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Música Progressiva: um senhor gênero musical

Por Marco Aurêh
Fonte: Marco Aurêh
Postado em 07 de janeiro de 2019

Mesmice não existe na música progressiva. Ela detesta a monotonia e faz questão de variar. Mudar. Alterar, desenvolver, progredir. Sob esse aspecto, poderemos dizer, radicalmente, em forma de chavão, que é o tipo de som que melhor representa a vida (a existência em si), que é mutante pela própria natureza – repleta de variações e surpresas.

"O rock progressivo é um estilo de música sem direção, irreverente, imprevisível e que me estimula, mas também me acalma".
Bete Iunes – ouvinte e colecionadora de discos

Certa vez, em meados dos anos noventa, criei uma vinheta de chamada para o Tribuna Progressiva, programa que apresentava na Rádio Tribuna FM, que continha a seguinte frase: "(...) o estilo musical que revolucionou a estética do rock". E essa é a mais pura verdade, e digo ainda: não só revolucionou como foi bem mais além. Vejamos.

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Até o final da década de cinquenta, o rock seguia o formato canção-popular. Introdução – letra cantada: parte A (primeira estrofe); parte A2 (estrofe com a mesma melodia da primeira, mas com letra diferente); parte B ou refrão (clímax); solos (intermezzo); retorno normalmente ao refrão, e fim. E a base desse rock and roll é feita em três acordes maiores, segmento harmônico conhecido como 1-4-5, ou seja, DÓ-FÁ-SOL; RÉ-SOL-LÁ,etc. Este mesmo segmento harmônico, em cifras, que é uma notação universal que utiliza letras e números representando à natureza de cada acorde (C7, por exemplo, significa um acorde de dó maior com sétima), ficaria C-F-G e D-G-A, respectivamente. O primeiro acorde é a tônica (1), em seguida o de quarto grau (4) e a dominante ou quinto grau (5), e assim proporcionalmente. A partir do início dos anos sessenta essa regra foi mudando gradativamente com o surgimento de um estilo musical requintado por natureza. A origem, consolidação e o auge do progressivo se deu entre 1967 e 1977. À parte o prenúncio no último ano da década de setenta do neo prog e do seu principal porta voz, MARILLION, o progressivo passou por uma certa esterilidade nos anos oitenta tendo iniciado uma revigorada na década seguinte que perdura até os dias atuais.

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"Crossover prog seria o progressivo mesclado com outros gêneros musicais e que produzem uma sonoridade caracterizada."
Ricardo Kalil Macari – ouvinte e colecionador de discos
zootecnista e colecionador de discos

São muitos os elementos que caracterizam o gênero em questão, porém, o principal deles é a estilística semelhante à música erudita principalmente dos períodos clássico e romântico. Desde "minuetos" curtos, "sonatas"* (mais do que cantatas, onde a voz é fundamental) até as "suítes" (peças longas, subdivididas ou não) com andamentos variados; sofisticação melódica, rítmica, harmônica e tímbrica. Instrumentos "camerísticos" como o piano, a flauta, o vioIino e o "teclado" (com suas versáteis texturas, orquestrais, sampleadas ou sintetizadas), somados ao "power trio" do rock: guitarra, baixo elétrico e bateria. A voz como instrumento ou como emissora de histórias, poesias ou narrativas. Utilização de dinâmicas, que é a alternância interpretativa de expressões suaves e fortes –, recurso raramente aplicado na música popular (incluindo o rock tradicional e suas vertentes mais próximas); esse contraste sonoro é uma das características mais marcantes e ricas do progressivo. E de um modo geral, a forma-sonata* (em três movimentos) é comumente aplicada: – exposição do tema, desenvolvimento-transformação, e retorno ao tema; vale dizer que o jazz (outro estilo que "influenciou" o prog) é quem mais gosta dessa estrutura.

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O álbum "Di Terra", do grupo italiano BANCO DEL MUTUO SOCCORSO é um bom exemplar desse formato "sonata-concerto" – com a liberdade progressiva, é claro. O disco conceitual apresenta uma música instrumental carregada dos fundamentais elementos que compõem o estilo progressivo. Os títulos das faixas foram subdivididos pelos versos de um poema de enaltecimento ao planeta Terra:

"No céu e outras coisas silenciosas / Terra Mãe / Não sem dor /Eu vivo /Nem mais que uma árvore não menos que uma estrela /Em sons e silêncios / da Terra"
FRANCESCO DI GIACOMO – Vocalista do Banco

O tema principal é apresentado no início, depois ocorre uma desconstrução; na quinta faixa o tema ressurge e após uma pequena variação acontece a reexposição do mote melódico mais uma vez na última pista – uma obra primorosa!

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* Convém elucidar que "forma-sonata" não é o mesmo que "sonata clássica" que é dividida em quatro movimentos (1- primeiro movimento – rápido; 2- lento; 3- minueto, dançante; 4- enérgico, vigoroso e conclusivo). Associar a música "Close to the edge", do YES, a uma sonata (como aponta o Wikpédia, que chega a dizer que as letras foram escritas em forma de sonata), não seria totalmente correto mais pela presença do vocal do que pela liberdade na estrutura, pois há ainda "sonatas de câmara", "sonatas de chiesa", e cada uma delas com variações de regras.

Como exemplos "caseiros" de músicas livremente inspiradas no formato "sonata clássica", cito "Relembrando", última faixa do CD "Ao vivo no Rio Jazz Club", da LUMMEN e "Luares", faixa do álbum "Palma 12 Ciclos"; ambas divididas em quatro movimentos livres.

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"Nunca imaginei na minha vida que existissem tantas bandas maravilhosas da nova geração progressiva italiana"
Fábio Costa Prog – Apresentador do programa Prog Selection na rádio BeProg

Consequentemente podemos dizer que o progressivo vestiu o rock com trajes elegantes, finos e diversificados. O gênero propôs uma estruturação formal nas três partes que subdividem a música: melodia, harmonia e ritmo; cada banda opta por desenvolver mais um item, dois deles ou todos os três, de acordo com suas características. Há conjuntos que primam pela viagem melódica em harmonias mais simplificadas, outros em harmonias complexas e melodias mais simples; alguns por meio de melodias e harmonias rebuscadas e, por fim, temos exemplos de melodia, harmonia e ritmo complexos – ufa! Haja multiplicidade!

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A polirritmia é um dos recursos do progressivo. É comum o uso de compassos compostos, como o 6/8; 7/8; 9/8; 12/8; 5/4 e 6/4. Em função da presença marcante dos teclados em diversos grupos progressivos, a atmosfera, muitas vezes, passa pelo espacial, futurista, moderno, contemporâneo. Convém destacar que este instrumento de teclas foi, e continua sendo, o principal elemento diferenciador do gênero, seguido da flauta e do violino, nessa ordem de presença; isto se considerarmos o violão simplesmente como o lado acústico da guitarra elétrica. Nessa linha de posicionamento, é bem provável que os tecladistas, com suas formações musicais basicamente acadêmicas, tenham sido os instrumentistas que mais colaboraram para a estruturação do gênero progressista; não necessariamente como protagonistas, mas também os influenciando quando estes não tiveram estudos musicais formais, obviamente.

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"Tem gente que julga banda e estilos sem nunca ter escutado, isso é lamentável"
Allan Gomes - ouvinte e colecionador de discos
profissional de TI e colecionador de discos

E se a sofisticação veio das salas de concerto, a liberdade na expressão sonora é filha das tabernas, dos pubs, das garagens, do rock'n roll e do jazz (fusion e jazz rock). Essa última fonte, embora apareça em menor grau (quando comparada à música clássica e ao rock, em si), tem suma importância, principalmente, nas improvisações e no revezamento de solos, pois proporcionou uma organicidade que se tornou fundamental a um estilo tendencialmente racional. Já a energia e a pujança vieram do rock. No entanto, a interpretação não é como a do rock tradicional onde todos os integrantes tocam, sem parar, do início ao fim de cada música. No progressivo ocorre, como já dito, a variação sonora e tímbrica com a alternância na combinação dos instrumentos. E, as dinâmicas interpretativas: ora um movimento fortíssimo, ora uma suavidade – ou um "pianíssimo", para ser mais exato. Mudanças bruscas na atmosfera musical. Um bloco sonoro carregado e pesado se desfaz num piscar de olhos para dar lugar a um violão solo dedilhado. Pausas e revezamentos instrumentais e vocais. Contrapontos, polifonias, climas orquestrais (com ou sem orquestra) trazem a sistematização e o requinte da música erudita, mas com uma certa liberdade de expressão que é tipicamente popular-folclórica. E tal qual o jazz – provavelmente até mais que este -, a Música Progressiva une o gueto e a academia em sua arte.

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publicidadeAdriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Efrem Maranhao Filho | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacker | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jesse Alves da Silva | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Jorge Alexandre Nogueira Santos | José Patrick de Souza | Juvenal G. Junior | Leonardo Felipe Amorim | Luan Lima | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcus Vieira | Maurício Gioachini | Mauricio Nuno Santos | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Richard Malheiros | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |

"Acho que no estilo progressivo não dá para comparar bandas. Cada uma na sua viagem. Nosso estado de espírito é que irá sinalizar a melhor para cada momento"
José Antônio Silva – ouvinte e colecionador de discos
administrador de empresas, professor e colecionador de discos

E não é só na escala sonora que a vanguarda revolucionária impera. O estilo também se superou pela esfera comportamental. Abordagens múltiplas, desde questões filosóficas, sociológicas e ambientais, ou obscuras indagações existenciais. Neste diapasão, a criação de álbuns conceituais (ou que sigam algum tipo de roteiro) em que todas as faixas se ligam a uma temática específica, sempre foi comum, ou seja, menos superficialidade e mais profundidade. E na contramão da tendência ultra-romântica e sentimentalista que impera nas letras das músicas (incluindo quase todos os estilos musicais populares), com raras exceções (e quando a referência tem caráter trovadoresco) - poderemos dizer que o prog, de uma forma geral, não se rendeu ao mito do amor romântico.  

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Por outro lado, o flerte com a literatura é vasto. Muitos álbuns foram baseados em obras de escritores como Julio Verne, Lewis Caroll, Edgar Alan Poe, George Orwell, Paul Gallico, entre outros... Poemas, contos, sagas, mitos, lendas - todo o universo imaginário e surreal é bem-vindo! Sob o aspecto anímico, motivacional, eu diria que a tônica mestra das letras do universo Prog incorre numa busca pelo "Santo Graal", ou seja, o transcendente, a libertação, o nirvana, a elevação espiritual, o novo mundo, o novo homem.

"A Música Progressiva é um mundo mágico e fascinante de cogumelos flutuantes, extraterrestres, vida espiritual, busca de Deus e realidades paralelas".
Diego S.A. – ouvinte e colecionador de discos

É bem verdade que toda essa abordagem diferencial não fica restrita às letras – que por vezes são declamadas ou narradas. Toques de encenação dramática também se fazem presentes em alguns grupos do gênero progressista. E se os discos são legados atemporais que podem ser degustados como livros ou pinturas, o palco é uma estrada sem limites para a viagem da imaginação e da criatividade.

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"Ir aos shows de Prog é poder prestigiar quem está na batalha e faz um som decente e sincero. Heróis da resistência na contramão do sistema."
Jorge Patto – guitarrista

É um equívoco considerar que o progressivo seja, simplesmente, um gênero que apresenta peças musicais de longa duração – embora exista essa tendência óbvia que ocorre com frequência e ela seja muito bem-vinda, diga-se de passagem. Porém, observamos muito essa distorção, tanto por parte de quem faz, quanto de quem consome. "Aumentar por aumentar" o tempo de uma música não faz sentido. Isso tende a torná-la estéril, enfadonha, datada. Uma boa composição flui pelo seu natural desenvolvimento e é a inspiração quem deveria conduzir o processo e não uma preconcepção cronométrica. Há grupos, reconhecidamente progressistas, que criaram peças curtíssimas, e nem por isso, menos interessantes, ou desconectadas do gênero. Como já abordado, considerando que a maior referência é a música erudita, sabemos que esta fonte tem longas suítes, sonatas ou sinfonias, mas também, curtos minuetos, valsas, gigs e peças curtas.

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"Cada vez mais descubro "novidades" ótimas dos anos 70"
Leonardo Bruno – ouvinte e colecionador de discos
microempresário e colecionador de discos

É notório que existem alguns elementos que caracterizam o gênero em linhas gerais, entretanto, grande parte desses pode ser contemplada numa música com um minuto de duração, e até menos, como é o caso de trechos instrumentais que servem de vinhetas sonoras para programas de rádio e TV. A grande maioria dos backgrounds de aberturas, intervalos e encerramentos de telejornais é feita com "rock progressivo". Esses bordões sonoros (que vigoram até hoje), e que nos anos setenta eram originalmente retirados de trechos de músicas de bandas progressistas como PINK FLOYD, FOCUS E TRIUNVIRAT, possuem a característica básica do estilo musical que revolucionou a estética do rock. Atualmente essas vinhetas são compostas exclusivamente (ou capturadas na internet), porém elas mantêm a estrutura padrão, ou seja, frases melódicas incisivas e impactantes executadas com precisão num bloco instrumental coeso e vigoroso; estes "retalhos" sonoros funcionam como "anunciações" contemporâneas.

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Costumo dizer que a receita básica pode ser bem usada, mas é bom deixar que a inspiração conduza a feitura do bolo (sonoro, no caso). A verdade é simples: existe música boa de se ouvir e ruim de se aturar, isso serve para todos os estilos e a MP não fica de fora dessa máxima.

"Não me importa o rótulo dado, pois eu vou na base do sentimento,
na base da reverberação do meu ser... nada superficial"
Sérgio Carmo Lepiane – baixista

Sob a ótica da racionalização excessiva posso dar um exemplo usando um "medalhão" (e dentre os que mais curto). IAN ANDERSON resolveu fazer o "Thick as a brick 2", o que já não considerei uma boa ideia. Pois bem, o álbum não me soa muito agradável e por vezes desperta uma sensação de "Déjà vu", ou melhor, de "já ouvi isso", mesmo quando não há citação proposital. O disco não chega a ficar de todo ruim por que IAN compõe com facilidade. Ele sabe combinar as notas e os timbres. E se a obra original (Thick as a brick, lançada em 1972) - além da primorosa unidade sonora instrumental e vocal -, apresenta um conceito muito criativo - incluindo um drama que parafraseia a realidade, somado a uma arte gráfica inovadora -, com uma letra de protesto muito inspirada e bem montada, TAAB2, mostra letras (com exceção de "Adrifti Dumfounded") mais que surreais, que só o Anderson deve compreender. Comparar as duas obras (TAAB I com o II) chega a ser uma heresia. O fato é que a inspiração pode ser buscada, mas nem sempre ela é encontrada.

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"Ian Anderson, para mim, é um dos maiores compositores de todos os tempos"
Anésio V – ouvinte e colecionador de discos
programador de CNC e colecionador de discos

Existem muitas variáveis quando se trata de música progressista. É preciso lembrar que o THE MOODKY BLUES - à parte a enxurrada do rockabilly a la BEATLES e de baladas de curta duração -, apresentava algumas músicas conceituais e programáticas, ou descritivas (outra derivação erudita) que evocam ideias, situações, imagens ou cenas que são sugeridas através de determinadas sonoridades ou dos próprios efeitos sonoplásticos (sons de vento, de chuva, helicóptero, etc). "Days of future passed", lançado em 1967, foi um pioneiro por ser um álbum temático e por apresentar a junção de uma orquestra sinfônica com uma banda de rock – que me leva a crer que foi um marco sincrônico da essência do gênero; contudo, outros álbuns anteriores de outros artistas e grupos já demonstravam alguma afinidade com o estilo que surgia no início da década de sessenta. E desde este álbum e também nos discos posteriores do TMB, ouvimos a presença marcante da primeira "orquestra" sintetizada da história, o incrível Mellotron (teclado que reproduz um bloco de cordas arqueadas e também de flautas, posteriormente de vozes e metais, gravado em fitas magnéticas) executado por MIKE PINDER. As artes visuais da maioria dos álbuns da pioneira banda formada em Birminghan, Inglaterra, cada um com uma pintura específica, merecem destaque, pois essa parte estética e plástica também passou a acompanhar de perto o movimento Prog.

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"Sem o Mellotron o mundo não seria o mesmo.
Na minha opinião é o instrumento que é a identidade da Música Progressiva"
Jaci – ouvinte e colecionador de discos
comerciário e colecionador de discos

Sobre o THE MOODY BLUES, faço questão de contar um fato. Certa vez estava eu em casa no meu canto musical, quando vejo nossa empregada doméstica se aproximar enxugando as mãos no pano de prato e com olhos de admiração me perguntar: – Marco, que música é essa? – É de uma banda chamada THE MOODY BLUES, respondi de imediato e um tanto quanto surpreso. – Que bonita! Poderia gravar uma fita pra mim? - Claro, gravo, sim. E foi o que fiz. Enfim, a boa música é feito o aroma de um delicioso prato, que envolve de imediato - e o mais fascinante é que ambos são invisíveis.

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Além do destaque da parte gráfica do TMB, é importante frisar que várias outras capas de álbuns do rock progressivo representam verdadeiras obras de arte visual. Podemos citar as do Roger Dean criadas para o YES e as da agência inglesa de design gráfico "Hipgnosis" – que assinou para PINK FLOYD, ELP, RENAISSANCE, GENESIS, e até do próprio YES, quando este resolveu variar - PAUL WHITEHEAD foi outro artista visual "capista" que merece destaque, criou imagens na linguagem surrealista para álbuns do GENESIS, LE ORME, VAN DER GRAAF, PETER HAMMIL, dentre outros.

"O Pink Floyd foi o pai de todos. Pai do Space e do Krautrock.
Seus três primeiros discos influenciaram Todos que fizeram música experimental no rock"
Cláudio Fonzi – empresário discográfico, fonográfico e produtor cultural

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Uma das coisas mais importantes que o rock progressivo evidenciou foi no âmbito da guitarra. Aos meus ouvidos (que priorizam a melodia), afirmo que os melhores solos de guitarra do mundo estão na cena progressiva. A maioria dos "guitarristas Prog" pensa melodicamente e não em forma de clichês. Mais construções melódicas narrativas e menos frases feitas (riffs). Nessa linha, quero citar os que mais me agradam: JAN AKKERMAN, ANDY LATMER, STEVE HACKET, DAVID GILMOUR, MIKE HOLMES, FRANCO MUSSIDA, NICK BARRET, STEVE ROGHERY, SERGIO HINDS, SERGIO DIAS, MARIO NETO, PAULINHO CABRAL, JOSÉ ROBERTO CRIVANO, LUIZ ZAMITH...

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

"Acho que o álbum "Whalecome", de 1978, da banda alemã Satin Whale
foi um prenúncio do que viria ser mais tarde o Neoprogressivo"
Marcio Tex - guitarrista

Sabemos que o Progressivo, diretamente influenciado pela música erudita, é eminentemente racional, mas quando é a emoção que dá o start a uma composição ou em partes desta, a coisa toma outra dimensão. Não falo do sentimentalismo exagerado, que não combina com o estilo, mas de inspiração na origem para que a posterior estruturação da forma sirva a um rico conteúdo. Alguém já disse que a emoção é matéria prima da arte, eu, particularmente, concordo. E caso fosse simples somente racionalizar para criar, teríamos quinhentos Boleros como o de RAVEL, "trocentas" sinfonias como a Nona de BEETHOVEN ou a Terceira de MAHLER – complemento a analogia para que fique mais justa ao tema: caso bastasse conhecer teoria musical para compor bem, teríamos uma infinidade de "Thick as a brick", "1974", "Eruption", "L'isola di niente", "Hamburger Concerto", "Firth of fifth", "Impressioni di settembre", "Cinema Show", "Close to the Edge", "Principe di giorno"; "Reasons for waiting"; ... de onde se conclui que as grandes obras acabam sendo a minoria do que se cria, até mesmo dos que muito bem criam – como já abordamos acima.

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"A Música Progressiva pra mim é o ponto contemporâneo marcado na linha do tempo da música antiga.
É a irmã mais nova das composições que passaram pelo período que vai do medieval ao moderno"
Mônica Winter – jornalista e assessora de comunicação

O Progressivo está mais para a sala de concerto do que para a serenata ao luar. Não podemos negar que o gênero é de origem anglo-saxônica. Tem sonoridade basicamente marcial, solene; menos "swing" sincopado, dançante; menos movimento pélvico e mais estímulo mental-espiritual-transcendente. Surgiu na Europa e se desenvolveu, principalmente, neste continente, estando em sua essência, carregado de elementos sonoros e culturais dessa região. A música erudita é uma delas. A música folclórica da Grã-Bretanha (sobretudo), mais o cancioneiro popular medieval e renascentista da região do norte-europeu, incluindo alguns elementos do jazz rock e do fusion (nestes ele "muda" de continente) complementam o bojo. Esses emblemas culturais são fortíssimos e caracterizam o estilo, por mais que alguns tentem ignorar e incluir ao gênero alguns brasileiros de sonoridade regional como ALCEU VALENÇA, ZÉ RAMALHO e até mesmo HERMETO PASCOAL e EGBERTO GISMONTI. Prefiro chamar algumas composições desses conterrâneos de música instrumental brasileira, música experimental nordestina, música armorial, e por que não: world prog ou etno prog? Por mais que a música apresente aspectos que remontem ao estilo em voga, ela não me soa como tal.

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"O Brasil tem muitas bandas de nível internacional e até melhores do que muitas lá de fora"
Carlos Vaz – fotógrafo, colecionador e produtor do programa "The Italian Progressive Scenary"(BeProg)

Quando falo em influência da música erudita europeia, embora a predominância seja dos períodos clássico e romântico, ela é bem ampla e ocorre do medieval ao moderno. Algumas bandas, como KING CRIMSON, GENTLE GIANT, HENRY COW e UNIVERS ZERO, estenderam suas convergências até períodos mais contemporâneos. Convém destacar que o predomínio dos compositores germânicos se deu a partir do período barroco (BACH; BEETHOVEN; BRAHMS; MOZART; WAGNER; SCHUBERT; STRAUSS; HÄNDELL; HAYDN; KARL ORFF; SCHUMAMM; OFFENBACH; VON WEBER; PAUL HINDMITH; DVORÁK; MAHLER; SHÖMBERG...). Vários grupos Prog interpretaram/interpretam muitos desses mega-compositores.

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"A evolução dos estilos musicais segue uma dinâmica que muitas vezes representa a criação de algo novo ou o resgate de algo do passado"
Ricardo – ouvinte e colecionador de discos
gerente em depósito de bebidas e colecionador de discos

Quanto à polêmica sobre qual foi o primeiro disco progressivo da história é uma discussão que não faz sentido. Todos os movimentos e períodos musicais não se estabelecem estanques, ou num passe de mágicas. Trata-se de um processo que vai sendo maturado até se substanciar. E na cúspide que divide uma fase da outra, a coisa fica ainda mais dissolvida, pulverizada. É claro que não estamos falando de um período da história da música, que dura em torno de cem ou cento e cinquenta anos, mas estamos diante uma tendência musical que, entre altos e baixos, já se mantém há mais de meio século.

"O Pink Floyd foi o pai de todos. Pai do Space e do Krautrock.
Seus três primeiros discos influenciaram Todos que fizeram música experimental no rock"
Cláudio Fonzi – empresário discográfico, fonográfico e produtor cultural

"E lembrar que o Pink Floyd começou com baladinhas tipo "Emily Play". Uns mudam para melhor, outros se perdem no Deus Mercado"
Ricardo MKT Digital – ouvinte e colecionador de discos

E quem ouve? A tribo prog é peculiar. São nichos bem específicos. A maioria é exigente e prefere o progressivo puro. Mas há os que conseguem alongar seus gostos, ainda que apreciando Música com "M" maiúsculo. O neo progressivo que o diga, bandas como IQ, MARILLION e PENDRAGON não acolhem somente a nova geração, mas também abarca muitos ouvintes dinossauros. O contrário também é fato. Uma parcela de fãs inveterados apresenta restrições a alguns medalhões consagrados; gosto é gosto. O amante de Prog é um garimpador nato. Gosta de investigar, pesquisar e colecionar. O conteúdo (música) é o que mais importa, mas o invólucro (capa, imagens, encartes, informações) é considerado altamente relevante. É capaz de conceituar acerca da história de determinado grupo. Durante a audição se comporta como um ouvinte de música erudita, respeita os movimentos suaves, porém sabe vibrar (e até se manifestar) nas passagens mais enérgicas. Levando em conta que a combinação de elementos diversos torna o progressivo um estilo musical rico e complexo, ou seja, um farto buffet não tão fácil de digerir, o proguer man seria um degustador de pratos não convencionais. O excêntrico é bem-vindo aos amantes do gênero. Os apreciadores que são mais ecléticos até se afinam com uma vertente da música brasileira, sobretudo, aquela com características mais rurais, campestres, viajantes – desde que o instrumental seja bem elaborado. E nesse quesito, a música mineira se torna bem cotada. Ela sabe unir espontaneamente o simples com o "barroco" – além da tendência metafórica nas letras.

"A maioria ouve rock como consome fast food. Nós consumimos rock, prog, jazz, folk como especiaria gourmet"    
Victor Hugo – ouvinte e colecionador de discos
engenheiro e colecionador de discos

E o que mais diferencia o progressivo criado nos anos setenta, do neo prog na década seguinte e posteriores 'neos'? À parte a criatividade, somada às peculiaridades da época, que naturalmente produziram um contraste artístico, existem outros aspectos que devem ser relevados. Além da influência da música pop que surgiu no final daquela década, eu diria que a timbragem e a mixagem dos instrumentos, a meu ver (a meu "ouvir", melhor dizendo), foram fatores ultradeterminantes. O primeiro mostrava os instrumentos mais puros e originais, sem "maquiagem". Bateria sem reverb (a caixa, principalmente), baixo sem efeitos moduladores, sustain ou compressor; e bem mais presente sonoramente falando, com as frequências baixas (graves) fortalecidas. Guitarra sem muita modulação (chorus) ou delay (eco). Na 'época áurea', os efeitos ficavam mais a cargo dos teclados e sintetizadores além da própria guitarra com algumas distorções (overdrive e phaser). Por outro lado, as novas bandas passaram a usar e abusar dos artifícios da sonoridade digitalizada; frequências altas (agudos) para todos os lados, bumbo e caixa com timbre "moderno" (cheia de reverb) que soa distanciado - sem contar o flerte com a música pop que desagrada os ouvintes mais puristas. Para resumir a diferença eu diria que o som atual é mais "limpo" e menos "orgânico". Entretanto, hoje existem grupos que tocam o que poderemos chamar de "progressivo puro", muito mais afinado com o som (conteúdo e forma) dos precursores do estilo; há também os que apresentam uma mescla das duas vertentes. Em suma, o universo é amplo e merece avaliações esmiuçadas e pontuais- específicas.

"Eu diria que a Música Progressiva é uma variação tão bem elaborada quanto à música erudita. Ela possui uma característica de complexidade que inebria em musicalidade e simplicidade ao mesmo tempo, também sendo uma ferramenta de transformação social"
Cláudio Paula – produtor cultural, diretor da Vértice Cultural

Um fato lamentável, é que absolutamente todas as bandas icônicas se renderam, pelo menos em alguma ocasião, ao universo comercial – o que nos faz refletir acerca do poder avassalador do vil metal, bem como da necessidade de estar em evidência, não importando como. E felizmente, todas elas também perceberam que fazer Arte era mais importante e retornaram as suas origens.

"Neoprogressivo é uma terminologia muito ligada ao que aconteceu entre 1981 e 1988 (IQ, Marillion, Pendragon, Twelfth Night, etc...) para diferenciá-las das bandas dos anos 70. Mas se passaram mais de 30 anos e já aconteceu muita coisa nova no progressivo desde então"
Victor Hugo – ouvinte e colecionador de discos
engenheiro e colecionador de discos

Outra questão que gera debates é a nomenclatura. Rock Progressivo, Música Progressiva ou Art Rock (que acaba sendo tão abrangente quanto o anterior), para citar as principais. Eu não considero o progressivo um subgênero do rock (como a maioria nomeia) pelo fato dele ir muito além disso – a ponto de ter produzido vários subgêneros: prog clássico; prog sinfônico; folk prog; krautRock; prog italiano; euro rock; prog metal; hard prog; rock in opposition; avant-prog; space; new age; eletrônico; cena de Canterbury, Neo-prog...; Embora eu goste da chancela "Progressive Rock" – primeiro título, e que traz o sobrenome do pai (a mãe é a música 'clássica') e que também é o mais usado em todo o mundo -, prefiro o termo "Progressive Music", que tem uma abrangência bem maior e, por esse motivo, mais de acordo com o estilo em voga.

"Penso que são muitos rótulos para se definir mais do mesmo"
William Peçanha – ouvinte e colecionador de discos
almoxarife e colecionador de discos

Nenhum gênero já nasce como tal. Todos derivam de algo já existente e aos poucos vão se formando até se "estabilizarem". E se o progressivo quando surgiu era inovador e experimental, embora, apenas uma vertente do rock, hoje ele é um gênero (com seus diversos subgêneros) mais do que consubstanciado.

Contrariando o que dizem alguns meios de comunicação tradicionais por ignorância ou descrédito, a despeito do "mainstream" e de todas as dificuldades a ele inerentes - afirmamos, de fato, que 'a música progressiva está mais viva do que nunca', pois incontestavelmente a todo momento surgem novas bandas por diversas partes do mundo. E no Brasil não é diferente, muito pelo contrário.

"Na atualidade existem muito mais bandas progressivas do que na década de setenta. E a grande maioria com excelente qualidade musical"
Carlos de Machado – ouvinte e colecionador de discos
podologista e colecionador de discos

Em suma, tratamos aqui de um senhor Gênero Musical – imortal como toda a Arte. Pois como costumo dizer – em contraponto aos modismos passageiros: Em Arte o que é bom dura muito!

As 3 principais influências:

Rock – Atitude; energia; ousadia; rebeldia; ímpeto; transgressão; psicodelia; simplicidade; campo rítmico fixo; texturas e timbragens instrumentais fixas, limitadas; processo intuitivo; síntese; liberdade.       

Música de concerto – Estrutura formal; sofisticação; abrangência de recursos; métrica; diversidade; campo melódico e tímbrico amplo; ornamentação; flexibilidade rítmica; polifonia; contraponto; virtuosismo; dinâmica; processo sistematizado; regras; complexidade; academicismo.  Jazz – Improvisação; modulação; campo harmônico variável; campo rítmico fixo; complexidade; ornamentação; processo sistematizado e intuitivo; virtuosismo; dinâmica; fusão; experimentalismo; liberdade.

OBS: Existe uma vertente que bebe da música folk, mais especificamente da Irlanda (gigs), Escócia (gaitas de fole) e da música celta, medieval e renascentista europeia. São sonoridades de origem popular, mas que hoje estão mais para a categoria de música erudita, sobretudo pelos grupos específicos de música antiga. Sua estrutura é modal e trazem características que denotam entusiasmo, euforia, festividade, climas dançáveis ou solenes.  

As 3 principais escolas:            

Inglesa – Progressivo puro e original; racionalidade e técnica; sentimento controlado; vocal harmônico unido ao instrumental; rock evidente; música erudita presente; vanguarda; experimentalismo; complexidade; crítica; psicodelia.

Italiana – Progressivo puro e original; dramaticidade; sentimentalismo aliado à técnica; vocal solista-dramático destacado; espontaneidade; música erudita presente; espiritualidade; lirismo; simplicidade e complexidade.  

Alemã – Progressivo original; música eletrônica; clima espacial; racionalidade; sentimento reservado; texturas sombrias; minimalismo; experimentalismo; efeitos sonoros; música programática; introspecção; síntese.

Marco Aurêh
Músico, compositor, ator, professor e astrólogo.
Integrante fundador da banda LummeN de Música Progressiva


O presente ensaio se propôs a ser mais opinativo do que informativo - por essa razão me dei o direito de não fazer exemplificações e citações a todo momento, exceto quando considerei relevante.
Procurei sintetizar o que li, ouvi, percebi e desenvolvi.

É a simples visão de um tema complexo vista por alguém que consome
e produz música progressiva há quatro décadas.

A maioria dos comentários foi colhida do WhatsApp,
através do grupo "Música Progressiva" (criado por Fábio Costa).

Em meio a tantos artigos publicados sobre o gênero,
espero que tenha sido colaborativo de alguma forma.

(Abraços progressivos)

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