Punk Rock: 5 álbums subestimados do século XXI
Por Guilherme Cardoso
Fonte: Tudo no Shuffle
Postado em 26 de novembro de 2018
Há um tempo atrás, publicamos aqui (link abaixo) uma lista com 5 álbuns interessantes de punk rock lançados no séc. XXI.
Então resolvemos fazer uma nova lista com outros 5 bons discos do gênero lançados no novo milênio. Dessa vez, temos uma playlist dedicada ao punk rock para acompanhar a lista.
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Banda: Hostage Calm
Álbum: Die on Stage
Ano de Lançamento: 2014
"Die on Stage" foi o último álbum lançado pelo Hostage Calm. Menos de um mês após lançar o álbum, o grupo anunciou o fim de suas atividades em outubro de 2014. A banda voltou apenas para fazer 5 shows de despedida no início de 2015. O alento é que banda encerrou sua curta existência (7 anos) com seu melhor álbum. Em "Die on Stage", o grupo de Connecticut aperfeiçoou sua sonoridade com uma produção super polida e um ouvido e tanto para melodias pops, algo que já começava a ser percebido nos dois álbuns anteriores. O punk rock e hardcore do início da carreira foi bastante amaciado para um power pop com vocais a capela, piano, teclados e as velhas palmas. Os teclados, aliás, são talvez o instrumento mais importante do álbum, por darem toques ainda mais melódicos às músicas. Veja, por exemplo, "Love Against" e "Fallen Angel" que ganham outros ares graças às melodias de teclado. Dito isso, musicalmente, "Die on Stage" talvez não seja um álbum genuinamente de punk rock mas as letras conscientes sobre questões sociais e questões inerentes ao ser humano mostram que a atitude punk da banda permaneceu intacta mesmo após uma metamorfose sonora. As influências do grupo passam também por The Smith (nas melodias vocais e no clima anos 80 de algumas faixas), Bruce Springsteen (nos momentos mais roqueiros) até coisas mais usuais do pop punk, mas sem abusar da breguice como fazem as bandas mais atuais (All Time Low, The Story So Far entre outras). Na verdade, "Die on Stage" deveria ser o exemplo do mais pop e grudento que um álbum de punk pode soar. As 10 concisas faixas passam em pouco mais de 30 minutos numa sucessão de melodias para grudar na cabeça por dias. "When You Know" parece ser uma música da fictícia banda The Wonders, tamanha a levada de power pop anos 60 dela. Já em "Your Head/Your Heart", a banda até adota o visual anos 60 no clipe, enquanto canta sobre dilemas amorosos apoiada uma melodia tão simples quanto contagiante. Os únicos momentos em que a banda talvez exagere no seu lado pop e na pieguice são as duas baladas "12/31" e "Past Ideas of the Future", mas nada que chegue a ser constrangedor.
Destaques do álbum: "When You Know", "Someone Else" e "Your Head/Your Heart".
Banda: MxPx
Álbum: Panic
Ano de Lançamento: 2005
MxPx é uma banda já com uma certa estrada de punk rock. Formada em 1992, o grupo já foi um quarteto e um trio, atualmente um trio, e conta com Mike Herrera, como líder, vocalista, baixista e principal compositor. "Panic" é considerado o álbum em que a banda voltou a boa forma. No período de 2000 a 2003, o MxPx lançou dois álbuns que flertaram bastante com o pop apesar de terem dado ao grupo alguma entrada no mainstream e turnês maiores. Em "Panic", o grupo soa como um Social Distortion para adolescentes e jovens, inclusive pela voz de Mike Herrera. "Heard that Sound", o quase hit do álbum, até usa a mesma sequência de acordes de "Prison Bound" do Social Distortion. Além dela, outros destaques do álbum são a rápida faixa de abertura "The Darkest Places", "Wrecking Hotel Rooms" composta em parceria com Mark Hoppus do Blink-182 e a última faixa "This Weekend".
Destaques do álbum: "Heard that Sound", "Wrecking Hotel Rooms" e "This Weekend".
Banda: Stephen Egerton
Álbum: The Seven Degrees of Stephen Egerton
Ano de Lançamento: 2010
Guitarrista do Descendents desde 1987 e do ALL, Stephen Egerton lançou seu primeiro e único álbum solo em 2010. Além do ineditismo, "The Seven Degrees of Stephen Egerton" também é especial pois o guitarrista recrutou diversos vocalistas conhecidos do punk rock para cantar em cada faixa. Alguns dos participantes são Joey Cape (Lagwagon), Tim McIlrath (Rise Against), Mike Herrera (MxPx), Dan Andriano (Alkaline Trio), Chris Demakes (Less Than Jake), Mark Vecchiarelli (Shades Apart) e até Milo Aukerman do próprio Descendents. A variedade musical do álbum mostra a capacidade de Stephen como guitarrista e compositor. e também seu ouvido certeiro para escolher os vocalistas de cada música. As músicas parecem ser feitas sob medida para cada cantor.
"Flip" já abre o álbum com um riff inicial empolgante e uma sucessão de power chords abafados enquanto John Specks tenta acompanhar com sua voz as várias mudanças de ritmo. A faixa seguinte "Fire's On" se encaixa mais em um rock'n'roll do que propriamente em punk rock, ainda mais com a sedutora voz anasalada de Jon Snodgrass. "Print On Paper" cai na categoria de punk rock melódico com uma introdução certeira de guitarra e um refrão chiclete, que deixa Chris Demakes totalmente a vontade, como se estivesse cantando uma música da sua própria banda. Enfim, "The Seven Degrees of Stephen Egerton" cobre quase todas as facetas do punk rock com uma competência acima da média, o que é a maior prova da genialidade de Stephen Egerton, o membro menos exaltado do Descendents.
Destaques do álbum: "Fire's On", "Funny Face" e "She's Got Everything".
Banda: Street Dogs
Álbum: Back to the World
Ano de Lançamento: 2004
Street Dogs é daquelas bandas que seguem a cartilha original do punk rock, ou seja, muita consciência social e política nas letras. Junte a isso um vocalista ativista como Mike McColgan, veterano da Guerra do Golfo e bombeiro, cantando refrões que parecem conclamar os ouvintes a levantar e agir e você tem a trilha sonora para uma revolução. Para aumentar ainda mais o apelo emocional e o clima de protesto, há backing vocals e gang vocals aos montes, principalmente nos refrões. A influência de Billy Bragg, o rei das músicas de protesto, fica clara em "Back to the World", inclusive nas músicas folks do álbum, "Tale of Mass Deception" e "Unions and the Law", que diminuem a velocidade sem abrir mão das letras politizadas. Há também músicas que fogem dessas fórmulas, como "Stagger" que flerta com reggae e a ultra rápida, quase hardcore "Drink Tonight", que deixa de lado por 1 minuto as preocupações sociais da banda para falar de um tema menos nobre, se embebedar.
Destaques do álbum: "You Alone", "Back to the World" e "White Collar Fraud"
Banda: The Holy Mess
Álbum: Comfort in the Discord
Ano de Lançamento: 2014
A carreira do The Holy Mess durou apenas 10 anos, de 2006 a 2016, ano em que anunciaram, sem muitas explicações, o encerramento das atividades. Nesse período ativo, o trio da Pennsylvania lançou três álbuns e 5 EP's, sendo "Comfort in the Discord" o último álbum. Nele, o grupo mostrou a maior maturidade da sua carreira passeando pelo punk rock, hardcore e um pouco de rock alternativo com uma sonoridade crua, tanto que o álbum foi gravado ao vivo com a banda inteira (todos os instrumentos gravados juntos) em apenas 10 dias. Liricamente, o álbum toca em temas bem pessoais, como problemas de dependência de substâncias e relacionamentos interpessoais, não só amorosos. Os dois vocalistas da banda (o guitarrista e o baixista) revezam-se, às vezes cada um assume uma faixa inteira, em outras, eles revezam-se numa mesma música. A primeira faixa abre o álbum com vocais gritados do guitarrista, uma letra que usa apenas 6 palavras e guitarras entre o punk rock e o hardcore. A faixa seguinte já é cantada na maior parte do tempo pela voz mais grave do baixista e tem um ritmo menos acelerado, mais de punk rock melódico. A terceira faixa tem um dos refrões mais animados do álbum, principalmente graças ao guitarrista, que usa somente sua voz limpa. O álbum segue nessa variação constante de vocais e de andamentos das músicas, por vezes mais diretas e agressivas, outras mais lentas e reflexivas com toques de rock alternativo (como "Nervous Sister") e outras mais de punk rock melódico. "The Weight" é o final perfeito para o álbum: os dois vocalistas alternam-se na condução da música, evoluindo sem pressa mas com uma tensão crescente. As guitarras vão dando "pistas" da melodia do refrão, que aparece propriamente só no final catártico da música e do álbum.
Destaques do álbum: "Liza and Louisiana" "Nervous Sister" e "The Weight"
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