Bruce Dickinson: Apresentando autobiografia e conversando com fãs
Por Haggen Kennedy
Postado em 07 de novembro de 2017
Bruce Dickinson realizou, em outubro de 2017, eventos na Inglaterra (e em novembro, nos EUA) para promover sua recém-lançada autobiografia.
A tradicional pontualidade inglesa havia sido quebrada. Dez minutos já se haviam passado desde o horário marcado para o início do evento, às 19:30. A casa de shows, chamada Troxy, localizava-se no frio East End londrino – conhecida região cuja ligação com a história do Iron Maiden é tão íntima quanto a dos próprios músicos. Duas horas antes do início marcado, a fila ao lado de fora já rodava o quarteirão, e o atraso devia-se ao fato de que, mesmo após as sete e meia da noite, ainda havia gente chegando. Para entrar no local, era necessário passar por uma breve revista; depois, todos os pagantes recebiam um exemplar autografado do livro, um pequeno cartão com espaço para uma pergunta direcionada a Bruce e uma estreita tira de papel grosso cujo formato mais parecia o de um marcador de páginas, divulgando o relançamento em vinil dos discos da carreira solo do cantor.
Em instantes, o telão no fundo do palco fazia desaparecer a capa da autobiografia de Bruce, símbolo padrão do evento. Em seu lugar, várias imagens sucediam-se, apresentando o "empreendedor / investidor / piloto / esgrimista" que, "com mais de 85 milhões de discos vendidos no mundo todo e mais de 2.000 shows realizados em 59 países", dava o ar da graça aquela noite. Carregando uma sacola amarelo-alaranjada, entrou pelo lado direito do palco de forma diametralmente oposta àquela em que costuma fazer ao vivo nos shows da Donzela: em lenta caminhada, quase como se estivesse ali por engano. Enquanto depositava o conteúdo da sacola no púlpito, a reação do público era visceral. Palmas e gritos em aclamação triunfal na ânsia de uma noite aguardada por muitos.
"Aguardada" porque, de acordo com o próprio Bruce, há pelo menos 15 anos pessoas de diferentes cantos do globo vinham sugerindo-lhe uma autobiografia. De fato, o interesse não viera só dos fãs, pois o relato de sua vida já encontrou publicação na obra de Joe Shooman – a biografia não autorizada "Bruce Dickinson: Flashing Metal with Iron Maiden and Flying Solo", de 2007, seguida de uma breve atualização na insólita data de 1º de abril de 2017, agora com o subtítulo mais simples "Maiden Voyage".
O evento no Troxy, em Londres, foi parte de uma série de 3 datas no Reino Unido e 7 datas nos EUA para promover o lançamento de "What Does this Button Do?" ("O Que Faz Esse Botão?", em tradução livre), curioso título da autobiografia do cantor. Os 3 eventos principais do Reino Unido, divulgados com o nome "A Conversation with Bruce Dickinson", eram, de acordo com o website oficial do Iron Maiden, uma chance de "ouvir Bruce ler trechos de sua autobiografia, falar sobre como foi escrevê-la (além de muitas outras coisas) e responder a perguntas da plateia". Aconteceram nos dias 17/10/17 em Londres; 20/10/17 em Edimburgo, na Escócia; e 22/10/17 em Manchester, na Inglaterra. O intermédio entre essas três datas foi pontilhado por 8 sessões simples de autógrafos em cidades grandes e pequenas espalhadas pelo Reino Unido, incluindo Glasgow, na bela Escócia; Liverpool, cidade dos Beatles; e Birmingham, berço do Judas Priest.
Essas sessões de autógrafos não incluíam a palestra do frontman: serviam apenas para a compra de livros autografados em tempo real por Mr. Dickinson, com a devida presença de filas intermináveis de fãs. Normalmente, Bruce fazia duas sessões de autógrafos por dia em cidades diferentes, e então o evento principal à noite em uma terceira cidade. Certamente uma rotina intensa e estressante, passível de ser testemunhada por nós, mortais, sempre que o autor e sua agente literária – perenemente a seu lado – pausavam por alguns segundos o frenético regime de autógrafos para verificar, por uma fresta nas persianas da janela, quantas pessoas ainda restavam na fila. As sessões de autógrafos representavam uma chance fugaz do tradicional "hello" seguido de um aperto de mão e acompanhado de um livro ostentando a caligrafia apressada do vocalista.
Os eventos "Uma Conversa com Bruce" seguiam uma sequência comum entre si, em que o escritor mostrava fotos no telão, explicando a(s) estória(s) subjacente(s) a cada uma. Aqui e ali surgia uma informação preciosa que não se conhecia antes. O vocalista narrou também a saga da escrita de sua autobiografia, realizada inteiramente a mão, dada a completa falta de intimidade do autor com teclados de computador. "Catando milho" foi a expressão utilizada, os dois dedos indicadores estendidos de forma desajeitada no ar. Se serviram para alguma coisa, com certeza essas sessões de conversa mostraram que nosso campeão de esgrima tem, sim, suas falhas: digitação e cozinha. Sim, cozinha. Pois a apresentação em Manchester foi de clareza solar: o homem mal sabe ferver um ovo.
Mas evitemos colocar a carroça na frente dos bois. Voltando à epopeia dos manuscritos, "What Does this Button Do?" foi o produto de 7 (sete!) blocos de nota da W.H.Smith, escritos ferozmente em pubs espalhados pelo Reino Unido. Para os menos íntimos da cultura britânica, os blocos WHS são grandes blocos de papel pautado com gramatura de 70 g/m² em tamanho A4 com 200 folhas cada um. Ou seja, estamos falando de um calhamaço com mais de 1.400 páginas preenchidas a mão que o autor insistia em transportar acima e abaixo na Grã-Bretanha sob o braço. Não havia cópias extras nem uma versão digitada, o que explica o completo e total desespero dos "homens de terno" da editora com quem Bruce se encontrou ao fim da jornada para mostrar-lhes o produto final. Se algo acontecesse com aquela montanha de papel, seria o fim. Aflitos, os tais homens de terno recolheram a papelada e, com o objetivo de preservar a existência da obra, puseram-se imediatamente a digitaliza-la. Entretanto, na mais fiel paródia do seriado "Friends", contrataram uma equipe de indianos (sim, na Índia) para a empreitada, que aparentemente encontraram certas dificuldades ao tentar decifrar a letra de Bruce. O caso gerou resultados impagáveis, como a transformação de "Urizen era o frio repositório da lógica", na versão manuscrita, para "laranjas e macacos pulavam de galho em galho" na versão digitada. Resultado: cancelaram o trabalho indiano, e a escocesa Mary Henry foi a responsável por transcrever – sozinha – todo o palavrório de Bruce para o mundo digital. Mais uma anomalia inteiramente compatível com a série de fantásticas curiosidades que recheiam o livro.
Entre a apresentação e os comentários, Bruce chegou a ler, para a plateia, capítulos do livro. Dois de uma vez na noite de abertura em Londres, e apenas um em Edimburgo e outro em Manchester. Eram amostras ao vivo da versão em "audiolivro" que o autor também gravou para sua editora, HarperCollins. Que, diga-se, totalizou 666 minutos de narração. "Não dá pra fingir esse tipo de coincidência", avaliou Bruce, sob o riso e aplauso geral dos presentes.
Após cerca de 45 minutos, Bruce pedia um intervalo de 15 minutos, que utilizava para coletar os pequenos cartões com perguntas do público – os mesmos mencionados no começo dessa matéria. Eram selecionados cerca de uma dezena dentre os (literalmente) milhares de cartões preenchidos. Quando Bruce voltava ao palco, lia as perguntas, respondendo-as da melhor forma que podia. Algumas pareciam ser um desafio. "O que você recomenda a passageiros que morrem de nervosismo ao voar?", perguntou alguém em Manchester. "O que posso dizer", replicou Bruce, pensativo, "é que eu não fico nervoso", disse, explicando que, pelo menos no Reino Unido, o procedimento para se obter o brevê é exigente e exaustivo, o que gera pilotos excelentes. Portanto, passageiros naquela parte do globo estariam em boas mãos.
[an error occurred while processing this directive]Outras perguntas eram uma curiosidade unânime. "Por que você não tem tatuagens?", perguntou alguém em Londres. Aqueles que perderam a chance de ver o evento ao vivo podem buscar satisfação no fato de que essa e várias outras respostas estão na autobiografia de Bruce. No caso das tatuagens, não demora muito: está na página 14 do original em inglês (para os propósitos desta matéria, a única edição da qual se falará, pois é a que possuímos, e até porque a tradução em português, no momento em que se escreve este texto, sequer existe).
Em todas as datas Bruce Dickinson saiu do palco da mesma forma como entrou: sob a ovação estrondosa dos presentes, após mais de duas horas divertidíssimas e bastante informativas. O livro segue o mesmo caminho: trata-se primariamente de uma biografia para leitores já experientes na trajetória de vida do vocalista. Não que marinheiros de primeira viagem não possam tirar proveito da obra. Pelo contrário, o ritmo é tão fluido que difícil mesmo é colocar o livro de lado. As anedotas são engraçadas e o humor de Dickinson é certeiro, sempre atual e estimulante - e é válido dizer, encontra-se ainda mais refinado do que o era nas sagas de Lord Iffy Boatrace. O motivo de ser voltado a fãs mais conhecedores é que alguns temas – talvez de grande importância para novos fãs – são tratados apenas superficialmente. Por exemplo, Dickinson não explica em pormenores sua saída do Iron Maiden. Não porque não possa, mas porque não precise. O tópico já foi discutido em "Running Free", de Gary Bushell; e de forma ainda mais esclarecida e compreensiva por Mick Wall em "Run to the Hills". Nesta autobiografia, é possível enxergar os motivos, ao se fazer um apanhado geral do livro, já que o longo processo que ocasionou sua saída teve início – pelo menos – durante a World Slavery Tour, sete anos antes. Mas não há um capítulo dedicado ao assunto, sendo necessário a junção de várias informações soltas ao longo do texto para entender melhor o processo.
O livro traz também informações relevantes acerca de alguns mitos, que terminam por mostrarem-se incorretos. Por exemplo, a velha estória de que o primeiro encontro de Bruce com seu ídolo, Ian Gillan, tivera lugar em condições não muito desejáveis, com este ajudando aquele a vomitar no banheiro, é desmentida. Não em relação aos fatos, mas em relação à data: o incidente do banheiro ocorreu muito após o primeiro encontro de Dickinson com Gillan.
Outro detalhe interessante é que finalmente aprendemos o motivo de cadeiras terem voado durante as sessões de gravação de The Number... , com Martin Birch. Sempre foi curiosidade deste que vos escreve saber que diabos exatamente acontecera para causar tamanha frustração em Bruce. Mas está lá, na página 106, sendo o motivo completamente diverso do que eu inicialmente havia imaginado: acredite ou não, leitor, o problema eram as duas primeiras linhas da música-título ("I left alone / my mind was blank").
[an error occurred while processing this directive]Na página 203 há dois parágrafos comentando o incidente lamentável ocorrido no HSBC Arena, dia 27 de março de 2011, no Rio de Janeiro, quando quebrou-se a barreira de proteção. O assunto foi tratado de forma extensa na Whiplash.Net, e há vídeos no YouTube de Bruce, acompanhado da intérprete, pedindo desculpas pela transferência do show para o dia seguinte, em que utilizaram uma grade vinda de São Paulo.
A primeira edição da autobiografia é diferenciada: tem capa dura e a borda das páginas é pintada na cor preta (da 2ª edição em diante, a borda é padrão, sem coloração). O livro possui um ritmo de leitura bastante veloz e, segundo Bruce, traz apenas cerca de 50% do que escreveu originalmente. A editora resolveu cortar cerca de metade do material escrito, pois uma obra muito extensa seria menos desejável, por ser menos "digerível" pelo grande público. Biografias, disseram-lhe os "homens de terno da editora", possuem um tamanho ideal, que varia de 300 a 400 páginas, e foi exatamente isso o que aconteceu. Totalizando 384 páginas e sem trazer várias estórias divertidíssimas que ficaram de fora, o frontman não descartou a possibilidade de haver um segundo livro no futuro com o material que não entrou dessa vez. De certa forma, essa realidade não é de todo estranha para o fã de música. É comum que nem todas as composições terminadas entrem para o full-length lançado: algumas ficam para singles, EPs ou até para um próximo disco. Ou então seguem aquele rito que todo fã teme, mas não consegue odiar de coração quando acontece: o polêmico lançamento póstumo de material nunca antes revelado.
De forma geral, o livro, assim como seu autor, é digno de aplausos, ainda que por nenhum outro motivo que não o da honestidade sem compromissos de Bruce – seja quando fala do Samson; seja quando fala dos tempos de bebedeira, quando chegou a enfiar o "Dickinson júnior" no ouvido de Kevin DuBrow durante uma sessão de fotos do Quiet Riot; seja ainda quando compara Steve Harris ao papa, criticando a ideia de infalibilidade da banda. Além de tudo isso, há informações sobre as indas e vindas de integrantes do Iron Maiden (Clive, Adrian, Janick), as muitas complicações físicas por que passou durante as intensas turnês empreendidas, incluindo-se hérnias de disco, paralisias corporais, laringites, bronquites bacterianas e mais. Não é à toa que a soma de tantos fatores deletérios culminariam futuramente em uma situação crítica. Por outro lado, é agradável ler que, após tantos anos, Bruce passou a entender a forma de composição de Steve Harris (que tratava as letras e a melodia vocal de forma completamente alienígena para Bruce) e Steve, por sua vez, passou a compreender que a voz não é como uma corda de baixo que, partida, basta trocar. Foram muitos desentendimentos ao longo dos anos, que Dickinson aborda com sinceridade e simplicidade, sem jamais imprimir-lhes rancor nem amargura, abordando os assuntos mais intragáveis sempre com bom humor. Também são impactantes as narrativas do show em Saraievo, durante sua carreira solo, e a batalha contra o câncer – quanto a este último, o relato é impactante e traz detalhes... inesperados. O leitor entenderá melhor quando ler o livro.
Não há data para a tradução em português, mas certamente a editora brasileira terá extrema dificuldade em alguns aspectos. Bruce faz trocadilhos – propositais – o livro inteiro com letras de músicas, tanto do Iron Maiden quanto de sua carreira solo, sendo quase certo que traduções de termos como "shell-shock" ("shell shock in the kitchen... ") ou "Brazil nuts" (ao mesmo tempo "castanhas-do-pará" e "doidos do Brasil") não evocarão no leitor da obra traduzida a mesma sensação que terá o leitor do texto em inglês. Mas para quem não tem intimidade com o idioma da Donzela, melhor alguma coisa que nada. De uma forma de outra, essa autobiografia continua sendo uma ótima pedida, relevante, informativa e extremamente divertida. Como dizem aquelas avaliações do Mercado Livre: recomendo.
Logo abaixo, encontram-se algumas perguntas feitas a Bruce durante as 3 datas no Reino Unido, acompanhadas das respostas oferecidas pelo vocalista.
Qual foi a primeira banda que rock/metal que você ouviu?
Foi uma banda obscura chamada Wild Turkey, que também é o nome de uma marca de whisky dos EUA. O baixista era Glenn Cornick, do Jethro Tull, e eles tinham um disco excelente chamado "Battle Hymn". Infelizmente, não consigo evitar a impressão de que a faixa-título, "Battle Hymn", foi utilizada quase linha por linha pelo Saxon. Lembro que ficava ouvindo e pensando "já ouvi isso antes em algum lugar!". Enfim, era uma ótima banda, e foram meu primeiro contato real com o rock, quando eu ainda estudava no internato.
Que banda você pagaria para ver hoje ou no passado?
Bem, nunca vi a maioria das bandas que realmente amava em minha infância, quando ouvia seus discos. Nunca, jamais as vi ao vivo em suas formações clássicas. Então adoraria poder voltar no passado e ver o Led Zeppelin no auge, ver o Deep Purple com Ian Gillan em 1972, o Jethro Tull com Ian e sua flauta, fazendo aquelas coisas que ele fazia. Esse tipo de coisa, adoraria ver essas bandas.
Agora que você já escreveu sua autobiografia... acabou-se? [risos gerais da plateia, enquanto Bruce olha de forma sugestiva para a faca de plástico depositada sobre a mesa] Ou ainda poderemos ver mais material de sua carreira solo e do Iron Maiden?
Não, não acabou-se; e sim; e... sim [olha para os lados, como se houvesse deixado um segredo escapar, seguido de aplausos da plateia].
Você continua não gostando da produção de "Balls to Picasso"? Você mudaria/regravaria esse disco se pudesse?
[pensativo] Sim, mas não agora. Não mudaria nada nem o regravaria agora, porque já é passado, já foi feito, é história. Algumas partes dele são ótimas. O que eu queria, na verdade, é ter sabido desde o começo o quanto Roy Z se tornaria bom como produtor, porque aí então eu teria feito mudanças radicais, economizando tempo e dinheiro investidos nos dois discos que joguei fora [N. do E.: Bruce conta em sua autobiografia o processo de produção de "Balls to Picasso", em que teve que recomeça-lo duas vezes]. Mas digo isso olhando em retrospecto, e é muito fácil olhar em retrospecto. Acredito que temos que fazer o que podemos com o que temos no momento, e "Balls to Picasso" foi uma época altamente incerta para mim, eu não tinha a menor ideia – como vocês verão, ao lerem o livro – do que estava fazendo nem para onde estava indo. Eu não tinha um plano quando saí do Iron Maiden, e sei que isso pode soar algo muito estranho de se dizer, mas infelizmente o significado da frase "O que esse botão faz?" é, de muitas formas, o símbolo de minha situação na vida.
Há planos para um novo disco solo?
Sim, há alguns trechos e ideias soltas em demos gravadas ao mesmo tempo em que escrevi o livro e estive em turnê. Juntando tudo, talvez dê metade ou um quarto de um disco – está tudo lá parado, só me esperando. Mas quero voltar e compor a outra metade antes de realmente começar todo o processo de gravação. Uma hora dessas chego lá, mas obviamente estive um "pouco" ocupado com o livro, e a verdade mesmo é que a prioridade é sempre o Iron Maiden.
Sua gravadora e a banda ofereceram algum apoio durante sua batalha contra o câncer?
Algumas pessoas sabiam do câncer, mas a maioria não tinha ideia. O pessoal da gravadora em geral não era composto de amigos íntimos meus. Já Steve, por exemplo, foi ótimo e também uma anomalia. Ele me mandou alguns livros – pois acredita em medicina alternativa, essas coisas –, e me enviou alguns livros como "Como nunca ter câncer de novo" e "Como não morrer de câncer" [risos gerais]. E um dia recebi na porta de casa um trampolim [muitos risos gerais]. Vi aquilo e pensei, "um trampolim? Para que diabos Steve me mandou um trampolim?". Aí li a carta que vinha com o negócio, e ele dizia: "Vai funcionar maravilhas pra você, tem baixíssimo impacto" [risos gerais]. Seguindo as instruções, pus-me a fazer cooper em cima do trampolim e a queda foi fenomenal [faz barulhos da casa vindo abaixo]. O câncer eu iria vencer, mas aquele trampolim certamente seria meu fim. [risos gerais]
Qual é o segredo para se manter uma banda unida?
Você quer dizer o Iron Maiden. Olha, eu gostaria de ter a resposta, e faço inclusive alusão a isso no livro. A melhor resposta que conseguirei te dar é que "o mingau tem que ser feito na medida certa". Quem conhece a estória dos Três Ursinhos? É aquela coisa: "esse está muito quente, esse está muito frio, esse está na medida certa". Bandas são assim, o jeito de cada um é assim. O fato é que somos organismos bastante frágeis, ainda que tenhamos equipamentos imensos, façamos muito barulho etc. Relacionamentos de banda são super frágeis, mas temos muita sorte no Maiden porque somos todos produtos da mesma "mãe", que é o Iron Maiden. Nossa lealdade está direcionada primeiramente ao Maiden, e provavelmente só em segundo lugar a uns aos outros. Isso torna a vida meio que mais fácil, no sentido de como nos relacionamos uns com os outros no grupo, porque você dá espaço a cada um. Isso porque somos capazes de entender que estamos todos aqui com o mesmo propósito, que é oferecer um show espetacular do Iron Maiden ou então fazer um disco incrível do Iron Maiden, seja lá o que for preciso para alcançar esse objetivo. Esse é o segredo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps