com este LP, ainda um forte vendedor – na verdade o disco de metal mais vendido DESDE O DIA EM QUE FOI LANÇADO – batendo em 16 milhões de cópias apenas nos EUA.

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Sobre Nacho Belgrande

Nacho Belgrande foi desde 2004 um dos colaboradores mais lidos do Whiplash.Net. Faleceu no dia 2 de novembro de 2016, vítima de um infarte fulminante. Era extremamente reservado e poucos o conheciam pessoalmente. Estes poucos invariavelmente comentam o quanto era uma pessoa encantadora, ao contrário da persona irascível que encarnou na Internet para irritar tantos mas divertir tantos mais. Por este motivo muitos nunca acreditarão em sua morte. Ele ficaria feliz em saber que até sua morte foi motivo de discórdia e teorias conspiratórias. Mandou bem até o final, Nacho! Valeu! :-)
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