Rádio: emissoras AM e FM estão a caminho da morte certa?
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 16 de maio de 2014
Eu estou dirigindo em meu carro ouvindo ao disc jockey Jeremiah Red na [tradicional estação de rock de Los Angeles [KROQ] e 30% do sinal é estática. Uma excelente playlist, mas eu não consigo utilizá-la por completo. Eu me lembro então que eu poderia fazer o streaming dela a partir de meu celular. Eu abro o aplicativo do [serviço de streaming] IHeartRadio, mas infelizmente eles não tem KROQ. Eles tem KCRW e KPCC [as estações da NPR – minhas outras opções costumeiras no dial de FM], mas nada de KROQ. Eu acho o stream no site deles.
Em 10 anos, as pessoas farão streaming de música para seus carros, ao invés das ondas terrestres – isso se as rádios terrestres ainda existirem.
Tão logo meu iPhone tenha total compatibilidade com o painel de meu carro e haja internet LTE rápida em todo lugar, eu não vou precisar mais ligar o rádio AM/FM. Não vai fazer diferença para nós se ligamos o rádio ou se abrimos os aplicativos de streaming.
Lembra-se de como eles riscaram a TV analógica do mapa quanto todo mundo afirmava que esse dia nunca chegaria?
Voltando ao IHeartRadio, esses caras [a Clear Channel] devia colocar todas as estações de rádio no aplicativo. Eles deveriam ir até os web sites das estações que não entraram ainda e inserir os players de streaming no aplicativo. OU pelo menos linkar aos players por meio do aplicativo. Quanto mais útil o IHeartRadio [por mais egoísta que isso possa ser] for, mais usuários eles terão.
É como o Spotify, quanto mais artistas não aderirem ao serviço, menos atraente ele fica.
É por isso que o Spotify trabalhou tão duro para fazer com que as grandes gravadoras se aliassem a eles desde o começo – apesar de ter custado muito dinheiro adiantado a eles. Eles deduziram que os selos independentes iriam embarcar junto. Tão logo vazou que o negócio era conduzido para favorecer aos grandes, os indies começaram a pular fora. O Spotify teve que entrar em modo de controle de danos para conseguir os independentes de volta, e assim nasceu a Spotify Artists.
São as dificuldades do começo de uma empresa. Mas o Spotify superou esse contratempo e está avançando tão bem que há boatos que eles estão chegando aos 10 milhões de assinantes pagos. A Apple está tão apavorada com o Spotify que teve que comprar a Beats para roubar seu algoritmo. Eles não compraram a Beats para reduzir a competição. Com meros 110 mil pagantes, não são competição.
Mas ela construiu um belo algoritmo que obviamente animou a Apple. Sim, a Beats Electronis é atraente também, e agora a Apple não vai ter que dividir sua receita por todos os headfones que eles vendem.
Mas voltemos ao rádio.
Spotify, Pandora, SiriusXM, IHeartRadio, YouTube, iTunes Radio [que vai melhorar infinitamente com a compra da Beats e a chegada do serviço de streaming do iTunes], e todos os outros sites deste nicho de streaming que vão pipocar ao longo dos próximos anos vão vencer a rádio convencional.
A geração que entrou para a juventude nesse milênio não é obcecada com rádio terrestre comoa Geração X é. Os mais jovens não estão sintonizando em rádios AM/FM para descobrir coisas novas. Eles estão indo ao Pandora, YouTube e Spotify.
Uma vez que todos esses serviços forem integrados aos carros, não haverá necessidade de rádio terrestre. Quando foi a última vez que você ligou o rádio em casa? Ou no escritório? Ou em qualquer lugar além do seu carro: Agora faça a mesma pergunta para alguém com menos de 30 anos.
Quando o SoundExchange consiga fazer seu lobby no Congresso dos EUA funcionar para que se mudem as leis que determinem que artistas e detentores dos direitos sejam pagos por execuções em rádios, vai ser o fim.
É uma pena que o SoundExchange não veja que essa é a nova realidade e devote mais de seus recursos para resolver a suruba de dados que é seu sistema de repasse. Fora seu SAC terrivelmente incompetente. Parem de fazer lobby no congresso. Vai ser irrelevante.
O que é relevante é que milhares de artistas e detentores de direitos autorais e de licenciamento que não conseguem receber o que lhe devem, não importa o quanto eles trabalhem em prol do sistema SoundExchange. Se o SoundExchange não tomar cuidado, outra organização surgirá. O SESAC chegou depois da ASCAO e a BMI em seguida. Outra empresa conseguirá o que o SoundExchange não está. O SoundExchange afirma que defende os artistas, mas os artistas estão tendo muita dificuldade tentando resolver como serão pagos pelo SoundExchange.
Fique sabendo: o SoundExchange é uma organização sem fins lucrativos estabelecida pelo governo dos EUA e que paga a artistas [cantores/bandas] e detentores de direitos autorais [gravadoras/selos] os seus devidos royalties por streams não-interativos em plataformas digitais em território estadunidense [Pandora, SiriusXM, etc]. O SoundExchange atualmente não paga royalties por execuções em rádios terrestres [AM/FM]. É um aspecto equivocado da lei que tem se perpetuado por tempo demais. Toda música tem dois tipos de direito: um para a composição [a música] e outro pela gravação fonográfica [a faixa em si]. O SoundExchange paga pela gravação. A ASCAP e a BMI pagam royalties para os compositores e editores pela composição.
Apesar do que possa parecer, é o caso de se torcer pelo sucesso do SoundExchange. È para o benefício dos artistas, ver se a entidade pode conseguir o que afirma. Mas quando mais os artistas tentam [e fracassam] serem pagos, menor fica o apoio ao SE. O apoio não é recíproco.
Rádios personalizadas e playlists curadas por grupos de nichos específicos logo dominarão o cenário terrestre irá morrer. As rádios locais permanecerão, mas de forma streaming e digital. E o dial dos seus avós irá continuar a acumular poeira.
Por ARI HERSTAND para o DIGITAL MUSIC NEWS
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